Na língua original em que o Velho Testamento foi escrito, o hebraico, a palavra 'sheol' que significa um lugar escuro, côncavo, subterrâneo é empregado com referencia à habitação dos mortos em geral, sem distinção entre bons e maus.
E é esta palavra 'sheol' que tem sido traduzida por sepultura ou inferno. Portanto inferno é, de acordo com o Velho Testamento, o lugar de trevas e silêncio e não de tormento e fogo.
Um bom exemplo do emprego da palavra 'sheol' como sepultura, aparece em Gên. 37:35; 42:38, onde Jacó desejava descer ao 'sheol' (inferno) quando morresse, onde esperava encontrar-se com seu filho José, supostamente morto por algum animal selvagem.
O justo Jó quando enfermo, igualmente desejava descer ao 'sheol' (inferno) para ali obter descanso de seu sofrimento (Jó 14:13; 17:15-16). O profeta Jonas relatando sua experiência quando no ventre do peixe, afirma ter estado no 'sheol' (inferno) Jonas 2:2.
No Novo Testamento, a palavra grega para inferno é "hades" e representa o mundo inferior, a sepultura, a morte. Um bom exemplo do emprego da palavra 'hades' (inferno) aparece quando Cristo morreu. Ele foi sepultado (hades). Na ressurreição Sua alma deixou a sepultura. At. 2:23, 31, ver Sal. 16:1.
E estes santos e o próprio Cristo estiveram no inferno, ou ansiaram por ele, o inferno não pode significar um lugar de tormento eterno. Então como passou a ter este significado?
Entre as lendas da mitologia greco-romanas, estava a de que o inferno era o reino de Plutão (ver Eneida, de Virgílio), por isso inferno, em latim, a língua dos romanos, significa inferior, que vai para baixo. Tanto esta idéia, bem como a do purgatório são estranhas ao contexto bíblico. Purgatório vem da mesma mitologia grego-romana e assim como aconteceu ao inferno, o purgatório foi oficialmente reconhecido pela Igreja Católica Romana durante o pontificado de Gregório I (530-604) que inclusive precisou o local do purgatório como sendo próximo ao vulcão Etna.
Uma vez que a idéia de inferno tal qual é hoje concebida é uma crendice inventada pelo homem, seria bom sabermos o que a Bíblia fala sobre a sorte final dos ímpios.
A destruição dos ímpios se dará no final da história do homem. Em II Pedro 3:7,10-13, lemos que os ímpios após o juízo serão destruídos pelo fogo, mas a seguir aparecerá um novo céu e uma nova terra. Em Apoc. 20:9, diz que fogo descerá dos céus e os consumirá, o que contradiz a idéia de um lugar no centro da terra queimando, pelo contrário, em
Prov. 10:25, Sal. 37:10,11,20,34 e 38, afirmam que os ímpios desaparecerão totalmente da terra. Mal. 4:1,3 afirma que se farão cinzas. E Apoc. 21:4, vemos que após a destruição dos ímpios já não haverá mais dor."
Na realidade, a grande recompensa dos ímpios, segundo a Bíblia, é que "não terão a vida" (João 3:36) o que significa, eterna perdição (ll Tess. 1:9). Por outro lado, um inferno conforme se crê hoje, não se coaduna com o caráter de um Deus que é amor (I João 4:8), é justiça e misericórdia. Por isso, a destruição dos ímpios é chamada nas Escrituras de 'ato estranho de Deus." Isa. 28:21