Deus sempre toma a iniciativa da revelação
Deus sempre toma a iniciativa para revelar ao homem seus planos e instruí-lo (Amós 3:7). Quando Ele viu necessário comunicar luz aos mileritas, chamou a dois homens, e como eles não aceitaram, chamou a Ellen Harmon.
Mas o astuto inimigo, que conhecia o plano de Deus de estabelecer uma comunicação direta com a igreja remanescente, em sua oportunidade fez aparecer manifestações espúrias do dom, induzindo desta maneira aos crentes adventistas e ao mundo cristão em geral a assumir uma atitude hostil para a aceitação do dom genuíno.
Estratégia satânica para provocar resistência contra o dom através de movimentos proféticos falsos.
Paralelamente com o movimento milerita, se desenvolveu o mormonismo, liderado por seu profeta José Smith (1805 – 1844), quem assegurava ter havido comunicação direta com Deus. Pretendeu haver recebido muitas “visões” entre 1820 e 1844.
Algumas das revelações recebidas, conduziram a práticas detestáveis, tais como o batismo pelos mortos e a poligamia. A trajetória de Smith terminou com seu assassinato às mãos de uma turba, em 1844, enquanto esperava ser submetido ao julgamento.
O grupo dos shakers (tremedões) também pretendia receber revelações divinas, e logrou o clímax de sua influência em 1830, até quando sua influência continuou com bastante força durante várias décadas. Sua profetiza era Ana Lee, quem pretendia ser Cristo, mesmo encarnado em uma mulher.
Caracterizaram-se por uma forma especial de comunismo, e celibato, e espiritismo e a crença em Deus como personalidade dupla. Como é natural, este grupo não gozava o apreço geral do povo.
Até dentro do movimento adventista do século XIX, que em geral não se caracterizava pela excitação e o fanatismo, teve uns poucos exemplos de manifestações de caráter espúrio, tanto no velho como no novo mundo.
Eduardo Irving (1792-1834), destacado pastor inglês, pregador da segunda vinda de Cristo, conhecido como o “Demóstenes Inglês”, permitiu, por volta de 1830 a manifestação do suposto dom de línguas em sua igreja.
Como resultado, Irving foi destituído do ministério, pois continuou com seu grupo fanático. Sua influência foi de vergonha para a causa adventista na Grã-Bretanha.
Houve grupos dissidentes fanáticos dentro do milerismo nos E.U.A. Juan Starkwaeder, orador instruído e capaz, colaborador de J. Himes em sua igreja de Boston, manifestou sua esperança em que os dons seriam restaurados.
Lamentavelmente, o fanatismo se manifestou em breve, ainda que em forma local, em 1843 e1844, para enganar e desacreditar aos seguidores imediatos.
Por outro lado, um extremista distantemente relacionado com Miller, chamado de Dr. C. R. Gorgas, afirmou que por “visões” Deus o havia comissionado a convidar aos fiéis de Filadélfia a acampar fora da cidade, e em panfletos impressos predisse que Cristo viria ás três da manhã de 22-10-1844.
É de destacar o acordo tomado pela Associação Adventista de Boston, em 2-05-1843: “Não temos confiança em nenhuma classe de visões, sonhos e revelações particulares”.
Em setembro de 1844 apareceu no folheto trimestral The Advent Shield, um artigo titulado “A reforma de Lutero: sua semelhança com os tempos atuais”. Seu autor era Silvestre Bliss, um dos dirigentes da causa.
Dava ênfase aos efeitos perniciosos dos dissidentes fanáticos nos tempos de Lutero, dos “profetas” de Zwickau, que pretendiam receber revelações diretas de Deus ,pois seus ensinamentos conduziam a lamentáveis desordens.
Resumindo sua comparação do movimento adventista com a Reforma, Bliss, ao enumerar os perigos de dentro e de fora, falava de alguns “inimigos internos, que tratavam de devorar seus ensinamentos vitais e fazer naufragar a nave de Sião nas pedras e areias movediças do fanatismo, por induzir a seus seguidores a excessos nunca vistos e às extravagâncias do misticismo”, e admoestava “contra os arrebatamentos e alucinações entusiásticas”.
Não obstante, o movimento milerita não se caracterizou por uma corrente de fanatismo; as declarações de Ellen G. White são eloqüentes: “Entre todos os grandes movimentos religiosos tiveram desde os dias dos apóstolos, nenhum resultou mais livre de imperfeições humanas e enganos de Satanás que o do outono de 1844”.
De todas maneiras houve manifestações de “dons” espúrios, e este preparou aos adventistas e ao mundo cristão em geral para duvidar e rechaçar o dom genuíno quando este apareceu. Este foi um golpe mestre do inimigo.
Dois homens chamados ao ministério profético
Guilherme Foy
Jovem mulato de Boston, da igreja batista livre. Estava se preparando para o ministério. Teve duas visões, uma em 18-01-1842 e a outra 04-02-1842. Na primeira destas revelações, Foy viu a gloriosa recompensa dos fiéis e o castigo dos pecadores.
Como não recebeu a ordem de relatar a outros o que havia visto, não falou a ninguém desta visão; pois não encontrava paz mental.
Na Segunda visão, viu as multidões da terra comparecer ante a provação do céu; um anjo poderoso com uma trombeta de prata na mão estava por descer à terra por “três níveis”; viu os livros de registro no céu, a segunda vinda e a recompensa dos fiéis.
Ele foi ordenado: “Deves revelar estas coisas que viste e admoestar a teus semelhantes para que fujam da ira vindoura”. Dois dias depois desta revelação, o pastor de uma das igrejas de Boston lhe pediu que relatasse as visões. Embora fosse um orador fluente aceitou de má vontade temendo que o preconceito geral contra as visões e o fato de ser mulato tornasse difícil sua obra.
O grande auditório reunido ficou fascinado por sua apresentação e com este motivo inicial de ânimo, Foy viajou durante três meses apresentando sua mensagem ante numerosos auditórios.
Logo, para conseguir os meios de sustentar sua família, sentiu que devia abandonar por um tempo sua obra pública, mas não achando paz de dia nem de noite, volveu a ocupar-se em sua obra.
Ellen Harmon, quem por essa época era só uma menina, o ouviu falar em Portland, Maine. Pouco antes de 22-10-1844, recebeu uma terceira visão na qual viu três plataformas; viu que algo do tempo seria depois de 22-10-1844, mas, poderia ele dizer a todos que estavam equivocados? Negou-se a faze-lo pois pensou que havia algum equívoco, e abandonou a obra pública. Depois disso não recebeu outra visão.
Mais tarde, ouviu a Ellen Harmon relatar suas primeiras visões. Ela não sabia que estava presente, e ele com um grito interrompeu a exposição, exclamando que isso era justamente o que ele havia visto. Foy não viveu muito tempo depois desta experiência.
Hazen Foss
Recebeu uma visão da experiência do povo adventista pouco antes do fiasco. Um tempo depois de 22-10-1844 se lhe ordenou que relatasse a visão a outros mas não o fez. Deus lhe advertiu das conseqüências de negar-se a uma missão assim, e lhe disse que se rejeitasse a luz, esta seria dada à outra pessoa.
A experiência do fiasco o havia afetado enormemente. Depois do grande conflito mental, decidiu não relatar as visões; nessas circunstâncias experimentou estranhos sentimentos e ouviu uma voz que lhe dizia que havia afligido o Espírito Santo.
Este último relata Ellen G. White na Carta 37 de 1890. “Horrorizado com sua teimosia e rebelião disse ao Senhor que iria relatar a visão”, mas quando tentou faze-lo perante um grupo de crentes não pode lembrar-se.
Em vão tentou faze-lo, mas exclamou de forma desesperada: ‘Eu estou perdido; não pude recordar nada ,o Espírito do Senhor me abandonou’. Testemunhos presenciados descreveram aquela experiência como “a mais terrível reunião na qual se tinha encontrado”. Idem.
Ao comparar as datas ,descobriram que Ellen Harmon não recebeu a primeira visão até depois que Foss lhe disse que as visões lhe seriam retiradas. Foss viveu até 1893, sem manifestar mais nenhum interesse espiritual.
Ellen G. White, a terceira eleição de Deus; sua primeira visão
Depois de ter chamado as duas pessoas que rejeitaram, e num momento quando a maioria dos adventistas tinha abandonado sua confiança no movimento do sétimo mês e estava fixando novas datas para a Segunda vinda, quando muitos estavam recusando a fé adventista, e quando o povo em geral tinha preconceitos contra tudo o que fosse adventista ou revelação sobrenatural, Deus comunicou profeticamente uma mensagem destinada a fundamentar a fé na sua direção e na autenticidade da experiência pela qual haviam atravessado recentemente.
O instrumento eleito por Deus foi Ellen Harmon, uma fervorosa jovem adventista de Portland, Maine. A primeira visão ela teve durante um culto matutino na casa da Sra. Haines, em Portland do Sul, em algum momento do mês de dezembro de 1844. Ellen tinha dezessete anos. Não é o propósito deste material entrar em considerações biográficas, que são grandemente conhecidas.
Quatro aspectos básicos da primeira visão
(Para maiores informações, ver a obra de Artur White, Ellen G. White, Mensageira da igreja remanescente, pp. 45-47. A visão está narrada em PE, pp. 13-20).
1. Mostrou que o movimento do sétimo mês era de origem divina e que Deus abençoaria a quem mantivesse sua confiança nesse movimento.
2. Os que abandonaram sua confiança estavam em perigo de perder sua salvação.
3. Isso trouxe a certeza de que Cristo estava guiando e que depois de certa demora se encontrariam com Ele.
4. Estabeleceu Ele a ordem dos eventos futuros e apresentou a recompensa daqueles que seguiam confiando no movimento e na condução divina.
Razões pelas quais os primeiros adventistas foram aceitando a autenticidade do dom profético de Ellen G. White
Os fenômenos físicos
Davam-se nas visões abertas diurnas. Causavam uma forte impressão e captavam a atenção de uma maneira muito efetiva.
Assim como nos primeiros dias da igreja apostólica, as manifestações sobrenaturais precisam estar sob escrutínio e considerados os frutos da vida do mensageiro, e o desenvolvimento de frutos toma tempo.
Mas os fenômenos físicos são uma “evidência”, não uma “prova” de que um poder sobrenatural está em ação. Satanás também pode imitar a sintomatologia física, fazer milagres, etc.
O conteúdo das visões
O conteúdo das visões era relevante pois tratava de problemas do momento que requeriam soluções urgentes, e ademais era útil e necessário para prover soluções a tais problemas.
Fundamentação bíblica
O pastor Tiago White, em A Word to the “Little Flock”, de maio de 1847, menciona alguns textos bíblicos como Atos 2;17-20; Tes. 5:20-21; Isa. 8:20. Com o passar do tempo foram usando outros textos bíblicos.
Num artigo da RH de 14 de agosto de 1883, titulado “The Visions”, da pena do pastor G. I. Butler, se encontraram outros versículos: Núm. 12:6; I Cor. 12:10, 28; Apoc. 12:17; Apoc. 19:10; Isa. 8:20; I João 4:1-3; Mat. 7:15-20. (Para um estudo mais profundo ver Frank B. Holbrook, The Biblical Basis for a Modern Prophet, Washington, Biblical Research Institute, 1982).