O que Jesus quis dizer ao pronunciar os seguintes versos registrados em Mateus 24:19 e 20: “Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias! Orai para que a vossa fuga não suceda no inverno nem no sábado”.
Vamos analisar inicialmente o contexto. Era o grande sermão da montanha.
Em Mateus 24, Jesus estava revelando os sinais de sua segunda vinda.
Apresenta Ele neste texto, a grande tribulação que os fiéis passariam nos últimos dias.
Vamos entender mais um importante detalhe: Esta profecia, dos últimos acontecimentos aqui registrados, tem um duplo sentido. A primeira interpretação se refere aos acontecimentos da iminente destruição da cidade de Jerusalém. E a segunda aplicação desta profecia, refere-se aos terrores dos acontecimentos finais que antecedem ao dia do Juízo Final.
Analisemos inicialmente, a primeira interpretação: Jesus alertando Seu povo, sobre a destruição de Jerusalém, os sinais deste acontecimento e sua fuga.
Diversas passagens da Bíblia mostram qual era a situação e o destino de Jerusalém.
Jesus proferiu uma sentença que é marcante, registrada em Mateus 23:37: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que a ti são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e não o quisestes!” Mateus 23:38: “Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta.” Mateus 24:2. “Em verdade vos digo que não ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada.”
Escrevem os historiadores, que Jerusalém naquela época, era uma cidade terrível.
Como eles rejeitavam e odiavam a Cristo e seus discípulos, Satanás teve mais domínio sobre aqueles que o escolheram como líder. Tornaram-se satânicos em sua crueldade. Na família e na sociedade, havia suspeita de inveja, ódio, contenda, rebelião, assassino. Não havia segurança em parte alguma. Amigos e parentes traíam-se de forma mútua. Pais matavam os filhos e filhos os pais. Os príncipes não tinham poder para governar. Paixões desenfreadas os tornavam tiranos. Mesmo a santidade do templo, não lhes refreava a terrível ferocidade. Os adoradores eram assassinos diante do altar, e o santuário contaminava-se com o sangue dos mortos. Subornavam profetas falsos para anunciarem mensagens que desejassem. E com tudo isto, ainda se engrandeciam, pois Jerusalém não era somente bela, mas também forte, pois havia torres, muralhas e fortalezas, tornara-se aparentemente uma cidade indestrutível. Quem proclamasse a destruição de Jerusalém seria comparado mais ou menos com Noé, um louco.
Como a cidade estava cheia de pecados, e esgotara a misericórdia de Deus, haveria um castigo, mas os Seus seguidores, que lhe seguiam, deviam ser preservados. Então Jesus dá um sinal, registrado em Lucas 21:20 e 21: “Mas quando virdes Jerusalém cercada de exércitos sabei então que é chegada a sua desolação. Então os que estiverem na Judéia fujam para os montes, os que estiverem dentro da cidade, saiam, e os que estiverem no campo, não entrem nela.” Isto era um sinal para o remanescente que ainda amava e seguia o Salvador Jesus Cristo para fugir da cidade. E tudo se cumpriu exatamente.
Depois que os romanos, sob Céstio, cercaram a cidade para atacá-la, inesperadamente abandonaram o cerco, quando tudo parecia favorável ao ataque. E este foi o sinal para os seguidores de Cristo abandonarem a cidade. E exatamente aqui, está a primeira aplicação de Mateus 24:19 e 20. “Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem
naqueles dias! Orai para que a vossa fuga não seja no inverno e nem no sábado.
Diante da necessidade de escapar da destruição de Jerusalém, seria difícil para uma mulher grávida fugir ou para uma mãe distante de sua casa, amamentar o seu recém nascido. Também seria difícil a fuga no inverno, ou nas horas sagradas do santo dia de Sábado.
Jesus estava revelando que fugir de Jerusalém seria algo inevitável para se manterem vivos, e que alguns teriam mais dificuldades que outros, e que dependendo da época inverno ou qualquer outra estação, poderia complicar ou amenizar a fuga.
A misericórdia de Deus mesclada com justiça se percebe claramente neste acontecimento. De um lado, os ímpios que o rejeitaram e ainda zombaram de seus profetas, e de outro lado, os seguidores de Cristo, sendo avisados do perigo eminente, com um sinal claro para serem salvos do terrível castigo. Todos os que creram nas palavras de Jesus, estavam atentos aos sinais, e seguiram sua palavra, foram salvos. Fugiram para a cidade de Pela, na terra de Peréia, alem do Jordão. E os demais, foram vítimas de um novo cerco, que ocorreu não muito tempo depois, agora sob o domínio de Tito, no ano 70 de nossa era. Foi por ocasião da páscoa: Milhões de judeus estavam reunidos dentro de seus muros. E com tanta gente cercada sob um exército inimigo, os alimentos foram terminando, com isto os problemas trouxeram terríveis conseqüências: roubos, atrocidades, disputas, inclusive mães que cozeram os próprios filhos ... muitos morreram dentro da cidade torturados, açoitados, crucificados, tantos mortos, tantas cruzes havia no vale de Josafá e no Calvário, que quase não havia espaço para caminhar entre elas. Foi um castigo, pois eles mesmos disseram perante o tribunal de Pilatos: “O seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos.”
Tudo foi destruído. Não ficou pedra sobre pedra.
Jesus preveniu os Seus discípulos sobre a destruição de Jerusalém, deu-lhes um sinal para escapar, também advertiu o mundo da destruição final. E Ele revelou vários sinais que estão se cumprindo, que está chegando o dia da “Grande ira de Deus”, que a destruição que aconteceu com Jerusalém não será nem uma sombra tênue da terrível destruição final dos ímpios.
São Marcos 13:35 está escrito: “Vigiai pois, ...” e em 1O Tessalon. 5:2 diz que os que não vigiarem “o dia do Senhor virá como um ladrão de noite.” e então o texto de Mateus 24:19 e 20 “Ai das que estiverem grávidas, e das que amamentam naqueles dias, orai para que a vossa fuga não suceda no inverno e nem no sábado.”
Portanto, estejamos atentos, estudando mais e mais a Bíblia, para que saibamos qual é o sinal de Deus, e qual o momento para agir como fizeram os seus seguidores diante da destruição de Jerusalém, e nós diante da destruição deste mundo.
Vigiar e orar, estar atento, e orarmos para que estejamos preparados para os solenes acontecimentos finais, lembrando sempre que temos um céu a ganhar e um inferno a evitar.
Duas aplicações do verso citado na pergunta; uma para a época, a destruição de Jerusalém, e outra para os nossos dias, quando Jesus irá retornar a este mundo para retribuir a cada um segundo as suas obras. Preparemo-nos, e estudemos mais a Bíblia, para que ao se cumprirem os seus sinais, saibamos interpretá-los à luz de Sua Palavra, e que no devido tempo, sejamos poupados da terrível ira dos ímpios e de seu castigo.