11 CRISTO – O PRINCÍPIO DA CRIAÇÃO DE DEUS – APOC. 3: 14

PRETENCIOSAS TESTEMUNHA JEOVA TEMAS



"Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus." 


As Testemunhas de Jeová gostam de citar a palavra princípio, usada em João 1:1 e Apoc. 3:14, porque crêem que a palavra significando começo, prova que Cristo teve um início, pois foi a primeira criação de Deus. 


Para uma melhor compreensão do assunto seria bom saber qual a palavra grega que foi traduzida por "princípio" e o seu significado nessa língua. A palavra é αρχηϖ - arquê, e as seguintes autoridades no grego do Novo Testamento nos esclarecem de seus vários sentidos: 


The Analytical Greek Lexicon 


O Novo Testamento usa a palavra princípio (arquê) desta maneira: 

Um princípio  - Mat. 24:8; 

Extremo         - Atos 10: 11; 

Autoridade     - Luc. 20:20; 

Eminência      - Judas 6; 

Dignidade       - Judas 6;

Principado      - Efésios 3:10


A Greek English Lexicon de Arndt and Gingrich define arquê como: começo, a primeira causa, governador, autoridade, domínio na esfera da influência. 

Theological Dictionary of the New Testament - começo, poder, força, autoridade. 

Dicionário Grego - Português e Português - Grego de Isidro Pereira: princípio, ordem, fundamento, poder, autoridade, magistratura, império, reino. 


W. E. Nelson - Los Testigos de Jehová, pág. 69 e 70 diz: Esta palavra é usada pelo menos com três diferentes sentidos: 

1º) No sentido temporal - princípio, começo, origem - Lucas 1:2; Mar. 1:1; I João 1:1; 

2º) No sentido de posição - príncipe, autoridade, governante, primazia. É empregada com referência a pessoas que ocupam lugares de importância e autoridade. Luc. 12:11; Tito 3:1; 

3º) No sentido de origem - originador, iniciador, primeira causa. Josefo em seu livro Contra Apion diz que Deus é o "arquê" de todas as coisas. O Evangelho de Nicodemos declara que o diabo é o "arquê" da morte. 

No estudo de palavras sempre se deve levar em consideração que na maioria das vezes elas não apresentam um único significado, Laudelino Freire em seu Grande e Novíssimo Dicionário da Língua Portuguesa, no verbete - "princípio" terceira acepção afirma: "causa primeira, razão, base". De acordo com esta declaração "a testemunha fiel (Cristo)" é a causa primeira de toda a Criação. 

Sabemos que o Filho de Deus é o Criador dos céus e da Terra, segundo Gênesis 1:1, Col. 1:16-17; S. João 1:1-3, 14; Heb. 1:2. Por isso Deus o Pai o chama de Deus eterno (Heb. 1:8). Cristo foi o Principal Criador do universo, e o Espírito Santo o seu colaborador, na presença do Pai (Gên. 1:26, 27; Isa. 34:4; Jó 33:16; 26:13 ). 

Vincent em seu notável Word Studies in the New Testament, Vol. II, pã9ina 469, comentando Apoc. 3: 14 diz que "arquê" naquela passagem significa o iniciador, o Autor. 

Em Heb. 12:2 - está: "Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé". Encontra-se no grego a forma "arquegon" derivada de "arquê" que é traduzida para o português por autor, com muita propriedade. 

Na Septuaginta "arquê" é usada com freqüência para domínio, poder, posição de poder, posição de liderança, líder, capitão, chefe, como comprovam as seguintes passagens - Gên. 40:13, 20; 1 Crônicas 26:10; Neemias 9:17 etc. 

Radiografia do Jeovismo - nos ensina na página 48 que houve tempo em que os russelitas queriam explicar a frase "o princípio da criação de Deus" como se Cristo dissesse de si mesmo, "que foi criado por Deus", mas encontrando um sério óbice no artigo "tou" antes da palavra Deus recuaram deste processo exegético. Para ser criação por Deus precisaria aparecer a preposição υποϖ - hipó, que com o genitivo significa - sob a influência de, por. No grego esta citação de Apoc. 3:14 aparece assim: 

h  arch thv ktisewv tou yeou

he arque  tes   ktiseos     tu   Theou. 

Isto significa de Deus e nunca por Deus, que exigiria como já vimos a preposição hipó. 

A. T. Robertson, uma das maiores autoridades em grego explica Apoc. 3:14 assim: "Não a primeira das criaturas como afirmavam os arianos, e os unitários defendem no presente, mas a fonte originadora da criação, por meio de quem Deus opera". Word Pictures in the New Testament, Vol. VI, página 321. 

As Testemunhas de Jeová, no intuito de negarem a Eternidade de Jesus, proclamam que a palavra "arquê" sempre tem sentido temporal. 

Vincent , na obra já citada, ao comentar João 1:1 tem estas judiciosas palavras: "Se no princípio o Logos já era, então Ele pertence à ordem da eternidade". 

Explicações exegéticas, que não se coadunam com as verdades bíblicas, não subsistem porque não passam de edifícios construídos sobre artifícios humanos. 

A monumental obra Theological Dictionary of the New Testament, Vol. I, página 484, analisando as expressões: "Princípio e o Fim", "Alfa e Ômega" aplicadas a Cristo, sentencia: "Assim em Apocalipse, aquele que se assenta sobre o trono, ou Cristo, é um ser que é pré-temporal e pós-temporal, a quem a categoria do tempo não se aplica. 

Para provar a fragilidade da argumentação jeovista de que a palavra princípio se refira a um começo ou criação para Cristo, basta lembrar que em Apoc. 21:6 Deus afirma que Ele é o principio e o fim. A arma usada em defesa da sua tese volta-se contra eles por não saberem manejá-la com discernimento espiritual. Lucas em Atos 26:23 afirma que Cristo foi o primeiro da ressurreição dos mortos e Paulo em Col. 1:18 designa a Cristo como o princípio dentre os mortos, isto é, o principal dentre os mortos. Nem Paulo, nem Lucas estão dizendo que ele foi o primeiro dos que morreram, pois isto seria um erro – o primeiro a morrer foi Abel. Nem foi ele o primeiro a ressuscitar pois as Escrituras nos informam de várias ressurreições anteriores como o filho da sunamita (II Reis 4:36); o filho da viúva de Naim (Luc. 7: 11-15), a filha de Jairo (Luc. 8: 51 e 55) e Lázaro (S. João 11:44). Com este vocábulo, juntamente com "a cabeça" e o "primogênito" Paulo deseja destacar a sua preeminência. 

Cristo é o principal na criação dentre a trindade (façamos), (Apoc. 3: 14) porque Ele é: "Acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo o nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro". Efésios 1:21. 

Diante das autoridades aqui apresentadas e considerando que o mesmo livro de Apocalipse, capítulo 5 verso 13 apresenta a Cristo não como uma parte da criação, mas como aquele que deve ser adorado por todos os seres criados, concluindo-se que "arquê", em Apoc. 3:14, pode ser traduzida por origem, autor. Chamar a Cristo de "O Autor da Criação de Deus" atende perfeitamente à Analogia da Fé e aos princípios exegéticos, pois segundo outras passagens Ele é o originador da criação – S. João 1:3; Col. 1:16. 

A palavra arquê empregada por João em Apoc. 3:14, traduzida para o português por princípio expressa a mesma idéia contida em Col. 1:15 e 16, significando que Cristo é a origem ou a fonte principal da criação de Deus. A palavra arcanjo, outra forma cognata, encerra também a idéia de posição e autoridade e nos confirma que a declaração Joanina só pode significar primazia em poder, supremacia, ser investido de autoridade, etc. 

Muitas das traduções bíblicas, bastante conhecidas, expressam com fidelidade a idéia do original. 

Weymouth: O Princípio e o Senhor da Criação de Deus. 

Fenton: O iniciador da criação de Deus. 

A Bíblia na Linguagem de Hoje: A origem de tudo o que Deus criou. 

Siríaca: O dirigente da criação de Deus. 

Knoy: A fonte de que se originou a criação de Deus. 


CONCLUSÃO


Creio ser bem adequada para o fecho de nosso trabalho a sintética declaração do insigne helenista Dr. Kenneth S. Wuest, encontrada no precioso livro Jóias do Novo Testamento Grego, edição de 1966, p. 80: 

"O vocábulo princípio tem dois sentidos no grego, o primeiro de uma série e o originador de alguma coisa. Nosso Senhor foi o originador do Universo criado, pelo fato de haver sido Seu Criador". 


ÍNDICE DE TEMAS - Pretensões Jeovistas