6 REDENÇÃO DIVINA EM RUTE

SERMOES MORDOMIA IASD



Texto: “Todo o povo que estava na porta, e os anciãos, disseram: Somos testemunhas; o Senhor faça a esta mulher, que entra na tua casa, como a Raquel e como Lia, que ambas edificara  a casa de Israel; e tu Boaz, á-te valorosamente em Efrata, e faze-te bem afamado em Belém.” Rute 4:11.


Objetivo: Explicar o processo Redentor figurado no parente mais chegado no livro de Rute.


Assunto: Redenção.


INTRODUÇÃO


Boaz convidou o outro parente mais chegado  a sentar-se num dos baixos bancos situados perto da porta. Ambos pediram então que Dez anciãos se assentassem com eles. Ao fazer isto, Boaz estava convocando uma reunião do tribunal. Seu objetivo era restabelecer a segurança de Rute e preservar o nome do marido falecido. A audiência decidiria se Boaz ou o outro parente despenharia a parte do parente resgatador.


Muitos casais aprendem a sentir mais plenamente o amor de deus por eles depois do nascimento de seus filhos. Seu amor por seus filhos cresce à medida que eles se desenvolvem. Por mais que os amem, esse amor é, porém, apenas um pálido reflexo do amor de Jesus e o Pai têm por nós. O intenso amor de Boaz e Rute apenas dá uma vaga idéia do amor e esforço infinitamente maiores que Deus aplica em nosso favor.


Assim como todo exemplo de amor paterno ou fraterno aponta para as insondáveis profundezas do amor de nosso Pai celestial e de nosso Noivo e Salvador, a história  da intervenção de Boaz em favor de Rute nos traz à lembrança o incomparável esforço que a justiça celestial está fazendo por nós. O livro de Rute apresenta a história do evangelho em miniatura. A audiência no capítulo 4 é uma representação  que Deus tem em mente para cada um de nós. Numa escala mais ampla e eterna.


I. O PARENTE CHEGADO

Há muitos por menores nesse relato que nos deixam perplexos, embora devam ter sido claros para os primeiros leitores do livro. Não sabemos por que não é dado o nome do parente mais chegado. Alguns têm afirmado que tudo isso visava poupar constrangimentos ao homem e seus descendentes. Outros têm deduzido que isso era um recurso literário para mostrar que seu nome não tinha importância para a mensagem da história. Também não sabemos muito bem como Noemi podia oferecer a terra para venda, porque, normalmente, a viúva não herdava as terras do marido. Talvez a propriedade fosse considerada a propriedade conjunta de seus dois filhos falecidos, Quilion e Malom, ela estivesse defendendo os direitos deles. O livro de Rute não mencionara anteriormente que Noemi tivera algum contato direto com Boaz para dizer-lhe que a terra se achava disponível para resgate.

Tais questões não impedem, porém, que compreendamos o que estava ocorrendo. Boaz ofereceu ao outro a oportunidade de cumprir uma parte muito honrosa e respeitadora na sociedade israelita- o de ser parente resgatador.

O que estamos fazendo com as oportunidades que Deus nos concede para salvarmos a outros, tanto suprindo suas necessidades materiais como transmitindo-lhes a mensagem do evangelho?

“A importância de impedir que a propriedade saísse da família parece estranha para nós, mas a lei determinava que a propriedade de uma família não fosse alienada permanentemente. Se um homem estivesse em dificuldades financeira, ele podia obter dinheiro desfazendo-se de suas terras, isto é, de recomprá-las. Se fosse totalmente incapaz de fazer isso, um de seus parentes podia efetuá-lo. Se nenhum de seus familiares pudese fazer isso para ele, então as terras deviam retornar a seu poder ( no ano jubileu) (Lv 25:28). O princípio básico é exposto nossas palavras : ‘A terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois para mim estrangeiros e peregrinos. Portanto em toda a terra da vossa possessão dareis resgates á terra.’ Lv 25:23 e 24 ... Vemos e firmeza com que isto podia ser defendido na recusa de Nabote para desapossar da herança de meus pais’ ( I Re 2l:3), mesmo para o rei. O direito de uma família sobre suas próprias terras era intransferível. Tudo isto está por trás deste capítulo. Noemi era pobre, e não podia reter suas terras. Constituía, porém, uma solene obrigação da família tomar providências para que as terras não fossem perdidos.”- Leon Morres, Ruth, an Introduction an Commentary, 302.


II. UMA OPORTUNIDADE PERDIDA

“Se o parente mais chegado decidisse comprar a propriedade, era seu direito fazê-lo. Boaz não teria outro recurso... depois de expor os fatos e reconhecer os direitos do parente mais chegado, Boaz revela claramente seu interesse pessoal no assunto. Ele expressa a esperança de que o parente mais chegado não compre a propriedade”. SDABC, vol.2, 442.

Ele podia ter mudado de opinião por diversas razões. A princípio, talvez pensasse na renda das terras seria mais que suficiente para cobrir as despesas de prover a subsistência da viúva Noemi. Então foram apresentados os fatos relacionados com o caso de Rute. “Evidentemente, o homem não tinha filhos que pudessem herdar sua propriedade. Se ele se casasse com Rute, o primeiro filho que ela lhe desse seria considerado descendente do falecido marido de Rute. Assim, tanto o pedaço de terra que ele comprasse de Noemi, como também a própria propriedade do parente resgatador, poderiam passar para os filhos de Rute.” SDABC, vol 2,443.

É fácil condenar o parente chegado não querer resgatar a Rute. No entanto, este talvez não seja o ponto principal. Com toda a probabilidade, o autor desejava que víssemos alguma coisa mais. O parente chegado agiu como uma pessoa sensata e normal . Achou  que resgatador  e Rute resultaria em perda financeira. Sua reação deve ter sido esperada por Boaz. Após a resposta do outro parente, o caráter de Boaz é exposto, ele manifesta cuidado fora do normal. Nesse sentimento ele representa o Redentor por excelência. Jesus sempre buscou a suprema demonstração de amor. Ele arriscou tudo por nós.O amor sempre vai além do que meramente é requerido. Rute manifestava mais amor a Noemi do que o esperado. Agora ela mesma recebeu tal espécie de amor. Vivendo e amando sob a direção de Deus, Rute e Boaz demonstraram o que significa amor com Deus queria que fizessem.


  III-RUTE É RESGATADA ( RUTE 4:7-10)


Nos tempos antigos, a transferência da propriedade era ratificada por um ato simbólico. De acordo com Rute 4:7, era outrora o costume em Israel de confirmar qualquer negócio deste modo: Uma das partes tirava a sandália  e a entregava à outra parte. Esse ato, realizado perante testemunhos significa a desistência de um direito. O principal goel (parente resgatador) de Noemi renunciou dessa maneira o direito da preferência em favor de Boaz (v.8); era tirada a sandália do cunhado que desistia da obrigação moral do levirato (Dt 25:9 e 10); ele era destituído do direito que tinha sobre a viúva de seu irmão. O calçado parece haver servido de instrumento comprobatório nas transferências de terras: Em salmo 60:8; 108:9, a frase “sobre Edom atirarei a minha sandália’ denota tomar posse. Em Nuzer, o vendedor tirava o pé da terra que estava vendendo, e colocava; sobre o pé do comprador. Aqui, também, um par de sapatos ( e um artigo de vestuário) aparece como pagamento fictício para validar certas transações irregulares. Isso pode explicar, em Amós 7:6 e 8:6, o caso do pobre que é vendido ou comprado por um par de sandálias: ele foi desapossado injustamente, ao passo que a extorsão recebeu um manto de legalidade.” Roland de Vaux, Ancient Israel, vol 1 (Nova Iorque: Mcgraw-Hill Book Co.,1965), 169.

Um filho de Rute perpetuaria o nome de seu esposo falecido. Isto era extremamente importante para a mentalidade hebraica. Note que Boaz chama Rute de “a moabita, viúva de Malom (versículo 10). Como estrangeira e viúva, ela pertencia a duas classes das quais Deus recomendara que seu povo cuidasse de modo especial. Em Rute 2:12, Boaz orava por ela dizendo: “O Senhor retribua o teu feito, e seja cumprida a tua recompensa do Senhor Deus de Israel, sob cujas asas vieste buscar refúgio”. Agora essa recompensa e proteção lhe seria provido por intermédio de Boaz. 


CONCLUSÃO


Assim como Boaz, Jesus Se propôs a nos resgatar e a ser nosso Senhor, cabe a nós aceitarmos este “casamento” e desfrutarmos de Sua proteção, alimentos, roupas e tudo mais quanto Ele nos tem a oferecer.