ÍNDICE DE TEMAS - Pretensões Jeovistas
Esta frase encontra-se 4 vezes na Bíblia, sendo a primeira no Salmo 2:7 e as outras três no Novo Testamento.
Uma análise do segundo Salmo nos mostrará exatamente a sua significação. O conhecimento histórico do tempo nos ajudará para a sua perfeita compreensão. Este nos indica que as nações estavam conspirando contra o ungido do Senhor.
Sabemos ainda pela História que quando um rei sucedia a outro era tempo para inquietação, mal-estar e revolta.
Para uma melhor compreensão da frase: "Tu és meu filho, eu hoje te gerei" é muito útil observar bem o contexto, especialmente o verso 6 do Salmo 2. A tradução em várias versões é muito significativa para nós.
A nossa tradução da Almeida Revista e Atualizada apresenta: "Eu, porém constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião".
Na Septuaginta os versos 6 e 7 foram assim traduzidos: "Mas tenho sido feito rei por Ele sobre Sião, Seu Santo monte, declarando a ordenação do Senhor: o Senhor disse para Mim: Tu és Meu Filho, hoje Te gerei."
Em grego o verso 6 está assim:
εγω δε κα τεσταϖθην Βασιλευv υπ! αυτου∼∼ επι Ειων οροv τοαγιον αυτου∼∼.
A tradução de Donay consigna: "Eu porém, sou designado rei por Ele sobre Sião, Sua santa montanha, pregando Seu mandamento".
Este Salmo tem sido chamado o canto da unção do Senhor pois há nele referências à unção de Davi como rei de Israel, e o propósito de Deus de exaltar a Cristo como rei de todas as coisas. Ver The Treasury of Davis, de Spurgeon, vol. I, pág. 16.
O verso 6 nos diz que Deus ungiu a Davi rei sobre Israel.
No verso 7 diz o salmista: "Declarei a ordenança do Senhor: o Senhor disse para mim, tu és meu filho eu hoje te gerei."
Para os escritores judeus: Hoje eu tenho gerado significava hoje tu tens sido ungido rei.
"A expressão 'Hoje te gerei' pode somente significar: Neste dia eu declaro e manifesto que és meu filho, por investir-te com dignidade real e colocar-te sobre o trono".
The Book of Psalms, vol. I, pág. 117 de J. J. Stewart Perowne.
Um comentário judaico declara o seguinte sobre o Salmo 2:7: "Eu hoje Te gerei". Isto quer dizer "neste dia foste ungido Rei ".
Salomão I. Freehof, Commentary on the Psalms, pág. 4.
Afirma outro comentarista judeu:
"Eu hoje Te gerei deve ser interpretado em sentido figurado. No dia de Sua entronização, o Rei foi gerado por Deus como Seu servo para dirigir os destinos de Seu povo. Quando o trono foi prometido a Salomão, Deus fez a asseveração: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por filho (II Samuel 7:14).
A Cohen, The Psalms (Londres: Soucino Press, 1945.
A Bíblia usa esta expressão figurada: no dia da entronização do rei ele era gerado por Deus. A prova de que se refere a coroação é que esta mesma afirmativa é aplicada pele profeta Natã à entronização do rei Salomão sobre Israel. II Sam. 7: 14. "Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho". Esta mesma expressão é usada para Cristo em Hebreus 1:5.
Esta citação do Salmo 2:7 é aplicada a Cristo três vezes no Novo Testamento, ou seja em Heb. 1:5; 5:5; e Atos 13:33.
Nos dez primeiros versos de Hebreus o autor apresenta sete declarações do Velho Testamento para confirmarem os seus argumentos de que o Filho de Deus é superior aos anjos. Ele jamais disse aos anjos: Tu és meu filho, eu hoje te gerei. São os anjos filhos de Deus? Alguns citam Jó 1:6; 2:1; 38:7 como evidências de que as Escrituras chamam os anjos de filhos de Deus. São filhos porque são criaturas suas, mas, a nenhuma deles cabe a expressão - Tu és meu filho no sentido que lhe foi dado em Atos 13:33; Hebreus 1:5; 5:5.
Hebreus 1:5 está contestando a declaração de alguns que Cristo é um anjo elevado a sua mais alta posição. Ver SDABC sobre este versículo.
F.F. Bruce em The Book of The Acts, (o Livro de Atos), pág. 276, comentando Atos 13:33 tem esta oportuna observação: "O dia da unção do rei no antigo Israel tornava-se o dia em que ele como representante do povo nascia para uma nova filiação com Deus".
A QUE ACONTECIMENTO NA VIDA DE CRISTO SE REFERE ESTA FRASE – "TU ÉS MEU FILHO, EU HOJE TE GEREI?"
W. E. Read, pesquisador adventista, bastante notável, em artigo aparecido no Ministério Adventista, Março-Abril, 1965, nas páginas 19-21, assim responde a esta pergunta:
"Em sua aplicação ao Messias esta expressão tem sido debatida através dos séculos. Alguns insistiram em que ela se referia à encarnação de Cristo, outros ao batismo, e ainda outros à Sua ressurreição e um quarto grupo, à Sua entronização como nosso Sacerdote e Rei, após ascender ao Céu".
A aplicação desta frase ao Messias nosso Senhor, evidentemente é múltipla, e bem pode referir-se a vários eventos distintos na vida de Cristo, observemos os seguintes:
1) Aplicação a Sua Encarnação:
'Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei'. Heb. 1:5.
Isto está intimamente relacionado com o verso que segue: "Ao introduzir o Primogênito no mundo". Heb. 1:6.
Estas duas passagens estão aí tão relacionadas que não deixam margem a dúvidas quanto à intenção do escritor da Epístola aos Hebreus. A aplicação dos primeiros versos deste capitulo à encarnação, também é salientada pelos escritos do Espírito de Profecia. Ver Testimonies, Volume 2, pág. 426.
2) Aplicação a Seu Batismo
É verdade que em S. Lucas 3:22 a voz do Céu que proclamou a filiação divina do Messias, disse: 'Tu és o Meu Filho amado em Ti me comprazo'. Mas na Revised Standard Version, inglesa, quanto esta expressão apareça no texto, a nota ao pé da página dá outra tradução: 'Eu hoje Te gerei', a mesma forma que aparece Salmo 2:7.
Evidentemente, há boas razões para esta nota na R.S.V pois aquela expressão se encontra num dos manuscritos gregos, o Codex Bezae, e é citada por Justino Mártir...
3) Aplicação a Sua Ressurreição
A ressurreição ocupa um lugar relevante na mente dos escritores do Novo Testamento, pois a referência no Salmo 2:7 constituía para eles vigorosa profecia da ressurreição de Cristo. Pode-se ver isto no discurso de Paulo, relatado em Atos 13, onde lemos: 'Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: 'Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei'.
E novamente em Rom. 1:3 e 4: 'Com respeito a Seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi, e foi poderosamente demonstrado Filho de Deus, segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos'.
A confirmação do Espírito de Profecia a esta aplicação é vista em Atos dos Apóstolos, pág, 172 e em O Desejado de Todas Nações (3ª ed.), págs. 580 e 581.
4) Aplicação a Sua Investidura
É evidente que nosso Senhor foi 'exaltado' (Atos 2:33) quando ascendeu ao Céu, após Sua gloriosa ressurreição; 'Deus o exaltou sobremaneira (Filip. 2:9); foi exaltado 'acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro' (Efés. 1:21); com efeito, foi coroado de glória e de honra (Heb. 2: 9).
Isto também ê salientado para Ellen G. White no livro O Desejado de Todas as Nações, pág. 834, 835:
"Com inexprimível alegria, governadores, principados e potestades reconhecem a supremacia do Príncipe da Vida. A hoste dos anjos prostra-se perante Ele, ao passo que enche todas as cortes celestiais a alegre aclamação: 'Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças!" Apoc. 5:12 ... O Céu ressoa com altissonantes vozes que proclamam: 'Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre.' Apoc. 5:13."
Há, porém, outro aspecto de Sua investidura que faremos bem em recordar. Isto inclui o tornar-se Ele sumo Sacerdote bem como nosso Rei. Lemos: "Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei; como em outro lugar também diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque." Heb. 5:5 e 6.
Esta aplicação do Salmo 2:7, mencionada acima, é uma clara referência a Seu sacerdócio.
Citamos de Ellen G. White:
"A ascensão de Cristo ao Céu foi, para Seus seguidores, um sinal de que estavam para receber a bênção prometida. Por ela deviam esperar antes de iniciarem a obra que lhes fora ordenada. Ao transpor as portas celestiais, foi Jesus entronizado em meio à adoração dos anjos. Tão logo foi esta cerimônia concluída, o Espírito Santo desceu em ricas torrentes sobre os discípulos, e Cristo foi de fato glorificado com aquela glória que tinha com o Pai desde toda a eternidade. O derramamento pentecostal foi uma comunicação do Céu de que a confirmação do Redentor havia sido feita. De conformidade com Sua promessa, Jesus enviara do Céu o Espírito Santo sobre Seus seguidores, em sinal de que Ele, como Sacerdote e Rei, recebera todo o poder no Céu e na Terra, tornando-Se o Ungido sobre Seu povo." – Atos dos Apóstolos, págs. 38 e 39.
The Book of Psalms, vol. I de J. J. Stewart Perowne, página 117 diz: "São Paulo nos ensina que devemos ver o cumprimento destas palavras na ressurreição de Cristo dentre os mortos. Foi por meio disso que Ele foi declarado ser, em um sentido distinto e peculiar o Filho de Deus.
F.F. Bruce em Commentary on The Epistle to the Hebrews, ao estudar os versos de Heb. 1:5 e 5:5 nos diz que eles se referem à divina aclamação de Cristo como nosso Sumo Sacerdote.
As seguintes idéias colhidas em algum lugar ampliarão nossa compreensão sobre a afirmativa de Davi no Salmo 2:7: Pelo contexto vemos que se refere à coroação de Cristo como Sumo Sacerdote e não ao nascimento físico. Heb. 5:1-10.
Quando no antigo Israel o rei era coroado, naquele dia ele não nascia fisicamente, o que seria um absurdo, mas nascia para um novo concerto com Deus, novos privilégios e responsabilidades. Tu és meu filho, Eu hoje te gerei, Eu te ponho hoje a capacidade de dominar, governar.
Em Heb. 1:5 esta expressão se refere a entronização ou coroação de Cristo depois de sua ressurreição.
A coroação de Cristo se deu por ocasião de sua ascensão, quando Ele foi recebido pelo Pai e seu sacrifício foi aceito, conforme declaração de E. G. White em D.T.N.
Um dos resultados da coroação de Cristo foi o derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes como nos afirma E. G. White no livro Atos dos Apóstolos, cujo trecho já foi citado anteriormente.
Estudando a teologia paulina concluiremos que em nenhum aspecto ela se contradiz. Se o mesmo Paulo em várias de suas Epístolas enfatiza que Cristo é Deus – como poderia mais adiante declarar ser Cristo um ser gerado, uma criatura.
Paulo está aqui usando uma passagem do V.T. dando-lhe porém um novo colorido, uma nova aplicação.
Estudando atentamente o contexto do Salmo 2 compreenderemos em que sentido o salmista está empregando a declaração do verso 7, passagem utilizada por Paulo não para descrever uma geração física, natural, mas simbólica e espiritual. Nos versos anteriores, Paulo mostra as qualificações de Cristo como rei, e neste texto reporta-se à experiência mais destacada na vida terrestre de Cristo, a sua ressurreição, pois se esta não fosse na realidade, as nossas esperanças seriam vãs.
Após a ressurreição Cristo foi ao Pai para receber a certeza da aceitação do Seu sacrifício e ser ungido por Deus, como Rei e Senhor dos Senhores no grande evento da redenção. Cristo foi ungido o nosso sumo sacerdote, foi gerado por Deus na economia divina para ser o nosso advogado, sumo sacerdote e grande rei.
No livro A Symposium on Biblical Hermeneutics (Um Simpósio sobre Interpretações Bíblicas) o capítulo - Princípios de Interpretação Bíblica de Gerhard F. Hasel, página 190, assim comenta esta expressão:
"O pleno significado e o sentido mais profundo duma passagem da Escritura seque geralmente a característica da homogeneidade. O escritor de Hebreus cita a frase, "Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei (Heb. 1:5). Embora estas palavras do Sal. 2:7 tivessem sido usadas nas cerimônias de entronização dos reis de Judá da dinastia davídica (ver II Sam. 7:14), elas se referem especialmente ao Rei ideal futuro que pode ser visto mais claramente quando nos baseamos nos escritos da Carta aos Hebreus.
"O pleno significado messiânico e o sentido mais profundo desta passagem foram desvendados por revelações inspiradas posteriores. Novamente temos aqui uma homogeneidade entre as palavras do salmista e o seu cumprimento em Jesus Cristo. Embora não tenha havido, nunca, um tempo em que o Pai não pudesse dizer para Jesus, "Tu és Meu Filho", veio o dia, isto é, o "hoje" do Sal. 2:7 quando, pela ressurreição na humanidade glorificada, Jesus Cristo foi gerado para um status que nunca tivera antes (Atos 13:33; Rom. 8:29)".
CONCLUSÃO
A frase – "Tu és meu filho, hoje te gerei", do Salmo 2:7, refere-se a coroação de Davi como rei de Israel e aplicada a Cristo em Atos 13:33 e Heb. 1:5; 5: 5 tanto pode referir-se à encarnação, batismo, ressurreição como entronizado como ao ser nosso Sumo Sacerdote e Rei como foi visto.
A conclusão inelutável a que se chega da afirmativa do Sal. 2:7 é que Davi está falando da relação que existe entre o rei terrestre e o rei celeste – Cristo – quando eles são entronizados e jamais do nascimento físico.
Todos os comentaristas provam que não há referências ao nascimento físico, a um começo no tempo, mas à coroação, ou em outras palavras, ao momento preciso, exato de sua exaltação.
Deve-se ter ainda em mente que a carta aos Hebreus é dirigida ao povo judeu para quem esta expressão - "Tu és meu Filho, hoje te gerei", era fácil de ser compreendida por ser familiar a eles.
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