Sendo que Cristo ressuscitou no domingo, não deveria este ser o dia de guarda para todos os cristãos?
por Alberto R. Timm
A maioria dos observadores do domingo tenta justificar essa prática alegando que a ressurreição de Cristo ocorreu no primeiro dia da semana. Não resta a menor dúvida de que Cristo morreu numa sexta-feira à tarde, descansou na sepultura durante o sábado, e ressuscitou antes do alvorecer do “primeiro dia da semana” (ver Lucas 23:44 a 24:12).
Mas em nenhum lugar das Escrituras é feita qualquer alusão ao dia da ressurreição (domingo) como um novo dia de guarda, em substituição ao sábado do sétimo dia, que fora instituído pelo próprio Deus na semana da criação (ver Gênesis 2:1-3; Marcos 2:27).
Esse dia foi incorporado por Deus no Decálogo (ver Êxodo 20:8-11), e é apresentado no Novo Testamento intimamente relacionado ao descanso da justificação pela fé em Cristo (ver Hebreus 4:4-11).
Houvesse o dia da ressurreição se transformado no novo dia de repouso da igreja apostólica, e isso certamente transpareceria na linguagem empregada nos Evangelhos e nos demais livros do Novo Testamento, escritos vários anos após a ressurreição de Cristo.
Mas os evangelhos de Marcos e Lucas (escritos cerca de 30 anos após a ressurreição), o de Mateus (escrito cerca de 35 anos após esse evento) e o de João (escrito cerca de 60 anos após o mesmo evento) referem-se ao dia da ressurreição simplesmente como o “primeiro dia da semana”, sem qualquer deferência especial para com ele (ver Mateus 28:1; Marcos 16:2; Lucas 24:1; João 20:1, 19).
Algumas pessoas também procuram justificar a observância do domingo com base na referência ao “dia do Senhor” de Apocalipse 1:10 e no fato de os discípulos haverem se reunido em dois domingos diferentes (ver João 20:19; Atos 20:7), seguindo o conselho de Paulo de separar uma oferta para os pobres nesse dia (ver I Coríntios 16:2).
Mas, se estudarmos detidamente o conteúdo desses textos, perceberemos que:
(1) a reunião mencionada em João 20:19 foi realizada, não com o propósito de venerar o domingo, mas para esconder os seguidores de Cristo, perseguidos pelos judeus;
(2) a reunião referida em Atos 20:7 era simplesmente para “partir o pão”, prática essa que podia ocorrer em qualquer dia da semana (ver Atos 2:42, 46);
(3) o objetivo de cada um separar “em casa”, “no primeiro dia da semana”, uma oferta para os necessitados era simplesmente para que não se fizessem “coletas” quando Paulo fosse visitar os coríntios (I Coríntios 16:2);
(4) não existem quaisquer evidências bíblicas ou históricas de que, na época em que o apóstolo João escreveu o texto de Apocalipse 1:10, o domingo já fosse chamado de “dia do Senhor” (ver Isaías 58:13; Mateus 12:8), como o foi posteriormente.
Aqueles que aceitam a tradição pós-apostólica, como normativa, não se constrangem em transportar a observância do domingo para dentro do Novo Testamento. Mas, com base no princípio de que a Palavra de Deus deve interpretar-se a si mesma, não conseguimos ver, nos textos acima mencionados, qualquer endosso bíblico para a observância do domingo.
Fonte: Sinais dos Tempos, maio de 1999. p. 29 (usado com permissão)
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