Como bem demonstrou o Prof. Fidelino de Figueiredo no livro A Luta pela Expressão, na página 142, é difícil ou quase impossível ao ser humano nomear a Deus.
Seria interessante o conhecimento da origem do nome Deus. Deus é de origem latina e formado da mesma raiz do sânscrito div, que significa - luz, claridade. O nosso vocábulo cognato dia nos comprova o seu significado.
"Os hebreus antigos, como a maioria dos povos da antigüidade, davam extraordinária importância aos nomes de pessoas e de lugares, emprestando-lhes uma virtude mágica, especialmente aos nomes sagrados. Para os judeus o nome ou nomes de Deus tinham uma significação muito mais profunda do que têm para nós.
"Em vista da natureza absolutamente transcendente, única e infinita de Deus, é evidente que é de todo impossível expressá-la adequadamente, por qualquer nome por mais rico de significado que ele seja. Portanto todos os nomes de Deus devem ser sempre concebidos como apelações imperfeitas, incompletas, analógicas ou metafóricas".
Dicionário Prático, pág. 75. Adicionado à Bíblia Sagrada, Edição Barsa para a Família Católica.
Estudando os nomes da Bíblia, percebemos logo que não são como hoje mera legenda de identificação, mas uma expressão da natureza de seu portador.
Aqui se encontram algumas idéias extraídas do Dicionário Enciclopédico da Bíblia, sob o verbete nome.
"Na concepção de povos antigos e primitivos o nome não é apenas aquilo que caracteriza alguém e o distingue de outros, mas também uma parte essencial de sua pessoa: o que não tem nome não existe (Ecl. 6:10); um homem sem nome é um homem insignificante, desprezível (Jó 30:8). Julgava-se que o nome devia corresponder à essência ou pelo menos a uma qualidade da pessoa (I Sam. 25:25 "ele é o que o seu nome indica"). Essa íntima relação entre o nome e a pessoa explica diversas concepções.
"O nome é como que um sósia da pessoa; onde está o nome, aí está a pessoa (Jer. 14:9 "Estais no nosso meio, o vosso nome foi invocado sobre nós). Por isso nome pode ser equivalente de pessoa (Números 1:2-42; Apoc. 3:5, 12).
"Quando o nome de alguém é pronunciado sobre um objeto, então esse torna-se intimamente ligado à pessoa nomeada, ou torna-se sua propriedade. Se Joabe pronunciasse seu nome sobre a cidade conquistada de Rabá essa lhe pertenceria (II Sam. 12:28) ....
"Quando alguém pronuncia sobre outrem o nome de um ser poderoso, garante-lhe a sua proteção. Quando o sacerdote abençoa, ele 'põe' o nome de Javé sobre o povo, e Javé abençoa realmente (Num. 6:27). O nome de Javé protege contra todo mal (Sal. 20:2; Prov.18:10), sobretudo contra maus espíritos, e é um meio para expulsá-los (confira Luc. 9:49; Atos 19:13). Os judeus posteriores não ousavam mais pronunciar o nome de Deus.
"Quem conhece o nome de alguém tem poder sobre ele e pode obrigá-lo à vontade. Por isso muitos primitivos, e às vezes os espíritos (Gên. 32:20; Juízes 13:6) não revelam seu nome.
"Essa crença na força do nome e sua íntima ligação com a pessoa tem um papel importante na feitiçaria e nas superstições de todos os tempos e povos, e não menos nas religiões politeístas. Nessas últimas é absolutamente necessário conhecer o nome da divindade que se pretende invocar; pronunciar esse nome em voz alta é parte essencial do culto; só desta maneira pode-se atrair a atenção da divindade e receber sua ajuda (confira I Reis 18:26-28). Isso reflete no antigo termo bíblico para o culto de Javé: 'invocar o nome de Javé (Gên. 4:26; 12:8; 13:4 etc.)'."
O termo hebraico mais comum para nome ê "shêm", que também pode ser traduzido por pessoa. A origem deste nome é incerta e obscura. A palavra nome em grego "ónoma", é da mesma raiz da palavra "nus" – mente, inteligência e do verbo "guinosco" – saber, conhecer.
Outro termo usado em hebraico para nome é "zeker" – lembrança, memorial – Salmo 30:4
O nome de uma pessoa no texto bíblico revela seu caráter.
Cada um dos nomes de Jesus ou de Deus salienta um aspecto diferente de seu caráter.
"Os nomes para a Divindade não são meros vocábulos abstratos, antes, expressam a Sua natureza e vários de seus atributos. Discorre sobre o assunto e conclui que a variedade de nomes com que Deus se revela nas Escrituras se explica pela multiplicidade de atributos que enaltecem a Sua pessoa." – Logos Eterno, 11-12.
De acordo com o Comentário Bíblico Adventista: "Os títulos de Deus, como apresentados nas Escrituras, revelam seu caráter e atributos como Deus".
Se os nomes da Divindade revelam o caráter e os atributos das pessoas divinas, logo os títulos de Deus são uma expressão ou revelação de Deus em sua relação pessoal com o homem, através do plano da salvação. Lendo Salmo 9:10 e São João 17:6, 26 conclui-se que conhecer o nome de Deus é conhecer a Deus como Ele se tem revelado.
Aqui se encontra um simples estudo dos nomes para Deus seguindo mais ou menos a ordem de importância, conforme o seu aparecimento na Bíblia.
Não tem sido fácil chegar a um acordo satisfatório de quantos nomes são usados na Bíblia para designar a Deus. Alguns comentaristas mencionam apenas três (Jeová, Eloim e Adonai); outros apresentam sete nomes: três expressando sua relação com a criação (Eloim, El e Adonai); três apresentando os mais importantes aspectos de sua perfeição intrínseca (Shadai, Elyon e Qadosh) e um nome "o mais próprio" de Deus, manifesta a essência divina – Jeová. Acontece que além destes sete se encontram ainda: Baal, Eloah e as formas compostas – El Shadai, El Elyon, El Sur, Jeová Sabaoth (Senhor dos Exércitos).
Deve-se ter em mente que na Bíblia há duas espécies de nomes para Deus: os próprios e os simbólicos ou metafóricos, como (Sur), Rei, Pai, Fogo, Luz, Leão e outros.
NOMES PROPRIOS
JAVÉ ou JEOVÁ
Este é o título mais comum no Velho Testamento para Deus pois aparece segundo os estudiosos 6.823 vezes. Javé é um substantivo derivado da terceira pessoa do singular masculino do verbo ser e significa "Aquele que é" ou "Ente" conforme Êxodo 3:14. Este nome quer dizer - o Ser que com existência própria se revela aos homens.
O SDABC, Vol. I, p. 172 declara a propósito:
"Tem havido grande divergência entre os eruditos a respeito da origem, pronúncia e significado da palavra YHWH. Provavelmente YHWH é uma forma do verbo hebraico 'ser' e neste caso significa 'Eterno' ou 'O que existe por si mesmo'."
Existem muitas sugestões entre os estudiosos sobre a tradução dessa palavra:
Logarde diz que significa "O executor das promessas de Deus".
Kuenen - "Aquele que é a causa de nossa existência – o Criador".
Schrader - "Aquele que dá vida".
S.D.A.B.C. - "O Eterno".
O Journal of Biblical Literature, Dezembro de 1949, páginas 301 a 324 afirma que JHVH, na realidade, é o particípio causativo (Hifil) do verbo hayah (ser) e quer dizer – aquele que sustenta, mantém ou estabelece. Inicialmente a palavra foi usada como um epíteto isto é, como "magno" em Carlos Magno. Jeová Eloim, por isso, quer dizer - Deus, o Sustentador, etc. Mais tarde o sentido original se perdeu e a palavra foi usada apenas como um nome próprio.
Nome sagrado de Deus revelado a Moisés no Monte Horebe (Êxodo 3:13-15) e que em hebraico era escrito com quatro consoantes: o "iode", o "hê", o "vau" e novamente o "hê", conhecidas como YHWH, algumas vezes transliteradas com JHVH.
Nas línguas semitas, inicialmente, só se conheciam as consoantes das palavras; as vogais se deduziam mais ou menos pelo contexto ou eram simplesmente guardadas de memória. Mais tarde quando o hebraico foi deixado de ser língua falada por muitos dos hebreus, fez-se necessária a criação de sinais gráficos também para as vogais. Estes sinais foram criados pelos massoretas, mais ou menos no sexto século e colocados em baixo e em cima das consoantes1 para não haver alteração do texto primitivo.
Quando, porém, foram introduzidas as vogais, já era costume não mais se pronunciar o nome de Deus, Javé, por respeito a tão sagrado e supersticioso escrúpulo de o profanar. Assim, quando na leitura, um judeu o encontrasse, deveria pronunciar Adonai (Meu Senhor). Para lembrar isto ao leitor, foram colocadas as vogais de Adonai nas quatro consoantes de Javé. Jeová é uma forma artificial absurda, que não existiu antes de 1500, porém resultou da leitura das consoantes YHWH com as vogais da palavra Adonai.
Pelo fato de ter quatro letras, YHWH, este nome é conhecido como o tetragramaton ou o tetragrama sagrado.
Alguém mais perspicaz poderá indagar, mas como as vogais a-o-a-i de Adonai apareceram e-o-a em Jeová? Estas alterações se devem às leis fonéticas. O primeiro a é uma vogal brevíssima que com as guturais tem o som de a, mas com as outras consoantes o som de e. O i final só poderia ser colocado com o acréscimo de outra consoante, idéia inadmissível a um judeu.
As Testemunhas de Jeová se arrogam o direito de serem restauradoras do nome de Jeová, nome que segundo elas foi desprezado e alterado pelos "religionistas". Embora seja o mais usado para designar a Divindade, de modo nenhum é o único e exclusivo da Bíblia, como estamos vendo.
Como bem afirmou Arnaldo B. Christianini:
"Se os neo-russelitas pretendem hoje restaurar a pronúncia Jeová estão construindo uma fábula, pois procuram restaurar uma coisa incerta. Se querem restaurar um fato sobre a usança do tetragrama deveriam evitar de pronuncia-lo, substituindo-o pela palavra Senhor, o que se estabeleceu na cristandade. Se pretendem restaurar tão somente o tetragrama então deveriam grafar apenas as consoantes YHVH em suas 'traduções da Bíblia' ficando como uma expressão impronunciável."
Jeová é o nome inefável, o nome por excelência, o nome incomunicável, por isso os judeus, ao escrevê-lo mudavam de pena.
Maimônides diz que todos os nomes de Deus que aparecem nas Escrituras são derivados de suas obras, com exceção de um e este é Jeová.
ELOIM
Este nome se encontra no primeiro capítulo de Gênesis 28 vezes, e em todo o Velho Testamento mais de 2.500.
Alguns críticos têm afirmado que o uso dos nomes Eloim e Javé ou Jeová nos indicam autores diferentes no livro de Gênesis, mas esta afirmação é improcedente. Indubitavelmente alguns escritores preferem usar um nome e outros o outro. Isto é demonstrado por uma comparação dos textos paralelos de Reis e Crônicas. Tomando os livros como eles aparecem, o ponto importante a observar é que os vários nomes de Deus são usados pelos vários escritores sagrados alternadamente, como para mostrar os diversos aspectos do seu caráter e dos seus atributos. Por exemplo, o primeiro capítulo de Gênesis coloca a criação como um ato de poder então a palavra Eloim é sempre usada.
Eloim é plural de Eloah, formado da mesma raiz das palavras poder, habilidade, força, por isso o termo é usado para Deus como o Criador em Gênesis 1:1. Eloim inclui a plenitude da Divindade. "Seu uso no plural tem levado alguns a quererem provar por ele a doutrina da Trindade". SDABC. Segundo outros este plural é chamado "plural de majestade". Sabemos que o plural nas línguas semitas servia como uma espécie de superlativo ou de sinal de intensidade. Por exemplo a palavra céu aparecia sempre na forma plural para designar sua majestade ou extensão. O mesmo acontece com a palavra mar.
ADONAI
O significado principal de Adonai é "Meu Mestre" e é aplicado nas Escrituras tanto aos homens como a Deus. Quando usado para Deus a palavra se refere a Ele como nosso Deus, nosso possuidor legal. (Veja Êxodo 4:10-12).
Outras fontes dizem que significa: governador, o juiz poderoso, aquele a quem todas as coisas estão sujeitas e a quem o homem se sujeita como servo, Deriva-se de "dún" - julgar, governar e se encontra 300 vezes no Velho Testamento.
É basicamente um título honorífico, normalmente usado como um título de cortesia e respeito, dirigindo-se a um superior, como em português – Senhor, Vossa Senhoria, Vossa Majestade. Bastante usado quando alguém se dirigia a um rei (I Samuel 24:8); por uma esposa a seu marido (Gên. 18:12); por uma filha a seu pai (Gên. 31:35); por um escravo a seu senhor (Gên. 24:12).
Algumas vezes ajunta-se com YAVÉ e os dois são traduzidos Senhor Deus (Êxodo 23:17); como também com ELOIM, Senhor Deus (Salmos 35:23).
A forma hebraica é "Adon", mas quando o título se refere a Deus é vocalizada Adonai, como um plural de Majestade, que literalmente seria - Meus Senhores, mas no sentido usual significa "Meu Senhor", sendo ainda traduzido simplesmente por "Senhor".
O título mostra a realidade de que Deus é o dono de cada membro da família humana, e que Ele consequentemente pede irrestrita obediência de todos. É primeiro usado para Deus em Gênesis 15:2, 8 e 18. É raro no Pentateuco e nos livros históricos mas freqüente nos Salmos, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e Amós.
Quando encontramos o título "Senhor dos Senhores", as palavras literalmente significam "Mestre dos Mestres", isto é divino Mestre, o Mestre por excelência.
Há dois princípios inerentes nesta palavra:
1º.) O direito legal que possui o mestre para a obediência do servo (S. João 13:13; S. Mat. 23:10; Luc. 6:46).
2º.) O direito moral do servo de receber direção e conselho do Mestre (Isa. 6:8-11).
EL
Ocorre umas 250 vezes de acordo com as Notas Explicativas da Bíblia Vida Nova, p. 331.
É a mais antiga e mais espalhada designação da divindade entre os povos semitas, encontrando-se em formas várias em praticamente todas as línguas semitas.
Embora sua origem seja incerta, parece estar relacionada com uma raiz primitiva, que significa ser forte. Representa Deus revelando-se em seus atos poderosos na criação. Também significa poder, sentido preservado em expressões idiomáticas, como "as montanhas de El" (montanhas poderosas) Salmos 36:6; 80:10. O El da minha mão é traduzido como o poder da minha mão Gên. 2:29.
Este nome é usado para Deus mais de 200 vezes, com o significado de campeão ou herói do seu povo, como pode ser visto em Isa. 9:5; 10:21; Sal. 36:7.
El era um elemento formativo de antropônimos bastante apreciado pelos povos semitas, como nos provam muitos nomes bíblicos.
Aplicado ao homem, tem o significado de "herói poderoso" como nos indica o nome Nabucodonosor (Ezeq. 31:11).
Ismael – Quem ouve a Deus;
Samuel – Pedido a Deus;
Daniel – Deus é meu juiz;
Ezequiel – Fortalecido por Deus;
Israel – Vencedor - Soldado de Deus;
Rafael – Medicina de Deus.
SHADAI
Derivado de uma raiz que significa "ser violento" ou "empregar a força" comumente é traduzido por "poderoso" ou "onipotente" quase sempre com o artigo (o onipotente) ou combinado com El (De onipotente).
A LXX a traduz pelas palavras yeοϖv – theós, Kuriοϖv – Kírios e παντοχραϖτωρ – pantocrátor, Deus, Senhor e Todo Poderoso. Em 5 passagens nós achamos ιχανοϖv – hicanós que pode ser traduzido por Todo Suficiente. Jerônimo adotou a palavra Onipotente Todo-poderoso, e outras versões têm seguido a sua orientação.
O título Shadai realmente indica a plenitude e riqueza da graça de Deus e relembrava ao leitor hebraico que de Deus provém toda a boa e perfeita dádiva, que Ele nunca se cansa de derramar Suas misericórdias sobre o Seu povo, e que Ele está mais disposto a dar do que eles estão para receber. A palavra está relacionada com a raiz que significa seio, peito e com esta idéia se aproxima da nossa palavra exuberância. Talvez a expressiva palavra abundante deverá comunicar o sentido mais exato. Esta idéia é confirmada verificando-se algumas passagens onde a palavra aparece designando a Deus como abundante doador. A primeira passagem onde ela aparece, Gênesis17:1, El Shadai confirma a declaração anterior. Pode-se ler ainda Gênesis 28:3 e 35:11.
Sua etimologia é incerta, mas existem duas conjecturas a este respeito:
1ª.) Já mencionada acima como proveniente da palavra shad, que se refere ao peito de uma mulher. Há aqui uma linda metáfora, isto é, que Deus se esvazia de sua própria energia, ao cuidar dos seus filhos, da mesma maneira de uma mulher que amamenta o seu filho.
2ª.) Seria proveniente do verbo shadad que significa "ser forte".
ELION
O que é alto, o que é elevado. Deriva-se de um verbo que significa subir, por isso traduz-se por "o altíssimo" ou expressões semelhantes. Designa a Deus como "Alto e Exaltado Senhor".
Elion é um sinônimo para Javé (Deut. 32:8-9; II Sam. 22:14; Salmo 7:17).
Na profecia de Balaão em Num. 24:16 três diferentes palavras hebraicas são usadas para a Divindade: "El", Shadai" e "Elion".
QADOSH
Significa "Santo", aparecendo principalmente nos profetas, especialmente, Isaías, e designa a preeminente santidade e pureza de Deus.
BAAL
Dono, senhor, possuidor – divindade adorada em todas as povoações fenícias e em Canaã. Os cananitas criam que Baal ou os Baalins habitavam em árvores santas, nas fontes, montanhas, rochas, por isso falavam destes locais como Baal; Baal-Peor (Num. 25:3,5; Deut. 4:3); Baal-Hermom (Juízes 3:3). Cada região cultivada possuía seu próprio Baal que, segundo a crença fecundava a terra por meio de suas fontes e a quem como dono divino se devia tributo.
Baal sendo adorado por todas as nações circunvizinhas de Israel, exercia grande atração sobre os israelitas, por isso várias vezes lhe deram um culto ímpio, fazendo com que Deus os castigasse com terríveis flagelos.
Embora seja no Velho Testamento uma designação para deuses pagãos, é também aplicado a Jeová. SDABC - Vol. I página 173.
ELOAH
Forma que quase só aparece em poesia. Tem o mesmo sentido de El.
Acham alguns que esta forma é o vocativo singular do plural Eloim
Aparece 42 vezes no livro de Jó e somente 15 vezes em todo os outros livros do Velho Testamento. A palavra aparece com mais freqüência no período do exílio e após ele.
Tem havido longo debate sobre a etimologia desta palavra. Alguns sustentam que a sua raiz quer dizer "poder" ou "força" e justificam esta atitude com o fato de que ela aparece na sua forma plural em Gênesis 1 na história da criação – a maior evidência d poder de Deus. Outros defendem que a sua raiz significa temor, reverência, pelo fato de existir uma raiz semelhante em árabe. Esta etimologia não é muito aceita pelos estudiosos.
EL SUR
A palavra hebraica "Sur" significa rocha. Este termo é uma figura de retórica tirada do cenário palestino para retratar a permanência e a força divinas (Isa. 32:2). Deus é a Rocha de Israel (II Sam. 23:3; Isa. 30:29), e a Rocha Eterna (Isa. 26:4).
EL SHADAI
Seu significado provavelmente seja - Deus das montanhas, Deus Todo-poderoso. O Comentário Adventista, Vol. I página 171 afirma: "Este título sugere a abundante benignidade de Deus, a generosidade temporal e espiritual com que Deus enriquece Seu povo".
Este vocábulo se refere a Deus como aquele que possui todo o poder no céu e na Terra. El Shadai aparece, apenas nos livros de Gênesis e Jó, ocorrendo neste último 25 vezes.
Há vários nomes próprios na Bíblia contendo Shadai. Núm. 1:6, 12.
SENHOR DOS EXÉRCITOS
A expressão hebraica "Javé Sebaoth" tem levantado sérios problemas na mente dos teólogos quanto a sua exata significação. Literalmente a expressão significa - Deus dos exércitos, levando alguns a concluírem que Ele é o comandante-chefe ou o Deus da guerra. Salmo 24:8 expressa esta idéia: "O Senhor, forte e poderoso, o Senhor, poderoso nas batalhas".
Embora Deus apareça lutando a favor do seu povo – Êxodo 14:14; Deut. 1:30; Jos. 10:11; Salmo 18:14 e em muitas outras passagens, segundo teólogos do Velho Testamento a idéia de Deus como o Deus da guerra é secundária em Israel. A idéia primeira e mais aceitável é que Deus é Senhor e Rei de todo o universo (I Sam. 11:12; Salmo 5:3; 10: 16; 47:3; 74:12 etc.)
Muitas passagens do Velho Testamento poderiam ser citadas para mostrar que "Javé Sebaoth" expressa o poder soberano de Deus sobre a Terra, por exemplo Isaías 37:16.
Este título sugere o total controle e o domínio absoluto de Deus sobre todo o universo - Salmos 24:9, 10; 46:7; 48:8.
Algumas passagens bíblicas nos dão a entender que este é o mais sublime título entre todos os estudados. II Sam. 7:26; Sal. 46:7; 48:8; Zac. 2:9.
Este título é freqüentemente usado nos profetas menores, e com especial referência à majestade de Deus, algumas vezes também com referência ao Seu cuidado com Israel como por exemplo, em II Sam. 7:26; Sal. 46:7; 48:8; Zac. 2:9. Provavelmente o nome deveria indicar para o judeu que Deus era um Ser que tinha muitas agências materiais e espirituais no Seu comando, e que o universo da matéria e o mundo da mente, não foram unicamente criados, mas também ordenados e guiados, por Ele; que "conta o número de estrelas, e chama-as todas pelos seus nomes". (Sal. 147:4; Isa. 40:23).
OUTROS USOS DE JAVÉ
a) Javé Jireh
Abraão chamou o lugar no Monte Moriá, onde ia sacrificar Isaque - Javé Jireh - O Senhor proverá, o Sustentador proverá. Gên. 22:14.
b) Javé Nissi
Moisés denominou o altar construído para relembrar a vitória sobre Amaleque de Javé Nissi - o Senhor é minha bandeira, isto é, o Sustentador da minha bandeira. Êxo. 17:1.
c) Javé Shalom
Nome dado por Gideão ao altar construído em Ofra para relembrar a ordem divina para atacar os midianitas. O Senhor é paz, ou aquele que sustenta a minha pa2. Ju12es 6: 23-24.
d) Javé Tsidkenu
Jeremias aplica este titulo simbólico ao Messias - Jer. 23:6
"O Senhor, Justiça Nossa", isto é o mantenedor da nossa justiça.
Temos aqui um excelente texto para provar a doutrina da justificação pela fé no Velho Testamento.
e) Javé Shamá
Ezequiel fecha o seu livro com uma chave de ouro, declarando que o nome de Jerusalém, após a sua restauração seria – O Senhor está ali. Ezeq. 48:35.
O Senhor está presente. Boa sugestão para um sermão ou sermonete de casamento. Veja SDABC. Vol. IV p. 739.
EL OLAM
Este é outro título para Deus, com o significado de Deus Eterno.
PAI
Já era usado para Deus no Velho Testamento, como nos mostram Isaías 63:16; 64:8 e Malaquias 1:6; 2:10, mas apenas no Novo Testamento adquiriu seu pleno significado, tornando-se nome próprio, de Deus.
O nome hebraico "Pai" - "Ab" aparece em muitos nomes bíblicos:
Abimeleque - O Rei (Divino) é meu Pai
Abigail - Pai da alegria
Absalão - Pai da Paz
Abner - Pai da luz
Acabe - O irmão é Pai
Abraão - Etimologia incerta, talvez - O Pai é exaltado.
REI
No antigo mundo semítico era comum a prática de dirigir-se a divindade como Rei. Deus é apresentado como Rei de Israel (Juízes 8:23). No Salmo 24 o Senhor é adorado como Rei da Glória. Em Isaías 6:5 Jeová é o Rei por excelência.
Há ainda outras expressões figuradas que identificam a Deus:
O Ancião de Dias - Dan. 7:9,13, 22
O Primeiro e o Último - Isaías 44:6; 48:12
O Deus Vivo - para contrastar com outros deuses. I Sam. 17:26; Jer. 10:10
Como afirmou Sabatini Lalli: "Os nomes de Deus no Velho Testamento não são meros vocábulos abstratos, mas expressam a Sua natureza e vários de Seus atributos. Cada nome com que Deus se dá a conhecer no decurso da Revelação tem um significado".
Logos Eterno, pág. 27.
Vincent em Word Studies in the New Testament, Vol. I p, 150 tem o seguinte comentário sobre o nome de Deus usado no Pai Nosso:
"O nome, como na Oração do Senhor (santificado seja o teu nome) é a expressão da soma total do Ser divino, não sua designação como Deus ou Senhor, mas a fórmula na qual todos os seus atributos e características são sintetizados. É equivalente a sua pessoa. A mente finita pode tratar com Ele somente através do seu nome; mas seu nome não deve ser usado separado da sua natureza. Quando alguém é batizado no nome da Trindade, ele professa reconhecer e apropriar-se de Deus em tudo aquilo que Ele é e em tudo o que Ele faz pelo homem. Ele reconhece e depende de Deus o Pai como seu Criador e Preservador; recebe a Jesus Cristo como seu único Mediador e Redentor, e seu modelo de vida; e admite o Espírito San to como seu Santificador e Confortador".
Deste estudo conclui-se que a Bíblia atribui vários nomes à Divindade, todos válidos e solenes, portanto é improcedente a pretensão das Testemunhas de Jeová pretenderem dogmatizar que o nome da Divindade seja expresso por um único título.
NOMES PARA JESUS
"Se há um nome que seja mais doce que outro aos ouvidos do crente, é o nome de Jesus. Jesus! A vida de todos os nossos gozos. Jesus! É o nome que arranca melodias de todas as harpas céu. Se existe um nome mais encantador e mais precioso que outro, é este. Vai entretecido em todas as nossas expressões de louvor. Muitos dos hinos que cantamos com ele começam, e quase todos o nomeiam em alguma estrofe. É o resumo de todo o gozo. É a música dos sinos celestes; é um hino em uma palavra; é um oceano para a compreensão, conquanto seja uma gota em brevidade; é um oratório inigualável em duas sílabas; uma reunião das aleluias da eternidade em cinco letras."
Carlos H. Spurgeon, apud Walter Read, Ministério Adventista - Novembro e Dezembro de1958, página 6.
SEUS NOMES NO VELHO TESTAMENTO
a) "O Seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz". Isa. 9:6. Os antigos rabinos consideravam este texto como messiânico. Lemos: "Seu nome desde antanho Admirável, Conselheiro, Deus forte, o que vive eternamente, o Ungido (Messias)". – J. F. Sternning, Targum of Isaiah , página 32.
b) "Eis aqui o homem cujo nome é Renovo" Zac. 6:12. Em Zac. 3:8 também é mencionado o "Renovo" como "o Meu Servo", e em Jeremias 23:5 lemos "Levantarei a Davi um Renovo justo e sendo rei, reinará e prosperará".
No Targum, lemos em Jer. 23:5 - "Levantarei a Davi o Messias, o Justo".
c) "Este será o Seu nome, com que o nomearão: O Senhor Justiça Nossa". (Jer. 23: 6).
Muitos judeus antigos reconheceram neste passo uma referência ao Messias. (A respeito do Messias, está escrito: este será o nome pelo qual será chamado, o Senhor, justiça nossa").
(Talmud Baba Bathra 75 b) - Ministério Adventista, novembro-dezembro de 1958, página 7.
Das 6.823 ocorrências do nome Javé no Velho Testamento muitas se referem claramente ao Verbo, que encarnado, tornou-se Jesus Cristo, o Messias.
Note bem as declarações seguintes porque são provas inquestionáveis da Divindade de Cristo.
A palavra Javé do Salmo 102:22 e 25 é aplicada em Heb. 1:10-12 a Cristo. O mesmo nome divino (Javé) usado em Habacuque 2 e 3, para Deus é aplicado a Cristo em Hebreus 10:37.
O Novo Testamento faz várias alusões ao Verbo como o Cria dor de todas as coisas e em Isaías 45:18 Javé é mencionado como Criador.
OS NOMES DIVINOS DE JESUS
1º) É chamado Deus e Senhor Jesus Cristo.
"A graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo". II Tess. 1: 12.
Robertson afirma: "Aqui a estrita sintaxe requer, posto que há um único artigo com os substantivos Theou e Kiriou, que se faça referência a uma única pessoa, Jesus Cristo".
Deve aceitar-se este mesmo critério com as passagens de Tito 2:13 - "Do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo", e II S. Pedro 1:1 - "Do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo".
2º.) É chamado "Deus"
"Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o Teu trono subsiste pelos séculos dos séculos". (Heb. 1:8; ver Sal. 45:6).
3º.) Outros Títulos
A Jesus nosso Salvador foram dados outros nomes do Velho Testamento.
O Santo. O termo "Santo" refere-se a Jesus em vários passos do Novo Testamento (Atos 2:27; S. Mar. 1:24; S. Lucas 4:34; Atos 3:14, etc.), mas no Velho Testamento é empregado para falar de Jeová: "O Santo de Israel" Isa. 45:11. Também aparece em Isa. 47:4; 48:17; 49:7, etc.
Javé ou Jeová é um nome intraduzível, porque não existe um termo equivalente em outras línguas. Quando João o verteu para o grego, escreveu: "Aquele que era, que é e que há de vir".
Esta parte dos nomes divinos para Jesus, foi uma síntese do estudo de Walter Read, que apareceu no Ministério Adventista de Nov-Dez, de 1958, páginas 8 e 9.
Além destes nomes destacam-se no Novo Testamento:
a) Jesus. Mat. 1:21
O nome Jesus é uma transliteração do grego Iesus e este por sua vez vem do hebraico "Jeoshua", uma combinação de dois nomes "Ja" e "oshua". "Ja" é contração de Jeová, "Oshua" significa salvador ou salvação. Jesus portanto significa - Jeová é Salvação ou Jeová é o Salvador. As Testemunhas de Jeová devem atentar bem para esta significação.
Este era o nome original de Josué. Um escritor sugere que Josué recebeu o seu nome como comemoração antecipada do livramento que Deus o capacitara a realizar em favor de seu povo escolhido.
Quando aparecem juntos Jesus Cristo, isto indica que os dois nomes referem-se a Ele como o Ungido de Deus, o Salvador.
b) Emanuel. Mat. 1:23
Literalmente significa - Deus está conosco. Este nome não foi traduzido para o grego e para as línguas modernas, mas apenas transliterado. Ele vem de Isaías 7:14 e 8: 8.
c) Cristo.
A palavra "Cristo" é transliteração de um termo grego que significa "ungido". Cristo é a forma grega do hebraico - "Messias". Cristo é o particípio do verbo khrio - ungir. Transliteração é o processo de passar uma palavra de uma língua para outra, apenas quanto a sua maneira de soletrar.
d) Messias. Em hebraico - Ungido.
e) Miguel. Vem do hebraico Mickael, que significa - Quem é como Deus. Aparece apenas em passagens apocalípticas: Daniel 10:13; Judas 9 e Apoc. 12:7. O fato da palavra ser usada somente em exemplos onde Cristo está em conflito direto com Satanás, tem levado alguns estudiosos, e entre estes os adventistas, a defenderem que Miguel seja Cristo.
f) Nomes figurados. São bastante conhecidos de todos os estudantes da Bíblia: Alfa e Ômega, O Bom Pastor, A Porta, A videira e muitos outros.
COTEJO ENTRE OS NOMES APLICADOS A DEUS E A CRISTO
Pode ser observado em conexão com este assunto, que existem várias passagens no V.T. referindo-se a Jeová, que são adotadas no N.T. como cumprindo-se no Senhor Jesus Cristo. Assim em Joel 2:32, lemos "Aquele que invocar o nome de Jeová será salvo"; mas estas palavras são aplicadas a Jesus Cristo em Rom. 10:13.
S. João 12:41, depois de citar certa passagem de Isaías, que lá se refere à Jeová, afirma que era uma visão da glória de Cristo (Ver Isa. 6:9 e 10). Em Isa. 40:3 a preparação do caminho de Jeová é falado, mas João o Batista aplica a passagem como se referindo à preparação ao caminho do Messias.
Em Malaquias 3:1 parece ser uma identificação importante de Jeová como Messias, pois nós lemos "Jeová, a quem procuras virá repentinamente a seu tempo, mesmo o anjo do concerto em quem te deleitas."
Em Rom. 9:33 e I Ped. 2: 6-8, Cristo é descrito como uma pedra de fundamento e uma rocha eterna. Títulos que parecem ser dados a Jeová (Isa. 13 e 14), outra vez em Isa. 45:23-25, Jeová diz: "todo joelho se dobrará... diante de Jeová e toda a semente de Israel será justificada." Mas nós lemos em Filip. 2:9 que Deus "tem exaltado a Cristo Jesus acima nas alturas, e tem dado a Ele o nome que está acima de todo o nome e que ao nome de Jesus todo o joelho se dobre e cada língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor (seguramente Jeová) a glória de Deus o Pai."
Deveria ser profundamente interessante mostrar como cada um dos nomes de Deus encontra seu cumprimento em Cristo, que é a Palavra do Pai. Assim como Eloim, Cristo exerceu poder divino e também comunicou poderes sobrenaturais a outros. Como Shadai, Cristo era auto-suficiente, possuía riquezas insondáveis e estava sempre pronto a derramar seus benefícios sobre o homem. Como Elyon, Cristo foi exaltado na natureza moral e espiritual, e também, foi feito maior, ou melhor, mais alto do que os céus. Finalmente, como Jeová, Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre, pronto para salvar a todos, está em íntima comunhão com seu povo, cumprindo todas as promessas divinas, e foi apontado para ser o Juiz de toda a Terra. Como do Pai, assim foi declarado de Cristo: "Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e o que há de vir, o Todo-poderoso". Apoc. 1:8.
Quero concluir este capítulo com as declarações encontradas no livro Questions on Doctrine, páginas 37 e 38, com uma dupla finalidade:
1ª.) Ampliam nossa compreensão a respeito dos nomes aplicados Cristo.
2ª.) Evidenciam de maneira incontestável a Divindade de Cristo.
APLICAÇÃO A JESUS CRISTO DE UMA PORÇÃO DE NOMES E TÍTULOS QUE SE RESTRINGEM À DIVINDADE
No Velho Testamento cerca de 70 nomes e títulos são atribuídos a Jesus Cristo, e no Novo Testamento mais 170, os que são exclusivamente restritos à Divindade incluem "Deus" (S. João 1:1); "Deus conosco" (S. Mat.1:23); "o grande Deus" (Tito 2:13); "Deus bendito eternamente" (Rom. 9:5); "Filho de Deus" (40 vezes); "Filho unigênito" (cinco vezes); "o primeiro e o último" (Apoc. 1:17); "o Alfa e o Ômega" (Apoc. 22:13); "o princípio e o fim" (Apoc.22:13); "o Santo" (Atos 3:14); "Senhor" (empregado constantemente); "Senhor de todos" (Atos 10:36); "Senhor da glória (I Cor. 2:8); "Rei da glória" (Sal. 24:8-10; "Maravilhoso" (Isa. 9:6); "Pai da Eternidade" (Isa. 9:6); "Palavra de Deus" (Apoc. 19:13); "Verbo" ( S. João 1:1); "Emanuel" (S. Mat. 1:23); "Mediador" (I Tim. 2:5) ; e "Reis dos reis e Senhor dos senhores" (Apoc. 19:16).
1 Apenas a consoante vau recebeu vogal em seu interior, porque fora antes uma consoante vocálica.
ÍNDICE DE TEMAS - Pretensões Jeovistas