7 Paradoxos e contradições da Bíblia

Paradoxos contradicoes biblia

Na Bíblia há algumas passagens confusas sobre alguns assuntos complicados para quem a lê superficialmente. Por isso é preciso cuidado para entender a palavra de Deus de uma forma que ela mesma se explique.

O que é um paradoxo?

Um paradoxo é um contrassenso, tipo quando alguém afirma algo que é exatamente o contrário que havia dito antes.

Exemplo de paradoxo

'Precisamos deixar de ser egoístas e pensar mais em nós mesmos.' (Autor Desconhecido)





PARADOXOS DA BÍBLIA


Vamos listar aqui 7 paradoxos encontrados na Bíblia e procurar explica-los da melhor forma encontrada.

1 DEUS AMOU O MUNDO


"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (Jo 3:16)

Paradoxo: João nos recomenda não amar o mundo:

"Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele" (1 Jo 2:15)

Aqui vemos o contraste do mundo a ser salvo e do mundo contaminado, Deus amou o mundo a ser salvo, ou seja, a necessidade de resgatar os perdidos que porventura 'nele crê'.

Já em 1 João, a ênfase está no mundo contaminado, não devemos amar as diversões mundanas e o pecado que nele é propagado.

2 SEJA COMO CRIANÇA


Jesus afirmou:

"Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus." (Mt 18:3)

Paradoxo: Paulo disse aos efésios que eles não deveriam ser como meninos:

"Efésios 4:14  para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina..." (Ef 4:14)

Existem características das crianças que não devem ser repetidas pelos adultos em determinados contextos, no caso citado por Paulo diz respeito a ingenuidade de ser levado por toda e qualquer opinião.

Já as qualidades das crianças que devem ser seguidas são a dependência do pai e a facilidade de perdoar, por exemplo. 

3 LEVAR AS CARGAS


No mesmo capítulo 6 do livro de Gálatas, Paulo escreve algo interessante:

"Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo." (Gl 6:2)

Paradoxo: Logo em seguida ele pede exatamente o contrário:

"Porque cada um levará o seu próprio fardo." (Vs 5)

Na verdade existem cargas coletivas, onde cada um deve colaborar para que o peso se torne mais leve para todos, por exemplo: o trabalho da igreja. Se cada um contribuir para a obra de Deus de forma compromissada então a liderança da igreja como um todo estará sendo mais efetiva.

Já existem fardos que são individuais e a pessoa tem que o levar sozinho, por exemplo, o ganha pão, ninguém deve passar a vida toda sendo assistido para a própria subsistência, por que para isso tem que trabalhar com a mente e as mãos de forma a não ser pesado a outros. (2 Co 11:9)

São duas palavras diferentes no original grego, a primeira (Vs 2) é carga coletiva, e a segunda (Vs 5) é fardo individual. 

4 NÃO HÁ UM JUSTO SEQUER


Leia em Romanos:

"Como está escrito: Não há justo, nem um sequer" (Rm 3:10)

Paradoxo: Deus afirma que reconheceu Noé como justo diante dele:

"Disse o SENHOR a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens sido justo diante de mim no meio desta geração." (Gn 7:1)

Na Bíblia a homens que podem ser considerados justos, como Enoque, Jó, Abraão, Daniel, Samuel e tantos outros.

João também afirma:

"Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo." (1 João 3:7)


5 A JUSTIFICAÇÃO


"Porque os simples ouvidores da lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados." (Romanos 2:13)

Paradoxo: 

"E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus..." (Gl 3:11)

Parece que Paulo está falando para públicos diferentes, em um está enfatizando a necessidade de obediência e no outro está a combater o legalismo.

No mesmo contexto está a questão seguinte.

6 PELAS OBRAS OU PELA FÉ


O assunto da justificação é bastante controverso nos escritos de Paulo, veja por exemplo em Romanos ele diz que somos:

"Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 5:1)

Paradoxo: Já Tiago diz que Abraão foi justificado pelas obras:

"Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque?" (Tg 2:21)

Mais uma vez a explicação lógica para isso diga respeito a categoria dos ouvintes, na questão da salvação apenas os méritos de Cristo são necessários ao pecador.

No entanto afirmar crer em Jesus e viver na prática do pecado é o maior dos paradoxos.

7 QUE FAREI PARA SER SALVO


O jovem Rico perguntou a Jesus o que deveria fazer para herdar a vida eterna, Jesus respondeu:

"... Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos." (Mateus 19:17)

Paradoxo: Paulo deu uma resposta diferente para o carcereiro que fez a mesma pergunta:

"Senhores, que devo fazer para que seja salvo? Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa." (At 16:30,31)

ÁUDIO


Ouça essa pregação com o mesmo assunto dos paradoxos:



2 CONTRADIÇÕES INTERESSANTES


"Tendo-se retirado de Saul o Espírito do SENHOR, da parte deste um espírito maligno o atormentava. Então, os servos de Saul lhe disseram: Eis que, agora, um espírito maligno, enviado de Deus, te atormenta." (2 Sm 16:14,15)

Como entender que esse espírito maligno foi enviado por Deus?

O "espírito mau da parte do Senhor", o qual assombrava a Saul, é claro que não era enviado do Céu para perseguir o ímpio rei. No Céu não há espíritos malignos. 

A expressão quer dizer que Deus, em vista do continuado mau procedimento de Saul, permitiu que o espírito mau dele se apossasse. Deus amava a Saul, como ama a todo pecador, e procurou livrá-lo do mal. O rei, porém, pouco se importava em buscar ao Senhor, pelo que foi por Ele deixado a seguir seus próprios caminhos. 

Saul havia rejeitado o Espírito de Deus - cometido o pecado imperdoável - e nada mais havia que Deus pudesse fazer por ele. Não que o Espírito de Jeová Se haja retirado de Saul arbitrariamente. 

Na verdade, Saul rebelou-se contra Sua guia e deliberadamente retirou-se da influência do Espírito. Isso deve ser entendido em harmonia com o Salmo s 139:7 e com o princípio I fundamental da livre escolha. Se g Deus pelo Seu Espírito forçasse Saul contrariamente a seu desejo, Ele estaria transformando o rei numa mera maquina. 

As Escrituras às vezes representam Deus como fazendo aquilo que Ele não impede especificamente. Ao conceder a Satanás uma oportunidade para demonstrar seus princípios, Deus, na verdade, limitaria Seu próprio poder. 

Logicamente, haveria limites além dos quais Satanás não poderia ir (ver Jó 1:12; 2:6), mas dentro de sua limitada esfera, ele teve permissão divina para agir. 

Assim, embora seus atos sejam contrários à divina vontade, ele nada pode fazer exceto com a permissão divina para tanto, e seja o que for que ele e seus espíritos maus possam fazer, é feito com a permissão divina. Portanto, quando Deus retirou Seu próprio Espírito de Saul, Satanás ficou livre para agir à sua maneira."

QUEM INFLUENCIOU DAVI AFINAL?

Acerca de um censo populacional realizado por Davi a Bíblia diz que a princípio ele fora incitado pelo SENHOR:

"Tornou a ira do SENHOR a acender-se contra os israelitas, e ele incitou a Davi contra eles, dizendo: Vai, levanta o censo de Israel e de Judá." (2 Samuel 24:1)

Mas o escritor de Crônicas já afirma que não foi o SENHOR e sim, Satanás:

"Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a levantar o censo de Israel." (1 Crônicas 21:1)

Que o Senhor não queria que Davi levantasse o censo fica evidente na desaprovação divina ao ato do rei, propondo-lhe um castigo de sete anos de fome, ou fuga de diante dos inimigos por três meses, ou, ainda, três dias de praga sobre o povo de Israel (2Sm 24:13). 

Conforme 1 Crônicas 21:12, são três anos de fome, em lugar dos sete de 2 Samuel 24:13. Parece-nos que o período de sete anos de 2 Samuel pode ter sido um erro do copista, pois são oferecidos três castigos com três espaços de tempo, em ordem decrescente: três anos, ou três meses, ou três dias.

Então, se Deus não queria que Davi contasse o povo (para evitar que o rei se orgulhasse dos milhares de soldados que poderia recrutar), como é que Ele "incitou Davi" a fazê-lo (2Sm 24:1)? 

Aqui temos a mesma situação de Balaão, quando ele desconsiderou a vontade de Deus para fazer a sua própria. Davi sabia que não devia confiar na força humana, e sim em Deus (ver Dt 20:1-4). 

Mas o orgulho subiu à cabeça do rei, e apesar do conselho de Joabe, o comandante do exército, para que não o fizesse, ainda assim Davi foi em frente (2Sm 24:3,4). E o resultado? A morte de 70 mil homens dentre o povo (2Sm 24:15).

O texto de 1 Crônicas 21:1 está correto em dizer que foi Satanás quem incitou Davi a levantar o censo. A afirmação de 2 Samuel 24:1: "Vai, levanta o censo de Israel e Judá" deve ser entendida como Deus deixando que Davi fizesse sua própria vontade em vez da vontade divina.

Ou seja, Davi estava decidido a fazer o censo, e por nada voltaria atrás. Então, Deus deixou que o rei fizesse o que tinha decidido fazer, respeitando sua liberdade ou o seu livre arbítrio.

CONCLUSÃO


Esses foram alguns paradoxos e contradições encontradas na Bíblia sagrada, o que achou da explicação? deixe suas considerações nos comentários abaixo.