História de alguns hinos do hinário Adventista

 

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AO ORARMOS,SENHOR HA 593


Ralph Carmichael, nascido em 1927 em Illinois, iniciou seus estudos de violino aos 4 anos de idade. Na juventude dirigiu grupos musicais na Califórnia e demonstrou especial habilidade para compor e fazer arranjos orquestrais. 


Participou de grandes produções das maiores gravadoras dos Estados Unidos e trabalhou com alguns dos mais famosos artistas de seus dias tais como Bing Crosby e Roger Williams. Produziu música para famosos sucessos da televisão, inclusive para o "I Love Lucy", mas ele mesmo dizia que sempre terminava voltando à música evangélica. Participou de campanhas evangelísticas de Billy Graham e outros famosos pregadores. 


Este pequeno cântico, para ser usado nos momentos de oração, foi escrito para um grupo de jovens da Califórnia, quando ele trabalhava com os "Jovens por Cristo", nos anos 60. No Brasil esta suave melodia teve uma de suas primeiras aparições através de uma gravação produzida pelo coral regido por Elias Azevedo, com alunos do IAE - SP.


BELÉM, BENDITA ÉS - NM 47


Phillips Brooks visitou a Terra Santa em 1865 e foi a Belém, no domingo 24 de dezembro. À tarde ele foi ao lugar onde, segundo a tradição, os anjos apareceram aos pastores. Então, desde as 10 horas da noite de Natal até as 3 da manhã, ele assistiu os serviços religiosos na Igreja da Natividade, em Belém. 


A música e as imagens impressionaram tanto a ele que uma nova inspiração surgiu em sua mente. Ele não a colocou no papel, contudo, até que alguns anos depois ele escreveu as estrofes para a Escola Dominical. 


Brooks foi um poderoso pregador, e seus sermões impressos eram distribuídos por todo os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. A Universidade de Oxford conferiu-lhe o grau honorário de Doutor em 1885. 


Quando era o pastor da Igreja Episcopal da Filadélfia, ele deu este poema para o organista da igreja, Lewis Henry Redner que pretendia musicar alguma obra de seu pastor. Na noite de Natal, após dormir algumas horas, acordou com esta melodia soando em seus ouvidos. 


Escreveu rapidamente num papel, ao lado da cama, e harmonizou-a pela manhã, pronta para ser cantada na Escola Dominical de 27 de dezembro de 1868. O hino foi impresso pela primeira vez em 1874.


GUARDA, FAZ TROAR AO LONGE - NM 314


Estas palavras foram escritas por H. L. Gilmour, que se tornou famoso no fim do século passado, mas de quem não se sabe nada mais. O hino enfatiza a responsabilidade de cada cristão em geral e de cada ministro em particular. O autor toma como exemplo a figura do sentinela usada pelo profeta Ezequiel no capítulo 33, versos 2 a 5 de seu livro.


A música, sem nome como muitas outras deste compositor, foi escrita por William James Kirkpatrick, o mesmo que compôs inúmeros outros hinos de nosso hinário ( ver no índice de compositores e autores, ao final do hinário ).


JESUS VOLTARÁ - NM 145


O autor deste hino, Uriah Smith, nasceu em 1832, em West Wilton, New Hampshire. Em sua meninice ele seguiu os ensinos de William Miller, mas após o grande desapontamento de 22 de outubro de 1844, perdeu o interesse pela religião. 


Contudo, converteu-se novamente em 1852 e no ano seguinte uniu-se ao pessoal da Review and Herald, iniciando um trabalho de 50 anos ali. Ele editou a Review por muitos anos; inventou a carteira escolar; patenteou uma perna artificial, que ele próprio também usou; foi um excelente escritor e um profundo estudante da Palavra de Deus; foi um sustentáculo no crescimento da igreja e em seus anos de desenvolvimento. 


Por várias vezes atuou como secretário da Associação Geral ¾ um total de 21 anos, e como tesoureiro por um ano. Ele faleceu em 1903, em Battle Creek, Michigan. Uriah Smith é provavelmente melhor conhecido como autor do livro Thoughts on Daniel and the Revelation (Considerações Sobre Daniel e Apocalipse).


Este hino apareceu como uma poesia na primeira página da Review and Herald, no dia 27 de setembro de 1853. O primeiro hinário adventista do sétimo dia, onde o hino foi impresso, foi o Supplement ao hinário de 1852, publicado em 1853. O hino tem sido incluído em todos os principais hinários adventistas, de fala inglesa, desde então.


Uriah Smith sugeriu que seu hino fosse cantado com a melodia de um hino secular titulado "Be Kind to the Loved Ones at Home" (Seja amável com os queridos de casa). As palavras foram escritas em 1847 por Jacob E. Hosmer, e a melodia por Isaac Baker Woodbury (1818-1858), de Beverly, Massachusetts. 


A música "Be Kind to the Loved Ones at Home" também apareceu como uma música evangélica no American Sunday School Hymn Book, 1860, já que promove a bondade cristã. Os quatro versos originais iniciam com "Seja amável com seu pai", "Seja amável com sua mãe", "Seja amável com seu irmão" e "Seja amável com sua irmã".


Os primeiros guardadores do sábado enfrentaram problemas com sua música porque nossos primeiros hinários não continham música, apenas palavras. Na verdade, o hinário de 1855 foi o primeiro a incluir hinos com música. 


Cada hinário subseqüente continha mais desses hinos, embora somente a partir de 1878, quando o Song Anchor foi publicado por Tiago Edson White, para ser usado nas Escolas Sabatinas, foi que um hinário adventista do sétimo dia incluiu cada hino com música.


Em acréscimo, não eram usados instrumentos musicais nos cultos adventistas do sétimo dia. Com os membros espalhados por todo o nordeste dos Estados Unidos, muitas vezes eles encontravam outros guardadores do sábado apenas uma ou duas vezes no ano quando um ministro visitante percorria a área. 


Desnecessário dizer que os primeiros cantos deixavam muito a desejar! Uma solução parcial para o problema foi escrever palavras religiosas e então cantá-las com melodias seculares daquela época. Em um tempo quando a sociedade secular e a religiosa não estavam muito distanciadas, nos Estados Unidos, como estão agora, essa era uma opção viável. 


Então os irmãos espalhados se reuniam, após estarem separados por um bom tempo, e podiam cantar muito mais em uníssono porque as palavras estavam impressas nos seus hinários, e usavam melodias com as quais estavam familiarizados. 


Em acréscimo, nossos pioneiros também usavam muitas melodias de hinos que eram comuns na América e bem conhecidas para serem cantadas. ¾ Adaptado de Wayne Hooper e. E. White, Companion to the Seventh-day Adventist Hymnal, 1988, págs. 556-557, e James Nix, Early Advent Singing, 1994, págs. 119-121. Usado com permissão.


NÃO ME ESQUECI DE TI - NM 499


Jader Santos, diretor de Música de "A Voz da Profecia", e um dos mais queridos músicos adventistas do Brasil, compôs letra e música deste inspirador hino sob o impacto das impressões produzidas nele por um sermão pregado sobre a volta de Jesus. 


Naquela ocasião, a "Voz da Profecia" ainda estava sediada nas suas antigas instalações, na Igreja do Botafogo, Rio de Janeiro. Após o sermão, o maestro e pastor Jader dirigiu-se a sua sala, dispensando o almoço, e de uma só vez escreveu as palavras e a melodia. Na Segunda-feira, apresentou a nova composição aos colegas e guardou-a. 


Algum tempo depois foi procurado pelo prof. Eli Prates, diretor do famoso grupo "PRISMA" que queria um hino novo para ser gravado pelo grupo. Foi a partir daí que o "Eu Não me Esqueci de Ti" se tornou um dos mais famosos hinos brasileiros dos últimos anos. Esta história foi contada pelo próprio Jáder num encontro de músicos promovido pelo Ministério Jovem das Associações de São Paulo na Igreja Central Paulistana, no ano de 1993.


NO JARDIM - NM 426


Algumas pessoas às vezes dizem que este hino é apenas de natureza sentimental, sem nenhum tema religioso. Contudo, as circunstâncias em que foi escrito mostram claramente que foi inspirado pelo incidente de Maria Madalena encontrando Jesus, a quem ela repentinamente reconheceu no Jardim do Getsêmani na manhã da Ressurreição.


Em março de 1912, C. Austin Miles estava sentado em seu laboratório fotográfico, um quarto escuro onde mantinha também seu órgão. Ao tomar a Bíblia, ela se abriu em seu capítulo favorito, João 20, que ele então leu mais uma vez. Na luz fraca e azulada lhe pareceu ver a história diante dos seus olhos. 


Ali estavam Pedro e João se encontrando com Maria Madalena diante da tumba. Como ela estava vazia, os dois homens se foram. Maria, sozinha, falou com o " jardineiro", a quem então ela reconheceu como o seu ressurgido Senhor. Austin Miles voltou a si com os músculos tensos. 


Guardou a bíblia e sob a inspiração de sua aparente visão, escreveu o poema assim que pôde. Na tarde do mesmo dia ele compôs a música para esta letra, e publicou o hino no "The Gospel Message", n 2, em 1912.


O JUIZO - NM 544


"Franklin Edson Belden foi um membro da Igreja Adventista dos primeiros anos de nossa história. Sobrinho de Ellen G. White, músico extremamente criativo, participou da formação do que até hoje se conhece como "a Música Adventista". Era capaz de compor um hino com o tema do sermão, enquanto o sermão era pregado.


Esta composição, uma de suas mais famosas, refere-se à doutrina do Juízo Investigativo, uma crença característica do movimento adventista, é cantada por muitas denominações evangélicas até hoje.


QUANDO FOR CHAMADO - NM 434


O professor Black dirigia suas aulas de religião na Escola Dominical de sua igreja e sempre fazia a chamada do nome dos alunos. Sempre atencioso, tinha uma preocupação especial como uma pequena menina carente e com problemas familiares. 


Certa manhã, ao fazer a chamada, percebeu a falta de sua querida aluninha. Uma forte impressão ficou em sua mente, enquanto pensava no dia do Juízo em que os livros de Deus serão abertos e os nossos nomes serão chamados. 


Com esta impressão ele voltou para casa, sentou-se ao piano e compôs este lindo hino de uma só vez. Nele está expressa a certeza de que um dia Deus lerá o seu livro de chamada, todos nós seremos como alunos, e o desejo de todos é que sejamos aprovados no exame final, sem que ninguém esteja ausente.


QUEREMOS DAR LOUVOR - NM 497


Este inspirador hino, em verdade uma oração cantada, foi composto por Ariney de Oliveira, para o Campori de Desbravadores da Divisão Sul Americana, realizado no Parque de Exposições de Ponta Grossa, Pr., em janeiro de 1994. Naquela ocasião eu era o responsável pela programação musical do evento. 


Fui à casa dos pais da Alessandra, esposa do Ariney, e durante um gostoso jantar, conversamos sobre a música especial que pretendíamos usar antes dos sermões para os adolescentes. Deveria ser uma composição capaz de atrair o inquieto auditório adolescente ao mesmo que tempo que deveria criar o clima para a adoração e o estudo da Bíblia. 


Menos de um mês depois me encontrei com o querido casal de músicos em uma sala da Igreja Central Paulistana. Alí ele foi ao piano e acompanhou a esposa que cantou esta música. Todos entendemos que mais uma vez Deus havia usado Seus instrumentos humanos para produzir algo inspirador. 


A composição entrou na coletânea do evento, uma versão em espanhol também foi publicada, e, desde então, ela se tornou um dos mais queridos cânticos dos Jovens Adventistas. 


TUA CRUZ EU TOMO - NM 328


Henry Francis Lyte nasceu em 1 de junho de 1793, em Ednam, Escócia; ele era órfão e estudou como aluno bolsista no Colégio Trinity, em Dublin. Durante um tempo pensou em fazer medicina e posteriormente mudou para Teologia. 


Após formar-se, serviu em várias paróquias na Irlanda e Inglaterra, incluindo a paróquia Marazion, em Cornwall, onde passou por uma grande mudança espiritual.


Em 1823 Lyte tornou-se pastor em uma pequena vila de pescadores ¾ Lower Brixham, em Devonshire, Inglaterra ¾ onde ficou por 24 anos até seu falecimento em 1847. Quando o Rei Guilherme IV visitou Brixham, ficou tão encantado com a recepção que a igreja lhe ofereceu que deu a casa em Berry Head, que dava vista para Torbay, a Lyte como sua residência. Aí foi escrita a maioria de seus hinos, muitos tirados das coleções de suas poesias. Lyte dedicou-se inteiramente a esse rude povo do mar. 


Em certa ocasião ele tinha cerca de 800 crianças na escola dominical, com cerca de 70 professores. Devido à sua vida muito atarefada, sua saúde debilitou-se e, a despeito de ir a Riviera para recuperar-se de uma tuberculose, morreu em Nice, no dia 20 de novembro de 1847, aos 54 anos. O Hinário Adventista contém outros dois hinos de Lyte.


O tema deste hino se encaixa na experiência de Anne Maxwell, filha de um clérigo anglicano, que foi forçada a deixar seu lar por haver-se unido à Igreja Metodista. Tempos depois ela casou-se com Lyte.


"Tua Cruz Eu Tomo" foi incluído em todos os principais hinários adventistas desde que foi compilado por Tiago White, em 1849. Em pelo menos duas ocasiões, nas cartas escritas por Ellen White, ela cita as duas primeiras linhas do hino. (Carta 109, 1890 e Carta 32, 1895). Esta última carta foi escrita a uma desalentada irmã que necessitava de encorajamento. Ellen White lhe disse:


"Cada um de nós tem sua cruz a levar; mas levemo-la após Jesus, sentindo-nos altamente honrados de segui-Lo e de cantar enquanto prosseguimos, `Tua cruz, Senhor, eu tomo para andar no teu querer.'" ¾ Carta, 32, 1895.


Sendo que nossos primeiros hinários adventistas não incluíam a música, apenas palavras, não se sabe que melodia os pioneiros originalmente usaram quando cantaram o hino. Contudo, desde que foi publicado pela primeira vez o Hymns and Tunes, em 1886, a melodia ELLESIDE, que dizem haver sido escrita por Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), tem sido usada. 


A melodia foi publicada em 1831 com apenas duas partes, uma melodia e um grave; Hubert Platt Main completou a harmonia em 1873. ¾ Adaptado de Wayne Hooper e Edward E. White, Companion to the Seventh-day Adventist Hymnal, pág. 48, 345 e 346. Usado com permissão.


VEM, ALMA CANSADA - NM 588


A autora deste cântico era filha de um ministro. Quando escreveu estas linhas, vivia com seu irmão a quem muito amava. Ele era ministro também, e tinha todos os problemas e encargos comuns à vida de pastor. Para ele ela confiava todas as suas alegrias e tristezas. 


Certo dia, após revelar-lhe uma provação especial pela qual estava passando, sentiu-se reprovada pela consciência por havê-lo sobrecarregado desnecessariamente, quando ele já tinha tantos problemas. 


Parou em frente à janela aberta, e viu as longas e pesadas sombras projetadas pelas árvores no gramado, e um pensamento lhe veio à mente: "foi exatamente isto que fiz para meu irmão! Lancei sombras sobre ele. Porque é que fiz isto? Porque não enterrei minha própria dor, e não permiti que apenas palavras de luz e alegria chegassem aos seus ouvidos?" 


Com tais pensamentos e com lágrimas de arrependimento retirou-se para seu quarto, no sótão, e lá escreveu o cântico que tem sido tão abençoado. No original há a expressão: "vai enterrar a tua dor". 


A música é de P. Bliss, compositor de muitos outros hinos do Hinário Adventista. Ele encontrou a poesia original nun jornal, arranjou-a e musicou-a. 


Este hino tem sido uma bênção para muita gente, ao longo dos anos. Contudo ele encerra uma mensagem especial para os pastores que vivem carregando a dor das pessoas, ao mesmo tempo que precisam levar seus fardos ao Senhor e continuar levando aos outros a luz, a paz e o perdão.