Jesus ficou de fato 3 dias e 3 noites na sepultura?

3 dias e 3 noites jesus

13 - Diz-se haver Jesus morrido na sexta-feira. Então como explicar que Jesus disse que “passaria três dias e três noites no seio da terra, tal como Jonas”?

Jesus referiu-se claramente em diversos momentos ao mesmo período - o intervalo entre sua morte e ressurreição - como “em três dias”, “ao terceiro dia”. Quando cita Jonas (cap. 1:17), em Mateus 12:40, emprega a frase “três dias e três noites”. 

A menos que se queira acusar a Jesus de contradizer-se, deve-se aceitar que as diversas frases referem-se a um mesmo período. 

Ainda os sacerdotes e fariseus que disseram que Jesus havia predito Sua ressurreição “depois de três dias”, pediram a Pilatos que se guardasse a tumba “até o terceiro dia” (não até depois do terceiro dia). Evidentemente entenderam que as duas frases significavam a mesma coisa.

COMO ENTENDER?


A pergunta (quanto ao tempo que Jesus permaneceu na sepultura) surgiu de uma incompreensão moderna do chamado “cômputo inclusivo”, método comum na Antiguidade, segundo o qual se contava tanto o dia (ou ano ou mês) no qual começava um período, quanto o dia em que terminava, não importando quanto pequena fosse a fração desse dia (ou ano ou mês) inicial ou final.

O exemplo clássico desse método de computar é o período que começa no quarto ano de Ezequias e o sétimo ano de Oseias, e que termina no sexto ano de Ezequias e o nono ano de Oseias. 

Hoje diríamos que se tratava de um período de dois anos, pois restam 4 de 6 no reinado de Ezequias, ou 7 de nove no reinado de Oseias. mas a Bíblia descreve a terminação desse período dizendo “ao cabo de três anos” (II Reis 18:9-10). É evidente que se contava o ano 4º, 5º e 6º (do reinado de Ezequias),ou seja, 3 anos, segundo o CÔMPUTO INCLUSIVO.

A Bíblia dá vários períodos de “três dias” que concluíram DURANTE o terceiro dia, e NÃO DEPOIS do terceiro dia, e que portanto não eram períodos de três dias completos de 24 horas (Gênesis 42:17-29; conferir I Reis 12:5, 12 com II Crônicas 10:5 e 12).

Há exemplos deste “cômputo inclusivo”, não só entre os judeus, mas também entre outros povos da Antiguidade. Esse sistema era comum no Egito, Grécia e Roma, e ainda é usado hoje no Extremo Oriente. 

Em alguns países do Oriente se computa a idade dando à pessoa um ano mais do que se dá no Ocidente. Assim um coreano que diz ter 25 anos tem somente 24 segundo a contagem ocidental. 

Segundo o cômputo chinês, um menino que nasce na última parte do ano tem dois anos no ano seguinte, pois está vivendo o segundo ano de sua vida, conforme o calendário; e no começo do ano seguinte completará três anos de vida mesmo que só um desses anos seja um ano completado.

Como o costume de empregar o cômputo inclusivo está bem comprovado por seu uso entre os hebreus, em outras nações antigas no Oriente até nos tempos modernos, parece pouco razoável entender as palavras de Jesus quanto ao período de três dias segundo o uso de nosso método matemático moderno ocidental. Os ouvintes de Jesus contaram os “três dias”, segundo o seu costume, em forma sucessiva:

I - O dia da crucificação;

II - O dia depois desse acontecimento;

III - O “terceiro dia” depois do dito acontecimento (segundo o cômputo moderno seria apenas o segundo dia).

Podemos ainda perguntar em que dia se cumpriu essa profecia de Jesus acerca dos “três dias”. A resposta é: que se cumpriu no “primeiro dia da semana” (Marcos 16:9; Mateus 28:1). 

Nas últimas horas desse “mesmo dia” (Lucas 24:1 e 13), dois discípulos se encontraram com Jesus no caminho de Emaús, e ao falar da crucificação de seu Mestre e do seu profundo desapontamento, afirmaram: “É já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam” (Lucas 24:21). 

Quando Jesus apareceu aos doze no cenáculo, disse-lhes: “Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia” (Lucas 24:26). O mesmo disse Paulo, mais tarde: “Ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (I Cor. 15:4). É evidente que o domingo corresponde ao “terceiro dia”.

Se o domingo é o “terceiro dia”, qual foi então o dia da crucificação? Evidentemente a sexta-feira anterior, o dia da preparação. 

Isso concorda exatamente com a afirmação de Lucas de que as mulheres saíram sem terminar o processo do embalsamento no dia da preparação porque se aproximava o sábado, “e no sábado descansaram, segundo o mandamento”, antes de regressarem à tumba “no primeiro dia da semana” (Lucas 23:54 a 24:1). 

Não esperaram vários dias, como imaginam os que afirmam que Jesus morreu na quarta-feira e consideram que o sábado aqui mencionado era mais um dia de festa ou de repouso cerimonial. 

E tem mais um detalhe, a frase: “grande o dia daquele sábado” tem feito muitos pensarem que naquele ano o dia de festa coincidiu com o sábado semanal (veja João 19:31).
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