33. Nestório de Constantinopla

33. Nestório de Constantinopla

Cristologia – Século V – Constantinopla

Jesus tinha duas naturezas separadas: uma humana e outra divina.

Nestório de Constantinopla (386-451) foi patriarca de Constantinopla e autor de vários livros e de uma doutrina cristã que ficou sendo conhecida como nestorianismo. Segundo essa doutrina, Cristo teria duas naturezas distintas: uma divina e outra humana. 

Em Cristo existiam duas naturezas, mas também duas pessoas. Elas estão juntas, mas são diferenciadas. 


A parte humana de Jesus realizava ações que qualquer ser humano realiza. Mas quando realiza atos de natureza divina, então é a parte divina de Jesus que estava em ação.

Como Jesus teria duas naturezas distintas, o nestorianismo não reconhecia Maria como mãe de Deus (Teotókos), mas como mãe de Cristo (Christokós). Também não criam no purgatório, muito menos na veneração de imagens e relíquias.

Os ensinamentos de Nestório o colocaram em conflito com o obstinado Cirilo (378-444), patriarca de Alexandria, que em 429 o acusou de heresia.

Cirilo argumentava que os ensinamentos de Nestório minavam a unidade entre as naturezas divina e humana de Cristo na Encarnação, de sorte que somente a natureza humana estava no útero de Maria.

Cirilo escreveu aos bispos e aos monges do Egito, condenando a doutrina de Nestório. Além disso, escreveu ao bispo de Roma exigindo uma posição da capital do império romano contra Nestório.

Constrangido pelo bispo de Roma, o imperador Teodósio II, foi levado a convocar em 431 o Primeiro Concílio de Éfeso, para avaliar a doutrina nestoriana.

Nestório disse que “quando os seguidores de Cirilo viram a veemência do imperador... eles provocaram um distúrbio e discordaram em meio ao público com gritos, como se o imperador estivesse se opondo a Deus. 

Eles se rebelaram contra os nobres e os chefes que não concordaram com eles e corriam de um lado para o outro. 

E... receberam entre eles os que já tinham sido separados e removidos dos mosteiros, por conta de suas vidas e seus modos estranhos, e sido expulsos, e todos os que eram de seitas heréticas e estavam possuídos por um fanatismo e ódio conta mim. E uma paixão estava em todos eles, judeus, pagãos e todas as seitas. 

E eles estavam trabalhando para que aceitasse sem exame prévio, as coisas que foram feitas também sem exame contra mim; e, ao mesmo tempo, todos eles, mesmo os que tinham participado comigo das refeições e em oração e em pensamento, concordaram... contra mim e juraram juramentos uns aos outros contra mim...

Em nada eles estavam divididos”.

Ao final, Nestório foi formalmente acusado de heresia, deposto de suas funções e as suas obras foram queimadas, restando apenas poucos escritos em siríaco. 

Nos meses seguintes, dezessete bispos nestorianos foram removidos de suas funções eclesiásticas. Em agosto de 435 Nestório foi exilado para o mosteiro no Grande Oásis de Hibis, localizado no Egito, onde ficou até a sua morte.

As decisões do concílio provocaram o chamado cisma nestoriano, no qual a Igreja Assíria do Oriente desligou-se da Igreja bizantina. O nestorianismo tornou-se a posição oficial da Igreja Assíria do Oriente.

Nos séculos VII e seguintes o nestorianismo ganhou terreno e espalhouse por toda a Ásia. 

Hoje, o rito nestoriano sobrevive na Igreja do Oriente, predominantemente na Síria, Turquia, Irã, Iraque e Índia.

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