Por E. B. Price - Pastor da Divisão Australasiana
Faz exatamente seis anos que tive a alegria de ver a primeira família de Testemunhas de Jeová, com quem trabalhei, deixar aquela seita e aceitar a mensagem do Advento.
Embora esta família tivesse estado ligada às Testemunhas por mais de dezoito anos e ainda tenha parentes naquela organização, é hoje uma família de leais adventistas do sétimo dia, e trabalham ativamente na difusão da mensagem para este tempo.
A partir dessa ocasião, tenho visto muitas outras excelentes famílias, quer membros daquele movimento ou prestes a o serem, deixarem os ensinos das Testemunhas e se unirem a nós.
Muitos, sinceros pesquisadores da verdade, ao lhes serem apresentadas com simplicidade e clareza as verdades bíblicas que nós, como um povo, temos o privilégio de conhecer, alegre e prontamente aceitam nossa mensagem.
Estou convicto de que todos nós nos deveríamos interessar mais nos processos de enfrentar com eficiência os ensinos das Testemunhas de Jeová, com a nossa maravilhosa mensagem, e se o fizermos veremos muitos mais aceitarem a luz do Evangelho.
Tratando com os membros desta igreja, devemos empregar bastante gráficos e auxílios visuais. Costumam eles espiritualizar muito certos ensinos da Bíblia, por isso torna-se necessário ajudá-los a compreender como os textos simples das Escrituras devem ser tomados literalmente.
A apresentação da segunda vinda de Cristo, o milênio, a destruição dos ímpios, a Cidade Santa e a Nova Terra, em especial, precisam ser descritos visualmente para ajudá-los a formarem a concepção mental destas verdades.
Possuo diagramas que pintei, os quais reputo da mais alta valia; contudo uma disposição em fileira e em seqüência de boas 1lustrações, ampliadas de nossas publicações, apresentando, passo por passo, desde os sinais dos últimos dias até a Nova Terra, pode ser usada com os melhores resultados.
Selecione poucos textos simples e diretos sobre cada assunto de seus estudos, e faça com que a pessoa os leia da própria Bíblia, e a seguir ilustre visualmente, com gráficos e chapinhas luminosas o assunto apresentado. Esforce-se por ensinar de começo a fim com a maior clareza e a maior lógica possível, e verificará que as verdades se tornam poderosas sendo aclaradas desta maneira.
Ao apresentar a distinção entre as leis moral e cerimonial e seus aspectos recorte de um papelão ou cartolina grossa um simples rolo e tábuas de pedra para ilustrar como as leis escritas por Moisés foram colocadas ao lado da arca do concerto, ao passo que os mandamentos escritos por Deus sobre pedras foram postos dentro da arca. Conceda que as pessoas manuseiem estes gráficos e ilustrações; isto tornará o assunto uma realidade para elas.
Muito se poderá dizer sobre como apresentar cada aspecto da verdade, mas neste artigo tratarei somente dos ensinos das Testemunhas sobre o segundo advento de Cristo e o Sábado. Pude verificar, por experiência, que os seguintes meios são eficazes.
O SEGUNDO ADVENTO EM 1914
Eis seis razões por que Cristo não podia ter vindo em 1914, como pregam as Testemunhas de Jeová:
Todo o olho não O viu em 1914. (Apoc. 1:7). Não pode ser isso um discernimento espiritual, pois, "todas as tribos da Terra" não têm entendimento espiritual, e contudo elas, as tribos, O verão (S. Mat. 24:30).
Os justos mortos não ressuscitaram em 1914 (1 Tess. 4:16).
Os justos vivos não foram trasladados em 1914 (1 Tess. 4:16).
Os ímpios não foram destruídos em 1914 (II Tes. 2:8; S. Lucas 17:23-30).
O Serviço da comunhão não terminou em 1914 (1 Cor. 11:26). As Testemunhas de Jeová denominam a Santa Ceia de Culto Memorial e o realizam uma vez por ano por ocasião da Páscoa.
Cristo não tomou posse de Seu reino em 1914, porque, isso só teria significado se Sua obra mediadora, como Sumo Sacerdote, terminara e então, a partir desse tempo, ninguém mais podia ser salvo (Heb. 7:24-26).
O SEGUNDO ADVENTO OCORREU EM 1874
O ensino segundo o qual a vinda de Cristo ocorreu em 1914 é relativamente recente, pois desde o início do movimento a Torre de Vigia ensinava que o segundo advento de Cristo ocorreu em 1874. Isto foi ensinado até 1917, embora esta data seja três anos posterior à do segundo advento segundo crêem agora.
Em1917, a Torre de Vigia publicou uma obra póstuma de C. T. Russell, o fundador, intitulada O Mistério Terminado, série 7 de Estudos nas Escrituras, na qual à página 167 aparece a arrojada declaração: "Por ocasião do Segundo Advento, em outubro de 1874".
Um gráfico à página 60 do livro aponta o outono de 1874 como a ocasião do segundo advento do Senhor, e a primavera de 1878 como o tempo da ressurreição. Há, ao todo, nove afirmações incisivas no livro indicando estas datas.
A pergunta que nenhum crente das Testemunhas de Jeová pode responder satisfatoriamente é esta: Por que a Torre de Vigia – se ela é o que pretende ser, o canal da verdade nestes últimos dias – publicou um livro três anos depois da suposta vinda de Cristo em 1914, declarando que Ele veio em 1874?
ENGANO NA DATA DE 1914
A data de 1914 A.D. é apoiada num tempo profético conhecido como "tempos dos gentios", período de 2.520 anos baseados em Dan. 4, quando Nabucodonosor perdeu a razão por um período de "sete tempos". Este tempo profético começou – segundo eles – em 607 A. C. quando, pretendem, Zedequias, o último rei judeu, foi levado cativo pelo rei gentio Nabucodonosor. O fim dos "tempos dos gentios " ocorreu, então, em 1914 A.D, que deve ser o segundo advento de Cristo de acordo com o cálculo deles.
No entanto, ao examinarmos este ensino verificaremos não só estar escrituristicamente errado, como também historicamente.
1. Daniel 4: 25 declara limpidamente que os "sete tempos", período da insânia de Nabucodonosor, começaram quando ele foi segregado da companhia dos homens, passando a habitar com os animais do campo. Este fato não ocorreu em tempo anterior, quando ele se achava no fastígio de suas conquistas.
2. Não há ligação alguma absolutamente entre Daniel 4 e os "tempos dos gentios" – expressão primeiramente empregada na Bíblia por Jesus em S. Lucas 21:24 para descrever a destruição de Jerusalém, no ano 70 A.D. e seu futuro subsequente.
3. Quando Jesus falou dos "tempos dos gentios" falou como estando no futuro, a partir da Sua época, e não recuando-os para 600 A.C.
4. A profecia dos "sete tempos" em Daniel 4 foi toda ela cumprida em Nabucodonosor (Dan. 4:28 e 33). Não poderia ser cumprida mais de 2.500 anos depois.
5. O ponto de partida da profecia está errado em dezenove anos. Zedequias foi levado cativo no ano 586 A.C. e não em 607 A.C, como declaram os livros das Testemunhas de Jeová, incluindo o recente Do Paraíso Perdido ao Paraíso Reconquistado, em inglês, pág. 103. Historiadores antigos e as enciclopédias estabelecem a data de 586 A. C. Contudo, uma versão discutível da Bíblia King James que traz datas, na margem, publicada pela Torre de Vigia, estabelece a data de 588 A.C, para o capítulo 25 do Segundo Livro de Reis. O primeiro versículo deste capítulo registra o cerco final de Jerusalém, o qual demorou dois anos, de modo que isto também concorda com a data de 586 A.C. a data exata do cativeiro de Zedequias. E esta discrepância de dezenove anos conduziria à data de 1933 e não a 1914.
A maioria das Testemunhas de Jeová aceita esta fantasiosa interpretação profética sem uma cuidadosa investigação de sua veracidade, embora seja ela a base de um de seus ensinos essenciais.
O SÁBADO DE 7.000 ANOS
Sustentam a teoria de que cada dia da Criação era um período de 7.000 anos, o que quer dizer que hoje ainda estamos vivendo no sábado de 7.000 anos datando da criação. Desse modo ensina-se que não é necessário guardar um sábado semanal de vinte e quatro horas. Assim as Testemunhas de Jeová não guardam um dia de repouso em nenhum dia da semana.
Estas nove seguintes razões são suficientes para demonstrar que esta esdrúxula teoria não pode ser sustentada pela Bíblia.
1. Gênesis 1 declara que cada dia da Criação se compunha de "tarde e manhã".
2. Se cada dia tivesse a duração de 7.000 anos, o período de escuridão seria de 3.500 anos e nele toda a vegetação teria morrido.
3. A vegetação fora criada no dia anterior à criação sol e não podia ter existido durante 7.000 anos sem a luz solar.
4. A maior parte das plantas e árvores dependem de insetos para sua polinização e fertilização; no entanto os insetos não foram criados até o sexto dia, ou – segundo a absurda contagem das Testemunhas de Jeová – 21.000 anos depois.
5. Adão foi criado no sexto dia e, por conseguinte teria mais de 7.000 anos de idade antes que visse a luz do primeiro sábado.
6. A Bíblia ensina que Deus falou e tudo veio imediatamente à existência. Gênesis 1 emprega continuamente a expressão: "E disse Deus... e assim se fez"; também "por que falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu" (Salmo 33: 9).
7. O quarto mandamento fala dos dias da criação como sendo os mesmos que o sétimo; e o sábado baseia-se no ciclo semanal de dias de vinte e quatro horas.
8. A Bíblia sempre declara que Deus descansou no sétimo dia (Gên. 2:1-3; Êxo. 20:11; 31:17; Heb. 4:4) e em nenhuma vez se emprega os modos descansando ou descansa, como seria o caso se o sábado tivesse 7.000 anos de duração.
9. Em nenhuma parte da Bíblia há menção de que um dia igual a 7.000 anos. Esta suposição não passa de conveniência, fantasia sem nenhum apoio bíblico.
Embora, a princípio, outras diferenças doutrinárias possam avultar no espírito das Testemunhas, verifiquei que as duas doutrinas – a segunda vinda de Cristo e o sábado – formam as chaves mais fortes para abrir as fortalezas dos ensinos dos russelitas.
Deve ser também lembrado que o sistema de doutrinação empregado pelas Testemunhas de Jeová revela recitação entusiasta, e por ela o interessado é levado de um estudo direto da Bíblia para um estudo das publicações e revistas da Torre de Vigia.
Durante um período de meses e mesmo de anos por vezes, estes ensinos são repetidos até que ocorrem no paciente uma espécie de lavagem cerebral. O interessado não apenas aceita os ensinos mas crê que são a verdade bíblica procedente diretamente da Torre de Vigia, a qual se proclama ser o único canal da verdade bíblica nos últimos dias, o "servo fiel e prudente" de S. Mateus 24:45.
Quando isto já ocorreu, então é necessário apresentar pacientemente a verdade bíblica também uma porção de vezes até que uma nova perspectiva possa ser apanhada pelo interessado e a multidão de ensinos errôneos comece a desfazer-se.
Trabalhar com as Testemunhas de Jeová é interessante e desafiante, mas é compensador para aqueles que estiverem sob a influência destes ensinos serem trazidos ao pleno conhecimento da mensagem do Advento. Eles tornam-se ganhadores de almas zelosos e bem sucedidos.
Este artigo, que apareceu no Ministério Adventista, Janeiro-Fevereiro de 1963, páginas 8 a 11 foi para aqui transcrito, porque estudando-o conclui que seria de muita utilidade tanto no trato pessoal com as Testemunhas de Jeová, quanto no conhecimento de alguns aspectos fundamentais de suas doutrinas não defensáveis pela Bíblia.
ÍNDICE DE TEMAS - Pretensões Jeovistas