O evangelismo e a consolidação

evangelismo e a consolidação


A. A maior satisfação do Evangelista: Ganhar almas.


1. “A maior obra, o mais nobre esforço em que se possam homens empenhar, é encaminhar pecadores ao Cordeiro de Deus. Ministros fiéis são colaboradores do Senhor na realização de Seus desígnios...” “Ganhar almas para o reino de Deus precisa ser sua primeira preocupação. Com tristeza pelo pecado, e paciente amor, devem trabalhar como Cristo o fazia, desenvolvendo decidido e pertinaz esforço”. (Obreiros Evangélicos, págs. 18 e 31, edição de1969).


2. Por isso experimentamos um grande desapontamento quando não obtemos os resultados anelados e esperados. Mas, que ocorre na mudança quando temos êxito em ganhar almas e logo comprovamos que estas voltam atrás e perdem sua fé: Frustração.


B. O maior desapontamento: a apostasia de novos conversos.


1. A Frustração é grande quando levamos centenas de almas ao batismo e à igreja e logo comprovamos que não perseveraram na fé.


2. Onde está o problema? Ilustração. Cheguei a uma grande igreja, para lançar o programa de preparação do terreno para uma campanha. O templo estava repleto esse sábado, não cabia uma pessoa mais. Desafiei a igreja para que se unisse comigo no trabalho, e pediríamos ao Senhor que nos desse um mínimo de 500 almas como resultado da série de conferências. Os irmãos disseram-me: “Pastor, tenha confiança, estamos com os senhor. Deus também o está e Ele nos dará ainda mais que essas 500 almas”. Esse espírito reconfortou meu coração e tive mais segurança ao saber que a igreja trabalharia pelos resultados. Mas, ao ver o templo repleto e não tendo um novo edifício para abrigar os 500 novos membros que esperávamos ganhar, perguntei ao primeiro ancião: “Onde vamos abrigar os novos membros?” “Oh, não se preocupe por isso, pastor, aqui se ganham centenas de almas e sabe, todos cabem e a igreja continua igual, isto não lhe parece algo misterioso?” Por que muitas almas são ganhas cada ano em algumas igrejas e estas continuam igual? Qual é o problema?


I -  A parte Fraca do Evangelismo: A Consolidação.


A. Uma experiência dolorosa: A apostasia dos novos conversos.


1. “Em muitas séries de reuniões realizadas, a obra foi deixada incompleta” (Evangelismo, pág. 335, edição 1978).


2. Abandonados e deixados sem cuidado espiritual, os novos conversos perdem sua recém adquirida fé. “É um método deficiente o deixar uns poucos aqui e outros ali, sem serem alimentados e cuidados, expostos aos lobos devoradores, ou a se tornarem alvo do fogo aberto do inimigo. Foi-me mostrado que foi feito muito trabalho assim entre nós como um povo” (Idem, pág. 340).


B. Uma história recente.


1. Ilustração. Em um lugar onde se haviam ganho mais de 300 almas em uma campanha encontramos a igreja com somente 60 membros. Em outra similar, achamos somente 50.


2. Ilustração. Recebemos uma carta de uma secretária de igreja. Pedia que se publicasse no boletim da Associação uma lista de 169 pessoas com paradeiro desconhecido. Eram membros de uma nova igreja que se havia organizado depois de uma série, realizada há menos de dois anos. Qual era a razão?


C. Quem é o responsável?


1. “Devia ser gravada em todo recém-converso a verdade de que todo conhecimento permanente só se pode obter mediante diligente labor e estudo perseverante. Em regra, os que se convertem à verdade que pregamos não foram anteriormente diligentes estudantes das Escrituras; pois nas igrejas populares há pouco estudo leal da Palavra de Deus. O povo espera que os ministros investiguem as Escrituras por eles, e expliquem o que ensinam”.


2. “Muitos aceitam a verdade sem cavar fundo para entender seus princípios básicos; e, ao ser ela atacada, esquecem os argumentos e provas que as fundamentam. Foram levados a crer na verdade, mas não foram instruídos plenamente quanto ao que ela seja, ou levados ponto por ponto no conhecimento de Cristo. Muitas vezes sua piedade degenera numa forma e, quando já não se fazem sentir os apelos que primeiramente os despertaram, tornem-se espiritualmente mortos” (Evangelismo, págs. 367, 368, edição 1978).


D. Causas freqüentes da apostasia.


1. Candidatos mal preparados. A pressa pelo pouco tempo que durará a campanha, ou por falta de equipe humana que os doutrine de forma conscientizada, produz resultados negativos. Necessitamos qualidade e quantidade nos conversos que levamos a Cristo.


2. Batizar prematuramente aos crentes. Devemos estar seguros de que um catecúmeno conhece e vive a doutrina e os princípios do Evangelho antes de levá-los a um passo tão significativo. Resulta altamente saudável o que a Comissão da Igreja conhece e aprove os candidatos. Assim em grande maneira se evita este mal, protege o evangelista e a igreja tem mais confiança nele.


3. Morte por fome espiritual. Com o Evangelista, os novos conversos freqüentemente estão super-alimentados, com um programa dinâmico, boa música, excelentes ajudas visuais e assuntos altamente espirituais. Mas, com o pastor e os pregadores locais nem sempre ocorre o mesmo, depois da série volta-se à rotina de uns cultos sem vida, nem fundamento.


4. Falta de visitação. Quando o Evangelista e os pastor não os visitam, ficam em grande medida sem defesa. Freqüentemente as maiores provas vêm depois de sua conversão. Antes do batismo recebiam visitas freqüentes, mas, ao batizar-se, todo mundo se esquece deles.


5. Falta de ensino e trabalho missionário. A inatividade, o não estar adestrados e ocupados em ganhar outros, faz que sua piedade se atrofie e terminem longe do Senhor.


II- A Importância da Consolidação


A. Estatísticas que nos convidam à meditação e à reflexão.


1. Vejamos uma tabela numérica dos novos membros aceitos por Batismo e Profissão de fé, comparada com as apostasias e membros com paradeiro desconhecido nos últimos seis anos na Divisão Interamericana e o Campo Mundial.


Campo Mundial


Ano                 Batismos Profissão de Fé                 Apostasia e P.D.                  %


1975                  220.016                                               59.571                               27,08

1976                  235.169                                               72.746                               30,93

1977                  243.735                                                80.526                              33,04

1978                  250.608                                                65.360                              26,08

1979                  280.675                                                68.804                              24,51

1980                  274.767                                                81.817                              29,78

Totais             1.504.907                                             428.824                               28,49


2. Estas cifras, frias porém reais, devem preocupar-nos ao pensar que são almas que estiveram caminhando com Cristo mas que agora estão longe dEle.


B. Se queremos membros que permaneçam, devemos afiançá-los na fé, cimentá-los em Cristo, ensinar-lhes a que obtenham alimento espiritual por si mesmos, para que possam estar arraigados em Cristo.


1. “A Evangelização incompleta é o fracasso mais dispendioso da igreja” (Basic Evangelism, pág. 142).

2. “A Evangelização que se detém com a conversão é incompleta e não cumpre cabalmente seus propósito original” (Idem, pág. 142). Ilustração. Deixar abandonados aos novos conversos, é igual ao pescador que abandona na praia o produto de seu trabalha, ou ao agricultor que deixa apodrecer e perder o fruto de seu pomar.

3. O ganhar almas implica uma grande inversão de tempo, talentos e dinheiro.

4. As almas são para a igreja e o céu, o que os peixes são para o pescador e os frutos para o agricultor.

5. O valor de uma alma é incalculável. “A morte do Filho de Deus no Calvário é a medida de seu valor” (Testimonies for the Church, págs. 28-29, edição 1948). “Somente à luz da Cruz pode calcular-se o valor da alma humana” (Atos dos Apóstolos, pág. 224, edição 1977).


III -  Os Responsáveis da Consolidação


A. Não podemos nem devemos descarregar este peso sobre uma só pessoa, mas sim podemos classificar o grau de responsabilidade que incumbe cada um.


1. O Evangelista – Por sua ascendência e suas ferramentas de trabalho: equipe humana, orçamento, posição de liderança e pregador central da campanha, faz que tenha uma grande responsabilidade e um dever de zelar pela conservação das almas que o Céu lhe dá. Somente está em três ou quatro lugares durante o ano e isto faz imperativo que instrua aos pastores locais sobre a arte de manter dentro da igreja os novos conversos. Ademais, deve deixar um programa de trabalho cuidadosamente elaborado para o trabalho que os pastores e membros da igreja devem seguir.


2. A Diretiva do Campo Local – Tem em suas mãos a possibilidade de colocar os melhores homens  no lugar onde é realizada a série de reuniões, deixando uma equipe humana que reúna as condições básicas que garantam um programa equilibrado de continuidade; que permita consolidar e afiançar na fé aos novos conversos. Deve-se zelar para que os pastores continuem o programa e o cumpram.


3. O Pastor e Seus Associados – Por ser eles os que permanecerão no lugar e sendo os pastores imediatos dos novos conversos, constituem o núcleo sobre o qual repousa a tarefa principal: zelar pelo crescimento espiritual deles e conseguí-lo em forma mais eficaz e rápida; para que logo não necessitem ser cuidados a cada momento, mais sim que ajudem a outros a manter-se firmes. Isto fará que não necessitem “leite”, mas sim pão sólido. I Coríntios 3: 1-2; Atos 5: 12-14.


4. A Comissão da Igreja – Deve saber quem são os novos membros, onde vivem e quais são suas necessidades; para saber zelar por eles e supri-las.


5. Os Membros – Os mais antigos e de maior experiência cristã devem trabalhar no “Plano do Irmão Maior”. Isto consiste em visitar aos novos conversos, estudar com eles a Bíblia, receber o sábado em seus lares, prover um ambiente social agradável na igreja e fazê-los sentir-se em casa, ajudando-os em sua adaptação ao novo ambiente. A igreja é responsável da permanência ou apostasia de seus membros. Deve ser uma família integrada, unida, que se apoie e ajude reciprocamente.


IV – A Parte do Evangelista na Consolidação

 

A. Salmo 68:28. Mencionei alguns métodos e planos que dirigidos pelo Evangelista, assentarão uma base firme para a consolidação.


1. Dirigir uma Segunda Série – No mesmo lugar e para as mesmas pessoas. Vejamos a recomendação do Espírito de Profecia: “Quando os argumentos em favor da verdade presente são apresentados pela primeira vez, difícil é fixar os pontos na mente. E se bem que alguns vejam suficientemente para tomar uma decisão, apesar de tudo isto, há necessidade de repassar tudo outra vez, e fazer outra série de reuniões”.


      “Depois de haverem sido feitos os primeiros esforços em um lugar mediante uma série    de conferências, há na verdade maior necessidade de uma Segunda série. A verdade é nova e surpreendente, e o povo necessita de que as mesmas coisas lhes sejam apresentadas pela segunda vez a fim de tornar os pontos distintos, e fixar as idéias na mente” (Evangelismo, pág. 334, edição 1978).


2. A Segunda Série Deve Ser Perfeita – como se não houvesse tido a primeira. Deve-se pôr todo o esforço e a capacidade para fazê-la melhor do que a anterior. “Toda vez que fizerdes uma segunda série de reuniões, fazei-a com tanto esmero como se a primeira série não tivesse sido efetuada. Seja todo talento dos obreiros posto nas mãos dos banqueiros. Faça cada um o máximo ao seu alcance e desempenhe com energia sua parte na obra na obra e serviço de Deus” (Idem, pág. 335).


3. Repetir as Verdades Apresentadas – Existe uma lei pedagógica que diz: “A repetição é a base da aprendizagem”. A serva do Senhor afirma: “Se os que conheciam a verdade e já estavam firmados nela necessitam realmente de que a importância dela lhes seja sempre conservada diante dos olhos e seu espírito despertado por sua repetição, quão importante não é que não se negligencie isto para com os recém-chegados à fé”. (Idem, pág. 334).


4. Organizar Classes Bíblicas – Antes da série, durante as conferências, depois delas e na continuação. “Não é somente a pregação que deve ser feita. Precisa-se de incomparavelmente menos pregação. Importa devotar mais tempo a educar pacientemente outros, dando aos ouvintes oportunidade para se exprimirem. É de instrução que muitos necessitam, regra sobre regra, mandamento sobre mandamento, um pouco aqui, um pouco ali”. (Idem, pág. 338).


5. Colocar nas Mãos dos Novos Conversos Nossos Livros – Esses sermões silenciosos, escritos, reafirmarão neles a verdade e fará que esta dê raízes. “Muitos se desviarão da fé e darão ouvidos a espíritos enganadores. Patriarcas e Profetas e o Conflitos dos Séculos são livros especialmente próprios para os que chegaram de pouco à fé, para que sejam firmados na verdade. São indicados os perigos que devem ser evitados pelas igrejas. Os que se familiarizam inteiramente com as lições desses livros, verão os perigos que lhes estão adiante, e serão aptos a discernir a senda plana e direita para eles traçada. Serão guardados de veredas estranhas. Farão retos caminhos para seus pés, para que o coxo se não desvie”.


“No Desejado de Todas as Nações, Patriarcas e Profetas, O Grande Conflito do Séculos e Daniel e Apocalipse, há preciosas instruções. Estes livros precisam ser considerados como de especial importância, e todo esforço deve ser feito para os pôr diante do povo”. (Idem, pág. 366).


6. Elaborar Um Plano Efetivo de Continuidade – Este deve envolver aos pastores locais e seus associados, as instrutoras bíblicas, os leigos destacados e à igreja em geral.


a) O Evangelismo deve continuar por uns dois meses de maneira ativa.

b) Deve-se deixar equipe humana e audiovisual, materiais e orçamento para que tenham com que trabalhar e a mudança brusca não arruine a continuidade.


7. Durante a Série Ter o Melhor Pastor como Evangelista-Associado 


a) Ele atuará de forma ativa, relacionando-se com o público como Mestre de Cerimônias e na forma pessoal na visitação; pregando na série algumas vezes, contando que o evangelista se sente para escutá-lo.

b) O propósito é fazer com que os novos crentes familiarizem-se com sua personalidade e forma de trabalhar. Isto contribuirá para que tenha maior êxito em seu trabalho depois da saída do evangelista.


8. Não Anunciar Quando o Evangelista vai embora 

 

a) a saída do evangelista e sua equipe produz geralmente uma debanda.

b) Fica a impressão que concluiu tudo o que era importante, que as reuniões que continuarão não têm o mesmo valor e portanto não vale a pena vir às reuniões posteriores. Por isto é conveniente que o Evangelista saia sem anunciar quando e que a substituição se faça de maneira natural, sem traumatismos para a congregação e o êxito da campanha em reter os novos conversos.


9. Visitar Amiúde os novos Membros – “A obra não deve ser abandonada prematuramente. Vede que todos estejam esclarecidos na verdade, firmados na fé, e interessados em todo ramo da obra, antes de os deixar para ir a outro campo. E então, como o apóstolo Paulo, visitai-os com freqüência para ver como vão. Oh, a obra negligente que é feita por muitos que pretendem ser comissionados por Deus para pregar Sua Palavra, faz com que os anjos chorem!”. (Evangelismo, págs. 337, 338, edição 1978).


V. A Parte do Pastor no Consolidação

A. O homem chave  e o eixo de todo o programa de consolidação é o Pastor local, por isso, Jesus deu instruções precisas quanto ao cuidado das ovelhas. São João 21: 15-17.


1. Cuidar dos Cordeiros – “Esta era uma obre em que Pedro tinha bem pouca experiência; não podia, porém, estar completo na vida cristã a menos que aprendesse a alimentar os cordeiros, os que são tenros na fé. Exigiria grande cuidado e muita paciência e perseverança o ministrar aos ignorantes o devido ensino, abrindo-lhes as Escrituras e educando-os para a utilidade e o dever. Esta é a obra que deve ser feita na igreja hoje, do contrário os advogados da verdade ficarão atrofiados em sua experiência, e serão expostos à tentação e enganos. O encargo dado a Pedro deve chegar ao coração de quase todo ministro. De quando em quando se houve a voz de Cristo repetindo a recomendação a Seus sub-pastores: ‘Apascenta os Meus cordeiros’, ‘apascenta as Minhas ovelhas’”.


“Nas palavras dirigidas a Pedro, são expostas diante do ministro evangélico que tem o cargo do rebanho de Deus, as suas responsabilidades” (Idem, págs. 345, 346).


2. Visitar em Seus Lares aos Novos Membros com Fins Espirituais – “Como pastor do rebanho, ele (o ministro), deve cuidar das ovelhas e cordeiros, procurando os perdidos e extraviados, e levando-os novamente para o aprisco. Ele deve visitar toda família, não somente como hóspede para fruir-lhe a hospitalidade, mas para averiguar as condições espirituais de cada membro da família...” “Visitai as famílias, orai cm elas, privai com elas, examinai as Escrituras com elas, e far-lhes-eis bem. Demonstrai-lhes que buscais sua prosperidade, e quereis que sejam cristão saudáveis”.


“Vá ele, com métodos bem regulados, de casa em casa, levando sempre o incensário da fragrante atmosfera celeste de amor. Ide ao encontro dos pesares, dificuldades e aflições dos outros. Tomai parte nas alegrias e cuidados, tanto dos grandes como dos pequenos, dos ricos como dos pobres”(Evangelismo, págs. 347 à 349).


3. Firma-los nas Doutrinas Básicas ainda que se Tenham Menos Batismos – “Os ministros negligenciam com freqüência esses importantes ramos da obra – a reforma pró-saúde, os dons espirituais, a beneficência sistemática e os grandes ramos da obra missionária... Quão melhor seria para a causa, se os mensageiros da verdade houvessem educado fiel e cabalmente esse conversos quanto a todos esses assuntos essenciais, mesmo que houvesse menos pessoas por ele acrescentadas à igreja por seus labores! (Idem, pá. 343).


4. Ajudando-os a Ter Raízes – “Não é desígnio de Deus que a igreja seja mantida pela vida tirada do ministro. Seus membros devem ter raiz em si mesmos” (Idem, pág. 343).


5. Ensinai-lhes a Confiar em Cristo e não no Ministro – “Se bem que os recém-conversos devam ser ensinados a pedir conselho dos mais experientes na obra, devem ser ensinados igualmente a não pôr o ministro em lugar de Deus. Os ministros não passam de criaturas humanas, homens cercados de fraquezas. Cristo, eis a quem nos cumpre olhar em busca de direção”.


“Todo aquele que se professa cristão, tem a responsabilidade de manter-se em harmonia com a direção da Palavra divina. Deus considera cada alma responsável por seguir, por si mesma, o modelo dado na vida de Cristo, e ter um caráter purificado e santificado” (Idem, pág. 343).


6. Educai-os no Trabalho Missionário – Logo que seja organizada uma igreja, ponha o ministro os membros a trabalharem. Terão eles que ser ensinados a trabalhar com êxito”.


“O poder do evangelho deve sobrevir aos grupos já formados de crentes, habilitando-os para o serviço. Alguns dos novos conversos serão de tal modo cheios do poder de Deus que se porão imediatamente a trabalhar. Trabalharão com tanta diligência que não terão tempo nem vontade de enfraquecer as mãos de seus irmãs com críticas descorteses. Seu único desejo será levarem a verdade às regiões além.


“Responsabilidade e atividade pessoal no buscar a salvação de outros, eis a educação que deve ser ministrada a todos quantos chegarem recentemente à fé... (Idem, págs. 353, 354).


“Todo verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como missionário”(Serviço Cristão, pág. 9, edição 1974).


“Sua obra no lar, na vizinhança e na igreja será, em seus resultados, vasta como a eternidade. É por falta dessa obra que a vida cristã dos jovens conversos nunca excede ao ABC nas coisas divinas. São sempre criancinhas, necessitando  sempre de serem alimentados de leite, e nunca aptos a partilhar do verdadeiro manjar do evangelho”(Evangelismo, pág. 335).


“Quando almas se convertem, ponde-se a trabalhar imediatamente. E, ao trabalharem elas segundo a sua capacidade, tornar-se-ão mais fortes. É enfrentando as influências oponentes que somos confirmados na fé” (Idem, págs. 355, 356).


7. Preparai-os para Levar Responsabilidades – “Há várias espécies de trabalho a serem feitas. As almas são preciosas à vista de Deus; ao abraçarem a verdade, educai-as e ensinai-as, a assumirem encargos. Aquele que vê o fim desde o princípio, que pode fazer com que as sementes semeadas sejam todas frutíferas, estará convosco em vossos esforços” (Idem, pág. 335).


8. Construí Templos para os Novos Crentes – “Quando se desperta um interesse em qualquer vila ou cidade, esse interesse deve ser atendido. O lugar deve ser cabalmente trabalhado, até que se erga humilde casa de culto como sinal, um monumento do sábado de Deus, uma luz em meio da treva moral... Onde quer que se levante um grupo de crentes, deve construir-se uma casa de culto. Não deixem os obreiros o lugar sem fazer isto” (Idem, págs. 375, 376).


VI – A Parte da Igreja e os Leigos na Consolidação 


A. Lucas 22: 31-32. Os membros mais antigos da igreja, devem ser pontuais para ajudar a fechar a porta da apostasia, realizando um fiel trabalho em prol da retenção dos novos membros. Como?


1. Cuidando dos Jovens na Fé – “Pregar é uma pequena parte da obra a ser feita pela salvação de almas. O Espírito de Deus convence os pecadores da verdade, e depõe-nos nos braços da igreja. Os ministros podem fazer sua parte, mas nunca poderão efetuar a obra que deve ser feita pela igreja. Deus requer que a igreja cuide dos que são jovens na fé e na experiência, que vão Ter com eles, não no intuito de tagarelar com eles, mas de orar, de dirigir-lhes palavras que sejam ‘como maçãs de ouro em salva de prata’” (Idem, pág. 352).


2. Colocando em Uso o Plano de Irmão Maior


a) Isto consiste em responsabilizar a cada membro fiel e de experiência na igreja, que cuide de um membro ou família nova. É sua obra zelar como um sub-pastor destes recém-batizados e prover as suas necessidades espirituais.

b) “Os recém-chegados à fé devem receber um trato paciente e benigno, e é dever dos membros mais antigos da igreja cogitar meios e modos para prover auxílio, simpatia e instrução para os que se retiraram conscienciosamente de outras igrejas por amor da verdade, separando-se assim dos cuidados pastorais a quem estavam habituados. A igreja tem responsabilidade especial quanto a atender essas almas que seguiram os primeiros raios de luz recebidos; e caso os membros da igreja negligenciem este dever, serão infiéis ao depósito a eles confiado por Deus” (Evangelismo, pág. 351).


3. Orando por Eles, para que sua Fé não se Confunda – “Não admira que alguns desanimem, retardem-se pelo caminho, e sejam deixados por presa aos lobos. Satanás se acha no encalço de todos. Envia seus agentes para levarem de volta as suas fileiras de almas que perdeu. Deve haver mais pais e mães para tomarem ao colo esse infantes na verdade, e animá-los a orar com eles, para que sua fé não se confunda” (Idem, págs. 351, 352).


4. Protegendo-os do Fanatismo – “Onde quer que haja um pequeno grupo de crentes, Satanás está constantemente  procurando aborrecê-los e desviá-los. Quando alguém do povo se desvia de seus pecados, supondes acaso que ele o deixará em paz? De modo nenhum!”


“Paulo implantou as puras verdades do evangelho na Galácia. Pregou a doutrina da justiça pela fé, e seu trabalho foi recompensado vendo a igreja gálata convertida ao evangelho. Então Satanás começou a trabalhar por intermédio de falsos mestres para confundir o espírito de alguns dos crentes. A jactância desses mestres, e a manifestação de seu poder de operar maravilhas, cegaram a visão espiritual de muitos dos novos conversos, e foram induzidos ao erro...”


“Por algum tempo Paulo perdeu o domínio sobre os que haviam sido enganados; apoiando-se, porém, na Palavra e no poder de Deus, e recusando as interpretações dos mestres apóstatas, foi capaz de levar os conversos a verem que haviam sido iludidos, derrotando assim os desígnios de Satanás. Os novos conversos volveram à fé, preparados para, com inteligência tomar sua decisão em favor da verdade” (Evangelismo, págs. 357, 358).


5. Confirmando-os na Fé pelo Serviço – “Quando almas se convertem, ponde-as a trabalhar imediatamente. E, ao trabalharem elas segundo a sua capacidade, tornar-se-ão mais fortes. É enfrentando as influências oponentes que somos confirmados na fé. Ao brilhar a luz em seu coração, difundam elas os seus raios. Ensinai aos recém-conversos que devem entrar em comunhão com Cristo, a serem suas testemunhas, e tornarem-nO conhecido ao mundo”.


“O melhor remédio que podeis ministrar à igreja, não é pregar ou fazer sermões, mas providenciar trabalho para os membros. Caso se empenhasse em trabalho, o desalentado esqueceria em breve seu desânimo, o fraco se tornaria forte, o ignorante inteligente, e todos estariam preparados para apresentar a verdade tal como ela é em Jesus. Encontrarão  um infalível ajudador nAquele que prometeu salvar a todos quantos se chegam a Ele”(Idem, págs. 355, 356).


6. Desenvolvendo-os como Genuínos Missionários – “Aquele que se torna um filho e Deus deve, daí por diante, considerar-se como um elo na cadeia descida para salvar o mundo, um com Cristo em Seu plano de misericórdia, indo com Ele a buscar e salvar o perdido”.


“Todos podem encontrar alguma coisa para fazer. Ninguém deve achar que não há lugar em que possa trabalhar por Cristo. O Salvador Se identifica com todo filho da humanidade”.


“Os homens são instrumentos nas mãos de Deus, por Ele empregados para cumprirem Seus propósitos de graça e misericórdia. Cada um tem a sua parte a desempenhar; a cada qual é concedida uma porção da luz, adaptada às necessidades de seu tempo, e suficiente para o habilitar a efetuar a obra que Deus lhe deu a fazer” (Serviço Cristão, pág. 11, edição 1974).


7. Visitando-os Periodicamente – O trabalho pessoal não pode ser substituído por nada. O contato humano faz com que se rompam as barreiras e se desfaçam os desentendimentos. Um trabalho paciente, realizado com oração e consagração será aprovado pelo céu. O Espírito Santo tocará os corações e estes se renderão a Sua influência, ficando confirmados na fé.


A teologia no Novo Testamento enfoca o trabalho missionário na premissa: “IDE”. Não podemos esperar que os novos conversos venham a nós, devemos ir a eles e levá-los em cada ocasião aos pés de Cristo. Assim os firmaremos na fé e os estaremos preparando para um mundo melhor.


8. Velando por suas Necessidades Materiais e Espirituais – Em mais de uma ocasião encontraremos em nossas visitas aos novos membros, que, não somente necessitam que oremos por eles e com eles, mas que também têm outras necessidades físicas que devem ser atendidas. Embora não se poderão resolver, talvez, todas as necessidades materiais, se poderá brindar ajuda oportuna, conselho, orientação e apoio material. Será uma maravilhosa oportunidade de demonstrar a “religião prática” e o “verdadeiro jejum” de que falam São Tiago e o profeta Isaías. 


Logo, ao abrir as Escrituras, estudá-las com eles e fazê-lo com oração, nos permitirão fazer uma obra que terá a aprovação divina.


VII – Programa de Consolidação dos Novos Conversos 


A. O programa sugestivo, esboçado a seguir, não pretende esgotar o assunto ou as idéias. Pode ser ampliado, modificado ou adaptado às necessidades de cada lugar. O segundo ciclo e a continuidade são muito importantes, mas onde não se possam ter, o programa de consolidação em seus primeiros passos, de 1-5, contribuirá notavelmente para fechar a porta de apostasia e manterá “dentro da igreja” os recém-chegados à fé.


1. Ter um Programa Permanente e Sistemático de Visitação


a) Este deve envolver aos dirigentes e membros da igreja. A visitação deve ser feita periodicamente e o mais freqüente possível. Pelo menos uma vez por mês.

b) Fomentar a visitação recíproca de todos os crentes.

c) Entregar aos visitadores formulários, onde informarão os resultados de seu trabalho, número de visitas, quando foram feitas, a quem visitaram; necessidades que encontraram o que fizeram e os casos que devem ser atendidos pelo pastor ou anciãos da igreja.

d) Este programa de visitação deve envolver não somente aos antigos, mas sim também aos novos membros da igreja. O trabalhar e ajudar a outros, permitirá ajudar-se a si mesmos. 


2. Adestrá-los na Obra Missionária 


a) Despertando-lhes o desejo de compartilhar sua nova fé.

b) O fogo do primeiro amor nos impulsionará a ajudar e ganhar a outros.

c) Um curso de capacitação para o trabalho leigo deve ser apresentado ao concluir o curso e este deve envolver aos novos conversos.

d) O Diretor de Atividades Leigas do campo local, o pastor ou um leigo destacado poderá ser os instrutores.


3. Designar-lhes Responsabilidades e Campos Específicos de Trabalho – “Todos podem encontrar alguma coisa para fazer. Ninguém deve achar que não há lugar em que possa trabalhar por Cristo...” “Os que se uniram ao Senhor em concerto de serviço, acham-se sob obrigação de a Ele se unir também na grande, sublime obra de salvar almas...” “Tão vasto é o campo, tão compreensivo o desígnio, que todo coração santificado será levado para o serviço, como instrumento do poder divino.”


“O verdadeiro caráter da igreja não se mede pela elevada profissão que ela faz, nem pelos nomes que se encontram em seu registro, mas pelo que ela está em realidade fazendo pelo Mestre, pelo número de seus obreiros perseverantes e fiéis. O interesse pessoal, e os esforços individuais atentos conseguirão mais para a causa de Cristo do que pode ser efetuado por sermões ou credos” (Serviço Cristão, págs. 11 e 12, edição 1974).


4. Colocar Em Suas Mãos  Nossos Melhores Livros


a) A leitura deles dar-lhes-á alento espiritual.

b) Aprenderão por si mesmos a buscar e achar o alimento espiritual que necessitam.


5. Descobrir e Usar Seus Talentos 


a) No caso de jovens e crianças, impulsioná-los a ingressar em nossas escolas e colégios para que recebam os benefícios da educação cristã.

b) Instando-os a ingressar às fileiras da colportagem, depois de cimentá-los no conhecimento e na fé do Evangelho. Muitos terão dons naturais e talentos úteis para esta obra missionária.


6. Apresentar Uma Segunda Série


a) Apresentando nela, todas as verdades que nos caracterizam.

b) Fazê-lo com mais força e perfeição que a primeira.


7. Ter Um Sólido Programa de Continuidade


a) Espiritual

b) Missionário

c) Social


8. Construir ou Melhorar o Templo


a) Uma nova irmandade sem lugar adequado de reuniões, está destinada ao fracasso e ao desaparecimento.

b) Nossos templos devem ser lugares dignos de adoração a Deus. O meio ambiente, se é propício, contribui para a elevação e consagração.


Conclusão


A. Façamos Evangelismo Completo.


1. O Evangelismo que se detém na conversão é incompleto.

2. Desenvolvamos na fé aos novos crentes.


B. Abramos a “Porta do Evangelismo” e fechemos a “Porta da Apostasia”.


1. Contabilizamos com ênfase nosso “ganhar de almas”, mas desconhecemos ou olhamos com indiferença nossas “perdas” ou “apostasias”. 

2. Ilustração. Guillermo Kratzig, em seu livro “Urbangelización” pág. 116, conta uma anedota de Munchhausen (relatos, de tom exagerado, das campanhas bélicas e viagens vividas por Karl Friedrich de Hierónymus, cuja vida se estendeu desde 1720 até 1790).


Munchhausen vinha cavalgando velozmente, perseguido por um grupo de inimigos. Os guardas da cidade, a postos no muro, não demoraram a compreender a delicada situação, e em seguida decidiram baixar a pesada porta da entrada da cidade. Munchhausen, homem de perspicácia e grande sabedoria, pressentindo a intenção dos sentinelas, sabe que a salvação única é passar pela porta antes que seja baixada, do contrário ficará à mercê de seus inimigos.


Munchhausen chicotea o seu cavalo e felizmente chega a tempo. Não acaba de passar pela porta quando esta cai, ruidosa e velozmente. Mas ele continua sua corrida até o poço do mercado. Ali detém seu cavalo, ali pode beber e repousar do grande esforço. Logicamente, o animal bebe e bebe. Sua sede parece ser insaciável. Finalmente Munchhausen, inquieto, olha para trás e descobre o que ocorreu: a grande porta, uma gigantesca folha de ferro, caiu sobre o animal, um centímetro detrás do celim e dividiu-o em dois o animal. Mas tanta era a pressa que vinha, que nem ele nem o ginete tomaram nota disto. E, logicamente, agora o cavalo não se saciava. A água entrava por um lado, e saía, diretamente, pelo outro.


Sempre oportuno em suas decisões, Munchhausen, aproveita enquanto o cavalo ainda se sustinha, para voltar ao muro. Reconhece a outra metade do animal, une ambas as partes e cobre a ferida com a pele de uma caça montanhesa, recém caçada. A perícia do herói permite-lhe a total recuperação de sua cavalgadura. Mais tarde Murchhausen deve raspar o seu cavalo no local do enxerto, devido à penugem espinhosa que desde então lhe cresce nesta região.


Logicamente este é um relato exagerado da Idade Média, mas podemos aplicá-lo positivamente em nosso assunto. Temos a porta aberta da evangelização. Estão entrando milhares de almas à igreja, mas devemos fazer uma pausa, olhar para trás e constatar se temos “abertura a porta da apostasia”, por onde estamos perdendo os novos membros. Se está aberta a porta da “apostasia”, devemos fechá-la e cortar esse contínuo fluxo de perdas que está debilitando nosso povo.


3. Na Evangelização frequentemente trabalha-se e muitas almas são ganhas para depois perdê-las, como por uma misteriosa drenagem. Então, é preciso olhar para trás, para descobrir como o fez o personagem de nossa anedota, que a cavalgadura de nossa evangelização foi seccionada. Não obstante, ainde se mantém de pé, pela graça de Deus, e serve para ganhar muitos corações sinceros e trazê-los aos pés de Cristo.


4. Mas nos fica o grande desafio de conservar e desenvolver os novos conversos na fé de Cristo. Estas reflexões e outras tantas mais, sirvam para estimular o povo Adventista e ao Ministério Evangélico e Leigo, a buscar os caminhos da evangelização eficaz na retenção de novos conversos e sua consolidação nos caminhos do Senhor. II Pedro 1:12; Atos 16:5.