14 SIGNIFICADO DE "TU ÉS MEU FILHO, HOJE TE GEREI?" HEB. 1:5

ÍNDICE DE TEMAS - Pretensões Jeovistas 

PRETENCIOSAS TESTEMUNHA JEOVA TEMAS



Esta frase encontra-se 4 vezes na Bíblia, sendo a primeira no Salmo 2:7 e as outras três no Novo Testamento. 


Uma análise do segundo Salmo nos mostrará exatamente a sua significação. O conhecimento histórico do tempo nos ajudará para a sua perfeita compreensão. Este nos indica que as nações estavam conspirando contra o ungido do Senhor. 


Sabemos ainda pela História que quando um rei sucedia a outro era tempo para inquietação, mal-estar e revolta. 


Para uma melhor compreensão da frase: "Tu és meu filho, eu hoje te gerei" é muito útil observar bem o contexto, especialmente o verso 6 do Salmo 2. A tradução em várias versões é muito significativa para nós. 

A nossa tradução da Almeida Revista e Atualizada apresenta: "Eu, porém constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião". 

Na Septuaginta os versos 6 e 7 foram assim traduzidos: "Mas tenho sido feito rei por Ele sobre Sião, Seu Santo monte, declarando a ordenação do Senhor: o Senhor disse para Mim: Tu és Meu Filho, hoje Te gerei." 

Em grego o verso 6 está assim: 

εγω δε κα τεσταϖθην Βασιλευv υπ! αυτου∼∼ επι Ειων οροv τοαγιον αυτου∼∼.

A tradução de Donay consigna: "Eu porém, sou designado rei por Ele sobre Sião, Sua santa montanha, pregando Seu mandamento". 

Este Salmo tem sido chamado o canto da unção do Senhor pois há nele referências à unção de Davi como rei de Israel, e o propósito de Deus de exaltar a Cristo como rei de todas as coisas. Ver The Treasury of Davis, de Spurgeon, vol. I, pág. 16. 

O verso 6 nos diz que Deus ungiu a Davi rei sobre Israel. 

No verso 7 diz o salmista: "Declarei a ordenança do Senhor: o Senhor disse para mim, tu és meu filho eu hoje te gerei." 

Para os escritores judeus: Hoje eu tenho gerado significava hoje tu tens sido ungido rei. 

"A expressão 'Hoje te gerei' pode somente significar: Neste dia eu declaro e manifesto que és meu filho, por investir-te com dignidade real e colocar-te sobre o trono". 

The Book of Psalms, vol. I, pág. 117 de J. J. Stewart Perowne. 


Um comentário judaico declara o seguinte sobre o Salmo 2:7: "Eu hoje Te gerei". Isto quer dizer "neste dia foste ungido Rei ". 

Salomão I. Freehof, Commentary on the Psalms, pág. 4. 


Afirma outro comentarista judeu: 

"Eu hoje Te gerei deve ser interpretado em sentido figurado. No dia de Sua entronização, o Rei foi gerado por Deus como Seu servo para dirigir os destinos de Seu povo. Quando o trono foi prometido a Salomão, Deus fez a asseveração: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por filho (II Samuel 7:14). 

A Cohen, The Psalms (Londres: Soucino Press, 1945. 


A Bíblia usa esta expressão figurada: no dia da entronização do rei ele era gerado por Deus. A prova de que se refere a coroação é que esta mesma afirmativa é aplicada pele profeta Natã à entronização do rei Salomão sobre Israel. II Sam. 7: 14. "Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho". Esta mesma expressão é usada para Cristo em Hebreus 1:5. 

Esta citação do Salmo 2:7 é aplicada a Cristo três vezes no Novo Testamento, ou seja em Heb. 1:5; 5:5; e Atos 13:33. 

Nos dez primeiros versos de Hebreus o autor apresenta sete declarações do Velho Testamento para confirmarem os seus argumentos de que o Filho de Deus é superior aos anjos. Ele jamais disse aos anjos: Tu és meu filho, eu hoje te gerei. São os anjos filhos de Deus? Alguns citam Jó 1:6; 2:1; 38:7 como evidências de que as Escrituras chamam os anjos de filhos de Deus. São filhos porque são criaturas suas, mas, a nenhuma deles cabe a expressão - Tu és meu filho no sentido que lhe foi dado em Atos 13:33; Hebreus 1:5; 5:5. 

Hebreus 1:5 está contestando a declaração de alguns que Cristo é um anjo elevado a sua mais alta posição. Ver SDABC sobre este versículo. 

F.F. Bruce em The Book of The Acts, (o Livro de Atos), pág. 276, comentando Atos 13:33 tem esta oportuna observação: "O dia da unção do rei no antigo Israel tornava-se o dia em que ele como representante do povo nascia para uma nova filiação com Deus". 


A QUE ACONTECIMENTO NA VIDA DE CRISTO SE REFERE ESTA FRASE – "TU ÉS MEU FILHO, EU HOJE TE GEREI?"


W. E. Read, pesquisador adventista, bastante notável, em artigo aparecido no Ministério Adventista, Março-Abril, 1965, nas páginas 19-21, assim responde a esta pergunta: 

"Em sua aplicação ao Messias esta expressão tem sido debatida através dos séculos. Alguns insistiram em que ela se referia à encarnação de Cristo, outros ao batismo, e ainda outros à Sua ressurreição e um quarto grupo, à Sua entronização como nosso Sacerdote e Rei, após ascender ao Céu". 

A aplicação desta frase ao Messias nosso Senhor, evidentemente é múltipla, e bem pode referir-se a vários eventos distintos na vida de Cristo, observemos os seguintes: 

1) Aplicação a Sua Encarnação: 

'Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei'. Heb. 1:5. 

Isto está intimamente relacionado com o verso que segue: "Ao introduzir o Primogênito no mundo". Heb. 1:6. 

Estas duas passagens estão aí tão relacionadas que não deixam margem a dúvidas quanto à intenção do escritor da Epístola aos Hebreus. A aplicação dos primeiros versos deste capitulo à encarnação, também é salientada pelos escritos do Espírito de Profecia. Ver Testimonies, Volume 2, pág. 426. 

2) Aplicação a Seu Batismo 

É verdade que em S. Lucas 3:22 a voz do Céu que proclamou a filiação divina do Messias, disse: 'Tu és o Meu Filho amado em Ti me comprazo'. Mas na Revised Standard Version, inglesa, quanto esta expressão apareça no texto, a nota ao pé da página dá outra tradução: 'Eu hoje Te gerei', a mesma forma que aparece Salmo 2:7. 

Evidentemente, há boas razões para esta nota na R.S.V pois aquela expressão se encontra num dos manuscritos gregos, o Codex Bezae, e é citada por Justino Mártir... 

3) Aplicação a Sua Ressurreição 

A ressurreição ocupa um lugar relevante na mente dos escritores do Novo Testamento, pois a referência no Salmo 2:7 constituía para eles vigorosa profecia da ressurreição de Cristo. Pode-se ver isto no discurso de Paulo, relatado em Atos 13, onde lemos: 'Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: 'Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei'. 

E novamente em Rom. 1:3 e 4: 'Com respeito a Seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi, e foi poderosamente demonstrado Filho de Deus, segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos'. 

A confirmação do Espírito de Profecia a esta aplicação é vista em Atos dos Apóstolos, pág, 172 e em O Desejado de Todas Nações (3ª ed.), págs. 580 e 581. 

4) Aplicação a Sua Investidura 

É evidente que nosso Senhor foi 'exaltado' (Atos 2:33) quando ascendeu ao Céu, após Sua gloriosa ressurreição; 'Deus o exaltou sobremaneira (Filip. 2:9); foi exaltado 'acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro' (Efés. 1:21); com efeito, foi coroado de glória e de honra (Heb. 2: 9). 

Isto também ê salientado para Ellen G. White no livro O Desejado de Todas as Nações, pág. 834, 835: 

"Com inexprimível alegria, governadores, principados e potestades reconhecem a supremacia do Príncipe da Vida. A hoste dos anjos prostra-se perante Ele, ao passo que enche todas as cortes celestiais a alegre aclamação: 'Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças!" Apoc. 5:12 ... O Céu ressoa com altissonantes vozes que proclamam: 'Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre.' Apoc. 5:13." 

Há, porém, outro aspecto de Sua investidura que faremos bem em recordar. Isto inclui o tornar-se Ele sumo Sacerdote bem como nosso Rei. Lemos: "Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei; como em outro lugar também diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque." Heb. 5:5 e 6. 

Esta aplicação do Salmo 2:7, mencionada acima, é uma clara referência a Seu sacerdócio. 

Citamos de Ellen G. White: 

"A ascensão de Cristo ao Céu foi, para Seus seguidores, um sinal de que estavam para receber a bênção prometida. Por ela deviam esperar antes de iniciarem a obra que lhes fora ordenada. Ao transpor as portas celestiais, foi Jesus entronizado em meio à adoração dos anjos. Tão logo foi esta cerimônia concluída, o Espírito Santo desceu em ricas torrentes sobre os discípulos, e Cristo foi de fato glorificado com aquela glória que tinha com o Pai desde toda a eternidade. O derramamento pentecostal foi uma comunicação do Céu de que a confirmação do Redentor havia sido feita. De conformidade com Sua promessa, Jesus enviara do Céu o Espírito Santo sobre Seus seguidores, em sinal de que Ele, como Sacerdote e Rei, recebera todo o poder no Céu e na Terra, tornando-Se o Ungido sobre Seu povo." – Atos dos Apóstolos, págs. 38 e 39. 

The Book of Psalms, vol. I de J. J. Stewart Perowne, página 117 diz: "São Paulo nos ensina que devemos ver o cumprimento destas palavras na ressurreição de Cristo dentre os mortos. Foi por meio disso que Ele foi declarado ser, em um sentido distinto e peculiar o Filho de Deus. 

F.F. Bruce em Commentary on The Epistle to the Hebrews, ao estudar os versos de Heb. 1:5 e 5:5 nos diz que eles se referem à divina aclamação de Cristo como nosso Sumo Sacerdote. 

As seguintes idéias colhidas em algum lugar ampliarão nossa compreensão sobre a afirmativa de Davi no Salmo 2:7: Pelo contexto vemos que se refere à coroação de Cristo como Sumo Sacerdote e não ao nascimento físico. Heb. 5:1-10. 

Quando no antigo Israel o rei era coroado, naquele dia ele não nascia fisicamente, o que seria um absurdo, mas nascia para um novo concerto com Deus, novos privilégios e responsabilidades. Tu és meu filho, Eu hoje te gerei, Eu te ponho hoje a capacidade de dominar, governar. 

Em Heb. 1:5 esta expressão se refere a entronização ou coroação de Cristo depois de sua ressurreição. 

A coroação de Cristo se deu por ocasião de sua ascensão, quando Ele foi recebido pelo Pai e seu sacrifício foi aceito, conforme declaração de E. G. White em D.T.N. 

Um dos resultados da coroação de Cristo foi o derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes como nos afirma E. G. White no livro Atos dos Apóstolos, cujo trecho já foi citado anteriormente. 

Estudando a teologia paulina concluiremos que em nenhum aspecto ela se contradiz. Se o mesmo Paulo em várias de suas Epístolas enfatiza que Cristo é Deus – como poderia mais adiante declarar ser Cristo um ser gerado, uma criatura. 

Paulo está aqui usando uma passagem do V.T. dando-lhe porém um novo colorido, uma nova aplicação. 

Estudando atentamente o contexto do Salmo 2 compreenderemos em que sentido o salmista está empregando a declaração do verso 7, passagem utilizada por Paulo não para descrever uma geração física, natural, mas simbólica e espiritual. Nos versos anteriores, Paulo mostra as qualificações de Cristo como rei, e neste texto reporta-se à experiência mais destacada na vida terrestre de Cristo, a sua ressurreição, pois se esta não fosse na realidade, as nossas esperanças seriam vãs. 

Após a ressurreição Cristo foi ao Pai para receber a certeza da aceitação do Seu sacrifício e ser ungido por Deus, como Rei e Senhor dos Senhores no grande evento da redenção. Cristo foi ungido o nosso sumo sacerdote, foi gerado por Deus na economia divina para ser o nosso advogado, sumo sacerdote e grande rei. 

No livro A Symposium on Biblical Hermeneutics (Um Simpósio sobre Interpretações Bíblicas) o capítulo - Princípios de Interpretação Bíblica de Gerhard F. Hasel, página 190, assim comenta esta expressão: 

"O pleno significado e o sentido mais profundo duma passagem da Escritura seque geralmente a característica da homogeneidade. O escritor de Hebreus cita a frase, "Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei (Heb. 1:5). Embora estas palavras do Sal. 2:7 tivessem sido usadas nas cerimônias de entronização dos reis de Judá da dinastia davídica (ver II Sam. 7:14), elas se referem especialmente ao Rei ideal futuro que pode ser visto mais claramente quando nos baseamos nos escritos da Carta aos Hebreus. 

"O pleno significado messiânico e o sentido mais profundo desta passagem foram desvendados por revelações inspiradas posteriores. Novamente temos aqui uma homogeneidade entre as palavras do salmista e o seu cumprimento em Jesus Cristo. Embora não tenha havido, nunca, um tempo em que o Pai não pudesse dizer para Jesus, "Tu és Meu Filho", veio o dia, isto é, o "hoje" do Sal. 2:7 quando, pela ressurreição na humanidade glorificada, Jesus Cristo foi gerado para um status que nunca tivera antes (Atos 13:33; Rom. 8:29)". 



CONCLUSÃO


A frase – "Tu és meu filho, hoje te gerei", do Salmo 2:7, refere-se a coroação de Davi como rei de Israel e aplicada a Cristo em Atos 13:33 e Heb. 1:5; 5: 5 tanto pode referir-se à encarnação, batismo, ressurreição como entronizado como ao ser nosso Sumo Sacerdote e Rei como foi visto. 

A conclusão inelutável a que se chega da afirmativa do Sal. 2:7 é que Davi está falando da relação que existe entre o rei terrestre e o rei celeste – Cristo – quando eles são entronizados e jamais do nascimento físico. 

Todos os comentaristas provam que não há referências ao nascimento físico, a um começo no tempo, mas à coroação, ou em outras palavras, ao momento preciso, exato de sua exaltação. 

Deve-se ter ainda em mente que a carta aos Hebreus é dirigida ao povo judeu para quem esta expressão - "Tu és meu Filho, hoje te gerei", era fácil de ser compreendida por ser familiar a eles. 


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