Segundo uma antiga lenda, um anjo com um archote em uma das mãos e um balde na outra se encontrou com um santo que descia a estrada. “Para que serão usados o balde e o archote?”, perguntou o santo.
“O archote é para incendiar as mansões do Céu”, respondeu o anjo. “O balde de água é para extinguir as chamas do inferno. Então saberemos quem realmente ama a Deus.”
Senão houvesse nenhuma recompensa futura para os justos, e nenhuma futura punição para os ímpios, você ainda seria um cristão? Creio que o Cristianismo é mais do que uma quimera. É mais do que a fuga de um incêndio ou seguro contra o fogo. Agora mesmo há tanta felicidade que resulta da comunhão com Deus e os santos que torna o cristianismo vantajoso.
O temor do inferno e a esperança de uma recompensa celestial têm sido fatores poderosos que motivam decisões pelo Cristianismo. Um poema de Robert Brooke expressa este pensamento:
Mas em algum lugar além do tempo e do espaço
A água é mais molhada, o limo mais lodoso
E naquele Céu de todo o seu desejo,
“Não haverá mais terra”, diz o peixe. (¹)
Foi um dia sufocante em Michigan. Como desejaríamos ter ar condicionado em nosso veículo! Em uma placa, diante de uma igreja por onde passávamos, estavam as palavras: “Você acha que isto é quente?” A insinuação era bem clara.
Em um século de campos de concentração, holocaustos, e chacinas irracionais, temos tido sofrimento e tortura suficientes para esperar que isto não dure para sempre. Contudo, somos ensinados acerca de um inferno, com todas as suas imaginativas variações, havendo um tema comum: inexprimível agonia para a alma ímpia, porém imortal.
Quão vívida tem sido a descrição feita por pregadores e evangelistas sobre bárbaras torturas, grelhas incandescentes, imensos caldeirões cheios de chumbo e enxofre a ferver, e uma atmosfera pestilenta. Descrições arrebatadoras retratam uma multidão de demônios chifrudos e de cascos fendidos que, estimulados incessantemente por seu senhor, perseguem os condenados, infligindo sobre eles incalculáveis tormentos. Os tempos vão passando. Sem qualquer interrupção, torturadores e vítimas enchem a prisão com horríveis gritos. Estão aqui as palavras que os cristãos ouvem do púlpito, descrevendo a natureza de um Deus de amor:
“A criancinha está num forno incandescente. Ouça como ela grita para sair; veja como ela se contorce no fogo. Bate a cabeça contra o teto do forno. Bate seus pequenos pés no piso. Deus foi muito bom para essa criancinha. Muito provavelmente Deus viu que ela se tornaria cada vez pior e jamais se arrependeria, e assim teria de ser punida mais severamente no inferno, de sorte que Deus em Sua misericórdia a chamou do mundo na primeira infância.” (2)
“Imagine só aquele pobre desgraçado nas chamas, que está dizendo: “Oh, quem me dera uma gota d’água para molhar e acalmar minha língua ressequida?” Veja como sua língua pende de entre seus lábios cheios de pústulas! Como isto escoria e queima o céu de sua boca como se fosse um tição! Ei-lo chorando por uma gota de água.” (3)
Quantos odeiam a Deus porque foram ensinados que Ele não tem absolutamente nenhuma compaixão daqueles que não Lhe obedecem? Aqui está como um pregador apresentou sua idéia do amor de Deus:
“Deus está retendo você nos fogos do inferno como você reteria uma aranha ou outro inseto em uma chama a fim de destruí-lo. Para Deus você não tem absolutamente nenhum valor, e você deve arder. É um milagre que Ele não o tenha lançado no fogo ontem enquanto você dormia. Apenas um pequenino fio o separa dos fogos do inferno, e qualquer dia esse fio será arrebentado.”
Quando esse mesmo pregador foi interrogado sobre se ele não acharia incrível que Deus trouxesse tão extremas misérias sobre suas criaturas, ele respondeu:
“. . . aqueles que estão condenados estão inteiramente perdidos e totalmente separados de Deus. Quanto a qualquer tipo de consideração que Ele tenha para com o seu bem-estar, a sua existência não serve para mais nada senão para sofrer.” (4)
A Bíblia ensina que Deus é amor.
“Aquele que não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor.” (1 João 4:8, KJV)
O grande amor de Deus foi demonstrado no Calvário. Ele nos amou tanto que deu o Seu Filho unigênito.
Esse amor vai além de toda compreensão humana. Há, porém, outro atributo do caráter divino, que é a justiça. Para nós isso é difícil de compreender. Parece haver uma contradição entre justiça e amor. O ato de punição parece estar em desarmonia com o amor de Deus. Eis por que Isaías se refere a ele como um “estranho ato”.
“Porque o Senhor se levantará como no monte de Perazim, e se irará, como no vale de Gibeom, para realizar a sua obra, a sua obra estranha, e para executar o seu ato, o seu ato inaudito.” (Isaías 28:21)
Deus punirá os ímpios. Será feita justiça. O salário do pecado é a morte, e esse salário será plenamente pago. Mas a punição dos ímpios é estranha a Deus. Por que é tão estranha? É estranha porque não é a vontade de Deus que qualquer de Seus filhos sofra ou seja punido. Diz a Bíblia:
“Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.” (2 Pedro 3:9)
A punição dos ímpios é estranha a Deus porque Ele nos ensinou a amarmos nossos inimigos. Jesus objetou à sugestão de João de fazer descer fogo do céu sobre Seus inimigos para destruí-los. Quando Pedro cortou a orelha do soldado no horto do Getsêmani, Jesus o reprovou, dizendo:
“... pois todos os que lançarem mão da espada, à espada perecerão.” (Mateus 26:52)
Na cruz Jesus orou por Seus inimigos, dizendo: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” Deus não é um Deus de violência. Ele não tem prazer na punição ou na destruição.
“Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto convertei-vos, e vivei.” (Ezequiel 18:32)
Somos ensinados que Deus, ao lidar com os perdidos, “exercerá todos os Seus atributos divinos para torná-los tão desventurados quanto a sua natureza consiga admitir.”(5)
Possivelmente a mais chocante calúnia contra a natureza de Deus é o ensino do tormento eterno, que se origina na mentira de Satanás no jardim do Éden. A mentira diz que o homem não pode morrer, mas tem uma indiscutível alma imortal. Isto atribui à alma a impossibilidade de um princípio ou um fim. Esta mentira resulta em teorias como aquelas do filósofo cristão neoplatônico, Orígenes, de Alexandria. Resulta em uma doutrina de dualismo com raízes panteístas. Ensina uma interminável rebelião contra Deus e o Bem. Ensina uma infinidade de males em oposição a uma infinidade de bem.
O ensino popular de terna tortura é tão falso e anti-escriturístico quanto é inexprimivelmente horrível. Não é parte da fé uma vez entregue aos santos, mas uma corrupção diabólica dessa fé. É um erro degradante.
Como podemos compreender o conceito ensinado por muitos cristãos de que Deus está em parceria com o diabo, operando um lago de fogo onde as pessoas são torturadas dia e noite sem fim? Os cristãos são ensinados que Deus atormenta até mesmo criancinhas, permitindo que elas agonizem em dor excruciante e interminável. Os maiores criminosos de guerra da História, os mais sanguinários assassinos do mundo, de nenhuma forma poderiam competir com a crueldade do Deus que é retratado deste modo. Eis como Jonathan Edwards, famoso pregador cristão, descreveu o eterno fogo do inferno:
“A visão dos ímpios sendo atormentados no inferno será uma fonte de felicidade para os santos por toda a eternidade. O paraíso se tornará ainda mais precioso para eles quando virem seus amados sofrendo deste modo. Os santos não terão nenhuma compaixão dos ímpios que estão no fogo do inferno, enquanto sofrem inexplicável dor. Dar-lhe-á felicidade vê-los se queimando ali.” (6)
Onde na Bíblia encontramos a descrição de um Deus como o que é descrito por Jonathan Edwards? Onde podemos encontrar um Deus como aquele descrito pelo Dr. Samuel Hopkins, eloqüente pregador do século XIX, que disse:
“A fumaça do seu tormento subirá para sempre à vista dos bem-aventurados . . . Esta demonstração do caráter e glória divinos será em favor dos redimidos, e muito agradável, e proporcionará o mais elevado prazer àqueles que amam a Deus . . . Fossem extinguidos os fogos e o tormento eternos, isto em grande medida poria um fim à felicidade e glória dos benditos.” (7)
Isto faz parecer que aqueles que foram redimidos são despojados de toda emoção de amor, piedade, e compaixão, trocando estas pela indiferença do estóico ou a crueldade do selvagem. As pessoas podem dizer umas às outras “vá para o inferno”, porém a maioria de nós não encontraria deleite no sofrimento dos nossos piores inimigos. Achamos difícil simpatizar com a perversa gargalhada de Tertuliano, que disse:
“Como eu admirarei, como rirei, como exultarei, quando contemplar tantos orgulhosos monarcas gemendo no abismo das trevas, tantos magistrados, liqüefazendo-se em chamas mais ardentes do que eles já acenderam contra o Cristianismo, tantos sábios filósofos enrubescendo-se em fogos incandescentes com suas pupilas diluídas.” (8)
Quando eu era menino, costumava ouvir evangelistas que mantinham auditórios fascinados com as horrendas descrições das agonias do inferno. Um evangelista que pregava em tendas tornava isto tão real que quase podíamos ouvir o crepitar das chamas. Ele afirmava que os fogos do inferno são tão quentes que se um pecador fosse tirado subitamente e mergulhado no fogo mais quente da Terra ele morreria congelado. Depois de cada sermão, ele convidava ao altar os apavorados ouvintes.
O pai de Robert Ingersoll lhe contou que Deus mantinha crianças no inferno que queimariam para sempre. Disse o jovem Ingersoll: “Se é isto o que Deus faz, eu O odeio.” Ele tornou-se um dos mais bem conhecidos incrédulos do mundo. (9)
Outros incrédulos e agnósticos têm se voltado contra Deus pelo mesmo motivo.. Disse Bertrand Russel: “A religião baseia-se no temor, e o temor é o pai da crueldade, e eis porque religião e crueldade caminham de mãos dadas.”
Deus é apresentado como Alguém que Se deleita em testemunhar incessantes torturas, Alguém que é aplacado com os gemidos e gritos e imprecações das criaturas sofredoras que Ele retém nas chamas do inferno. Eis porque Ele é temido, considerado com pavor e mesmo odiado. As aterradoras opiniões de Deus que têm se espalhado pelo mundo e que procedem do púlpito têm feito milhares de céticos e incrédulos. Em um sermão, um bem-conhecido pregador expressou suas idéias deste modo:
Para sempre está escrito em seus destroços
Para sempre em suas cadeias
Para sempre arde no fogo,
Para sempre, sempre reina. (10)
John Wesley acreditava neste tormento eterno. Eis como ele descreveu o sofrimento de alguém lançado no inferno:
“Suponde que ele seja só agora mergulhado em um lago de fogo, que arde com enxofre; porque se fôssemos acorrentados por um só dia, sim por uma só hora, em um lago de fogo, quão surpreendentemente longo pareceria um dia ou uma hora! Mas (assombroso pensamento!) depois de milhares de milhares, ele apenas provou do seu amargo cálice! Depois de milhões de milhões isto não estará mais perto do final do que no momento em que começou.” (11)
Outro pregador descreveu-o deste modo:
“Os tormentos do inferno não estarão em uma parte apenas, mas em todas as partes, não em um grau mais fraco, mas na maior extremidade; não por um dia, ou um mês, ou um ano, mas para sempre: os ímpios estarão sempre moribundos, jamais mortos; a angústia da morte sempre estará sobre eles, e contudo eles nunca rendem o espírito; se pudessem morrer eles se considerariam felizes; sempre estarão uivando, e nunca exalam o último suspiro; sempre afundando e jamais chegando ao fundo; sempre ardendo naquelas chamas e jamais se consumindo; a eternidade do inferno será o inferno do inferno.” (12)
Durante uma das minhas cruzadas evangelísticas, um dente infeccionado manteve-me desperto à noite. A dor parecia não ter fim. Durante aquelas longas noites comecei a compreender o que Albert Einstein queria dizer quando falou sobre relatividade. Disse ele: “Se você está assentado em um fogão quente por alguns segundos, isto parece uma hora. Se você passa uma hora conversando com uma linda jovem isto parece alguns segundos.”
Pense no que significaria para alguém ser torturado eternamente, conforme é retratado nesta descrição:
“Tu erguerás os olhos para o trono de Deus e estará escrito, ‘para sempre!’ Quando os condenados fizerem tinir os grilhões dos tormentos, eles dirão, ‘para sempre!’ Quando uivam, seu eco grita ‘para sempre!’” (13)
De onde surgiu essa idéia de tortura eterna? Certamente não foi da Bíblia! Veio de uma mentira contada por Satanás no Jardim do Éden. Mais tarde, alguns dos judeus aceitaram o conceito pagão. Finalmente, ele infiltrou-se na Igreja Cristã durante os primeiros séculos do Cristianismo.
Por volta do ano 188 a.D., Atenágoras foi o primeiro pai cristão a usar o termo “alma imortal”. Tertuliano desenvolveu o sistema, dizendo: “Sendo que todas as almas são imortais, a punição dos ímpios deve ser eterna.”(14) Ele realçou um fogo sagrado que nunca se consome, mas se renova enquanto queima, eternamente matando, porém jamais terminando.
Agostinho juntou finalmente o seu prestígio ao postulado da imortalidade inerente para todos os homens e o tormento consciente dos ímpios para todo o sempre. Esta logo se tornou a fé prevalecente da igreja dominante, e este ensino prosseguiu largamente incontestado durante a Idade Escura. O Gnosticismo e o Maniqueísmo, com seu dualismo e postulados fantásticos, infestou a Igreja e complicou a situação. (15)
Um inferno existindo eternamente pressupõe o dualismo metafísico de dois princípios eternos e incompatíveis (que sempre fomos, que sempre seremos). Esta noção emanou de religiões étnicas pagãs tais como o Zoroastrismo Persa.
A Bíblia ensina que a presença do mal envolve um princípio e consequentemente um fim. Eterno pecado e eterno sofrimento são contrários ao testemunho das Sagradas Escrituras.
Estão aqueles que morreram sem Cristo sendo torturados neste momento? Deixando a areia movediça da especulação humana, venha comigo à terra firme da Palavra de Deus. Primeiramente vamos às palavras de Jesus:
“Pois assim como o joio é colhido e lançado ao fogo, assim será na consumação do século.” (Mateus 13:40)
Não há nada ambíguo nesta declaração de Jesus. Ele não somente coloca a punição dos ímpios no futuro, “Assim será”, mas identifica o tempo. Tome nota do seguinte verso:
“Mandará o Filho do homem os seus anjos que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade, e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes.” (Mateus 13:41, 42)
Não há dúvida de que este será um evento futuro! Não somente Jesus, mas os apóstolos o apresentaram da mesma forma. Eis o testemunho de Pedro:
“É porque o Senhor sabe livrar da provação os piedosos, e reservar, sob castigo, os injustos para o dia de juízo.” (2 Pedro 2:9)
Os ímpios têm assentos reservados no lago de fogo. Se eles já estivessem queimando, qual a necessidade de reservá-los para o dia de juízo?
Quão ilógico punir alguém por milhares de anos antes de julgar essa pessoa! Pedro nos assegura que eles são reservados para o dia de juízo antes de serem punidos.
Dezesseis séculos antes do apóstolo escrever suas epístolas, em um dos mais antigos livros da Bíblia, encontramos idêntica palavra conforme usada por Pedro:
“...Que os maus são poupados no dia da calamidade, são socorridos no dia do furor?” (Jó 21:30)
Voltando às palavras de Cristo, mais uma vez vemos que as recompensas tanto dos bons quanto dos maus são conferidas após o juízo. Não haverá nenhuma sentença sem primeiro terem sido ouvidos.
“Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um conforme as suas obras.” (Mateus 16:27)
“E então”, diz nosso Senhor. Isto nos assegura que a punição começa quando Jesus vier na glória de Seu Pai, e com todos os anjos. Não está ocorrendo agora. A punição dos ímpios é um evento futuro.
“Pois eis que vem o dia, e arde como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem perversidade, serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo.” (Malaquias 4:1)
À semelhança de outros escritores da Bíblia, Malaquias põe o estranho ato de Deus no futuro. O fogo que tudo consome ainda está para vir, mais ardente do que qualquer coisa descrita por Jonathan Edwards ou Samuel Hopkins. Não deixará os ímpios ardendo por séculos, mas “os abrasará”, não lhes deixando “nem raiz nem ramo”. Um pregador se expressou deste modo:
“No fogo exatamente igual ao que temos na Terra, o corpo será como amianto sem ser consumido para sempre; todas as suas veias, caminhos por onde os pés da dor se movem; cada nervo, uma corda na qual o diabo tocará para sempre sua diabólica melodia do inexprimível lamento do Inferno!”(16)
Obviamente, palha não é um combustível apropriado para uma lareira. Embora os pregadores modernos apresentem os ímpios como à prova de fogo como o amianto, Malaquias os compara com a palha. Ele nos assegura que Deus não perpetuará o pecado por toda a eternidade. Pecado e pecadores serão destruídos.
“Pisareis os perversos porque se farão cinzas debaixo das plantas de vossos pés naquele dia que preparei, diz o Senhor dos Exércitos.” (Malaquias 4:3)
João 3:16 nos assegura que aqueles que aceitam e crêem em Cristo não perecerão, mas terão vida eterna. O Salmista nos diz que os ímpios perecerão.
“Mais um pouco de tempo e já não existirá o ímpio; procurarás o seu lugar, e não o acharás. ...Os ímpios, no entanto, perecerão, e os inimigos do Senhor serão como o viço das pastagens: serão aniquilados e se desfarão em fumaça.” (Salmo 37:10,20)
“O salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23), não vida eterna no inferno. Isto se refere não apenas ao corpo, mas também à alma, como Jesus declarou:
“Não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.” (Mateus 10:28)
Os flamejantes fogos do inferno não foram pretendidos para os seres humanos. Eles foram preparados para o diabo e seus anjos. Infelizmente alguns seres humanos arderão naquele fogo, simplesmente porque se apegam ao pecado. Declararam submissão ao tentador, e devem partilhar de sua pena.
“Então o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.” ( Mateus 25:41)
A Bíblia fala acerca do fogo eterno. É importante, ao ler a Palavra de Deus, que eu compreenda os termos bíblicos da maneira exata como devem ser compreendidos. A definição bíblica de fogo eterno está muito longe da explicação de alguns pregadores modernos.
“Como Sodoma e Gomorra e as cidades circunvizinhas que, havendo-se entregue à prostituição como aqueles, seguindo após outra carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição.” (Judas 7)
Tenho visitado freqüentemente um lugar chamado Sodoma, e me hospedado no Hotel Ló nas margens do Mar Morto. Nada foi deixado das antigas cidades de Sodoma e Gomorra, porque elas foram completamente consumidas pelo que a Bíblia chama de “fogo eterno”. Foi eterno em seus resultados. Deus infligirá eterna punição, mas não punindo eternamente.
O livro de Apocalipse nos diz que o Diabo será atormentado para sempre. (Apocalipse 20:10) Mais uma vez, é importante estudar o emprego bíblico deste termo.
“Ana, porém, não subiu, e disse a seu marido: Quando for o menino desmamado, levá-lo-ei para ser apresentado perante o Senhor, para lá ficar para sempre.” (1 Samuel 1:22)
O que Ana quis dizer quando afirmou que seu filho Samuel serviria ao Senhor no templo para sempre? Quis ela dizer que ele nunca morreria? Está ele ainda servindo a Eli no templo em Siló? No verso 28 ela explica o significado de sua declaração.
“Pelo que também o trago como devolvido ao Senhor, por todos os dias que viver; pois do Senhor o pedi.” (1 Samuel 1:28)
“Para sempre”, e “por todos os dias que viver” são termos intercambiáveis para o escritor bíblico. Têm o mesmo significado.
Numa noite romântica e enluarada, um jovem que estava muito apaixonado, olhou para os olhos de sua namorada e disse: “Eu te amarei para sempre.” O que ele quis dizer? Estava ele lhe prometendo que viveria para sempre? Ou estava prometendo amá-la pelo restante da sua vida?
Freqüentemente usamos a expressão no mesmo sentido em que a Bíblia a usa. Quando eu trabalhava com os imigrantes portugueses que vinham para o Canadá, perguntava-lhes: “Quanto tempo vocês planejam ficar no Canadá?” Com muita freqüência eles diziam: “Para sempre”. Eles não estavam esperando viver para sempre, mas estavam simplesmente falando acerca do resto da sua vida.
A expressão “para sempre” é com freqüência usada na Bíblia para falar de coisas que finalmente chegarão a um fim. Quando se diz que as montanhas ou os montes são “eternos”, isto significa que durarão tanto quanto os montes possam durar.
A aspersão do sangue na Páscoa era uma ordenança ou estatuto “para sempre”. (Êxodo 12:24) Assim era o sacerdócio faraônico (Êxodo 29:9, 40:15, Levítico 3:17), a herança de Calebe (Josué 14:9), o templo de Salomão (1 Reis 8:12, 13), o período de vida de um escravo (Deuteronômio 15:17), a lepra de Geazi (2 Reis 5:27), e praticamente cada ordenança, rito ou instituição do Antigo Testamento. Estas coisas não duraram “para sempre” como pensamos num tempo estendido sem limitação. Elas duraram, sim, além da visão daqueles que primeiro as ouviram sendo chamadas de “eternas”.
A Bíblia fala sobre “salvação eterna” (Hebreus 5:9). Jesus não está para sempre salvando o Seu povo. Ele fez isto uma vez por todas. A salvação é eterna porque é o resultado eterno que emana do processo do ato de salvar uma vez por todas. O resultado permanece mesmo depois de o ato ter terminado.
A Bíblia também fala acerca de “juízo eterno” (Hebreus 6:2). O ato de julgar não durará para sempre. Haverá um ato ou processo de julgar, e depois terminará. Eterno refere-se ao resultado da ação, e não da própria ação.
Também lemos a respeito de “eterna redenção” (Hebreus 9:12). O ato ou processo de redimir não continua sem fim. O contexto nos diz que Ele “...agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar pelo sacrifício de si mesmo o pecado.” (Hebreus 9:26) Eterno refere-se ao resultado da ação praticada uma vez por todas.
A expressão “eterna destruição” (2 Tessalonicenses 1:9), deve ser compreendida do mesmo modo. Não acontecerá para sempre, mas quando Ele tiver efetuado sua destruição, seus resultados nunca findarão.
“Castigo eterno” (Mateus 25:46) está falando na mesma luz que os exemplos já mencionados. O ato ou processo acontece em um período fixo de tempo, mas é seguido por um resultado que dura para sempre. A punição continua até o processo ser concluído, mas os resultados permanecerão para sempre.
Um dia Jesus estava instruindo Seus discípulos:
“E, se tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois melhor é entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo inextingüível.” (Marcos 9:43)
O que a Bíblia quer dizer por fogo inextinguível? O mesmo termo é usado em conexão com a destruição de Jerusalém. Disse o profeta:
“Mas, se não me ouvirdes, e por isso não santificardes o dia de sábado, e carregardes alguma carga, quando entrardes pelas portas de Jerusalém no dia de sábado, então acenderei fogo nas suas portas o qual consumirá os palácios de Jerusalém, e não se apagará.” (Jeremias 17:27)
Os fogos acesos pelos babilônios quando eles destruíram Jerusalém foram inextinguíveis. Ninguém pôde apagá-los. Não estão queimando hoje. Eles queimaram até que não havia nada mais a queimar, então se apagaram.
A Bíblia usa o fogo como o agente pelo qual os inimigos de Deus devem ser finalmente consumidos. O fogo é um elemento em que a vida humana não pode existir. Simboliza destruição total. Transforma o diamante, a mais dura de todas as substâncias, em um tênue vapor. Dissolve o granito e o converte em lava. Eis por que o profeta pergunta:
“...Quem dentre nós habitará com o fogo devorador?” (Isaías 33:14)
A resposta óbvia a esta pergunta é “ninguém”. Nenhuma espécie de vida é compatível com o fogo, e a destruição pelo fogo é a condenação dos injustos.
Um Deus de justiça não aplicaria a mesma punição a todos, não importa qual seja o crime. Eis por que nosso Senhor ilustrou a punição pelo fogo, que Ele acenderá, usando esta ilustração:
“Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade, será punido com muitos açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de reprovação, levará poucos açoites. Mas àquele a quem muito for dado, muito se lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão. Eu vim para lançar fogo sobre a terra e bem quisera que já estivesse a arder.” (Lucas 12:47-49)
O pecado e o sofrimento não serão perpetuados através de toda a eternidade:
“... e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.” ( Tiago 1:15)
O pecado, por sua própria natureza, é destrutivo. Não haverá pecadores eternos.
“... e serão como se nunca tivessem sido.” (Obadias 16)
Vívidas ilustrações nos ajudam a compreender a obra das ligeiras chamas do fogo do inferno. Os ímpios são mencionados como palha, como a gordura de cordeiros, e como parafina que se derrete no fogo.
“Como se dissipa a fumaça, assim tu os dispersas; como se derrete a cera ante o fogo, assim à presença de Deus perecem os iníquos.” (Salmo 68:2)
Na descrição dada pela inspiração, vemos que a justiça será executada. Vem o tempo em que Deus lidará com o pecado. “A alma que pecar, essa morrerá.” (Ezequiel 18:4) “Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida.” (1 João 5:12)
“Porque será o dia da vingança do Senhor, ano de retribuições pela causa de Sião. Os ribeiros de Edom se transformarão em piche, e o seu pó em enxofre; a sua terra se tornará em piche ardente.” (Isaías 34:8 e 9)
“Fará chover sobre os perversos brasas de fogo e enxofre, e vento abrasador será a parte do seu cálice.” (Salmo 11:6)
Satanás ainda está perpetuando sua mentira original, “É certo que não morrereis.” Tenta convencer homens e mulheres de que o salário do pecado não é a morte, mas que o pecador viverá em eterna miséria. Representa a Deus como um tirano vingativo que mergulhará no inferno todos quantos não lhe agradam, onde sofrerão indizível angústia e convulsão nas chamas eternas enquanto seu Criador olha para eles com satisfação.
Deste modo o diabo reveste o Criador e Benfeitor da humanidade com seus próprios atributos. A crueldade é satânica. Deus é amor, e tudo o que Ele criou era puro e santo até que o pecado foi introduzido pelo próprio Satanás.
Satanás e seus emissários representam a Deus como pior do que eles próprios a fim de justificar sua própria malignidade e rebelião. Tentam transferir sua própria horrível crueldade de caráter para nosso Pai celestial a fim de afastar as almas de sua fidelidade a Deus. A idéia de os mortos serem atormentados com fogo e enxofre em um inferno ardendo eternamente é repugnante a toda emoção de amor e misericórdia.
Alguns afirmam que o motivo por que Deus faz isto é mostrar o Seu ódio pelo pecado. Segundo a Bíblia, Deus destruirá o pecado, não o perpetuará. Conservar as pessoas em contínua tortura sem esperança de misericórdia enlouqueceria suas infelizes vítimas, e enquanto elas continuassem derramando o seu furor em maldições e blasfêmia, estariam aumentando sua carga de culpa. Como poderia ser realçada a glória de Deus perpetuando contínua e incessantemente o pecado através de séculos sem fim? Satanás, por meio de sua primeira mentira, tem convencido a maioria dos cristãos de que o pecado jamais terá fim, mas antes aumentará. Falando dos perdidos, diz um escritor:
“Eles devem estar aumentando perpetuamente sua enorme soma de culpa, e ainda acumulando cada vez mais, imensamente mais, o seu débito para com a divina e infinita justiça. Por isso, depois do mais longo período imaginável, eles estarão tão longe de ter quitado a sua dívida que se acharão mais devedores do que quando começaram a sofrer.” (17)
Deus dará um eterno fim ao pecado. Temos suas infalíveis promessas.
“Repreendes as nações, destróis o ímpio, e para todo o sempre lhe apagas o nome. Quanto aos inimigos, estão consumados, suas ruínas são perpétuas, arrasaste as suas cidades; até a sua memória pereceu.” (Salmo 9:5,6)
Partilho com você a bela descrição de uma escritora do século XIX baseada na Bíblia.
“João, no Apocalipse, antecipando a condição eterna, ouve uma universal antífona de louvor imperturbada por qualquer nota dissonante. Toda criatura no Céu e na Terra foi ouvida atribuindo glória a Deus. (Apocalipse 5:13) Não haverá então almas perdidas blasfemando de Deus enquanto se contorcem em tormento infindável, os seres perdidos do inferno não unirão seus gritos aos cânticos dos salvos.” (18)
Deus convida a você e a mim para participarmos da eternidade com Ele. Serão “novos céus e nova terra, nos quais habita a justiça” (2 Pedro 3:13) Que promessa maravilhosa!
“E lhes enxugará dos olhos toda lágrima; e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.” (Apocalipse 21:4)
Um trabalhador tinha uma pequena casa de campo, nas florestas da Austrália. Era uma casa simples de fazenda com um galinheiro no quintal, mas era um lar para ele e para sua família. Mas, numa noite ele voltou para casa e descobriu que sua pequena fazenda tinha sido reduzida a cinzas. Percorreu o quintal para ver o que tinha restado, e viu um pequeno monte de cinzas, os restos de uma galinha. Por que a galinha não havia fugido do fogo? Espalhou as cinzas com os pés e alguns lindos pintainhos amarelos piavam debaixo da mamãe galinha. A galinha havia protegido do fogo os seus pintainhos. Poderia ter escapado, mas seus pintainhos não poderiam correr rápido o suficiente para fugir, e assim ela permaneceu ali e os cobriu com suas asas.
Isto é o que a Bíblia promete que Deus fará por você e por mim “Cobrir-te-á com as suas penas, sob suas asas estarás seguro.” Se tão somente você confiar nEle, não terá nenhuma necessidade de temer o futuro. Coloque agora mesmo sua vida nas mãos dEle.
1. Robert Brooke, citado por John Shae, What a Modern Catholic Believes About Heaven and Hell. (Chicago: The Thomas More Press, 1872), pág. 81.
2. W. T. Hobson, M.A., Everlasting Punishment as Taught in Scripture. (London: Kellaway and Co., n/d), págs. 9, 10, citando “The Sight of Hell”, de um Sacerdote Católico Romano.
3. Ibid., págs. 8, 9.
4. John Gersther, Jonathan Edwards on Heaven. (Grand Rapids: Baker Book House, 1980).
5. Uriah Smith, The State of the Dead and the Destiny of the Wicked. (Battle Creek: The Seventh-day Adventist Publishing Association, 1873), pág. 302, citando Benson.
6. Fonte Desconhecida.
7. Marjorie e Don Gray, Open Secrets. (Boise: Pacific Press Publishing Association, 1986), pág. 209.
8. Citado por John Shae, What a Modern Catholic Believes About Heaven and Hell, pág. 71.
9. Marjorie e Don Gray, Open Secrets, pág. 209.
10. W. T. Hobson, Everlasting Punishment as Taught in Scripture, pág. 9.
11. Ibid., pág. 14.
12. Uriah Smith, The State of the Dead and the Destiny of the Wicked, pág. 301, citando Thomas Vincent.
13. Fonte desconhecida.
14. LeRoy Edwin Froom, The Conditionalist Faith of our Fathers. (Washington: Review and Herald, 1966), volume II, pág. 1262.
15. Ibid.
16. Charles Spurgeon, Compilação, That Unknown Country, or What Living Men Believe Concerning Punishment After Death. (Springfield: The C. A. Nichols Co., 1888), pág. 900.
17. Uriah Smith, The State of the Dead and the Destiny of the Wicked, pág. 302, citando Benson.
18. Ellen G. White, Cosmic Conflict. (Mountain View: Pacific Press Publishing Association, 1888), pág. 477.
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