Consultoria Bíblica
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17 - Alimentos limpos e imundos: em Levíticos capítulo 11, está uma lista de alimentos cárneos proibidos, mas no novo testamento, vários textos parecem mostrar que Deus purificou todos os alimentos. Como harmonizar esta aparente contradição? É válido ou não as recomendações de Levíticos 11?
Muitas pessoas fazem estas perguntas, porque no Livro de Levíticos capítulo onze, está registrado uma lista de animais que são impuros e abomináveis, entre eles o porco, peixe sem escamas e sem barbatanas, etc.
E então se pergunta, será que não posso comer carne de porco e estas outras mencionadas em Levíticos capítulo onze? Será que esta lei ainda está em vigor? Dois ouvintes querem tentar mostrar que esta lei não está em vigor baseados em alguns textos do Novo Testamento, vamos analisar juntos.
Mateus 15:11
“Não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai da boca, isso é o que contamina.”
Marcos 7:19
“Porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e é lançado fora? Assim declarou puros todos os alimentos.”
EXPLICAÇÃO:
Jesus não está falando em comer certos tipos de alimentos ou não, não são leis de saúde. Mas sim repreendendo aos judeus pelos rituais que faziam antes de comer. O contexto mostra bem isto.
Os discípulos eram repreendidos por não lavarem as mãos conforme as tradições e rituais judaicos, que exigiam que se molhasse uma palma da mão, e a água escorresse para a outra palma da mão, e então para os dedos, e isto diversas vezes, e os judeus então diziam que quem não seguisse estes rituais, estavam comendo alimentos imundos.
Jesus então disse que o que contamina o homem não é o que está comendo, mas o que está no coração. Não são os alimentos, mas as tradições ritualísticas. O ato de lavar as mãos para os judeus, não era um ato de higiene como para nós hoje, era antes, um ritual externo de purificação, ignorando o interior que abrigava os verdadeiros sentimentos humanos.
Por isto Jesus disse estas frases que no seu contexto, não se trata sobre as carnes limpas ou imundas, mas sobre os rituais judaicos que se fazia para não tornar o alimento imundo, e não se preocupavam com o interior que era muito mais importante.
Mateus 15:20 encerra o texto de maneira bem clara: “São estas coisas que contaminam o homem, mas o comer sem lavar as mãos, isso não contamina.” Deus declarou puro todos os “alimentos” e não os animais imundos.
I Timóteo 4:4
“Pois todas as coisas criadas por Deus são boas, e nada deve ser rejeitado se é recebido com ações de graça.”
EXPLICAÇÃO:
Paulo neste contexto, advertiu sobre as doutrinas demoníacas. Doutrinas que proibiam ao casamento e comer alimentos bons que Deus criou.
Aquilo que Deus determina que é para o nosso bem, não pode ser condenado por outras doutrinas pagãs. Portanto, neste contexto, todas as coisas boas que Deus criou, como o casamento e os alimentos saudáveis não devem ser proibidos aos cristãos sinceros.
Pensar que nada deve ser rejeitado no sentido amplo, seria abrir um precedente que tudo pode servir como alimento, como o Rato, Corvo, o Sapo, etc., o que seria um absurdo e não estaria em harmonia com os ensinamentos bíblicos.
Tudo o que Deus nos oferece dentro dos padrões que a Bíblia estabelece, é bom e deve ser recebido com ações de graça, mas o que não está de acordo com os padrões da Bíblia, isto deve ser rejeitado.
Romanos 14:14
“Eu sei, e estou certo no senhor Jesus, que nada é de si mesmo imundo a não ser para aquele que assim o considera; para esse é imundo.”
EXPLICAÇÃO:
O contexto aqui se refere as carnes sacrificadas aos ídolos e que eram vendidas, e então o cristão perguntava: é ilícito ou não comer as carnes que foram sacrificadas aos ídolos?
Pedro responde em Romanos mesmo, 14:3 diz quem come não julgue a quem não come, referindo-se aos fracos na fé, a fim de ter paciência e tolerá-los.
Este verso não está se referindo a liberação das carnes imundas, mas das carnes sancionadas pelo contexto bíblico, que no referido texto, eram vendidas depois de terem sido sacrificadas aos ídolos.
Pedro deixava de acordo com a consciência de cada um, quem achava que comer as carnes que eram sacrificadas aos ídolos não tinha problema, tudo bem, mas quem achava que não era correto, não deveria criticar quem fizesse diferente.
Deve-se salientar que as carnes aqui referidas, não eram carnes imundas, mas sim, carnes que eram lícitas, mas oferecidas aos ídolos e depois vendidas. Verifique Romanos 14:3,23.
Atos 10:12-15
“No qual havia de todos os quadrúpedes e répteis da terra e aves do céu. E uma voz lhe disse: Levanta-te Pedro, mata e come. Mas Pedro respondeu: De modo nenhum Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. Pela segunda vez lhe falou a voz: Não chames tu comum ao que Deus purificou. Sucedeu isto por três vezes; e logo foi isto recolhido aos céus.”
EXPLICAÇÃO:
O contexto apresenta ser esta uma visão simbólica para representar que todas as nações e raças são iguais perante Deus, e que os preconceitos entre judeus e gentios deveriam ser derrubados.
Pedro ficou perplexo com aquela visão, e enquanto pensava, foi procurado por alguns homens enviados por Cornélio, que no decorrer da história do capítulo 10 de Atos verso 28 traz a razão da visão: “Vós bem sabeis, (disse Pedro) que não é lícito a um judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros, mas Deus mostrou-me que a nenhum homem devo chamar comum ou imundo.”
Note que o próprio Pedro, diz o que queria dizer a visão, ele mesmo dá sua interpretação que não se refere a uma sanção divina para comer alimentos imundos, mas sim, que todos os povos, nações e pessoas, são iguais diante de Deus indistintamente de suas raças.
Vale salientar também que no texto referido, Pedro diz que nunca comeu alimentos imundos, note que ele conviveu com Jesus por mais de três anos e meio, e um discípulo faz o que seu líder faz também, concluindo que as regras de alimentos imundos estavam vigentes e claras para Pedro.
Pedro andou com Jesus, viu sua morte, sentiu as repercussões de Sua ressurreição, encontrou com Jesus após a ressurreição, quando Jesus disse: Ide por todo o mundo, fazei discípulos de todas as nações ... e ainda Pedro não entendia que deveria pregar aos gentios e estrangeiros, foi para tal, que Deus lhe deu uma visão chocante, a fim de entender que todas as pessoas, de todas as nações, são dignas de serem salvos por Cristo.
O próprio Cornélio recebeu um representante celestial para orientar seu encontro com Pedro, o que como estrangeiro lhe parecia impossível no contexto de sua época.
Deus atuou de maneira sobrenatural e de maneiras diferentes com ambos, para que os preconceitos raciais da época fossem derrubados e a pregação do evangelho não se restringisse ao povo judeu. Este é o sentido da visão de Pedro, fugir disto, será ir contra os princípios lógicos de interpretação Bíblica.
Hebreus 7:12
“Pois mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também a mudança da lei.”
EXPLICAÇÃO:
O ouvinte que faz a pergunta, propõe aparentemente que Levíticos capítulo onze, seja uma lei cerimonial, abolida com a morte de Cristo na Cruz. Vejamos como entender o texto:
Este texto está falando da mudança da lei do sacerdócio e das leis cerimoniais, e não de mudar a lei moral e as leis de saúde.
As leis do sacerdócio dizia que somente poderia ser Sacerdote, homens da tribo de Leví, se fosse de outra tribo, tinha que mudar a lei e o sacerdócio.
Jesus era da tribo de Judá, e não de Leví, logo as leis do sacerdócio e cerimonias foram mudadas, mas não fala que as leis de alimentação deveriam ser mudadas também.
Havia dois tipos de impurezas à luz do Velho Testamento: à nata e a adquirida. Impureza nata eram os animais imundos, que em sua essência não são puros.
Já a impureza adquirida, era quando uma pessoa por exemplo, tocasse num cadáver, e ficava imundo até a tarde, ou uma mulher menstruada, etc. Tendo esta compreensão, fica fácil de entender que os rituais de purificação eram feitos pelas impurezas adquiridas e não natas.
Não se fazia sacrifícios por alguém que comesse alimentos imundos, mas sim por alguém que tivesse contato com algum outro tipo de impureza registrada no Velho Testamento. O sacrifício de Jesus na cruz, aboliu exatamente estes ritos cerimoniais, mas não aboliu ou purificou os animais imundos para a nossa alimentação.
Vale salientar ainda, que o Livro de Levíticos está cheio de leis cerimoniais, e separar o capítulo onze, como sendo uma das partes ainda vigentes, pode parecer de difícil aceitação.
É preciso notar também, que quando foi escrito, não havia separação, pois Jesus não tinha morrido ainda e tudo era igual, todas as leis eram vigentes.
O estilo de literatura hebraica, como foi escrito o Velho Testamento, não segue as separações de textos por tópicos ou por títulos, mas sim por palavras comuns em diversos tópicos, por isto, que os animais puros e imundos aparecem num contexto do livro sobre as coisas que eram sagradas ou puras.
A DIETA ORIGINAL:
A dieta original de Deus para o homem, não incluía alimentos cárneos porque não era seu plano que fosse tirada a vida dos animais e porque uma dieta vegetariana balanceada é a melhor para a saúde.
Um fato a respeito do qual a ciência oferece hoje as maiores evidências. Foi somente depois do dilúvio, que Deus permitiu o uso de alimentos cárneos.
Uma vez que estava destruída toda a vegetação, Deus autorizou a Noé e sua família a utilizarem alimentos cárneos, mas que não usassem o sangue, e é importante notarmos, que Deus já havia pedido para Noé, sete pares de animais limpos contra apenas um animal imundo, já prevendo esta necessidade para o alimento e para os sacrifícios.
Isto significa, que Noé tinha conhecimento dos animais limpos e imundos antes mesmo das leis cerimoniais ou ritualísticas, mostrando que esta orientação traz uma permanente obrigação do cuidado ao alimentar-se.
PROBLEMAS POSSÍVEIS DO CONSUMO DA CARNE SUÍNA:
I - “O porco é hospedeiro intermediário para vários organismos parasíticos, alguns dos quais podem resultar na infestação por solitárias.
Uma destas solitárias, a Taenia solium, cresce até atingir cerca de 2,5m de comprimento, e é achada na carne de porco mal cozida ... Uma complicação desagradável desta condição ocorre quando nódulos se formam no cérebro e produzem crises que se assemelham à epilepsia.
II - Outro agente de infecção, a Tichinella spirillis, é uma pequeno organismo que ocorre em carne ou salsichas de porco, cruas ou mal cozidas.
A doença que resulta é a triquinose, e é marcada inicialmente pela febre, por distúrbios gastro intestinais e um mal estar geral ... Se a enfermidade avançar para a etapa encapsulada, inchações pequenas, com formato de nós, formam-se nos músculos e provocam mal estar considerável.
III - Ainda outra doença que é resultado de comer carne de porco, ou seus produtos, impropriamente preparada, foi descoberta em anos recentes.
É a chamada toxoplasmose, e se assemelha à pneumonia, sendo o resultado da infecção por um organismo vigoroso que se acha em forma de cisto e resiste o congelamento, a ação dos sucos gástricos, e a gama normal das temperaturas de cozimento.
IV - À parte da possibilidade de receber uma intoxicação por causa de comer carne de porco, não é incomum certas pessoas terem reações alérgicas depois de ingerir carne de porco ou sub produtos.
V - Imaginar que os métodos modernos de cozinhar eliminaram o risco de tais infecções, e modo total, é enganar-se.
O fato é que não há nenhuma temperatura segura em que a carne de porco possa ser cozinhada para garantir que os organismos sejam mortos, e mesmo se o cozimento prolongado fosse empreendido, geralmente tornaria a carne dura e sem sabor.
VI - Nem sequer podem os métodos ocidentais de abater porcos garantir que a carcaça seja segura para o consumo humano, visto que o organismo da toxoplasmose, por exemplo, sobrevive sem dificuldades aos procedimentos higiênicos preceituados pelas várias leis sobre produtos alimentícios.”
FONTE: Roland K. HARRISON, Levítico-introdução e comentário, pág. 114, 115 (Mundo Cristão)= o autor Ph.D.,D.D., é Professor do Velho Testamento, do Wycliffe College, da Universidade de Toronto no Canadá.
VII - “Estudos revelam que em adição à razoável quantidade de colesterol encontrada tanto no porco quanto nos mariscos, ambos os alimentos contém certo número de toxinas e contaminantes que se acham associadas ao envenenamento humano.” Nisto Cremos, pág. 376, CPB.
Reflita:
A - Se Noé levou 7 pares de animais limpos e 1 imundo, se ele comesse o único porco, o que aconteceria? Por que razão Deus pediu esta quantidade tão desproporcional de animais?
B - A Ciência comprova que os animais que a Bíblia classifica como imundos, são lixeiros da natureza, o porco, o rato, o corvo, os peixes lisos sem escamas e sem barbatanas, será que Deus deseja que nosso organismo seja um depósito de lixo?