Se algum de nossos médicos houvesse vivido há 20
séculos e o houvessem levado a 200-250 metros da porta de Damasco, para assinar
o atestado de óbito do condenado cujo cadáver pendia de um madeiro naquela
colina do Calvário que teria escrito nesse atestado de óbito?
1 – “Certifico que no dia da data, à hora sexta, faleceu Jesus o nazareno"... de quê?
O que
quebrantou o sagrado coração de Jesus?
B – Talvez
alguém poderia argumentar que não podemos assim à distância praticar-lhe uma
autópsia.
1 – É verdade.
Contudo, a Bíblia nos dá vários elementos de juízo que nos permitiriam tirar
conclusões de confiança.
I – FOI ACASO DEVIDO AOS TORMENTOS E À CRUZ?
A – Em 1977,
publicou-se um livro escrito por Martin Henrel cujo título é crucifixion, que
trata da história da crucifixão e outros aspectos que incluíam a forma como se
levava a cabo.
1 – Estes dados
permitem-nos entender que as dores de um crucificado eram muito mais cruéis do
que habitualmente imaginamos.
2 – Os pintores
começaram a pintar quadros de Jesus crucificado depois que esta forma de
execução se havia extinguido. Os achados arqueológicos nos indicariam que
“ficam a dever muito” em seus quadros.
B – Os
condenados à crucifixão primeiro eram cruelmente açoitados.
1 – O açoite
era um instrumento de castigo sumamente desumano.
2 – O chicote
que utilizavam consistia em quatro ou cinco bolas de chumbo que estavam unidas
a um cabo de madeira por meio de cadeias. De cada bola, que media uns 2 cm de
diâmetro, saiam pequenos grilhões de ferro em todos as direções.
3 – O
açoitamento não somente rasgava a pele, mas também destroçava os músculos e os
tecidos, e se o açoitassem em excesso, o réu poderia morrer por isso.
4 – Os
carrascos que o açoitavam, cuidavam para que o condenado não morresse durante
os açoites e que estivesse suficientemente vivo e consciente para sofrer as
agonias da crucifixão que viria depois. Isso é o que fizeram com Jesus nosso
Senhor. S. Mateus 27:26 (p., NT) “Soltaram Barrabás e após terem açoitado a
Jesus. Este foi entregue para ser crucificado”.
¨Quer dizer que Seu sagrado coração, embora sofresse muito,não foi quebrantado pelos açoites?
¨De que morreu Jesus?
Vejamos o que significava ser crucificado:
C – A execução
foi pública.
1 – Depois de
açoitado, todo ensangüentado, o réu era conduzido a alguma rua, praça ou lugar
repleto de público para a sua execução.
D – Os
condenados a cruz eram despidos completamente de suas roupas e pendiam da cruz
completamente despidos, expostos ao ridículo e às críticas do público.
E – Sêneca
refere que os impiedosos e sádicos soldados cravavam às vezes, inclusive, os
órgãos sexuais dos homens crucificados.
1 – Embora os
artistas cobrissem em seus quadros piedosa e compassivamente a Jesus com uma
tanga. Ele não foi poupado da vergonha de ser despido antes de ser crucificado.
Assim testemunham as quatro evangelhos.
S. Mateus 27: 35 (p., NT); S. Marcos
15:24 (p., NT); S. Lucas 23:34 (p., NT); S. João 19:23 24 (p., NT)
“repartiram entre si as Suas vestes”. Repartiram em 4 partes as vestes e a túnica foi lançada sorte.
2 – Foi Deus o
Pai que, mediante escuras trevas, ocultou misericordiosamente a indecorosa cena
dos olhos impúdicos da multidão durante as últimas três horas de vida de Jesus.
S. Mateus 27 45, 46 (p., NT); S. Marcos 15:33; S. Lucas 23:44.
F – Embora as dores da cruz fossem intensas, outros
detalhes do relato bíblico nos sugeriam que não foram os tormentos da cruz que
mataram a Jesus.
II – ALGUNS DETALHES SIGNIFICATIVOS
A – São Lucas,
que era médico, escreveu em seu evangelho que o Senhor, havendo clamado em
grande voz, morreu. S. Lucas 23:46.
B – São Mateus,
declara o mesmo: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o
espírito. “S. Mateus 27:50.
C – Do monte da
Caveira, Seu corpo se convulsionou e enquanto densas trevas cobriram a terra,
um agudo e penetrante grito de dor rasgou os ares e morreu.
D – São João,
que estava ali e viu tudo com seus próprios olhos, acrescenta: “Contudo um dos
soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água .” S. João
19 34 (pág., NT).
1 – Dois
líquidos diferentes. Se estivessem misturados, se teriam visto como sangue, mas
eram sangue e água.
E – Seu tétrico
grito ao morrer, água e o sangue brotando de Sua ferida poderiam mostrar que
Cristo morreu de angústia mental.
III – QUAL FOI A ANGUSTIA QUE QUEBRANTOU SEU SAGRADO CORAÇÃO?
A – Podemos ter
certeza de que não foi porque sentira pena de Si mesmo.
1 – Assim
demonstra Sua atitude enquanto caminhava rumo ao Calvário. S. Lucas 23. 27, 28.
2 – Da cruz,
pensou melhor na proteção e amparo de Sua mãe que em sua dor. S. João 19:25-27.
3 – Longe de Se
compadecer por todas as injustiças e humilhações às quais estava sendo
submetido, orou em favor de Seus malfeitores. S. Lucas 23:33, 34.
B – Depois de
convertido, São Paulo recebeu uma revelação que esclarece completamente o
quadro. I Coríntios 15:3 (p., NT)
C – A piedosa
escritora cristã, Ellen G. White, dá a seguinte e significativa explicação em
seu livro “O Desejado de Todas as Nações”, p. 561:
“Não era o temor da morte que O oprimia. Nem a dor e a ignomínia da cruz lhe causavam a inexplicável angústia. Ele sofreu o que há de experimentar o pecador quando não mais a misericórdia interceder pela raça culpada.”
D – Certo
cristão sonhou que estava presenciando o momento em que açoitavam a Cristo. Seu
coração se comprimia de dor diante da temível cena a tal ponto que no sonho se
lançou sobre a malfeitor para impedir que continuasse com o castigo.
Agarrado
em sua mão, deteve o chicote. Foi então quando o malfeitor virou o rosto e
olhou fixamente para o cristão que, horrorizado, comprovou que o rosto do
malfeitor era o seu. Desesperado, despertou sentindo que foi ele que havia
ferido Jesus.
C – Isso é
justamente o que nos dizia São Paulo. (I Coríntios 15:3) “Vos entreguei o que
também recebi que Cristo morreu por nossos pecados”
F – Por que foi
assim?
1 – Não foi por
incapacidade, poderia haver chamado 12 legiões de anjos para que O protegesse.
S. Mateus 26:52-54.
2 – De fato, o
poder do Senhor derribou os soldados por terra. São João 18:4-6. Mas Ele
suportou tudo para nos salvar.
ILUSTRAÇÃO
Devido à
desordem reinante em uma classe, o professor e os alunos resolveram redigir um
regulamento que garantisse a disciplina. Como o regulamento sem sanções não
vale nada, decidiram que o castigo mínimo seria dez fortes reguadas sobre as
costas despidas. A oportunidade para colocar em prática o documento não se fez
esperar. Roubaram o lanche que João, um rapaz forte da classe, levava para
comer durante o recreio. No momento não se sabia quem havia cometido tal roubo,
mas dias depois, o professor anunciou diante de todos o nome do culpado; o
ladrão era Pedrinho, um pequeno e raquítico rapazinho. Todos, inclusive o
professor, teriam perdoado com gosto o malfeitor; mas fazer isso era passar por
cima do regulamento.
Fizeram passar
Pedrinho em frente do professor e ordenou que lhe tirasse seu velho casaco. O
rapazinho, desfeito em lágrimas, suplicou que lhe perdoassem, pois havia
roubado porque em sua casa não havia o que comer. Ao perceber que não lhe
perdoariam, fez uma última súplica: que não tirassem o casaco. Mas o professor,
compreendendo que tinha que ser
inflexível para o bem de todos, não aceitou a petição. Então aconteceu algo que
lhe encheu de lágrimas os olhos de muitos. Ao tirar o casaco de Pedrinho, viu
que não tinha camisa e que sustentava sua calça com uns cordões que lhe passava
sobre os ombros! O professor pegou a régua e começou a bater às costas despidas
do rapazinho, mas não chegou a dar mais que duas reguadas pois João, o
ofendido, se apresentou com as costas nuas dizendo:
-“ Não o bata mais professor. Se o regulamento tem que ser cumprido eu estou disposto a receber o castigo. As outras oito reguadas, dê-as em mim.”
Nós temos violado, e
muitas vezes não por fome, a lei de Deus, mas esta exige justo castigo. Porém
um compassivo Salvador disse: “Não os
condenes, Senhor, eu pago o que eles devem.” I Timóteo 1:15.
“Fiel é a palavra e digna de aceitação que Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores dos quais eu sou o principal.”
CONCLUSÃO
A – O que
quebrantou o sagrado coração de Jesus?
B – Não foram
os sofrimentos dos açoites nem da cruz.
C – Nós o
fizemos:
1 – Com nossas
mentiras, cobiças, adultérios, roubos, idolatrias ou qualquer outros pecados.
D – E porque
nos amou e quis pagar nossas culpas a fim de dar a Deus Pai o direito legal de
perdoar-nos. Ocupou nosso lugar, carregou nossos pecados e estes fizeram
estalar Seu coração de dor.
E – Que fará você agora? Diante do sacrifício do Senhor, somente aparece uma decisão sensata: Crer nEle. S. João 3:16.
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