19 O QUE QUEBRANTOU O CORACÃO DE JESUS?

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INTRODUÇÃO: 


1. Se algum de nossos médicos houvesse vivido há 20 séculos e o houvessem levado a 200-250 metros da porta de Damasco, para assinar o atestado de óbito do condenado cujo cadáver pendia de um madeiro naquela colina do Calvário, que teria escrito nesse atestado de óbito?


a) "Certifico que no dia da data, à hora sexta, faleceu Jesus o Nazareno..." de quê? 


b) O que quebrantou o sagrado coração de Jesus?


2. Talvez alguém poderia argumentar que não podemos, assim à distância praticar-lhe uma autópsia. 


a) É verdade. Contudo, a Bíblia nas dá vários elementos de juízo que nos permitiriam tirar conclusões de confiança. 


I. FOI  ACASO  DEVIDO  AOS  TORMENTOS  E  À  CRUZ?


1. Em 1977 publicou-se um livro escrito por Martin Hengel cujo título é Crucifixão, que trata da história da crucifixão e outros aspectos que incluíam a forma como se levava a cabo.


a) Estes dados permitem-nos entender que as dores de um crucificado eram muito mais cruéis do que habitualmente imaginamos. 

b) Os pintores começaram a pintar quadros de Jesus crucificado depois que esta forma de execução se havia extinguido. Os achados arqueológicos nos indicariam que "ficam a dever muito" em seus quadros.

2. Os condenados à crucifixão primeiro eram cruelmente açoitados. 

a) O açoite era um instrumento de castigo sumamente desumano. 

b) O chicote que utilizavam consistia em quatro ou cinco bolas de chumbo que estavam unidas a um cabo de madeira por meio de cadeias. De cada bola, que media uns 2 cm de diâmetro, saíam pequenos aguilhões de ferro em todas as direções. 

c) O açoitamento não somente rasgava a pele, mas também destroçava os músculos e os tecidos, e se o açoitassem com excesso o réu poderia morrer por isso. 

d) Os carrascos que o açoitavam cuidavam para que o condenado não morresse durante os açoites e que estivesse suficientemente vivo e consciente para sofrer as agonias da crucifixão que viriam depois. Isso é o que fizeram cm Jesus nosso Senhor. S. Mateus 27:26. 

- Que dizer que Seu sagrado coração, embora sofreste muito, não foi quebrado pelos açoites? 

- De que morreu Jesus? 

- Vejamos o que significava ser crucificado.

3. A execução foi pública.

a) Depois de açoitado, todo ensangüentado, o réu era conduzido a alguma rua, praça ou lugar repleto de público para Sua execução. 

b) Era submetido a escárnio e castigo de vergonha pública.

4. Os condenados à cruz eram despidos completamente de suas roupas e pendiam da cruz completamente despidos, expostos ao ridículo e às críticas do público. 

5. Sêneca refere que os impiedosos e sádicos soldados cravavam às vezes, inclusive, os órgãos sexuais dos homens crucificados. 

a) Embora os artistas cobrissem em seus quadros piedosa e compassivamente a Jesus com uma tanga, Jesus não foi poupado da vergonha de ser despido antes de ser crucificado. 

Assim testemunham os quatro evangelhos. 

S. Mat. 27:35; S. Mar. 15:24; S. Luc. 23:14; S. João 19:23,24.

b) Foi Deus o Pai que, mediante escuras trevas, ocultou misericordiosamente a indecorosa cena dos olhos impudicos da multidão durante as últimas três horas de vida de Jesus. 

S. Mateus 27:45,46; S. Marcos 15:33; S. Lucas 23:66. 

6. Embora as dores da cruz fossem muito intensas, outros detalhes do relato bíblico nos sugeririam que não foram os tormentos da cruz que mataram a Jesus. 


II. ALGUNS  DETALHES  SIGNIFICATIVOS


1. São Lucas, que era médico, escreveu em seu evangelho que o Senhor, havendo clamado em grande voz, morreu. S. Lucas 23:46. 

2. São Mateus, declara o mesmo: "E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito". S. Mateus 27:50. 

3. Do monte da Caveira, Seu corpo se convulsionou e enquanto densas trevas cobriam a terra, um agudo e penetrante grito de dor rasgou os ares e morreu. 

4. São João, que esteve ali e viu tudo com próprios olhos, acrescenta: "Contudo um soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água." S. João 19:14.

a) Dois líquidos diferentes. Se estivessem misturados, se teriam visto como sangue, mas eram sangue e água. 

5. Seu tétrico grito ao morrer e a água e o sangue brotando de Sua ferida poderiam mostrar que Cristo morreu de angústia mental. Sob o peso da intensa angústia mental quebrantou-se-lhe o coração. 


III. QUAL  FOI  A  ANGÚSTIA  QUE  QUEBRANTOU  SEU  SAGRADO  CORAÇÃO?


1. Podemos ter a certeza de que não foi porque sentira pena de Si mesmo.

a) Assim demonstra Sua atitude enquanto caminhava rumo ao Calvário. S. Lucas 23:27,28. 

b) Da cruz pensou melhor na proteção e amparo de sua mãe que em Sua dor. S. João 19:25-27. 

c) Longe de se compadecer por todas as injustiças e humilhações às quais estava sendo submetido, orou em favor de seus malfeitores. S. Lucas 23:33,34. 

2. Depois de convertido, São Paulo recebeu uma revelação que esclarece completamente o quadro. I Coríntios 15:3. 

3. A piedosa escritora cristã, Ellen G. White, dá a seguinte e significativa explicação em seu livro inspirador O Desejado de Todas as Nações, págs. 752, 753: 

"Não era o temor da morte que O oprimia. Nem a dor e a ignomínia da cruz Lhe causavam a inexprimível angústia. ... mas Seu sofrimento provinha do senso da malignidade do pecado, o conhecimento de que, mediante a familiaridade com o mal, o homem se tornara cego à enormidade do mesmo. ...

"Sobre Cristo como nosso substituto e penhor, foi posta a iniqüidade de nós todos. Foi contado como transgressor, a fim de que nos redimisse da condenação da lei. A culpa de todo descendente de Adão pesava-Lhe sobre a alma. A ira de Deus contra o pecado, a terrível manifestação de Seu desagrado por causa da iniqüidade, encheram de consternação a alma de Seu Filho. ... Mas agora, com o terrível peso de culpas que carrega, não pode ver a face reconciliadora do Pai. O afastamento do semblante divino, do Salvador, nessa hora de suprema angústia, penetrou-Lhe o coração com uma dor que nunca poderá ser bem compreendida pelo homem. Tão grande era essa agonia, que Ele mal sentia a dor física. ... 

"Temia que o pecado fosse tão ofensivo a Deus, que Sua separação houvesse de ser eterna. Cristo sentiu a angústia que há de experimentar o pecador quando não mais a misericórdia interceder pela raça culpada. Foi o sentimento do pecado, trazendo a ira divina sobre Ele, como substituto do homem, que tão amargo tornou o cálice que sorveu, e quebrantou o coração do Filho de Deus." 

4. Certo cristão sonhou que estava presenciando o momento em que açoitavam a Cristo. Seu coração se comprimia de dor diante da temível cena a tal ponto que no sonho se lançou sobre o malfeitor para impedir que continuasse com o castigo. Agarrado em sua mão, deteve o chicote. Foi então quando o malfeitor virou o rosto e olhou fixamente para o cristão que, horrorizado, comprovou que o rosto da malfeitor era o seu. Desesperado despertou sentindo que foi ele que havia ferido a Jesus. 

5. Isso é justamente o que nos dizia São Paulo. I Coríntios 15:3. 

6. Por que foi assim?

a) Não foi por incapacidade. Poderia haver chamado as legiões de anjos para que O protegessem. S. Mateus 26:52-54. 

b) De fato, o poder do Senhor derribou a terra. S. João 18:4-6. 

c) Fê-lo para salvar-nos.

ILUSTRAÇÃO: Devido à desordem reinante em uma classe, o professor e os alunos resolveram redigir um regulamento que garantisse a disciplina. Como um regulamento sem sanções não vale nada, decidiram que o castigo mínimo seriam dez fortes reguadas sobre as costas despidas. A oportunidade para colocar em prática o documento não se fez esperar. Roubaram o lanche que João, um rapaz forte da classe levava para comer durante o recreio. 

No momento não se sabia quem havia cometido tal roubo; mas dias depois, o professor anunciou diante de todos o nome do culpado; o ladrão do lanche era Pedrinho, um pequeno e raquítico rapazinho. Todos, inclusive o professor, teriam perdoado com gosto ao malfeitor; mas era passar por cima do regulamento. Fizeram passar Pedrinho em frente do professor e ordenou-lhe que tirasse seu velho casaco. O rapazinho, desfeito em lágrimas, suplicou que lhe perdoassem, pois havia roubado o lanche porque em sua casa não havia o que comer. Sua mãe, o único sustento da casa, estava prostrada em cama. 

Ao perceber que não lhe perdoariam, fez uma última súplica: que não lhe fizessem tirar o casaco. Mas o professor, compreendendo que tinha que ser inflexível para o bem de todos, não aceitou a petição. Então aconteceu algo que encheu de lágrimas os alhos de muitos: ao tirar o casaco de Pedrinho viu que não tinha camisa e que sustentava sua calça com uns cordões que passavam sobre seus ombros! 

O professor pegou a régua e começou a bater as costas despidas do rapazinho, mas não chegou a dar mais que duas reguadas pois João, o ofendido, se apresentou com as costas nuas dizendo: "Não o batas mais professor. Se o regulamento tem que ser cumprido eu estou disposto a receber o castigo. As outras oito reguadas, dê-as em mim." 


Nós temos violado, e muitas vezes não por fome, e a lei de Deus exige justo castigo. Mas um compassivo Salvador disse: "Não os condenes, Senhor, eu pago o que eles devem." I Timóteo 1:15. 


CONCLUSÃO: 


1. O que quebrantou o sagrado coração de Jesus? 

2. Não foram os sofrimentos dos açoites nem da cruz. 

3. Nós o fizemos:

a) Com nossas mentiras, cobiças, adultérios, roubos, idolatrias, ou qualquer outro pecado. 

4. E porque nos amou e quis pagar nossas culpas a fim de dar a Deus Pai o direito legal de perdoar-nos, ocupou nosso lugar, carregou nossos pecados e estes fizeram estalar Seu coração de dor. 

5. Que fará você agora? Diante do sacrifício do Senhor, somente aparece uma decisão sensata: Crer nEle. S. João 3:16.  



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