Adaptado - Pr. Elias Lombardi
I - Introdução
Definição: Sacrifício é a disposição para entregar toda a vida a Deus sem qualquer reserva.
Assim como o céptico pergunta muitas vezes. “O que é a verdade?”, assim também o cristão pergunta: “O que é sacrifício?”. Esta pergunta tem desafiado igualmente o estudioso e o ignorante. Recentemente, um teólogo começou seu sermão com esta declaração: “Não sei o que é sacrifício, e duvido que haja alguém nesta congregação que o saiba.”
No vívido quadro dos tempos tempestuosos rodeando a segunda vinda de Cristo, a Sua voz é ouvida instruindo os Seus anjos: “Congregai os meus santos, aqueles que fizeram comigo um concerto com sacrifícios.” Salmos 50:5. É pois natural, que aqueles que desejam fazer parte desta grande multidão devam ter um desejo fervoroso de saber o sentido exato de sacrifício.
II - Será sacrifício dar?
O termo sacrifício é vulgarmente associado com o dar dinheiro ou posses materiais. Ouvimos freqüentemente dizer de alguém que sacrificou uma porção de propriedades para a igreja, ou de alguém que está realizando um compromisso de sacrifício. Mas será que o dar coisas materiais constitui sacrifício?
Se aceitarmos esta interpretação, então um sacrifício total seria a doação de todas as nossas posses. Isto, porém, colocar-nos-ia numa estranha posição, enquanto permanecêssemos neste mundo.
A nossa relação com Deus, como administradores, terminaria, porque nada teríamos para administrar. Nosso tempo de graça terminaria também, porque nada teríamos através do qual Ele pudesse provar as nossas aptidões ou atitudes.
Tudo o que de nós poderia ser esperado seria encontrar um canto escuro que nos sentássemos, porque seríamos completamente sem utilidade para nós mesmos ou para os que nos rodeiam.
Se o sacrifício significa abandono de todas as coisas terrenas, então Abraão, Jacó e Daniel não fizeram certamente uma aliança com Deus com sacrifício, pois morreram muito ricos. Ele porém, foram estimados dignos da vida eterna.
III - Será sacrifício uma troca?
O dicionário contém uma definição de sacrifício que nos leva a pensar: “Entregar uma coisa para receber outra.” Este conceito te os seus proponentes que insistem em que os homens e as mulheres troquem as coisas deste mundo pelas riquezas eternas. Infere-se daqui que uma pessoa pode trocar algo que possui por algo que Deus lhe daria em troca.
Contudo, esta suposição não coincide, de forma alguma, com o princípio do proprietário-mordomo. Se o homem é mordomo e não um proprietário, o que tem para trocar? Nada possuindo que lhe pertença, o homem encontra-se numa posição extremamente má para fazer qualquer negócio.
Durante séculos os homens foram ludibriados por uma idéia semelhante: a de que podiam comprar a salvação para eles mesmos e para as suas famílias. Mas para que alguém possa comprar ou negociar, deve ter completo domínio sobre algum meio de troca. Visto que Deus é o Senhor de todas as coisas, a premissa de que o homem pode comprar ou negociar o que quer que seja de valor eterno, é incorreta.
IV - Uma aliança com sacrifício
O texto não diz que devem ser congregados aqueles que fizeram um sacrifício, mas aqueles que fizeram uma aliança. Há várias formas de fazer uma aliança, mas neste caso a aliança foi feita com sacrifício. Como se faz a aliança com sacrifício? Notemos cuidadosamente como esta aliança figurou na prova suprema que veio a Abraão
Exemplo: Se Deus tivesse dado a escolher entre as suas posses e seu filho, não resta dúvida quanto ao que seria a decisão de Abraão. Ele amava o seu filho mais do que tudo o que há no mundo.
Mas Deus pediu-lhe o seu filho! Depois daquela viagem agonizante até Moriá e a suspensão, na última hora, quando o anjo lhe segurou a mão, Deus podia dizer: “Agora sei que temes a Deus, e não negaste o teu filho, o teu único filho.” Gên. 22:12 Se neste caso, sacrifício significasse dar, ele deveria ter que matar o seu filho. Na realidade, Deus aceitou o fato de que ele não negou o seu filho.
O patriarca havia feito uma aliança com Deus muito tempo antes, na terra de Ur, ao colocar-se completamente nas mãos de Deus, dispondo-se a obedecer a todas os ordens. Esta experiência provou mais ao próprio Abraão do que a Deus, pois Deus sabia que ele podia suportar. Agora, também Abraão o sabia.
V - O poder da escolha - livre arbítrio
Embora Deus possua o mundo e tudo o que ele contém, existe uma coisa sobre a qual o homem tem domínio completo. É o poder de escolha.
Este privilégio foi dado ao homem na criação e nunca foi revogado. A única coisa que o homem pode dar a Deus é o coração, que representa a sua vontade.
Salomão reconheceu este direito inalienável do indivíduo quando disse: “Dá-me, filho meu, o teu coração.” Prov. 23:26
Davi compreendeu o verdadeiro sentido do sacrifício: “Porque te não comprazes em sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não o desprezarás, ó Deus.” Salmos 51:16
Neste contexto, uma pessoa pode fazer uma aliança com Deus com o sacrifício de um espírito quebrantado e de um coração contrito.
O que é um espírito quebrantado? É causado pelos desejos e ambições egoístas do coração carnal. O pecado que infeta cada coração humano, e que produz tantos problemas espirituais, é o egoísmo.
O coração natural procura fervorosamente a satisfação própria. Tenta obter e guardar para si mesmo tudo o que possa contribuir para o prazer e a segurança próprios.
O objetivo único do coração humano é adquirir. Isto é contrário aos princípios do céu que são dar.
A única forma de fazer uma aliança com Deus é com sacrifício completo do coração à Sua vontade.
Paulo falou do conflito terrível que se desencadeava dentro dele: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço.” Romanos 7:19. A sua vontade e os seus desejos eram contrários a vontade de Deus.
Era somente colocar sua vida completamente debaixo do domínio de Deus que ele podia estar seguro. “Cada dia morro.”, escreveu ele aos crentes de Corinto I Cor. 15:31.
Depois de ter seguido este tratamento durante toda a sua vida, ele podia dizer: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” II Timóteo 4:7. Mas isto não se realizou por acaso; Paulo escolheu esta carreira.
Na memorável viagem a Damasco, ele tinha tomado a sua decisão: “Senhor, que queres que eu faça?” Atos 9:6. Ele fez a sua aliança com Deus sacrificando a sua própria vontade à vontade de Deus. Isto colocou a sua vida sob o domínio de Deus.
VI - Uma aliança diária
“O Senhor deseja que sejamos submissos à sua vontade, subjugados pelo Seu espírito, e santificados para o Seu serviço.
O egoísmo, deve ser posto de parte, e temos que vencer cada defeito dos nossos caracteres como Cristo venceu. A fim de realizar esta obra, temos de morrer cada dia para o eu.” 4T., pág. 66
“Justamente nas ocupações comuns da vida, é que nos cumpre negar-nos a nós mesmos e manter o eu em sujeição... É o morrer diário para o próprio eu nos pequeninos tratos da vida, que nos torna vencedores.” T.S., vol. I, pág. 206
Este sacrifício diário do eu resultará em que homens e mulheres sejam vencedores. Este serão aqueles que serão congregados a Ele. “Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está meio do paraíso de Deus.” Apoc. 2:7
VII - O sacrifício aplicado a mordomia - Conclusão
É possível que a definição de sacrifício como entrega total de todos os traços e desejos egoístas, possa ser melhor compreendida do ponto de vista do uso do que do dar - tanto da distribuição como da posse contínua dos bens de Deus. isto significaria que o mordomo, ou “gerente”, estaria continuamente a receber carregamentos de provisões dos celeiros do céu.
Ele, como agente de Deus, agitaria como distribuidor destas provisões para fazer prosseguir a grande obra da salvação de almas. Como representante de Deus, cada fase da sua vida operaria debaixo do domínio divino.
Isto é compatível com o conceito de proprietário-mordomo, em que tudo aquilo que um homem possui, estás sempre disponível para o proprietário em qualquer ocasião que Ele deseje.
Todos os desejos egoístas do coração natural são entregues.
Isto é o que significa colocar tudo “no altar do sacrifício.”
A disposição para entregar estes desejos constitui uma aliança com Deus, e sob estas condições um mordomo pode juntar-se à multidão dos que fizeram “um concerto com sacrifícios.”
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