TEMA: Fidelidade.
PROPÓSITO: Falar da fidelidade de Itaí.
TEXTO: 2 Samuel 15:13-23
TESE: Ser fiel eis a questão.
INTRODUÇÃO
Há heróis cujos nomes estão sempre em nossas
mentes. Mas há outros que parece que o tempo
esqueceu. Itaí é um deles. Levantemos a
cortina do esquecimento e estudemos o
exemplo deste herói de poucas referências.
Vamos encontrá-lo ao lado do rei Davi.
Sempre que é citado na Bíblia, Itaí surge em conexão com Davi. O episódio que desejo destacar hoje começa com um fato muito triste:
I – DAVI DECIDI FUGIR DO PRÓPRIO FILHO
A - Absalão era um moço bonito. Diz a Bíblia:
"Não havia em todo o Israel homem tão
admirável pela sua beleza como Absalão;
desde a planta do pé, até o alto da cabeça não
havia nele defeito algum" (2Sm 14.25). Mas se não havia defeitos no corpo, havia-os na
alma. O que ele tinha de bonito, tinha de
malvado. Seus olhos faiscavam ódio contra
tudo e contra todos. Além do mais, Absalão
tinha uma idéia fixa: tornar-se o rei de Israel.
Apaixonado pela coroa, Absalão hasteou a
bandeira da revolta. Seu nome (em hebraico,
pai da paz) nada significava para ele. Rasgou a
certidão de nascimento, como se dissesse: "Eu
quero guerra, sangue, trono". Reuniu um grupo
de 50 homens, carros e cavalos e foi combater
aquele que ele elegera seu principal inimigo: o
próprio pai.
B – Ao ser informado de que seu filho vinha de
encontro a ele, Davi bateu em retirada. Como
excelente guerreiro que era, Davi poderia ter
ficado para enfrentar o audacioso desafiante ao
trono. Mas, em vez de cometer o crime do
filicídio (matar o próprio filho), Davi optou
pela fuga. A Bíblia Vida Nova comenta: "Às
vezes a vitória está na fuga". Davi fugiu,
ganhou tempo, apoio e a guerra. A Vida Nova
cita outros personagens da Bíblia que, em situações de perigo, preferiram fugir: Ló fugiu
de Sodoma e se salvou. José fugiu da mulher
de Potifar. Moisés fugiu do Egito. "Fugi da
impureza" (1Co 6.18), "da idolatria"
(1Co 10.14). "Foge das paixões da mocidade"
(2Tm 2.22), diz o Novo Testamento. Davi
decidiu abandonar Jerusalém, mas para que o
palácio não ficasse às moscas deixou nele 10
empregadas ("concubinas", v. 16), que seriam
depois violentadas publicamente por Absalão,
num ato extremamente repulsivo desse belo
maluco (16:22).
II – A FIDELIDADE DE ITAÍ
A - Davi decidiu abandonar Jerusalém, mas
para que o palácio não ficasse às moscas
deixou nele 10 empregadas ("concubinas", v.
16), que seriam depois violentadas
publicamente por Absalão, num ato
extremamente repulsivo desse belo maluco
(16.22). É nesse cenário caótico que vai
aparecer a pessoa de Itaí. Davi o vê entre os
que o acompanham e pondera que ele deve
ficar, que seria mais vantajoso e seguro para
ele e seus filhos, se ficassem em Jerusalém e aderissem ao novo rei. Observe-se que Davi
não exigiu que as pessoas fossem com ele. A
decisão das pessoas era voluntária. Mais tarde,
o filho de Davi agirá de modo semelhante.
Diria Jesus: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo..."(Lc 9.23). No reino de
Deus não há espaço para o compulsório. Ou
seja, ninguém é obrigado a seguir a Cristo. Itaí ouve os argumentos do rei, mas toma uma
decisão radical e faz uma declaração
comovente. Diz ele: "Vive o Senhor, e vive o
rei meu senhor, que no lugar em que estiver o
rei meu senhor, seja para morte, seja para vida, aí estará também o teu servo" (v.21).
B – Primeiramente consideremos quem era
Itaí. Diz a Bíblia que era giteu (v.19). Giteu era
quem nascia em Gate. Gate era o reduto
principal dos filisteus. Os filisteus eram os
maiores inimigos de Davi. Portanto, Itaí
descendia de inimigos, mas decidiu ser amigo
do rei. Não temos que desprezar a boa religião só porque os nossos antepassados a
tenham desprezado. Não somos reprodutores
dos erros da história. Você não tem que ser
ladrão só porque talvez descenda de um. Nosso
destino no mundo é, em grande medida, definido por nossas próprias decisões. Não é
questão de genética; é questão de ética. Itaí escolheu ficar ao lado do rei, diz ele, "seja
para morte, seja para vida" (v. 21). Ele não foi
interesseiro. Para ele, não importava mais viver
ou morrer, perder ou ganhar, contanto que
estivesse "no lugar em que estivesse o rei". Sua postura lembra muito a de Paulo no Novo
Testamento quando escreveu: "...se vivemos,
para o Senhor vivemos; se morremos, para o
Senhor morremos. De sorte que, quer vivamos
quer morramos, somos do Senhor" (Rm 14.8). Diz o verso 23 que essa multidão sofrida
"caminhava na direção do deserto". Davi não
deixou ninguém iludido. Todos sabiam que
estavam fugindo de um homem violento, e que
o destino certo era o deserto incerto. Davi não prometeu o paraíso, mas apontou para um
deserto. E ainda assim o povo foi com ele.
Semelhantemente, Jesus hoje não nos promete
glórias, medalhas, condecorações ou holofotes.
Mas a sua presença vai conosco; e com sua presença, a vitória.
III – CONTRASTES ENTRE ABSALÃO E
ITAÍ
A - Alguns contrastes entre esses dois
personagens são inevitáveis:
Absalão era israelita, tendo atrás de si todo o
registro da história da atuação de Deus no meio
de seu povo. Israel era um milagre. Cada
israelita era outro. Ainda assim, Absalão age
como se Deus não existisse. Itaí é filisteu em
sua origem, o que quer dizer que era pagão,
sem lei, distanciado do conhecimento de Deus.
Mas, observando os fatos, tira as próprias
conclusões e toma a decisão correta. Absalão, filho do rei, odiava o rei. Itaí,
estrangeiro, o amava. Gosto de enfatizar o fato
de que muitas vezes pessoas sem pedigree
espiritual se portam melhor do que alguns
cristãos. Não devia ser assim. Jesus disse que a nossa vida deveria ser mais reta que a dos
escribas e fariseus (Mt 5.20). Absalão é filho do rei, mas o seu coração está
longe dele. Itaí não tem vínculo sangüíneo
nenhum com o rei, mas o seu coração pertence
ao rei. Este triste contraste foi destacado por
Jesus em vigorosa denúncia no fim da parábola
dos dois filhos: "...os publicanos e as
meretrizes entram adiante de vós no reino de
Deus" (Mt 21.31).
CONCLUSÃO
A - Desejo concluir fazendo um último
destaque. É o verso 22. Diz que Itaí passou
para o lado do rei "e todos os pequeninos que
havia com ele". Um antigo autor inglês
chamou a atenção para um possível diálogo, que desejo visualizar mais ou menos assim:
Uma dessas crianças se vira para Itaí e
pergunta:
— Papai, para onde estamos indo? E o pai:
— Filho, para ser franco, não sabemos.
— Como assim, papai? O senhor chegou em
casa, pegou apenas uma mochila e disse que íamos todos viajar... Mas, para onde?
— Filho, não sabemos para onde. Mas
sabemos que estamos seguindo o rei.
APELO
Muitas vezes, a vontade de Deus não é de
pronto identificada. Nem sempre temos todas
as respostas. Mas se estamos seguindo o rei,
que importa o resto? Que importa a própria
vida? Sejamos fiéis ao Rei.