Os Demônios que aparecem na Bíblia

DEMONIOS NA BIBLIA


Muitos leitores presumem que a crença nos demônios atestados no NT é simplesmente obra dos autores, um registro das crenças e práticas supersticiosas dos povos antigos. 


A pergunta sobre a realidade dos demônios, obviamente, não pode ser resolvida pela arqueologia. Entretanto, os pesquisadores podem demonstrar que a ideia de que os escritores do NT apenas compartilhavam percepções pré-científicas de seus contemporâneos é simplista e enganosa.


Os demônios no antigo Oriente Médio


Na sociedade do antigo Oriente Médio, eram abundantes os textos que continham encantamentos e amuletos mágicos que supostamente protegiam as pessoas dos espíritos maus (os encantamentos para defesa contra demônios são "apotropaicos"). 


Por exemplo, um dos demônios mais temidos nos tempos dos neoassírios era Lamashtu (figura feminina com cabeça de leão).


Acreditava-se que ele atacava principalmente as mulheres grávidas e os bebês. Para a proteção das mulheres, usava-se um colar com um pendente do deus Pazuzu. 


Um enorme número de encantamentos apotropaicos sobreviveu à Babilônia, realizado por meio de palavras mágicas e rituais que envolvem plantas, partes de animais e outros objetos sagrados. Ainda hoje, no Mediterrâneo oriental, não são incomuns os amuletos com a intenção de repelir o "mau-olhado".


Os demônios na literatura judaica extrabíblica A literatura judaica antiga também foi influenciada pela magia na questão dos demônios. O livro apócrifo de Tobias conta a história de "Sara, filha de Raguel", que se casara sete vezes e ficara viúva na noite de núpcias todas as sete vezes, pela intervenção do demônio Asmodeu. 


Depois disso, Tobias, o filho do cego Tobit, viajou para a Média, onde Sara vivia, na companhia de um homem que se mostrou ser o anjo Rafael.


Enquanto Tobias estava sentando à margem do rio Tigre, um peixe tentou comer seu pé. Rafael orientou Tobias a pegar o peixe e tirar-lhe o fel, o coração e o fígado. Se ele queimasse o coração e o fígado do peixe na presença de uma pessoa afligida por um demônio, ela seria liberta. 


Chegando à Média, Rafael informou Tobias de que ele se casaria com Sara e poderia desafiar Asmodeu, queimando o fígado e o coração do peixe quando chegasse diante dela. Tobias, com confiança, tomou Sara como esposa e usou o fel do peixe para curar a cegueira de Tobit.


O Testamento de Salomão também ilustra a crença difundida na magia apotropaica. Trata-se de uma obra pseudepigráfica (escrito que falsamente reivindica a autoria de alguma personagem famosa do AT) atribuída a Salomão. Nessa obra, Salomão recebe um anel poderoso do anjo Miguel.


Com esse anel, ele poderia prender ou controlar demônios e livrar as pessoas da aflição.


Por exemplo, Salomão forçou o demônio Lix-Tetrax a ajudar a construir o templo, arremessando pedras para os trabalhadores. 


Demônios no AT


O AT é consideravelmente reservado a respeito dos espíritos maus, de forma que parece não haver uma demonologia desenvolvida. Mesmo assim, três fatos sobressaem:


• Não há nenhum encantamento, ritual ou amuleto prescrito para dar proteção individual contra os espíritos. Considerando-se que grande parte da Torá é dedicada a rituais e a objetos sagrados, essa omissão é notável.


O AT mostra que Deus tem plena autoridade sobre os espíritos, que não podem operar no mundo sem a aprovação dele. Se um "espírito mentiroso" começa a agir, é porque obteve consentimento divino (1 Rs 22.23; cf. Jó 1 e 2).


• A preocupação principal dos escritores do AT era que as pessoas evitassem buscar ajuda nos poderes mágicos por meio do contato com os espíritos (e.g., Dt 18.1o-12).


Demônios no NT


O NT demonstra duas realidades sobre espíritos maus:


• Só Jesus (Lc 4.41) tem poder absoluto sobre eles, porém era uma questão de autoridade divina, não de magia ou feitiçaria.


• O NT ridiculariza as reivindicações de mágicos, descrevendo sua incapacidade de lidar com os espíritos reais. Os esforços fracassados de Simão, o feiticeiro (At 8.9-24), e dos filhos de Ceva (At 19.14-16) para obter autoridade apostólica demonstra que os milagres do NT não tinham ligação com a magia antiga.


Jesus não utilizou espíritos demoníacos nem tentou mantê-los sob suas ordens.


BIBLIOGRAFIA: Bíblia arqueológica