9 A EDUCAÇÃO DOS FILHOS

SERMAO EDUCAR FILHOS


INTRODUÇÃO: 


1. Para que reine a alegria no lar são necessários os filhos.


a) Isto pode soar estranho a alguns ouvidos nesta época quando se pensa cada vez mais seriamente em controlar a natalidade. 


b) Não discutiremos agora se é correto ou não limitar o número dos nascimentos, mas sim diremos que, quando Deus estabeleceu o santo estado do casamento – no sexto dia da criação – incluiu em Seus planos os filhos, como um elemento que acrescentaria o prazer dos cônjuges.


2. Havia em certa ocasião um casal que pela situação financeira evitou ter filhos. Com o passar dos anos reuniram uma fortuna considerável mas não eram felizes, faltava-lhes algo. A esposa chorava em sua solidão e o esposo sofria. Um dia, estando no escritório de seu secretário, atendeu o telefone. Era uma voz infantil que falava do outro lado, e que com inocência lhe disse: "Papaizinho querido...".


a) Tratava-se da filha de seu secretário. 


b) Enquanto secava uma lágrima que procurou conter inutilmente, pensou consigo mesmo: "Este homem, com menos recursos financeiros, é mais feliz do que eu." 


3. Não é pequena a responsabilidade dos pais. Por isso, enfatizamos tanto na necessidade de personalidades amadurecidas ao abordar o tema do lar. 

O Papa João XXIII disse: "É mais fácil para um pai ter filhos, que para eles, ter um pai que saiba sê-lo." 

4. Nesta conferência enfocaremos aspectos práticos quanto à educação dos filhos. 


I. ONDE  DEVE  SER  VERIFICADO  O  PROCESSO  EDUCATIVO  DO  FILHO


O primeiro ponto que analisaremos, é onde educar a criança. 

1. Alguns pensam, imediatamente, em boas escolas. 

2. Outros procuram professores de maior prestígio e depositam neles sua confiança. 

a) Creio que isto é bom, mas não o ponto mais importante.

3. O ponto nevrálgico na educação dos filhos está no lar.

a) Jamais poderemos exagerar sua importância na educação e na formação da personalidade da criança.

4. Vejamos isto em forma bem prática.

a) A criança vive acordada umas 14 horas por dia, ou seja 5.110 horas por ano. Destas, assiste às aulas somente 640 horas contra 4.670 horas que pode passar junto a mãe (se tomamos em conta que assiste às aulas 8 meses integrais por ano, 20 dias ao mês e 6 horas diárias). 

b) A professora terá que ver, ao mesmo tempo, com outros 30 alunos enquanto que a mãe o fará no máximo, com outros 3 ou 6. 

c) Admitimos que a tarefa do professor é a de ensinar, enquanto que a mãe tem que se dividir entre muitas outras. 

d) Contudo, a maioria das crianças vão à escola uns 6 anos depois de haver chegado ao lar. 

e) Na escola a professora poderá ensinar matemática, história, geografia, ou qualquer outra matéria do conhecimento humano; mas no lar os pais inculcarão a própria vida por meio do exemplo. 

f) Embora seja certo que um professor consciente procure ensinar a seus alunos princípios morais e de urbanidade sadios, os laços insuperáveis de inter-relação de mãe-filho fazem que o lar tenha maiores possibilidades na arte de inculcar princípios de hábitos e vida. 

g) Sem que o notemos, as crianças adotam a filosofia da vida, as virtudes e mesmo os defeitos dos maiores. 

h) É possível que alguns pais não hajam advertido as crianças, mas elas estão pendentes do espírito mais que das palavras que lhes são ditas. Seus coraçõezinhos ternos captam suas reações. Suas vidas crescerão mais sadias se chegarem a perceber amor e ternura. Não nos conformemos em dar-lhes conselhos, alimentá-las e vesti-las, devemos amá-las e oferecer-lhes compreensão a fim de ajudá-las a se superar na vida. 


II. ALGUNS  PRINCÍPIOS  PRÁTICOS


1 . Compreensão.

a) Um dia Einstein – quando assistia à escola primária – chegou chorando em casa e disse: 

Mamãe, não vou mais à escola. A professora disse-me que sou um inútil em matemática e reprovou-me. 

Pobre Alberto - disse com amor e esperança a mãe – a professora não o entende. Ela não sabe que você é um gênio. E foi verdade. Jamais saberemos o grande valor que pôde ter na vida do grande sábio o espírito compreensivo de sua mãe.

b) Deveríamos nos esforçar para compreender os interesses e os problemas de nossos filhos. Nunca os depreciemos. Essas minúcias – para nossa escala de valores – têm muita importância para eles. Possivelmente podemos entendê-lo melhor por meio do incidente que torturou por vários dias o coração da mãe de Bonnie. Do acampamento de férias a menina enviou-lhe um cartão postal com a seguinte legenda: "Te adverti que se me obrigasse a vir aqui algo horrível iria acontecer, e aconteceu. Abraços, carinhos, Bonnie." Ao final do acampamento a atribulada mãe descobriu que a tragédia consistia em que a menina havia se esquecido em casa sua tartaruga favorita. 

c) Ao ser compreensivos com eles partilharemos de suas inquietudes e de seus divertimentos, embora nos aconteça como aquela jovem senhora que se tornou amiga de uma criança que morava em uma casa vizinha e ia visitá-la todos os dias às dez da manhã. Um dia, quando tocou a campainha, quis fazer uma brincadeira ao seu amiguinho. Ao abrir a porta escondeu-se atrás dela, e colocando-se em "quatro pés" apareceu a cabeça e começou a latir: "Au, Au!" Ficou imóvel ao ver que não era seu pequeno amigo que entrava, mas um vendedor ambulante que, diante a esse espetáculo foi-se o mais rápido que pôde, crendo estar, sem dúvida, diante de alguém que não desfrutava de juízo sadio. 

Evidentemente a possibilidade de que aconteça algo semelhante com você, é muito remota, mas pode ter a certeza de que a necessidade que os seus filhos têm de compreensão e companheirismo é real e de todos os dias.

2. Um ponto de vital importância é determinar quando começar a educá-los.

a) Teodoro Roosevelt opinava: "o que tenhamos de fazer pelo homem, façamo-lo antes que seja homem." 

b) Um educador amigo visitava uma família conhecida no interior da província de Entre Rios. A filhinha da família estava pondo muitas coisas fora de lugar. Diante da pergunta de por quê não a disciplinava, a mãe respondeu: 

Ainda há tempo. Quando completar 6 anos será o momento certo para começar a me preocupar. 

É que levará então seis anos de vantagem – respondeu o educador. 

c) É interessante um costume antigo dos chineses. Eles contam a idade de uma pessoa desde sua concepção, ou seja nove meses antes de nascer. Mas eu creio que no terreno da educação dos filhos deveríamos partir antes. E fazendo minhas as palavras de um velho professor digo: Devemos começar 20 anos antes de nascer a criança. Em outras palavras, a educação de uma criança começa com a de seus pais. 


III. A  DISCIPLINA


1. ILUSTRAÇÃO: Contam que, há muitos anos, viveu um príncipe árabe que desde muito jovem se preocupou em descobrir o melhor método para educar os filhos. Era solteiro ainda e, contudo, esse era seu tema preferido. Durante muito tempo, falou a todos dizendo que tinha seis normas para a educação. 

Passou-se o tempo, casou-se e – já idoso – encontrou-se com um de seus velhos amigos que lhe perguntou sobre as atividades de seus últimos anos e finalmente como havia ido com as 6 normas para a educação das crianças. 

O príncipe respondeu: 

– Quando vivia sem filhos tinha seis normas para educá-los. Agora tenho seis filhos e nenhuma norma. 

a) Provavelmente muitos concordarão comigo que a tarefa não é fácil, mas há normas nas quais podemos confiar e que nos serão de grande ajuda. 


2. Objetivo da disciplina.

a) E. G. White em seu livro Educação, pág. 287, escreve: "o objetivo da disciplina é ensinar à criança o governo de si mesma. Devem ensinar-se-lhe a confiança e direção próprias. Portanto, logo que ela seja capaz de entendimento, deve alistar-se a sua razão ao lado da obediência." 

3. São Necessárias 

a) Bless nos diz: "Assim uma educação demasiado branda pode originar uma ansiedade frente à independência, como uma educação demasiado rígida facilmente será começo de um complexo de inferioridade." 

b) Conseguir equilíbrio ao aplicar a disciplina é um ponto de importância. 

c) Os pais que, crendo integrar correntes novas de pensamento, têm omitido a disciplina, hoje lamentam profundamente. 

d) O equilíbrio psíquico de uma criatura exige disciplina. 

4. Harmonia entre os progenitores.

a) Ao estabelecer as normas que a criança cumprirá no lar, deve ter cuidado para que estas sejam poucas, mas suficientes para reger sua conduta. 

b) Estas devem enquadrar-se às possibilidades da idade da criança. Se pedir a uma criança algo que está acima de suas possibilidades, ela desanimará ou será levada ao plano da rebelião, e nenhuma dessas coisas são desejáveis. 

c) Essas normas terão que ver mais com princípios fundamentais do que com uma longa série de pequenos detalhes. 

d) A missão dos Dais está vinculada com a aplicação desses princípios, através dos conselhos e do exemplo cotidiano.

5. Os princípios devem ser apoiados pela conduta.

a) Essas normas não deveriam ser violadas pelos pais, nem se tolerarão transgressões hoje para castigá-las violentamente amanhã. 

b) O critério deve ser mantido com uniformidade e espírito de justiça para que a administração da disciplina produza resultados satisfatórios. 

c) Quando prometer certo castigo, este deve ser cumprido. 

d) O mesmo critério deve ser mantido ao prometer recompensas. 

e) Um vai que promete castigo ou prêmio e que chegado o momento de cumpri-lo não o faz, está faltando com a verdade, e sua 1nlagem se desvaloriza na mente do filho. 

f) Isto nos coloca diante da necessidade de pensar seriamente antes de prometer. Pôr na balança as possibilidades que temos de cumprir com a palavra empenhada na frente de nossos filhas, tanto como a consideração de se é justo o que estabelecemos.

6. Um ponto sobre o qual temos recebido muitas consultas, é a respeito do momento em que devemos castigar. 

a) Creio que o pior momento para fazê-lo é quando estamos nervosos; explicarei o por quê. 

b) Um pai que não pode castigar seu filho quando está calmo, demonstra que ao fazê-lo nos momentos de desorientação não procura corrigi-lo, senão vingar-se dele pela frustração que acarreta sua desobediência. E creio firmemente que a missão que temos, como pais, é corrigir e não nos vingar.

7. Dentro das coisas que devemos evitar figuram os "resmungos".

a) Convém trocar de idéias com os filhos sobre a disciplina que será aplicada e esta deve ser cumprida, mas não repreender continuamente. 

b) Algumas mães são especialistas nisto, mas quero dizer-lhes que o método não dá bom resultado. 

c) Isso cansa as crianças e em vez de conseguir que eles sejam obedientes, conseguirá maior indisciplina.

8. Também não deveríamos gritar.

a) Isso seria confessar tacitamente que se fracassou, que já não ficam razões que invocar. 

9. Comum Acordo.

a) Quando os pais tiverem que entrar de acordo sobre algo que será exigido, devem discutir em secreto. 

b) A estabilidade emotiva da criança será maior, é advertida que seus progenitores apresentam uma frente unida quanto ao que deve ser feito ou está vedado. 

c) Se um deles deu certa ordem, o outro não de veria mudá-la sem o consentimento do primeiro. 

d) As crianças são muito hábeis para captar as desavenças entre os pais, e a menos que estes sejam muito espertos a respeito, passarão momentos ingratos.

10. Aceitar o arrependimento e a reabilitação.

a) Surgirão oportunidades para o filho confessar por si mesmo as faltas cometidas. Essa será uma boa oportunidade para cumprimentá-lo e prestar-lhe a ajuda necessária, a fim de corrigir-se. 

b) Estas medidas disciplinares procurarão edificar o caráter. Nunca buscarão como objetivo confundir a personalidade do filho. 

c) Para isso evitemos envergonhá-los na frente de seus amigos.

11. Esboçamos apenas alguns princípios gerais. Sem dúvida ficam muitos outros sem mencionar com respeito à disciplina. O bom senso do leitor descobri-los-á e lhe permitirá aplicá-los. O importante é que não nos aconteça como Marco Aurélio, que olhando ao seu filho que não tinha mais que um ano de vida, disse: 

– Você é a pessoa mais poderosa de toda Roma. Porque você manda em sua mãe, sua mãe manda em mim, e eu governo sobre todos os romanos. 

a) O imperador não tinha problemas em reconhecer suas deficiências como pai. 

b) Evidentemente é uma virtude conhecer os próprios defeitos, mas maior mérito tem aquele que é capaz de tomar as precauções necessárias para evitá-los e corrigi-los.



IV. A  FORMAÇÃO  DO  CARÁTER  PARA  A  VIDA


1. Ocupemo-nos alguns momentos falando sobre a moral de nossos filhos. 

a) Cada pai deve ensinar princípios nobres a seus filhos por palavra e por seu exemplo. 

b) Geralmente o problema não está nas conversas e conselhos que costumam ser por demais abundantes, mas na vida que mostramos a nossas filhos. 

c) O exemplo a seguir pode ajudar-nos a entender o que estamos procurando dizer. A mãe chama o Ricardinho e nervosa reprova-o:

Ricardinho, vem aqui que lhe vou a ensinar a não mentir mais. Eu não sei de onde saiu um menino tão mentiroso! Não sabe por acaso, que é muito feio não dizer a verdade? Para que não se esqueça vou lhe castigar. 

Quando o menino termina de secar as lágrimas soa a campainha. A mãe olha por entre as cortinas e observa que se trata da senhora Gomes a quem não pode atender por alguma razão. Então chama a Ricardinho e dá-lhe a ordem: 

Diga-lhe que não estou.

O menino sai e desta vez, inocentemente, é veraz. dirigindo-se à senhora Gomes explica: 

A mamãe disse que ela não está. 

E o pobre Ricardinho, que havia sido castigado por mentir, recebe agora uma boa repreensão por haver dito a verdade.

d) Creio que esta é a melhor forma de tornar uma criança mentirosa. Esta receita falha somente em raras exceções Por mais sermões que lhe demos, se nossa conduta não es tiver de acordo com as palavras, tudo será inútil. 

e) As crianças não necessitam tanto de conselheiros como de modelos a quem imitar. Necessitam ver em  seus pais a demonstração prática da veracidade e da virtude.

2. Mencionaremos algo a respeito da laboriosidade. 

a) Freqüentemente ouço alguns pais que lutaram arduamente na vida dizerem: 

Eu não quero que meus filhos passem pela mesma vida que eu passei. 

Parece-me que é um desejo nobre. Mas se esse desejo inclui o plano de eliminar o trabalho das atividades do filho, faríamos muito bem submeter a um processo de revisão nossas determinações. Aqueles pais que não proporcionam a seus filhos a oportunidade de trabalhar para que "não passem o que eles passaram" na vida, estão privando-os do melhor; do mais nobre; daquilo que os tornou homens de bem e lhes deu certa prosperidade material. 

b) O trabalho é necessário para a formação do caráter do jovem ou de uma criança.

(1) Referimo-nos não somente ao aspecto intelectual como também às tarefas físicas. 

(2) Jesus nosso Senhor dignificou o trabalho físico como Seu exemplo. Suas mãos calejaram-se empunhando a plaina de carpinteira, o martelo e o serrote.

Quando aos 30 anos de idade começou seu ministério de pregar às multidões, estes não viram um corpo raquítico e flácido, mas um homem vigoroso, de braços com músculos de aço formados pelo trabalho árduo. Esta é outra das lições que devemos ensinar aos nossos filhos.

b) Um bom método para que os filhos aprendam a ter amor pelo trabalho, é permitir que, desde pequenos, nos ajudem nas tarefas simples que não signifiquem um risco para eles. 

(1) Certa vez, uma senhora disse-me:

Quando Norma – que tinha 6 anos – me ajuda a fazer um bolo, demoro mais tempo que quando o faço sozinha, e quase sempre suja mais do que ajuda. Contudo ela se sente útil e está criando amor pelo trabalho. 

(2) E é verdade. Essa mãe trabalhou sabiamente. 

(3) Pode ser que quando o esposo tenha que colocar um par de parafusos nas dobradiças da porta da garagem, Jorginho, em vez de ajudar, atrapalhe. Mas se ele quer ajudar agora, e não lhe é permitido fazê-lo, o dia que o pai lhe pedir terá pouco interesse em colaborar. 

c) Por outro lado, sem chegar ao pessimismo, pense na possibilidade de que um certo dia você poderá faltar.

(1) Se seu filho aprendeu a trabalhar e a ser responsável, de alguma maneira ele abrirá o caminho na vida. 

(2) E embora tivesse o privilégio de chegar â velhice, o normal será que ele vá por si mesmo, que desfrute do trabalho e que não lhe seja uma carga enfadonha. 

(3) Agora é o momento em que você semeia sementes de êxito ou de fracasso no caráter de seu filho a respeito do trabalho.

3. A moral religiosa 

a) Ao enfatizar o tema do casamento, dissemos que devíamos incluir Deus em nossos planos. Agora que estudamos o relativo à glória do lar, que são os filhos, voltamos a enfatizar sobre o mesmo ponto. 

b) O doutor Frank Grane não teve problemas em dizer: "O elemento mais essencial de qualquer lar é Deus." Ainda mais quando se pensa em formar o caráter de uma criança. 

c) Certo menino estava sentado junto à janela, pensativo, com seu olhar perdido. De súbito interrompeu suas meditações para perguntar;

Mamãe, Deus está morto? 

Por favor! Como pode pensar nessas coisas? Deus não pode morrer, é eterno. Por que pergunta isso? 

É que antes você sempre me falava de Deus, e agora não o faz mais.

(1) A cena poderia repetir-se em grande quantidade de vezes, para enrubescimento de muitos lares. 

(2) As crianças crescem num ambiente onde Deus não é honrado, ou que vivem alheias à realidade de Sua existência, e logo os resultados são vistos...

4. Valor Formativo do Amor. 

O último ponto que apresentaremos nesta conferência deveria ser um denominador comum de todos os conselhos anteriores: o amor. 

a) As crianças necessitam sentir que são amadas. 

b) Têm o direito de sentir que o amor de seus pais é incondicional. 

c) Que os amam quando são bons e quando não o são, e que nessas circunstâncias os disciplinam porque os querem e procuram o bem deles. 

d) Cornélia, uma gentil matrona romana da antigüidade, recebeu a visita de outra senhora da nobreza a qual lhe pediu que mostrasse suas jóias. A anfitriã saiu da sala por alguns momentos. Quando voltou estava rodeando com seus braços seus dois filhos, rapazes de aspecto robusto. 

– Estes são minhas jóias preciosas - disse.

e) Quando assim acontece, e os filhos se sentem bem-vindos e amados no lar, a personalidade deles se desenvolve mais sadia e harmoniosamente. 

(1) Nos casos quando ocorre o contrário, as crianças o captam, e faz-lhes um mal inesperado. 

(2) Faz já algum tempo um menino de 12 anos foi encontrado refugiado debaixo das tribunas, na quadra do Clube Furacão. Foi descoberto que ele era de Bahia Blanca – Argentina, e que se encontrava ali porque fugiu de sua casa. Quando o interrogaram, sua patética resposta foi:

– Saí de minha casa porque papai não me quer mais...

(3) Sim. Eles necessitam de afeto e nós que os trazemos ao mundo temos a obrigação de oferecê-lo. Esta responsabilidade é incontestável diante da sociedade que tem o direito de esperar que nossos filhos sejam elementos úteis. 

f) Mesmo no caso que gostaríamos de exagerar a importância do amor no desenvolvimento do caráter de uma criança, não o poderíamos fazer. 

(1) A psicologia assinala cada dia mais nitidamente. 

(2) Já nos tempos de Frederico II, que fora imperador da Alemanha, lá pelo século XIII, houve certas experiências que permitem entendê-lo. Este monarca quis saber que idioma falariam as crianças se elas fossem isoladas do contato social. Para averiguar tomou vários recém-nascidos e os encomendou aos cuidados de mães adotivas, encarregando-lhes encarecidamente que não lhes falassem nunca. ordenou que os atendessem esmeradamente e que os alimentassem da melhor forma possível. Mas suas esperanças ficaram frustradas. Depois de uns poucos meses morreu o primeiro menino; depois de um tempo outro, e outro... e o rei teve que suspender a experiência. 

"Agora sabemos por que morreram essas crianças que foram tão bem atendidas e alimentadas. A psicologia averiguou que a falta do estímulo afetivo – as carícias, os rostos alegres e as palavras amáveis – concedido pela mãe ou por quem ocupa seu lugar, a criança afunda em uma enfermidade conhecida com o nome de "marasmo"; esta expressão eqüivale a atrofiamento ou fraqueza infantil. Informa-nos Margaret Ribble que há três décadas este mal que afeta particularmente as crianças em seu primeiro ano de vida, foi responsável pela metade das mortes das crianças nessa idade. Filhos de lares acomodados, mas atendidos em forma impessoal por suas mães, freqüentemente entravam neste estado de "morte lenta", ao mesmo tempo que filhos de lares pobres, mas com uma mãe carinhosa e dedicada, venciam as inconveniências da escassez e da falta de higiene e se convertiam em viçosas criaturas. 

"Foi descoberto que o elemento que faltava nas áridas vidas dos bebês do primeira grupo (aqui se fala de um estudo realizado com dois grupos de crianças), e que era generosamente oferecido aos que se desenvolviam florescentes apesar das condições pouco propícias, era o amor maternal" - (Sergio Collins, La Família Moderna y sus Problemas, p. 40, 41).


CONCLUSÃO: 


1. Ao falar sobre este tema, a doutora Belle Wood Comstock opinou: "Se vocês amam os seus filhos suficientemente, o restante lhes sairá bem." 

a) Não quero dizer que todos os demais elementos sejam desnecessários, mas amando-os possuiremos a arte que nos permite enfrentar as transformadoras situações do tratamento com eles e resolvê-las em forma construtiva. 

b) Oxalá que estas reflexões despertem inquietudes e ajudem a solucionar dificuldades para que reine a alegria no lar.

2. Até me ocorre pensar que alguém esteja na situação descrita numa página de autor anônimo: "Escuta, filho. Falo com você enquanto dorme. Vejo sua mãozinha empunhada sob a face e seu sorriso colado à fronte molhada de suor. Entrei furtivamente em seu quarto. Há poucos minutos ocupava-me na leitura do jornal quando invadiu me uma sensação sufocante de remorso. Não pude resistir, e com a convicção de culpabilidade encaminhei-me à sua cana. 

"Filho meu, estava pensando que me havia aborrecido com você. De manhã o repreendi enquanto se vestia para ir à escola, somente porque havia passado a orla da toalha no rosto em vez de lavá-lo. Fiz você trabalhar porque não havia lustrado os sapatos. Gritei furioso porque encontrei seus brinquedos espalhados pelo chão. 

"Durante o almoço também censurei você por derramar suco na mesa. Comeu a comida sem mastigá-la. Colocou os cotovelos sobre a mesa. Passou muita manteiga no pão. E quando você saía para brincar e eu saía para a estação, você acenou sua mãozinha e me despediu com um: "Adeus, papai querido! E eu, com o semblante franzido, repliquei: 'Endireita os ombros!'... 

"Você se lembra quando à noite, enquanto eu lia, você entrou na sala, lento, timidamente, com um olhar de pena, com uma expressão assustada nos olhos? Lembra, quando impaciente pela interrupção levantei a vista do jornal, e você parou vacilante na porta? Depois perguntei para você com aspereza: 'O que quer você agora?'. 

"Você não me respondeu nada, mas correu precipitadamente e me cercou com seus bracinhos e me beijou repetidas vezes, enquanto estreitava me com o carinho formoso que Deus havia colocado em seu coração, e que nem mesmo meu abandono podia murchar. Depois você retirou-se para descansar. "Bem, filhinho, foi pouco depois disso quando o jornal se deslizou de minhas mãos e invadiu-me um terrível desassossego. Repentinamente contemplei-me tal como era, em todo meu horrível egoísmo, e senti-me angustiado.  

"Como me havia deixada levar tanto pelo hábito? – o hábito de queixar-me, de censurar, de repreender – essa era a recompensa que lhe dava porque era uma criança. Não era porque não lhe queria; era porque eu esperava muito de sua idade. Estava medindo você com a vara de meus próprios anos. 

"E em seu caráter havia tanto de bom, de agradável e de ingênuo! Filho, você não merece o tratamento que lhe tenho dado. Seu coraçãozinho era tão grande como a aurora que despontava sobre as montanhas. Assim demonstrou seu impulso espontâneo de correr e beijar-me esta noite antes de se retirar para dormir. Nada mais importa neste momento, filhinho. Vim junto à sua caminha na escuridão, e ajoelhei-me, sufocado pela emoção e muito envergonhado. É uma pobre reparação. Sei que você não compreenderia estas coisas se as dissesse quando estiver acordado; contudo devo dizer o que estou dizendo. Devo acender o fogo da reparação. só aqui no seu dormitório, e fazer esta confissão completa de minha culpa. Tenho orado a Deus para que me ajude a cumprir uma nova resolução. Amanhã serei um verdadeiro pai! Serei seu amigo e sofrerei quando você sofrer, sorrirei quando você sorrir. Morderei a língua quando a impaciência me assaltar. Repetirei mais de uma vez: 'Não é mais que uma criança'." 


NOTA: Você pode oferecer para enviar-lhes gratuitamente em suas casas, uma cópia do teste para pais que copiamos a seguir. Aproveite a oportunidade para visitar os lares, ou que os instrutores se encarreguem desta parte. 


Os doutores Eleonor de Glueck e Sheldon Glueck, aos quais nos referimos ao tratar do tema da delinqüência juvenil, propuseram um questionário a fim de que os pais possam respondê-lo e saibam para que direção seguir no tratamento de seus filhos. 


(Continuação...) 




PERGUNTAS  PARA  AMBOS  OS  PAIS


                                                                                         SIM    NÃO

1. Sabem bastante acerca dos amigos de seus filhos? . . (   )     (   )

2. Sentem-se as crianças bem-vindas em seu lar? 

3. Estimulam ativamente as atividades, os interesses e 

os entretenimentos de seus filhos? . . . . . . . . . . . . .    (   )     (   )

4. Passam, freqüentemente, breves momentos com 

seus filhos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .    (   )     (   )

5. Ajudam-nos a resolver seus problemas escolares? . .  (   )     (   )

6. Elogiam-nos generosamente por seus esforços e 

êxitos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   (   )     (   )

7. Cumprem seus filhos responsabilidades no lar? . . .    (   )     (   )

8. Quando não estão em casa, encarregam a alguém o 

cuidado das crianças? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .    (   )     (   )

9. Animam-nos a se unirem a grupos que realizam 

atividades adequadas para sua idade? . . . . . . . . . . .   (   )     (   )

10. Têm cuidado de não favorecer a um filho mais que 

a outro? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   (   )     (   )

11. Confiam no caráter e nas capacidades de seus filhos? (   )     (   )

12. Demonstram-lhes carinho tomando-os nos braços, 

abraçando-os, beijando-os e despedindo-se deles à 

noite? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   (   )     (   ) 

13. Agrada-lhes passar longos momentos com seus 

filhos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . . . . . .   (   )     (   )

14. Cumprem as promessas feitas a seus filhos? 

15. São coerentes na disciplina, e não severos umas 

vezes e indiferentes outras, quando as crianças 

fazem as mesmas coisas? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .    (   )     (   )

16. Quando os castigam, sabem as crianças os motivos 

pelos quais estão sendo castigadas,  e  pensam que 

foram tratadas com justiça? . . . . . . . . . . . . . . . . . .    (   )     (   )

17. Evitam insistir em um incidente desagradável 

depois que tudo terminou? . . . . . . . . . . . . . . . . . . .    (   )     (   )

18. Procuram compreender os temores, o mau humor, 

o desânimo de seus filhos a fim de poder ajudá-los 

a dominá-los? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .    (   )     (   )

19. Realiza a família, com freqüência, atividades em 

conjunto, tais como jogos, passeios, piqueniques, 

passatempos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .    (   )     (   )

20. Participa a família de pelo menos uma refeição em 

conjunto? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   (   )     (   )

21. Assiste a família em conjunto às reuniões religiosas? (   )     (   )

22. Fazem planos antecipados para a educação de seus 

filhos, como férias, etc.? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   (   )     (   )

23. Crêem que o esposo ou a esposa estão dando um 

bom exemplo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   (   )     (   )


SOMENTE  PARA  OS  PAIS


24. Partilha V. a responsabilidade da disciplina em vez 

de deixá-la toda a cargo da mãe? . . . . . . . . . . . . . .    (   )     (   )

25. Chega V. cedo em casa para passar alguns momentos 

com seus filhos antes que estes durmam? . . . . . . . .   (   )     (   )


SOMENTE  PARA  AS  MÃES


26. Você sempre sabe onde estão os seus filhos?             (   )     (   )

27. Têm em seu lar um horário certo para as refeições, 

banhar e deitar-se? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   (   )     (   ) 



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