Daniel 8:14 - ASSOCIAR DANIEL 8:14 E LEVÍTICO 16 (Parte 3)

2 DOUTRINAS IASD

26. RAZÕES PARA ASSOCIAR DANIEL 8:14 E LEVÍTICO 16 


Há qualquer evidência lingüística que permita associar Daniel 8:14 com Levítico 16? 


Sim. Daniel usou a Palavra QODESH (traduzida por "santuário") em Daniel 8:14. Moisés usou a mesma palavra (traduzida por "lugar santo" em Levítico 16:2, 3, 16, 17, 20, 23, 27). 


Mais importante, no entanto, que esta relação lingüística entre os dois capítulos, é o fato de que Daniel 8:14 e Levítico 16 têm idéias paralelas. Ambos tratam da purificação do santuário. 


Desde que o santuário terrestre foi construído segundo o modelo do celestial (Heb. 8:5; 9:23), é lógico estudar a purificação do santuário terrestre em Levítico 16 a fim de compreender a purificação do santuário celestial em Daniel 8:14. 


27. O SIGNIFICADO DE NITSDAQ 


Qual o significado de NITSDAQ (traduzido por "purificado") em Daniel 8:14? Ford adverte contra a pressuposição de "que 'purificado' seja uma tradução exata em Daniel 8:14", pois, diz ele, "certamente este não é o caso". 


Por outro lado, ele também declara: "É verdade que entre os muitos sentidos secundários de TSADAQ" poder-se-ia invocar o de 'purificar'" (Ford, pp. 290, 348). Quais são os fatos? 


A raiz hebraica TSADAQ, da qual é formada a palavra NITSDAQ tem muitas nuances de significado. Significa "declarar justo", "justificar", "vindicar", e pode também significar "ser limpo ou puro", como demonstram vários paralelismos no livro de Jó. 


Em Jó 4:17 TSADAQ (justo) é igualado a TAHER (puro). Em Jó 11:9 TSADAQ (justo) é igualado a TAHER (puro). Em Jó 15:14 TSADAQ (justo) é igualado a ZAKAH (puro). 


Assim que a raiz TSADAQ transmite a idéia de ser puro ou limpo. Portanto a tradução da King James, "e então o santuário será purificado", pode ser considerada uma tradução correta. 


Os setenta sábios judeus que traduziram o Velho Testamento do hebraico para o grego antes do tempo de Cristo escolheram a palavra "purificado" como sendo o sentido de NITSDAQ em Daniel 8:14. Outras versões antigas também empregaram aqui palavras com o sentido de "purificar". 


28. NECESSIDADE DE PURIFICAÇÃO DO SANTUÁRIO TERRESTRE 


O que tornou necessária a purificação do santuário terrestre? 


Ford diz que "Números 19:13, etc, indicam que o santuário era contaminado quando uma pessoa pecava, independentemente de uma confissão ter sido ou não feita" e adverte contra a pressuposição de que "o santuário no dia da expiação era purificado da contaminação causada pela confissão do pecado e ministração do sangue" (Ford, pp. 287, 290). 


O sangue da oferta pelo pecado no dia da expiação purificava o santuário. Levítico 16:19, 33. Este purificação era necessária por causa dos pecados confessados que tinham sido transferidos, em figura, do pecador para o sacerdote e o santuário através do carne e do sangue da oferta pelo pecado. Levítico 10:17, 18; 16:20,21. 


No dia da expiação também o povo era considerado purificado, exceto aqueles cujo coração não era reto para com Deus. Levítico 16:30; 23:29. 


Vários tipos de contaminação são mencionados em Levítico 15 e 20, e em Números 19. É indubitável que o santuário também era considerado purificado de todas estas contaminações no dia da expiação. 


Mas estes textos não confirmam a idéia de que todos os pecados eram registrados no santuário, quer confessados ou não, os pecados dos gentios não eram registrados lã. Eles não tinham parte alguma nos rituais do dia da expiação, a menos que, e até que, se unissem ao povo de Deus. 


29. NECESSIDADE DE PURIFICAÇÃO DO SANTUÁRIO CELESTIAL 


O que torna necessária a purificação do santuário celestial? 


Segundo Daniel 8:11, 13 a ponta pequena (o papado) fez com que "o lugar do seu santuário" fosse "deitado abaixo" e "o santuário e o exército... pisados". Isto deve ser retificado pela restauração do santuário celestial a sua legítima posição no coração e na mente dos filhos de Deus. 


Há também o registro dos pecados do professo povo de Deus que deve ser tratado na purificação, ou julgamento, que ocorre. I Tim. 5:24. 


30. TODOS OS PROFESSOS CRISTÃOS VÊM A JUÍZO 


Ford alega que "a ponta pequena, não os crentes", é o objeto de investigação no julgamento de Daniel 7. Novamente ele diz: "Nunca são os santos o enfoque da investigação divina" (Ford, pp. 6, 355). É verdade que apenas a ponta pequena é investigada en Daniel? 


Não. Sem dúvida a fase papal da ponta pequena é investigada, pois o juízo trata de todo o professo povo de Deus. Não obstante, os livros de registro incluem o livro da vida e o livro memorial, bem como um relato dos pecados do povo. Mal. 3:16; Ecles, 12:14; Mat. 12:36. Todos estes devem ter seu lugar no juízo. 


Quando Miguel se levanta e termina o juízo, "naquele tempo será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro". Daniel 12: 1, 2, os nomes dos verdadeiros crentes permanecem no livro da vida após o juízo ser completado. Todos os outros terão seus nomes apagados. Apoc. 3:5. 


Paulo declara: "Importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo" (II Cor. 5: 10). Mesmo os crentes terão o registro de suas vidas trazidas a juízo. Esta obra de investigação é ensinada na parábola da rede (Mat. 13: 47-50), e na parábola do homem sem a veste nupcial (Mat. 22:1-14). 


31. ELLEN WHITE CONCORDA QUE OS SANTOS PASSARÃO PELA INVESTIGAÇÃO 


Como Ellen White apóia esta interpretação? Ela declara: "No tempo indicado para o juízo – o final dos 2300 dias, em 1844 – iniciou-se a obra de investigação e apagamento dos pecados. Todos os que já professaram o nome de Cristo serão submetidos àquele exame minucioso". (O Grande Conflito, p. 486; veja também Parábolas de Jesus, pp. 122, 310). 


32. OS LIVROS DE REGISTRO 


Ford sustenta que "os livros são a memória de Deus", e "quanto ao apagamento dos nomes (Apoc. 3: 5), isto era um fato nos dias de João e tem continuado através de todo o ministério sacerdotal de Cristo" (Ford, pp. 626, 478). É esta uma interpretação aceitável? 


Não sabemos com que se parecem os "livros" do Céu, mas eles são abertos a inspeção dos anjos (Dan. 7:9, 10). A fim de os registros celestiais serem examinados pelos anjos, seria necessário que existissem em alguma forma mais tangível que "a memória de Deus". 


Seria difícil que o apagamento dos nomes ocorresse antes do término do julgamento, que se dará próximo ao fim do mundo. 


33. OS VERDADEIROS CRISTÃOS NÃO NECESSITAM TEMER O JUÍZO 


Deve um cristão viver em temor constante de que seu nome seja apagado do livro da vida? Dá-se o caso de que a doutrina do juízo investigativo roube automaticamente do cristão a paz e a certeza da salvação? Ford assevera: "Temores no que respeita à situação pessoal no juízo investigativo têm diminuído o vigor de um testemunho jubiloso para muitos membros da igreja. 


Legalismo é um dos resultados, e falta de segurança, outro, quando o juízo é apresentado na forma tradicional, pois a primazia da graça e da justiça imputada é geralmente negligenciada" (Ford, p. 42). 


Indubitavelmente muitas de nossas apresentações sobre o juízo investigativo não têm sido tão cristocêntricas quanto deveriam. Contudo, este não é um argumento contra a validade da doutrina em si. 


Certamente não há necessidade de que um verdadeiro cristão tenha quaisquer temores a respeito de sua posição pessoal diante de Deus. Romanos 5:1; 8:1, 16; I João 3:14, 24; 4:13, 17 e João 3:36 são versos repletos das mais confortadoras promessas. 


Ellen White declara: "Uma confiança que não se renda, firme fé em Cristo, trarão paz e certeza a alma". (Santificação, p 100). "Através da justiça imputada de Cristo, o pecador pode sentir que está perdoado, e pode saber que a lei já não o condena, porque ele está em harmonia com todos os seus preceitos, é seu privilégio considerar-se inocente quando ele lê e pensa sobre a retribuição que cairá sobre os incrédulos e ímpios". (Filhos e Filhas de Deus, p. 240). 


Quando nos entregamos a Cristo, Ele perdoa todos os nossos erros passados. "O caráter de Cristo substituirá o vosso caráter, e sereis aceitos diante de Deus exatamente como se não houvésseis pecado" (Caminho para Cristo, p. 62). 


Com a perfeita vida de Cristo substituindo nossa vida imperfeita, temos toda a segurança que o Céu pode oferecer. Esta certeza maravilhosa é nossa enquanto mantivermos um relacionamento pessoal com o Senhor. Ellen White declara: "Se estais em dia com Deus hoje, estais prontos como se Cristo viesse hoje" (Nos Lugares Celestiais, p. 227). 


Uma garantia muito prática e confortadora encontra-se na explicação de Ellen White de que "se está no coração obedecer a Deus, se são feitos esforços nesse sentido, Jesus aceita esta disposição e esforço como o melhor serviço do homem, e supre a deficiência, com Seu próprio mérito divino". (Mensagens Escolhidas, Vol. I, p. 382). 


34. O PROPÓSITO DO JUÍZO 


Qual é o propósito do juízo? 


Segundo Ford, "Deus não necessita de livros e de 140 anos para decidir o destino dos homens. Nem os anjos, ou mundos não caídos, ou habitantes desta terra obtêm qualquer proveito de um juízo investigativo da forma como o descrevemos" (Ford, p. 651). 


Um juízo investigativo de fato não teria propósito se a Bíblia ensinasse o conceito da perseverança dos santos de João Calvino. Mas esta doutrina, comumente chamada "uma vez salvo, sempre salvo", não está em harmonia com os seguintes textos: I Samuel 10:6, 9; 28:6, 15; Ezeq. 18:24; 28:14,15; Mat. 24:13; I Cor. 9:27; Gál. 5:4; Heb. 3:12-14; 6:4-6; II Pedro 2:4, 20, 21. (A doutrina "uma vez salvo, sempre salvo" não é defendida por Ford nem pelos adventistas em geral). 


É verdade, Deus não necessita de livros ou de 140 anos para decidir o destino de homens e mulheres. A Bíblia não diz que Deus precisa de livros, mas diz efetivamente que livros foram abertos. 


Antes de nascermos Deus já sabia quem se salvaria e quem se perderia. I Pedro 1:2. Mas os seres que Ele criou não sabem o fim desde o princípio, os habitantes de outros mundos estão assistindo aos eventos na Terra com o mais vivo interesse. Paulo diz: "Somos... um espetáculo para todo o Universo – tanto a anjos quanto a  homens" (I Cor. 4: 9, New English Bible). 


O Senhor sabia quão ímpias eram Sodoma e Gomorra, mas ainda tomou tempo para investigar – um juízo investigativo, se você quiser. Este foi o método de Deus para convencer a Abraão de que Ele estava sendo justo em Seu trato para com as cidades da campina (veja Gên. 18:23-33). 


No final Deus deseja um universo seguro, e toma qualquer medida que seja necessária para que Seus filhos para sempre cofiem nEle implicitamente. Ele permite até mesmo que Suas criaturas, em certo sentido, julguem ou avaliem Suas ações. Romanos 3:4. Ellen White declara: 


"Deus tem consigo a simpatia e aprovação do universo inteiro, enquanto passo a passo Seu grande plano avança para o completo cumprimento". (Patriarcas e Profetas, p. 79; veja também O Desejado de Todas as Nações, p. 48, e o belo capítulo "Josué e o anjo" em Profetas e Reis). 


* As referências das páginas nas citações de "Ford" aqui e nas páginas seguintes são de seu documento de 991 páginas, "Daniel 8:14, O Dia da Expiação e o Juízo Investigativo" que foi discutido em Glacier View Ranch, em Denver, Colorado, no verão de 1980.


VEJA AQUI O 👉 Índice Completo Sobre o Santuário e Ellen White