19 Como era o dom de Línguas na Igreja de Corinto?

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Quando o apóstolo Paulo escreveu sua primeira epístola para a igreja de Corinto, esta se encontrava em desordem geral. Falar em línguas foi causando desordem nos cultos e dividindo a igreja em dois grupos, isto é, aqueles que se achavam superiores, tendo o dom de falar em línguas, e aqueles sem este dom.


Culturalmente Corinto era uma cidade multinacional, devido à sua importância comercial. Havia romanos, gregos, egípcios, sírios, judeus e povos de muitos outros países e territórios, vivendo ali. Portanto, Corinto era um grande centro político e comercial, lugar de reuniões de todas as camadas sociais da época.


Com seu movimentado porto marítimo, era parada quase que obrigatória dos que seguiam do Ocidente para o Oriente e vice-versa. Assim a cidade fervilhava de forasteiros, comerciantes, soldados e marinheiros. 


Nesta cidade culta e cosmopolita, estava situada uma poderosa e influente igreja cristã, dotada de todos os dons espirituais.  I Cor. 1:7


Deus concedeu o dom de línguas aos cristãos coríntios afim de que eles pudessem anunciar o evangelho aos estrangeiros que por ali passavam. 


1- Que espécie de dom de línguas foi dado à igreja de Corinto?

a) Foi o de línguas estrangeiras, ou idioma das nações.

b) A Bíblia ou o apóstolo Paulo não diz que o dom de línguas em Corinto era diferente do dom de línguas do Pentecostes.

c) Logo então, o dom de línguas em Corinto era igual ao dom concedido no Pentecostes.

d) O dom de línguas referido em toda a Bíblia é um só e o mesmo: 'língua das nações'


2- Qual a diferença entre o dom de línguas no Pentecostes e em Corinto?

a) A diferença do dom não está na espécie de línguas, mas sim, nas circunstâncias fornecidas pelos ouvintes.

b) Em Jerusalém havia milhares de estrangeiros que entendiam o que os apóstolos falavam. Já na igreja de Corinto, havia poucos ou às vezes ninguém (dependendo do idioma) que conhecesse o idioma falado pelo portador do dom, a não ser que entrassem homens doutos ou pessoas de fala estrangeira.


3- Que problema na manifestação de línguas em Corinto Paulo procurou

corrigir?

a) O problema todo em Corinto é que havia uma exaltação exagerada do dom

de língua, considerando-o o maior dom.


b) Quer houvesse ouvintes estrangeiros ou não, falava-se em outras línguas e

sem que a mesma fosse traduzida. (I Cor. 14:13,27-28) Imaginemos uma igreja repleta de fiéis e de repente todos ao mesmo tempo começassem a falar línguas desconhecidas ou estrangeiras. Entretanto, todos os presentes são brasileiros, não tendo entre eles naquele instante, nenhum estrangeiro que necessitasse ser evangelizado na sua própria língua.


Então perguntamos: que valor teria tal discurso em um idioma desconhecido a todos os presentes?


Isso só contribuiria para alarmar a todos os que a cena presenciassem, imaginando-os estarem loucos (I Cor. 14: 23). Fatalmente tal igreja é contrária ao ensino bíblico que proíbe a gritaria nos cultos (Ef. 4:31), recomenda a ordem e decência (I Cor. 14;40) e apela para a reverência (Heb. 12:28).


c) O dom de línguas em Corinto tomou-se uma exibição sem amor, pois seu possuidor era tido como um cristão superior aos demais crentes.


d) Os cristãos de Corinto erradamente tomaram o dom de línguas uma prova da

verdadeira espiritualidade (I Cor. 12:25)


e) Paulo não estava proibindo o genuíno dom de línguas, ou seja, idiomas estrangeiros, mas sim, estava regulamentando ou disciplinando o uso incorreto ou o abuso de um dom legítimo do Espírito, de forma ilegítima. (I Cor. 14:39-40)


f) A palavra indouto usada em 1 Cor. 14:16, prova que as línguas faladas em Corinto eram idiomas estrangeiros, pois, se os indoutos não entendem, então os doutos, ou os instruídos e versados em muitas línguas, as compreendem.


Logo então, as línguas faladas em Corinto eram línguas das nações, pois se fossem dos anjos, estáticas ou ininteligíveis, Paulo não mencionaria os 'indoutos'. Por outro lado, as línguas, sinal para os infiéis como foi no Pentecostes, como poderia ser um sinal para infiéis, se no mundo ninguém entende, só Deus?


O significado da expressão 'ninguém entende' se refere ao fato de não haver tradutor (I Cor. 14: 2), portanto Paulo manda que fique em silêncio (Cor. 14:28).


E não poderia ser diferente, pois em Isa. 33:18 se fala de 'um povo cruel de língua estranha que não se pode entender.


Ora, sabemos que a língua estranha que não se pode entender referida nesta profecia, trata-se do idioma das nações: Assíria e Babilônia. 

Paulo, portanto, não estava estabelecendo uma moderna igreja pentecostal.


A falta de ordem lá era diferente, pois se operava o verdadeiro dom de línguas de povos ou nações, e não as modernas imitações.


Paulo não encorajou o uso do dom de línguas em público, a não ser com a presença de um intérprete. (I Cor. 14: 12, 13, 37)


Caso alguém quisesse falar língua estrangeira na igreja de Corinto e não fosse traduzida por ele ou por outro, para que tanto os presentes como o que falava entendessem, o mesmo deveria ficar calado, e apenas meditando e orando silenciosamente a Deus.


Notamos que Deus quer que os ouvintes entendam, pois o dom é para pregar e falar aos homens (v. 21).