A seita muito conhecida, mas também muito controvertida, denominada "Testemunhas de Jeová", teve sua origem em 1870, quando seu fundador, Carlos Taze Russell organizou uma classe bíblica em Pittsburgh, no estado da Pensilvânia – América do Norte. Esta classe o elegeu em 1876 Pastor do grupo.
Não existem relatórios uniformes e harmoniosos concernentes a este movimento religioso, e seus adeptos desconhecem o fato, de que o grupo tenha uma história. Se perguntarmos a um Testemunha de Jeová como e quando teve origem o movimento, ele dirá que há 60 séculos. Abel foi a primeira Testemunha de Jeová, depois Enoque, Noé, Abraão, Moisés, Elias, Jeremias, João Batista.
Embora sejam muito conhecidos pelo nome Testemunhas de Jeová, diversos outros nomes já os identificaram, como: Aurora do Milênio, Russelitas, Povo Bíblico da Torre de Vigia, Estudantes Internacionais da Bíblia, Rutherfordistas.
Ultimamente têm adotado um outro nome: Sociedade do Novo Mundo. Em 1931, numa reunião, no Estado de Ohio, Rutherford propôs que a organização não usasse o nome de nenhum homem em seu título oficial, surgindo assim a denominação de "As Testemunhas de Jeová".
Este movimento religioso se difundiu de maneira bastante acentuada: em1880 foi aberta uma sucursal na Inglaterra para a difusão de publicações. Mais ou menos em 1888, suas doutrinas eram anunciadas na Inglaterra, China, África, Índia, Turquia e Haiti. De acordo com Walter R. Martin, no livro The Kingdom of the Cults, página 35: "Na década de 1942 a 1952 seu número de membros dobrou na América do Norte, multiplicou-se quinze vezes na América do Sul, doze vezes nas ilhas do Atlântico, cinco vezes na Ásia, sete vezes na Europa e África e seis vezes nas ilhas do Pacífico".
As Testemunhas de Jeová eram dirigidas por uma junta formada do Presidente – Russell, de um vice-presidente, um secretário-tesoureiro e mais três pessoas.
Em 1908 a sede do movimento foi transferida para o Brooklyn, Nova Iorque, com personalidade jurídica, sob o nome de Associação do Púlpito do Povo. A junta, no entanto, era apenas uma estrutura formal e legal, pois Russell tinha todo o controle e autoridade. Russell continuou ensinando e dirigindo a igreja que estabelecera, até o dia de sua morte em 31 de outubro de 1916.
Problemas surgiram ao ser substituído na presidência da junta por Rutherford, pois vários elementos de proa, por discordarem do nome escolhido se afastaram do movimento.
Após a liderança de Rutherford por 26 anos (faleceu em 1942), torna-se seu diretor Knorr.
Arnaldo B. Christianini, com sucintas palavras, em Radiografia do Jeovismo, página 104, segunda Edição Refundida e Ampliada, caracterizou bem a liderança de cada uma destas três personalidades:
"Russell possuía imaginação fertilíssima, e elaborou muitos esquemas proféticos que culminavam em datas definidas para certos eventos bíblico-históricos. Alguns foram retificados, e outros abandonados totalmente. Rutherford era menos imaginoso, porém mais culto e sagaz, timbrava em modernizar as teorias russelitas. Knorr pouca coisa acrescentou às bases doutrinárias da seita, e seu empenho é mais no sentido de arranjar bases científicas ou fundamento nas línguas bíblicas originais para o jeovismo."
QUAIS OS PONTOS FUNDAMENTAIS DE SUA CRENÇA?
A mais sistemática exposição de suas doutrinas é encontrada na série de sete volumes Estudos nas Escrituras. Os exemplares dessa obra eram vendidos por pouco dinheiro e oferecidos gratuitamente a quem não os pudesse comprar.
A frase que melhor pode sintetizar suas convicções religiosas seria esta: caracterizam-se por negarem as doutrinas fundamentais ensinadas na Bíblia.
Desprezando os princípios mais rudimentares da hermenêutica e da exegese, explicam, a seu modo, passagens bíblicas, adulterando os ensinos de Cristo.
Orgulham-se de poderem declarar que têm conseguido, com êxito, a resposta definitiva para todos os problemas religiosos importantes.
Russell com sua imaginação fértil e poderosa, mas transtornada por idéias heréticas arquitetou novas doutrinas e para comprová-las compulsava as páginas bíblicas, procurando passagens, que fora do contexto se adaptassem as suas idéias. Com este método destruiu a fé naquelas doutrinas, que foram entregues aos santos, substituindo-as por novas doutrinas não embasadas pelas Escrituras.
Seus ensinos são evidentes distorções dos claros ensinos da Palavra de Deus. Seus líderes ao fazerem suas declarações doutrinárias, ignoraram a séria advertência do apóstolo Paulo, em Gálatas 1:8-9 contra o pregar algum outro evangelho.
A afirmação que se segue vem provar de maneira inelutável a pretensão de seus líderes e sua atitude para com a Bíblia. Em artigo apresentado na revista de sua denominação – O Atalaia, de 15 setembro de 1910, Russell faz a seguinte declaração:
"Os seis tomos dos Estudos nas Escrituras, constituem praticamente a Bíblia mesma. Não se pode ver o plano divino, estudando a Bíblia por si só. Encontramos que se alguém põe de lado os Estudos, mesmo depois de familiarizar-se com eles ... e se dirige unicamente à Bíblia, dentro de dois anos ele se volve às trevas. Ao contrário, se lê os Estudos nas Escrituras com suas citações e não tem lido nem uma página da Bíblia, no final de dois anos ele estará na luz".
Desta afirmação, bastante trágica e ousada, se conclui que Russell não crê no valor da leitura da Bíblia sem a lente russelita, ou para entendê-la a pessoa precisa ser iluminada pelos Estudos nas Escrituras. Se assim fosse estas passagens bíblicas perderiam toda a sua significação: Salmo l19:130; S. João 5:39; II Timóteo 3:15-17. É uma ousada pretensão alguém, que afirma crer na Bíblia, declarar que é melhor negligenciar as Escrituras do que os seus próprios escritos. Se Russell tivesse lido atentamente as palavras de Paulo em Col. 2:18 e I Tim. 6:3-5 jamais teria feito estas afirmações.
Sempre se interessaram por temas escatológicos. São useiros e vezeiro s em marcarem datas para a segunda vinda de Cristo. Seus livros falam em 1874, 1878, 1914, 1925 e 1975. O juiz Rutherford escreveu no livro Milhões dos que Agora Vivem Jamais Morrerão, página 89: "Podemos confiantemente esperar que 1925, marcará o retorno de Abraão, Isaque e Jacó e outros fiéis do passado". Com esta crença Rutherford construiu uma casa em San Diego, na Califórnia, para hospedar estes príncipes quando ressuscitados. A casa recebeu o nome de "Beth-Sarim", que significa "Casa dos Príncipes" em hebraico. Os príncipes até hoje, ainda não retornaram.
Sendo que nada de anormal houve nestas datas preestabelecidas, eles se justificam com a seguinte evasiva: Cristo já veio de maneira invisível, iniciando seu Reino Teocrático. Por pertencerem ao Reino Teocrático não podem pertencer ao reino deste mundo, por isso são contra os governos estabelecidos, que na sua opinião são sempre maus.
Chamam as leis e os governos terrestres de organizações do demônio. Dizendo-se embaixadores e súditos de Jeová não podem ser súditos de governos terrestres. Recusam-se a prestar homenagem à bandeira. Negam-se a defender a Pátria, mesmo que ela seja atacada por inimigos externos.
Esta idéia é antibíblica desde que Paulo em Rom. 13:1-7 nos ensina que os governos terrestres são estabelecidos por Deus em nosso benefício. O próprio Cristo sentenciou: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus." Mat. 22:21.
São unitaristas – não crêem que Jesus Cristo seja Deus. Suas idéias sobre Cristo são sempre inconseqüentes. Atanásio em seus escritos fazia uma pergunta aos seguidores de Ário e esta mesma pode ser feita aos russelitas, como modernos defensores da heresia ariana. Os arianos em vez de perguntarem por que Cristo, que é Deus, se fez homem; perguntam: Porque sendo ele homem se fez Deus? Negam a encarnação de Cristo.
Notem bem estas duas afirmações heréticas:
"Do ponto de vista das Escrituras, a doutrina da encarnação de Jesus é errônea". – A Harpa de Deus, pág. 101. De modo idêntico negam a obra expiatória de Cristo. "Uma vida irrepreensível poderia redimir somente outra vida contaminada, porém, nada mais". – Russell, Estudos nas Escrituras, série I, pág. 133.
Para eles a salvação não depende do caráter, da conduta moral, mas da aceitação da verdade.
Não crêem na ressurreição corporal de Cristo, mas sim que ele ressuscitou como um espírito. Defendem esta crença citando passagens da Bíblia como I Pedro 3:18; João 20:14-16.
Quando citamos Lucas 24: 36-43 eles dizem que Jesus fez um milagre "materializando-se". Outra passagem que os contradiz é João 20:27.
São irreconciliáveis inimigos da doutrina da Trindade.
Interpretando mal certas passagens bíblicas, como Gên. 9:4; Lev. 3:17; 7:27; 17:10, 11, 14; 19:26; Atos 15:20, 29; 21:25, que aconselham a não comer a carne com o seu sangue, ensinam os seus seguidores a não permitirem a transfusão de sangue.
No artigo: "A Santidade do Sangue", publicado na revista "A Torre de Vigia" (em inglês), no dia 10 de julho de 1945, Knorr ensinou que a transfusão de sangue era uma violação do Concerto de Jeová. Problemas sérios se têm levantado com as autoridades médicas e civis por esta atitude fanática e antibíblica. A Bíblia nada diz sobre transfusão de sangue, processo não praticado naquele tempo.
Negam a criação do mundo em seis dias, defendendo a tese de que o nosso mundo foi criado em 42.000 anos, ou seja em seis dias de 7 mil anos cada um. Suas explicações sibilinas para esta conclusão se encontram no livro Seja Deus Verdadeiro, páginas174 e 175.
Afirmam a seguir: se Deus precisou de tantas "gerações" para criar esta terra; não há necessidade de guardar nenhum dia até o milênio.
No início do movimento observavam três cerimônias "importantes", a saber: o batismo, a ceia do Senhor e o domingo (A Torre de Vigia, março de 1896). Posteriormente negligenciaram o domingo, considerando-o como qualquer outro dia de trabalho. Batizam por imersão, durante as convenções, porém, permitem a aspersão para as pessoas muito idosas ou inválidas.
Sempre tiveram ódio às escolas dominicais, tachando-as "uma coisa do passado" e "ferramenta do diabo".
Condenam todas as religiões como inimigas de Deus, chamando-as de organizações de Satanás.
Não cantam em suas reuniões, exceção feita em uma convenção internacional.
A princípio eram intransigentes quanto à temperança – condenando o fumo e as bebidas alcoólicas – mas hoje afirmam alguns, deixaram de ser tão estritos.
Quanto ao regime alimentar Russell propôs que os crentes não se preocupassem com estes assuntos. Em 1939 Rutherford afirmou que todos os alimentos são "limpos religiosamente" e acrescentou: "Não vejo razão alguma para alguém afirmar que o presunto e o toucinho sejam imundos".
Outra característica sui-generis da seita é o desprezo pela educação de seus jovens. Russell em Estudos nas Escrituras, série 4, página 450 declarou: "Se cada homem fosse um graduando de algum colégio, as condições seriam muito piores do que são atualmente. A educação não é para as massas".
Sustentam que o Armagedom bíblico é a batalha que dentro em breve será ganha pelas Testemunhas de Jeová, ajudadas por Deus contra as religiões organizadas, os poderes políticos e comerciais.
Diante de suas atitudes e doutrinas esdrúxulas alguém afirmou: este povo maldiz de tudo e de todos e por todos é maldito. Como cristãos devemos tratá-los com amor e pedir a Deus que se apiade dos que forem sinceros.
As Testemunhas de Jeová, geralmente, em sua interpretação da Bíblia não fazem exegese (explicação correta), mas eisegesis (extrair um sentido não explícito) dos textos.
Nada melhor para concluir este capítulo do que as palavras de Walter R. Martin: "As Testemunhas de Jeová abandonaram praticamente cada doutrina cardial da Bíblia para seguir os desvios doutrinários de Charles Russell e J. F. Rutherford. As Escrituras Sagradas nos mostram que o Russelismo é uma armadilha da qual somente Jesus Cristo nos pode livrar." – The Kingdom of the Cults, página 46.
Dos escritos de Walter R. Martin e do Artigo "As Testemunhas de Jeová" de Maria Lebedoff, publicado em "O Pregador Adventista", Julho-Agosto de 1948, colhemos os principais subsídios para a elaboração deste capítulo.
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