por Alberto R. Timm
Diferentes teorias foram propostas ao longo da história do cristianismo para identificar a “sabedoria” mencionada em Provérbios 8:22-31. Alguns teólogos do 2º século d.C. a viam como sendo o Espírito Santo. Já no 3º século, essa interpretação deu lugar a uma generalizada identificação dela com Cristo, a segunda pessoa da divindade.
Comentaristas mais recentes continuam discutindo se ela foi realmente uma companheira (ser distinto) do Senhor em Sua obra criadora ou meramente uma característica (atributo) dEle.
Para compreendermos a sabedoria de Provérbios 8:21-31, devemos ter em mente:
(1) que ela não é apresentada como um ser divino em nenhuma das demais passagens de Jó, Provérbios e Eclesiastes onde aparece personificada;
(2) que ela assume neste texto as prerrogativas divinas de haver existido com Deus antes da obra da criação e de haver sido o “arquiteto” dessa obra; e
(3) que ela é descrita como havendo nascido antes da obra da criação (versos 24 e 25).
Reconhecendo a Cristo como a “sabedoria de Deus” (I Coríntios 1:24 e 30) e Aquele “em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Colossenses 2:3), o Novo Testamento também O identifica como igual a Deus o Pai, e por conseguinte, coeterno com Ele (Filipenses 2:6-7; Colossenses 2:8-9; Hebreus 1:2-3).
Assim, se a sabedoria mencionada em Provérbios 8:22-31 teve realmente um início (como sugere a expressão “eu nasci” nos versos 24 e 26), então ela não pode ser a pessoa eterna de Cristo ou um dos atributos eternos do Pai, mas apenas uma manifestação específica da eterna sabedoria de Deus em Cristo na obra da criação, descrita pelo próprio texto em consideração (ver João 1:1-5 e 10; Colossenses 1:15-17; Hebreus 1:1-14; Apocalipse 3:14).
Fonte: Sinais dos Tempos, julho de 1997. p. 29 (usado com permissão)
- Veja aqui o 👉 Índice com todas as perguntas