Na tradução de Almeida, Edição Revista e Atualizada no Brasil, se encontra: "E, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo."
Antes do estudo exegético dos problemas implicados com esta passagem é útil o estudo da palavra glória no original grego.
GLÓRIA - δοϖξα
Em geral representa o termo hebraico kabodh, que tem por raiz a de "peso" ou "dignidade".
O termo hebraico passou a significar estima, honra, admiração, brilho. Como em português kabodh pode designar os atributos ou características que produzem estima, admiração. É usado no Velho Testamento a respeito de homens, para descrever a sua riqueza, esplendor ou reputação.
A glória de Israel não consistia em seus exércitos, mas em Yahweh (Jer. 2:11).
A Septuaginta traduz o hebraico kabodh pelo termo grego δοϖξα, que no grego clássico significava "opinião" ou "reputação". A primeira dessas idéias desapareceu totalmente tanto na LXX como no Novo Testamento.
Achada já em Homero e Heródoto, esta palavra tem fora do grego bíblico uma significação básica que reflete sua ligação com δοϖχεϖω - dokéo, isto é, o que alguém pensa, opinião. Ela toma duas formas:
1º.) Eu penso - a opinião que eu tenho.
2º.) Eu calculo - a opinião que os outros têm de mim.
Thomas Whitelaw em The Gospel of St. John comentando a palavra δοϖξα afirma: "parece ser diferente do hebraico kabodh que aponta para a impressão produzida pela majestade de Deus, enquanto doxa descreve o inefável esplendor ou beleza da natureza divina".
Em várias passagens a palavra significa esplendor que irradia de um ser celestial (Luc. 9:32; Atos 22:11); fama e honra (João 7:18; 8:50; II Cor. 6:8); beleza, excelência, grandeza (Mat. 4:8).
Seu emprego principal serve para descrever a revelação do caráter e da presença de Deus na Pessoa e na obra de Jesus Cristo Este é o resplendor da glória divina. Heb. 1:3.
Cristo refletia a glória divina, mas nenhum tabernáculo precisava ser erigido, visto que a palavra de Deus havia armado tenda na carne humana de Jesus (S. João 1:14) e sua glória será mais plenamente revelada por ocasião da sua parusia (aparecimento).
A glória de Deus, refletida em Jesus Cristo, também deve ser vista e refletida pela Igreja (II Cor. 4:3-6). O objetivo da Igreja é fazer o que está ao seu alcance para que o mundo reconheça a glória que pertence a Deus (Rom. 15:9), a qual é exibida em seus feitos (Atos 4:21), em seus discípulos (I Cor. 6:20) e, acima de tudo, em seu filho, o Senhor da glória (Rom. 16:27).
Esta palavra é difícil de ser traduzida porque ela pode designar todos os atributos da divindade.
Não há em português nenhuma palavra que lhe corresponda.
A melhor explicação para o real significado deste verso foi feita por Walter R. Martin ao analisar os desmandos doutrinários da seita.
Cristo ora ao Pai, pedindo-lhe para retornar à glória que tivera anteriormente. Foi esta oração atendida? Sim. Paulo em Filipenses 2:9 nos cientifica da resposta positiva a esta oração - "Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome."
Esta passagem da Escritura colocada ao lado de Isaías 42: 8 e 48:11 prova quem é Cristo, dando-nos um testemunho inequívoco da Sua divindade. Em Isa. 42:8 e 48:11 Deus declara peremptoriamente que a Sua glória, que é inerente à Sua pessoa, não poderia ser dada a nenhuma outra pessoa que não fosse divina. Não existem argumentos entre as Testemunhas de Jeová, que possam combater a verdade revelada nestas passagens da Bíblia.
A declaração de Cristo em João 17:5 revela que ele seria glorificado com a glória do Pai e que esta glória não lhe era novo, deste que afirma que ele a possuía com (grego pará) o Pai.
As Escrituras apresentam, pelo menos quatro exemplos onde Cristo manifestou Sua glória, revelando Seu poder e divindade.
1º) No Monte da Transfiguração – Mat. 17:2;
2º) No Getsêmani ao identificar-se com o "Eu Sou" de Êxo. 3:14 João 18:6;
3º) Em sua oração sacerdotal - João 17:22;
4º) Na execução de muitos trabalhos do Seu ministério terrestre - João 1:14
Cristo nunca deixou de ser Deus durante a Sua encarnação.
Um membro deste movimento, ao ser entrevistado, numa tentativa para escapar das evidentes declarações da divindade de Cristo, revelados neste texto, voltou ao surrado chavão da Sociedade , isto é, torcer o texto bíblico, e afirmou que a palavra "com" (grego pará) em João 17: 5, realmente significa "através", e portanto esta glória não é uma prova da divindade de Cristo, porque ela pertence a Jeová e está meramente brilhando através do filho.
Esta afirmação é totalmente descabida diante da gramática grega.
As preposições gregas regem ou determinam os casos em que devem estar as palavras que se lhe seguem. Elas podem reger um, dois ou três casos. A preposição "pará" está entre as que regem três casos, isto é, genitivo, dativo e acusativo, tendo um significado diferente em cada um dos casos. Em João 17:5 ela está regendo o dativo e o dicionário de Arndt and Gingrich, apresenta nestas circunstâncias os seguintes significados: Com, junto de, ao lado de, perto. Outros dicionários e gramáticas confirmam estas acepções.
Se João quisesse dar a idéia de através ele teria usado a preposição grega διαϖ - "diá" e não παραϖ - "pará".
Esta glória era uma eterna herança do Filho, portanto, João quando pelo Espírito Santo, deliberadamente escolheu a preposição "pará" = com, de preferência a "dia" = através, ele apresentou um argumento que não pode ser contestado pelos mais astutos jeovistas. Graças a Deus pela exegese correta, feita por pessoas competentes, que jamais se confunde com a deturpada, empreendida por incipientes e insipientes conhecedores dos princípios hermenêuticos e da Gramática Grega.
Jesus reclamou a mesma glória do Pai e desde que Jeová afirma que a Sua glória (Isaías 42:8) não seria dada a um outro, a unidade de substância entre Ele e Cristo é inegável. Eles são um em todas as suas maravilhosas implicações e embora não possamos entender totalmente este mistério, alegremente o aceitamos, e assim fazendo permaneceremos fiéis à Palavra de Deus.
Este versículo poderia ser colocado assim: "Pai, tendo eu terminado a minha obra aqui na terra, peço-te que me restituas ao gozo daquela glória inefável, que eu, como membro da Trindade, tinha contigo, antes da criação."
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