33 Qual o significado da visão sobre o vale de ossos secos?

Respostas Pr Alberto Timm

Qual o significado da visão sobre o vale de ossos secos de Ezequiel 37:1-14?


por Alberto R. Timm


O conteúdo do livro do profeta Ezequiel pode ser dividido em duas grandes seções. A primeira é composta pelas visões recebidas, em sua maioria, antes da queda de Jerusalém em 586 a.C. (capítulos 1:1 a 33:20), e a segunda compreende as visões tidas já no próprio contexto do cativeiro babilônico (capítulos 33:21 a 48:35). 


Nesta última seção aparecem várias visões que tratam especificamente da restauração de Israel e Judá, dentre as quais se destaca a do vale de ossos secos de Ezequiel 37:1-14. O relato da visão compreende a descrição da cena, de natureza metafórica (versos 1-10), e a interpretação soteriológica (versos 11-14).


Em Ezequiel 37, os ossos “sequíssimos” espalhados pelo vale representam a desesperada condição em que se encontrava “toda a casa de Israel” durante o exílio (verso 11), devido ao longo processo de apostasia e morte espiritual pela condescendência com o pecado (ver Salmo 32:1-4). 


A restauração de Israel dessa condição é descrita na visão como se processando em duas etapas semelhantes às da criação original da raça humana (ver Gênesis 2:7). Primeiro ocorre a formação dos corpos (Ezequiel 37:7 e 8), para depois serem estes vivificados pela poderosa atuação do Espírito de Deus (versos 9 e 10). 


A expressão “abrirei a vossa sepultura, e vos farei sair dela” (verso 12) tem sido interpretada, por alguns comentaristas, como uma nova metáfora para descrever a mesma cena da restauração de Israel anteriormente mencionada e, por outros, como uma alusão à ressurreição literal dos justos mortos que haveria de ocorrer no clímax desse processo de restauração.


A revificação dos ossos secos simbolizava a restauração espiritual e política de Israel como nação, que ocorreria se os israelitas se submetessem completamente aos propósitos divinos. 


Uma vez que o povo não correspondeu com as expectativas divinas (ver Mateus 23:37 e 38; João 1:11; Atos 7), a visão não obteve seu pleno cumprimento com a nação de Israel, e precisa ser agora reinterpretada à luz do novo Israel, ou seja, da Igreja (I Pedro 2:9).


Os profetas do Novo Testamento esclarecem que a restauração final de todas as coisas não mais ocorrerá pelo retorno dos judeus para a Palestina, mas pela conversão a Cristo de representantes de “todas as nações” do mundo (ver Mateus 24:14; 28:18-20; Atos 1:8; Gálatas 3:16, 26-29; Apocalipse 14:6); não mais pela reconstrução e perpetuação da cidade de Jerusalém, mas pela vinda da Nova Jerusalém celestial (ver Hebreus 11:8-16; Apocalipse 21:2); e não mais pela renovação sócio-política da nação de Israel, ou mesmo do mundo, mas pela implantação de um “novo céu” e de uma “nova terra” (ver II Pedro 3:7-13; Apocalipse 21:1).


Fonte: Sinais dos Tempos, dezembro de 1998. p. 27 (usado com permissão)


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