Evangelismo e continuidade de novos membros

evangelismo e continuidade


1. Evangelismo e continuidade 


a. Dois conceitos de relação


A. Para entender corretamente o significado da continuidade, temos que definir o evangelismo e esclarecer seus objetivos.


B. Na realidade, evangelismo e continuidade são dois lados de uma mesma moeda.


b. Definição de evangelismo


A. O que não é: uma sucessão de programas destinados principalmente a converter e batizar pessoas. Um trabalho operacional que se mede quantitativamente pelos resultados alcançados. Uma maneira de entusiasmar as pessoas na mensagem adventista.


B. O que é: poderíamos dizer que evangelismo é apresentar Cristo Jesus no poder do Espírito Santo, dentro da mensagem dos três anjos, de uma maneira tal que torne possível que o ser humano venha depositar sua confiança em Deus através dEle, que o aceite como seu Salvador, sirva-Lhe na comunhão dos fiéis e se prepare espiritualmente para sair ao Seu encontro no dia final. Declaração do Dr. Jorge León enfatizando a evangelização como ciclo total:


“A evangelização consiste tanto no anúncio do evangelho como no alcançar o objeto anunciado. A evangelização é, por sua vez, a causa e efeito, meta e realização... A evangelização é o processo mediante o qual, paulatinamente, a Palavra de Cristo vai encarnando-se no crente. Tem duas fases: uma dirigida ao objetivo do início do processo e a outra se encaminha para a continuidade deste processo até sua conclusão”.


c. Definição da continuidade.

A. O que não é.


- Não é um apêndice do processo da evangelização. 

- Não é um plano destinado a dar garantia ao êxito de um programa evangelístico em particular.


B. O que é.


- O dicionário ideológico da língua portuguesa dá a seguinte definição do termo continuidade.


“Ligação não interrompida das partes de um todo”.


- O Dr. Virgílio Gerber enfatiza e matiza este conceito com a seguinte declaração:

 

      “De maneira que o evangelismo do Novo Testamento não termina quando se chega até as pessoas com o Evangelho, nem com as profissões públicas de fé no Evangelismo, nem com o relacionar aos conversos com a igreja por meio do batismo e o ensino. 


A meta do evangelismo não se alcança até que estes novos conversos cheguem a ser cristãos reprodutivos que completem o ciclo e garantam o processo contínuo de evangelismo e crescimento”.


1. Interdependência de evangelismo e continuidade


a. Interdependência nos objetivos


A. Objetivos da evangelização.


1. Segundo a Grande Comissão. (Mateus 28: 19-20; 24:13).


-  O mandato: Ide.

-  Os objetivos:

.  Discipular

.  Batizar

.  Educar


-  As consequências: Cada dia juntava-se à igreja os que haviam de ser salvos.


II – Continuidade e crescimento da igreja


1. Importância da continuidade

a. Com base nas declarações bíblicas.

A. Enfatiza-se o discipulado e batismo. ( Atos 6: 1; 6:7; 11:26; 14:22; 20:30; 22:16; Romanos 6:3; Gálatas 3:27).

B. Enfatiza-se a conservação do crente. ( Efésios 2:20; I Tessalonicenses 5:11; I Pedro 2:5; Judas 20).

C. Enfatiza-se a edificação do crente. ( Atos 11:22; 15:32; 15:41; 16:5; 18:23; Colossenses 2:7; I Tessalonicenses 3:2).

D. Enfatiza-se a confirmação do crente. ( I Coríntios 2:6; Efésios 4:14-15; Hebreus 5:14).

E. Enfatiza-se o crescimento do crente. ( I Coríntios 15:58; II Coríntios 10:15; Colossenses 2:19; I Tessalonicenses 3:12; II Pedro 3:18).


b. Com base nas declarações do Espírito de Profecia.


A. Os ministros não devem sentir que sua obra está completa, enquanto os que aceitaram a teoria da verdade não compreenderem realmente a influência de seu poder santificador, e se acharem deveras convertidos. ( Ellen G. White.  Evangelismo (Santo André, São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 1978) Pág. 321.

B. Nossos ministros devem ser educados e exercitados a fazer sua obra mais cabalmente. Devem concluir a obra. Devem cuidar especialmente dos interesses que despertaram, em vez de se retirarem e nunca mais terem qualquer interesse particular depois de deixarem uma igreja. ( Idem, página 323).

C. Há prejuízo de deixar uma obra inacabada. ( Idem, página 324).

D. É desanimador para o avanço da verdade uma obra descuidada. ( Idem, página 324).

E. Ministros que suscitam um interesse entre o povo, mas largam a obra inacabada, deixam um campo dificílimo para outros penetrarem e concluírem o trabalho que eles deixaram de completar. ( Idem, página 325).

F. Nas séries de reuniões metade do esforço se perde devido a encerrar-se a obra tão depressa, indo para outro campo... A pressa de terminar uma série de reuniões tem causado freqüentemente grande prejuízo. ( Idem, página 327).


c. Com base nos relatórios estatísticos de perdas.

A. Referente à continuidade de programas de evangelismo.


1) Segundo Moore as “cifras das denominações mais importantes durante os últimos 20 anos revelam que a igreja perde quase 40% dos que se unem a suas fileiras como resultado de seus esforços evangelísticos, dentro de um período de 7 anos”. ( Sergio Franco. Evangelismo, un Concepto en Revolución. (Kansas City, Missouri, Casa Nazarena de Publicaciones, 1975) Pág. 120.


B. Referente às perdas no processo global de crescimento na Divisão Sul Americana.


C. Referente às perdas  por falta de participação dos professos crentes na continuidade.


1) Os estudos de investigação realizados entre crentes evangélicos revelam que menos de um por cento dos crentes estiveram envolvidos no trabalho pessoal da continuidade do evangelismo. ( Gary W. Kuhne. The Dinamics of Personal Follow-up. (Grand Rapids, Michigan, The Zondervan Corporation, 1976) Pág. 13).


d. Com base na evidência de procedimento.

A. As observações realizadas através de longos anos no ministério, mostram que o ponto fraco do evangelismo em nosso meio é a continuidade. Esta realidade poderíamos explicá-la com as seguintes palavras de Sérgio Franco: “nosso problema é que buscamos as pessoas, visitamos, oramos por ela, a evangelizamos, por assim dizer, gestamos como uma mãe, até que nasce, e logo... freqüentemente a perdemos”. ( Idem, página 120).


III – Fatores que afetam a continuidade e o crescimento


1. Causas de tipo filosófico denominacional


a. Não há uma filosofia específica quanto à maneira de enfocar a continuidade.

b. Trabalha-se com base nos critérios e pautas do líder ou evangelista do momento.

c. Há confusão quanto à forma e fundo da continuidade.


2. Causas de tipo administrativo


a. Não se estabelece um orçamento para a continuidade.

b. Nem sempre há a adequada provisão para a localização dos novos crentes.

c. Não é designada a quantidade e qualidade dos pastores necessários.

d. Não é feita geralmente uma avaliação periódica e cuidadosa.


3. Causas de tipo metodológico


a. Não são planificados os objetivos e programa da continuidade adequadamente. 

b. Há muita improvisação.

c. Enfatiza-se mais o aspecto quantitativo que qualificativo na evangelização.

d. A preparação dos candidatos para o batismo não tem sido adequada para estabelecer uma boa continuidade.

e. As decisões podem ter uma base emocional e não um enfoque de discipulado.

f. Não são ministrados cursos pós-batismais.

g. O evangelista conclui seu trabalho quando alcançou o alvo batismal e não o alvo de integração de novos crentes no Corpo de Cristo.


4. Causas de tipo pastoral


a. Os resultados são descuidados.

b. Não se trabalha com uma visão de conservação e crescimento.

c. O ministro tem muitas igrejas.


IV – Planificação e continuidade efetiva


1. Como planificar a continuidade

a. Integrando o seguimento no método ou programa de evangelismo.


A. Evangelismo e continuidade são interdependentes.

B. São o anverso e reverso da mesma moeda.


b. Elaborando um bom plano de continuidade que tenha pelo menos os seguintes conceitos:


A. Finanças

-  Deve fazer parte do orçamento do programa de evangelismo.


B. Responsabilidade

-  Ao elaborar o programa geral de evangelismo, devem ser designadas as pessoas responsáveis pela continuidade e o tempo que se dedicarão a este trabalho.


C. Duração

-  Dependerá das circunstâncias

-  Como critério básico deverá pensar-se em tempo necessário para que durante este período os objetivos da continuidade estejam em processo de consolidar-se.


D. Métodos

-  Neste programa serão delineados os métodos que serão usados para alcançar os objetivos do seguimento.


E. O tema

-  Planificar a segunda série de reuniões para que a verdade seja melhor entendida e as pessoas possam ser confirmadas na fé.

-  Séries que podem ser usadas:

.  Séries de estilo profético

.  Séries de investigação

.  Séries sobre os ensinos de Jesus

.  Séries sobre como crescer espiritualmente

.  Séries sobre o Espírito de Profecia

.  Séries sobre a História da Igreja


F. Atividades

-  Do tipo comunitário

-  Do tipo social

-  Do tipo espiritual

-  Do tipo instrutivo


G. Materiais

-  Revistas e livros donominacionais

-  Cursos de confirmação e edificação espiritual

-  Livros devocionais

-  Manuais orientadores para a educação do novo converso

-  Novo certificado batismal com explicações do que significa ser Adventista do Sétimo Dia.


H. Calendário batismal

-  Durante a continuação haverá batismos freqüentes.


I. Avaliação

-  Deve fazer-se um balanço periódico do progresso da continuação.


2. Educar na fé

a) O que significa

(1) Ensinar

(2) Unir

(3) Compartilhar

(4) Conservar


b) Áreas de estudo

(1) Área doutrinal (ensinar)

-  Doutrinas bíblicas

-  Espírito de Profecia

-  Apologética

-  Profecias

-  História da Igreja

-  Ensinos de Jesus


(2) Área devocional (unir)

-  Salvação

-  Devoção

-  Oração

-  Confissão

-  Espírito Santo

-  Mordomia


(3) Área do discipulado (compartilhar)

-  Os dons espirituais

-  Evangelismo

-  Colher

-  Receber

-  Assimilar

-  Visitar

-  Conservar

-  Crescer


I – CONTINUIDADE DO NOVO MEMBRO.


A – Guardião Espiritual ou padrinho da fé.

Tente conectar o novo membro com alguém que tenha mesma idade, interesses, etc.

Se alguém o trouxe para a igreja ou já tem alguma afinidade para com o novo membro, é natural que ele seja o guardião/padrinho.


Certificado Guardião na Fé


Guardião da Fé


B – Comitê do Novo Membro

Responsável pela integração do novo membro. Pode-se criar o Ninho (núcleo de integração, nutrição e hospitalidade) do novo crente. O melhor é que seja composto de pessoas novas na fé.


C – Banquete do novo Membro

Uma ou duas vezes por trimestre, organize um banquete onde os novos membros são apresentados. Faça arranjos para que os padrinhos ou guardiões apresentem os novos membros perante a congregação, fazendo menção dos seus interesses, hobbies, como vieram para a igreja, etc.


D – Visitação ao Novo Membro

Uma vez por semana durante o primeiro mês. Uma vez  por mês durante o primeiro ano. 


Deixe com ele literaturas cristãs: meditação matinal, livros do Espírito de Profecia, revistas, “Bem vindo à Família de Deus”, etc. Fique atento a indicação de problemas ou ajustamentos. Não fique surpreso com o que alguns podem fazer mesmo após o batismo. Seja gentil. Não condene. Mantenha-o sempre lendo e estudando.


II – CONTINUIDADE DE PESSOAS NÃO-BATIZADAS  


A – Possibilidades de Batismo Posteriores


Há possibilidade de se batizar após a cruzada o mesmo número batizado durante a cruzada. Visite, visite e visite. Inicie outra serie de estudos bíblicos – resolva seus problemas. 


B – Continue as Reuniões 

Incentive-os a continuar vindo às reuniões. Realize cultos de oração evangelísticos. Inicie os pequenos grupos. Proveja-se para que haja algum tipo de reunião  ou programa para eles após a conclusão da série evangelística. Tenha classes de Escola Sabatina para novos membros.


“Depois de haverem sido feitos os primeiros esforços em um lugar mediante uma série de conferências , há na verdade maior necessidade de uma segunda série. A verdade é nova e surpreendente, e o povo necessita de que as mesmas coisas elas sejam apresentadas pela segunda vez a fim de tornar os pontos distintos, e fixar as idéias na mente”. Evangelismo, p. 334


“E se bem que alguns vejam suficientemente para tomar uma decisão, apesar de tudo isso, há necessidade de repassar tudo outra vez, e fazer outra série de reuniões”. Evangelismo, p . 334


C – Continue a Visitação.


Incorpore os interessados no programa missionário da igreja. Providencie para que os membros dêem estudos bíblicos nos lares dos interessados – convide seus vizinhos e amigos a virem. Repasse todos os pontos da doutrina para reforçar a verdade.

“Nossos esforços não devem cessar por haverem sido interrompidos por algum tempo as reuniões públicas. Enquanto haver pessoas interessadas, precisamos dar-lhes oportunidade de aprenderem a verdade”. Evangelismo, p. 337


III – ENVOLVIMENTO DO NOVO MEMBRO


A – Pequenos  Grupos.


Você raramente não perderá aqueles que se envolvem nos pequenos grupos. Forme pequenos grupos para estudos do Seminário do Apocalipse.


B – Seminário Sobre Os Dons Espirituais 


Objetivo desse seminário é descobrir os dons dos novos membros e envolvê-los em alguma atividade ou serviço da Igreja.


C – Tarefa ou Trabalho


É necessário especialmente no primeiro ano de sua conversão. Depois disto muitos dos seus amigos serão os membros da igreja, e eles terão menos contatos com as pessoas de fora da igreja.