ELLEN WHITE COMO ESCRITORA - Parte 2

2 DOUTRINAS IASD

 84. A POSIÇÃO DA IASD SOBRE INSPIRAÇÃO VERBAL 


A Igreja Adventista do Sétimo Dia já aprovou alguma vez oficialmente o conceito de "inspiração verbal"? 


Não, nunca o fez. De fato, a Conferência Geral de 1883 formalmente endossou o conceito da inspiração de pensamentos em vez da inspiração verbal. Ao decidir remover imperfeições gramaticais dos primeiros quatro volumes de Testimonies, os delegados tomaram a seguinte atitude: 


"Considerando que cremos ser a luz que Deus deu a Seus servos provir pela iluminação da mente, dessa forma comunicando os pensamentos, e não (exceto em raros casos) as próprias palavras nas quais as idéias devem ser expressas; portanto: 


"Ficou resolvido que na republicação desses volumes sejam feitas as mudanças verbais que removam as imperfeições acima referidas, tanto quanto possível, sem em qualquer medida mudar o pensamento; e ainda: 

"34. Ficou resolvido que este corpo apontou uma comissão de cinco pessoas encarregadas da republicação destes volumes". (Review and Herald, 27 de novembro de 1883, p. 741) 

Da comissão apontada faziam parte W. C. White, Urias Smith, J. H. Waggoner, S. N. Haskell e G. I. Butler. Ao final, o trabalho básico foi feito por Marian Davis, que era uma das assistentes literárias de Ellen White, e Mary Kelsey White, a esposa de W. C. White. (Veja a carta de W. C. White a L. E. Froom, de 18 de fevereiro de 1932). 


85. OS ASSISTENTES LITERÁRIOS DE ELLEN WHITE 


Quem eram os "assistentes literários" de Ellen White? 


Ellen White foi instruída quanto a em quem ela podia confiar e quem não era digno de confiança. Entre os que ajudavam Ellen White na preparação de seus escritos para publicação através dos anos estiveram Tiago White, Mary Kelsey-White, Lucinda Abbey-Hall, Adelia Patten-Van Horn, Anna Driscol-Loughborough, Addie Howe-Cogshall, Annie Hale-Royce, Emma Sturgess-Prescott, Mary Clough-Watson, Sra. J. I. Ings, Sra. B. L. Whitney, Eliza Burnham, Fannie Bolton, Marian Davis, C. C. Crisler, Minnie Hawkins-Crisler, Maggie Hare, Sarah Peck, e D. E. Robinson. 


Provavelmente a mais notável assistente d Sra. White foi Marian Davis, que trabalhou para ela de 1879 a 1904. Ela auxiliou no preparo para publicação de Spirit of Prophecy, vol. IV; Historical Sketches of SDA Foreign Missions; O Grande Conflito; Patriarcas e Profetas; Caminho a Cristo; O Desejado de Todas as Nações; Parábolas de Jesus; Educação; Ciência do Bom Viver e outros livros. 

C. C. Crisler e virias secretárias auxiliaram Ellen White na seleção e arranjo do material para Atos dos Apóstolos; Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes; Profetas e Reis. (Veja Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 50; vol.3, pp. 453-461 para mais detalhes). 


86. A OBRA DOS ASSISTENTES LITERÁRIOS 


Quanta liberdade possuíam os assistentes literários de Ellen White para editar ou modificar os manuscritos de Ellen White? 


Ellen White nem sempre usava perfeita gramática, ortografia, pontuação, ou construção de frases e parágrafos ao escrever. Ela reconhecia francamente sua deficiência em tais habilidades técnicas. Em 1873 ela comentou: "Não sou uma erudita. Não posso preparar meus próprios escritos para publicação. ... Não sou uma especialista em gramática" (Mensagens Escolhidas, vol, 3, p. 90). Ela sentia necessidade da ajuda de outros na preparação de seus manuscritos para publicação. 


W. C, White descreve os limites que sua mãe colocava para seus assistentes: 


"Aos copistas de mamãe era confiada a obra de corrigir erros gramaticais, de eliminar repetições desnecessárias, e de agrupar parágrafos e seções na melhor ordem... 


"Os assistentes mais experientes de mamãe tais como a irmã Davis, Burnham, Bolton, Peck e Hare, que estão muito familiarizados com seus escritos, são autorizados a eliminar uma oração, parágrafo ou seção de um manuscrito e incorporá-lo a outro manuscrito onde o mesmo pensamento foi expresso, mas de forma não tão clara. Mas nenhum dos assistentes de mamãe está autorizado a aumentar os manuscritos introduzindo seus próprios pensamentos". (W. C. White a G. A. Irwin, 7 de maio de 1900). (Veja pergunta 94, "Ellen White dá a aprovação final"). 


87. USADAS APENAS AS IDÉIAS DE ELLEN WHITE 


Qualquer de seus secretários alguma vez ousou acrescentar seus próprios pensamentos, contrariamente à instrução de Ellen White? 


D. E. Robinson diz que não. Eis seu testemunho: 


"Visto que correm boatos e rumores de que os assistentes da Sra. White eram responsáveis por muitas das idéias, ou pelo menos pela beleza do estilo literário de alguns de seus livros, e como muitos que ouvem esses boatos não estão em posição de conhecer por si mesmos os fatos, considero um privilégio testificar do que tenho visto e sabido a respeito deste assunto. ... 


"Nos últimos anos, foi meu privilégio receber para editar centenas de páginas de manuscritos escritos pela Sra. White, e também auxiliar os outros secretários na preparação de cópias para artigos nos periódicos e para alguns dos livros mais recentes. Em sã consciência posso testificar que nunca fui tão ousado a ponto de acrescentar idéias minhas, ou fazer outra coisa senão seguir com o mais escrupuloso cuidado os pensamentos da autora. E a minha observação da obra de meus secretários associados, bem como minha confiança no integridade dos mesmos, fazem com que me recuse a crer que qualquer deles alterou os escritos, a não ser no aspecto gramatical, ou talvez no fazer transformações para efeito retórico, clareza do pensamento ou ênfase". (D. E. Robinson, How the Books of Mrs. E. G. White Were Prepared, pp. 1-3, arquivo dos documentos do Patrimônio White 107 G). 


88. EXEMPLOS DE REVISÕES DE MANUSCRITOS 


Por favor, dê um exemplo de um dos manuscritos da Sra. White tanto antes quanto depois de seus assistentes literários terem trabalhado nele. 


Nas páginas seguintes é mostrado o Manuscrito 30a, 1896, p. 1, primeiramente na própria caligrafia de Ellen White, e então em uma transcrição exata do original, com correções editoriais indicadas. Dois parágrafos deste manuscrito como se encontram agora em In Heavenly Places são também mostradas. 


Também é reproduzida a primeira página do original manuscrito da Carta 2, 1874, bem como a versão publicada. 


Notar-se-á que o Manuscrito de 1896 exigiu considerável revisão, enquanto a Carta de 1874 precisou de muito pouco. 


Isto é típico da obra literária de Ellen White. Alguns de seus manuscritos exigiram mais atenção dos copistas que outros. W. C. White explica a diferença: 


"Algumas vezes, quando a mente de mamãe está descansada e livre, os pensamentos são apresentados em linguagem que é não apenas clara e vigorosa, mas também bonita e correta; e às vezes, quando ela está cansada e opressa com pesados fardos de ansiedade, ou quando o assunto é de difícil apresentação, há repetições e sentenças gramaticalmente incorretas". (W. C. White a G. A. Irwin, 7 de maio de 1900) 


Fannie Bolton, que auxiliou Ellen White por vários anos na Austrália, concorda com W. C. White. Declarou ela: "Muitas vezes os manuscritos dela não necessitam de qualquer revisão, freqüentemente necessitam apenas de ligeira revisto, e novamente muitos necessitam de certa elaboração literária" (Arquivo de Documentos do Patrimônio White # 44


IN HEAVENLY PLACES


May 7 


AN AUDIENCE WITH THE MOST HIGH


For this cause also thank we God without ceasing, because, when ye received the word of God which ye heard of us, ye received it not as the word of men, but as it is in truth, the word of God, which effectually worketh also in you that believe. 1 Tess. 2:13

The Bible is God's voice speaking to us just as surely through we could hear Him with our ears. The word of the living God is not merely written, but spoken. Do we receive the Bible as the oracle of God? If we realized the importance of this Word, with what awe would we open it, and with what earnestness would we search its precepts. The reading and contemplating of the Scriptures would be regarded as an audience with the Most High. 

God's Word is a message to us to be obeyed, a volume to be perused diligently, and with a spirit willing to take in the truths written for the admonition of those upon whom the ends of the world are come. It must not be neglected for any other book. ... When we open the Bible, let us compare our lives with its requirements, measuring our character by the great moral standard of righteousness (Manuscript 30, 1896). 

The life of Christ, that gives to the world, is in His Word. It was by His word that Jesus healed disease and cast out demons; by His word He stilled the sea, and raised the dead; and the people bore witness that His word was with power. He spoke the Word of God, as He had spoken to all the prophets and teachers of the Old Testament. The whole Bible is a manifestation of Christ. It is our source of power. 

As our physical life is sustained by food, so our spiritual life is sustained by the Word of God. … As we must eat for ourselves in order to receive nourishment, so we must receive the Word for ourselves. We are not obtain it merely through the medium of another mind. 

Yes, the Word of God is the breath of life. … It gives immortal vigor to the soul, perfecting the experience, and bringing joys that will abide forever (Review and Herald, 11-6-1908).  [Meditações Matinais 1968, Nos Lugares Celestiais]


Reproduction of the first page of the Letter 2, 1874. Original page size 5 x 7 inches. The published version is from Selected Messages, book 1, p. 74. 


Tradução da carta cujo fac-símile aparece na página anterior. 


Battle Creek, Michigan, 24 de agosto de 1874


Prezado Irmão Loughborough:


Pelo presente, testifico, no temor de Deus que as acusações de Miles Grant, da Sra. Burdick, e outros, publicadas no Crisis, não são verdadeiras. As declarações referentes à minha direção em quarenta e quatro são falsas.

Com meus irmãos e irmãs, após a passagem do tempo em quarenta e quatro, acreditei que não mais se converteriam pecadores. Nunca, porém tive uma visão de que não se converteriam mais pecadores. E acho-me limpa e livre para declarar que ninguém me ouviu nunca dizer ou leu de minha pena declarações que os justifiquem nas acusações que eles me têm feito quanto a esse ponto.


Foi em minha primeira viagem ao leste para relatar minhas visões que me foi apresentada a preciosa luz relativa ao santuário celeste e foram-me mostradas as portas aberta e fechada. Acreditávamos que o Senhor viria em breve nas nuvens do céu. Foi-me mostrado que havia uma grande obra a ser feita no mundo por aqueles que não haviam tido a luz e rejeitado. 


Nossos irmãos não podiam compreender isto em face da fé que tínhamos no imediato aparecimento de Cristo. Alguns me acusaram de dizer que meu Senhor retardava Sua vinda, especialmente os fanáticos. Vi que em 44 Deus abrira uma porta e ninguém a podia fechar, e fechara uma porta e ninguém a podia abrir. Os que rejeitaram a luz que fora trazida ao mundo pela mensagem do segundo anjo, entraram em trevas, e quão grande era a treva!

Nunca declarei nem escrevi que o mundo estava condenado ou perdido. Nunca, sob quaisquer circunstâncias, empreguei esta linguagem com ninguém, embora pecador. Tenho tido sempre mensagens de reprovação para aqueles que usavam essas ásperas expressões. Carta 2, 1874. 


89. ERROS DE IMPRESSÃO 


Ellen White ou seus assistentes literários cometeram alguma vez erros no processo editorial? 


Sim. Por exemplo, quem quer que tenha posto aspas em Testimonies, vol. 6, p. 59, colocou-as no lugar errado. O original escrito pela própria Ellen White do manuscrito parcialmente publicado nessa página foi perdido. Contudo, temos a cópia datilografada feita do original pouco depois que saiu da pena de Ellen White, e está não contém aspas, exceto para textos escriturísticos. 


Quando este material foi publicado na Review and Herald em 1899, não se usou aspas. Elas foram inseridas pela primeira vez em 1900 quando o manuscrito foi em parte publicado no vol. 6 de Testimonies. A citação de Cristo obviamente termina no meio do segundo parágrafo. Dever-se-ia ter fechado aspas neste ponto e não no fim do parágrafo seguinte. Dificilmente teria Cristo falado as sentenças que sublinhamos. 


O último parágrafo é semelhante, em muitos aspectos, a uma passagem da introdução de Heman Humphrey ao livro de John Harris, The Great Teacher. Escreve Humphrey: 


"Voltamo-nos uma vez mais para o discípulo amado, e lhe perguntamos o que ele viu e ouviu nas visões de Patmos, e ele responde: 'Vi, e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos'... 


"Aqui então, leitor cristão, está um tema digno da pena de um anjo.- Sim, mais do que do intelecto de um anjo. Aqui está o grande e radiante ponto, para onde convergem todos as atrações: Infinita sabedoria, infinito amor, infinita justiça, infinita misericórdia! Profundidades, alturas, comprimento, largura – todo o sumo conhecimento! Inumeráveis penas têm sido empregadas na vida, no caráter, na pregação e na obra mediatória de Cristo". (The Great Teacher, pp. xiv, xvi (edição de 1836).   


Note as diferenças entre as publicações de 1899 e 1900 que estão reproduzidas lado a lado na página seguinte. 

Review and Herald, 4 de              Testimonies for the Church,

abril de 1899, pp.209, 210.           vol. 6, pp. 59 (1900)

No início do sábado meu coração         Na reunião campal de Queensland

se elevou em oração para que Deus      em 1898, foi-me dada instrução

desse sabedoria a estes obreiros, e        para nossos obreiros bíblicos. Nas

nas visões da noite muitas palavras           visões da noite, ministros e obreiros

de instrução e encorajamento                obreiros pareciam estar em uma

foram-nos ditas. Ministros e obreiros    reunião onde estavam sendo dadas

estavam em uma reunião onde              lições bíblicas. Dissemos: "Temos

estavam sendo dadas lições bíblicas.    o Grande Mestre conosco hoje", e

Dissemos: Temos o Grande Mestre      ouvimos com interesse Suas

conosco hoje, e ouvimos com interesse     palavras. Disse Ele: "Há uma 

suas palavras. Disse ele: Há uma          grande obra diante de vós neste

grande obra diante de vós neste local.   local. Necessitareis apresentar

Necessitareis apresentar a verdade em    a verdade em sua simplicidade.

sua simplicidade. Trazei o povo às águas     Trazei o povo às águas da vida.

da vida. Falai-lhes das coisas que          Falai-lhes das coisas que mais

mais dizem respeito a seu bem presente     dizem respeito a seu bem presente

e eterno. Não apresenteis assuntos que      e eterno. Não permitais que vosso

suscitarão debates, coisas que exigirão      estudo das Escrituras seja de 

que haja uma pessoa de experiência      natureza barata e casual. Em tudo

ao vosso lado para defender. Em tudo   o que disserdes, certificai-vos

que disserdes, certificai-vos de que tendes    de que tendes algo que seja digno

algo que seja digno do tempo que tomais   do tempo que tomais para dizê-lo,

para dizê-lo, e do tempo dos ouvintes para    e do tempo dos ouvintes para

ouvi-lo. Falai das coisas que são             para ouvi-lo falar das coisas

essenciais ,as coisas que instruirão,             que são essenciais, as coisas que 

trazendo luz com cada palavra.                instruirão, trazendo luz com cada

Aprendei a encontrar as pessoas onde elas   cada palavra.

estão. Não permitais que vosso estudo         "Aprendei a encontrar as pessoas

das Escrituras seja de natureza barata e     onde elas estão. Não apresenteis

casual. Não permitais que vossa instrução    assuntos que sus citarão debates.

seja de molde a deixar perplexa a       Não permitais que vossa instrução

mente. Não façais com que o povo    seja de molde a deixar perplexa a

se preocupe com coisas que podeis    mente. Não façais com que o povo

ver, mas que eles não vêem, a menos     se preocupe com coisas que podeis

que sejam de importância vital para a    ver, mas que eles não vêem, a menos

salvação da alma. Não apresenteis as     que sejam de importância vital para

Escrituras de forma a exaltar o eu, e      a salvação da alma. Não apresenteis 

encorajar vanglória no que abre a      as Escrituras de forma a exaltar o eu

Palavra aos outros. A obra para este       e encorajar vanglória no que abre a

tempo é treinar estudantes e obreiros      palavra. A obra para este tempo é

a tratar dos assuntos de maneira clara,    treinar estudantes e obreiros para

séria e solene. Não deve haver tempo     tratar dos assuntos de maneira clara,

empregado inutilmente nesta grande   séria e solene. Não deve haver tempo

obra. Não podemos falhar na consecução   empregado inutilmente nesta grande 

de nosso propósito. O tempo é demasiado  obra. Não podemos falhar na

curto para tentarmos revelar tudo que  consecução de nossos propósitos.

poderia ser descerrado à mente. Será   O tempo é demasiado curto para

necessária toda a eternidade para que   tentarmos revelar tudo o que

possamos conhecer todo o comprimento e     poderia ser descerrado à mente.

largura, a altura e profundidade, das Escrituras. Será necessária todo a eternidade

Há algumas almas para quem certas verdades    para que possamos conhecer todo

são  mais importantes que outras. É      o comprimento e largura, a

necessária habilidade em vossa educação em   profundidade e altura das Escrituras.

termos de Bíblia. Lede e estudai Sal. 40:7, 8;  Há algumas almas para quem certas

João 1-4; I Tim. 3:16; Fil. 2: 5-11;         verdades são mais importantes

Col, 1:14-17;  Apoc. 5:11-14.                 que outras. É necessária habilidade

    Para o apóstolo João na ilha de           em vossa educação em termos

Patmos, foram reveladas as coisas que       de Bíblia. Lede e estudai Sal. 40:

Deus desejava  que ele desse ao povo.           7,8; João 1-4; S. Tia. 3:16;

Estudai estas revelações.  Aqui estão temas    Fil. 2:5-11; Col. 1: 14-17;

dignos de nossa contemplação,  lições          Apoc. 5:11-14 

amplas e abarcantes, que todas as hostes       "Para o apóstolo João na ilha 

angélicas estão agora procurando         de Patmos foram reveladas as coisas

comunicar. Contemplai a vida e o         que Deus desejava que ele desse

caráter de Cristo, estudai sua obra        ao povo. Estudai estas revelações.

mediatória. Eis aqui infinita sabedoria,     Aqui estão temas dignos de nossa

infinita justiça, infinita misericórdia.    contemplação, lições amplas e

Eis  aqui as profundidades e alturas,          abarcantes que toda a hoste angélica

comprimentos e larguras, para nossa     está agora procurando comunicar.

consideração. Inumeráveis penas têm    Contemplai a vida e o caráter de

sido empregadas na apresentação ao mundo  Cristo, e estudai sua obra mediatória

da vida, do caráter e da obra mediatória de   Eis aqui infinita sabedoria,

Cristo; e contudo cada mente através da   infinito amor, infinita justiça,

qual tem operado o Espírito Santo, tem    infinita misericórdia. Eis aqui

apresentado estes temas em uma luz fresca   as profundidades e alturas,

e nova, segundo a mente e o espírito do   comprimentos e larguras, para

agente humano.                                         para nossa consideração.

                                                                   Inumeráveis penas têm sido 

                                                                   empregadas na apresentação do 

                                                                   mundo da vida, do caráter, e da 

                                                                   obra mediatória de Cristo, e

                                                                   contudo cada mente através da

                                                                    qual tem operado o Espírito 

                                                                    Santo,  tem apresentado estes 

                                                                   temas em uma luz viva e nova". 


90. ELLEN WHITE ESTIMULA A CRÍTICA CONSTRUTIVA 


Ellen White alguma vez submeteu seus manuscritos aos irmãos para correção doutrinária? 


Não. Ellen White por vezes procurou conselho dos irmãos, não sobre o conteúdo de seus escritos, mas sobre a eficiência do modo como elo havia se expressado, bem como sobre o uso a ser feito dos materiais. Ela informou a W. H. Littlejohn: 


"Mando examinar rigorosamente todas as minhas publicações. Não desejo que nada seja impresso sem cuidadosa investigação. Logicamente não desejaria que homens que não possuem uma experiência cristã ou a quem falta a habilidade de apreciar o mérito literário de algo, fossem colocados como juizes do que é essencial que seja, apresentado ao povo, como grão separado da palha. Coloquei diante da comissão encarregada dos livros, todos os meus manuscritos de Patriarcas e Profetas e de Spirit of Prophecy, vol. IV, para fins de exame e críticas. Também coloquei tais manuscritos nas mãos de alguns de nossos ministros para que os examinassem. Quanto mais críticas fizerem, melhor para estas obras". (Carta 49, 1894) 


Quando se descobriu em 1910 que devia haver novo arranjo dos tipos para O Grande Conflito, Ellen White nos informa: 


"Determinei que tudo fosse rigorosamente examinado, para ver se as verdades que ele continha estavam declaradas da melhor forma possível, a fim de convencer os que não pertenciam à nosso fé de que o Senhor havia-me guiado e sustentado ao escrever aquelas páginas". (Carta 56, 1911). 


Estas palavras foram transmitidas a diferentes pessoas, inclusive W. W. Prescott, editor de The Protestant Magazine. Em resposta, Prescott escreveu a W. C. White em abril de 1910, oferecendo-lhe 105 sugestões sobre pontos que ele considerava precisarem ser melhorados no livro. Aproximadamente metade dos sugestões de Prescott foram aceitas. Estas referiam-se principalmente a referências, ou inserção de apêndices, ou a maior exatidão de expressão, enquanto algumas tinham a ver com fatos históricos. Ellen White não aceitou nenhuma das recomendações de Prescott para que fossem feitos alterações nas posições doutrinárias dela. 


91. AS FONTES BÁSICAS UTILIZADAS POR ELLEN WHITE 


Qual foi a fonte básica da qual Ellen White extraiu informações para O Desejado de Todas as Nações? Foi a Bíblia? Foram outros autores do século dezenove? Foram visões dadas pelo Senhor? 


Ellen White disse que o Senhor lhe dera a luz que se encontra em seus livros. Após mencionar O Grande Conflito, O Desejado de Todas as Nações e Patriarcas e Profetas, ela disse: 


"Em meus livros a verdade é declarada, fortalecida por um 'Assim diz o Senhor'. O Espírito Santo traçou essas verdades sobre meu coração e mente de maneira tão indelével como a lei foi traçada pelo dedo de Deus nas tábuas de pedra. ... 


"Agradaria a Deus ver O Desejado de Todas as Nações em cada lar. Neste livro está contida a luz que tem sido dada sobre Sua Palavra." – O Colportor Evangelista, p. 126. 


No tempo de sua visão sobre o grande conflito entre Cristo e Satanás, em 1858, foram-lhe mostrados muitos episódios da vida de Cristo. Notai suas afirmações: 


"Vi então a Jesus no jardim. ... Contemplei a hoste angélica assistindo com indizível interesse o lugar da sepultura de Jesus. ... Vi a guarda romana. ... Foram-me mostrados os discípulos a olhar tristemente para o céu". – Spiritual Gifts, vol. I, pp. 46, 64, 68, 79. 


Escreveu ela, alguns anos mais tarde: 


"Só podia ter um vívido quadro em minha mente, dia a dia, do modo como foram tratados os reformadores, e como pequenas diferenças de opinião pareciam produzir grande exaltação. Assim foi na traição, no julgamento e na crucifixão de Jesus. Tudo isso passou diante de mim ponto por ponto." – Mensagens Escolhidas, vol. 3, p, 121. 


Foram dadas a Ellen White muitos visões que retratavam eventos. Foram as informações fornecidas nestas visões, bem como o próprio relato bíblico, que constituíram as fontes primários nas quais ela se baseou para escrever O Desejado de Todas as Nações. 


O mesmo ocorreu com os outros livros dela. Segundo V. C. White, "a estrutura do grande templo da verdade sustentado por seus escritos foi-lhe claramente apresentada em visão", sendo alguns aspectos "apresentados a ela muitas vezes, e de forma detalhada em muitas ocasiões. Foram-lhe deixados claros e definidos os esboços principais". "Os grandes eventos que ocorreram na vida de nosso Senhor", disse ele, "foram-lhe apresentados em cenas panorâmicas, como também o foram as outros porções de O Grande Conflito. ..." Ela presenciou "cenas em rápida sucessão" e ouviu conversas e discussões (Mensagens Escolhidas, vol. 3, pp. 462, 459). 


As afirmações de W. C. White estio em perfeita harmonia com os que Ellen White fez em sua introdução ao Grande Conflito, ocasião esta em que escreveu: 


"Mediante a iluminação do Espírito Santo, as cenas do prolongado conflito entre o bem e o mal foram patenteadas à autora destas páginas. De quando em quando me foi permitido contemplar a operação, nas diversas épocas, do grande conflito entre Cristo, o Príncipe da vida, o Autor de nossa salvação, e Satanás, o príncipe do mal, o autor do pecado. ... O Espírito de Deus me ia revelando à mente as grandes verdades de Sua Palavra, e as cenas do passado e do futuro." – O Grande Conflito, p.   7. 


O material que Ellen White extraiu de outros autores, sob a direção do Espírito Santo, de fontes não provenientes de visões nem da Bíblia, auxiliou-a consideravelmente ao escrever, mas foram estas fontes apenas de importância secundária quando comparadas com a instrução que ela recebeu mediante revelação divina. 


92. MARIAN DAVIS, "A COMPILADORA DO MATERIAL PARA MEUS LIVROS" 


Qual foi a natureza do trabalho de Marian Davis na preparação de O Desejado de Todas as Nações? 


O trabalho de Marian Davis quanto ao Desejado de Todas as Nações incluía não apenas as responsabilidades de rotina dos "copistas" de Ellen White (veja pergunta 86), mas também o argumento e organização dos anotações adequadas de Ellen White em capítulos. Em uma carta a G. A. Irwin, o presidente da Associação Geral, a Sra. White descreveu o trabalho de Marian em contraste com o de Fanny Bolton: 


"O senhor viu meus copistas. Eles não modificam minha linguagem. Ela permanece do jeito como o escrevi. O trabalho de Marian é de um tipo totalmente diferente. Ela é a compiladora do material para meus livros. Fanny nunca foi minha compiladora. 


"Como são feitos meus livros? Marian não reclama reconhecimento. Ela faz seu trabalho dessa forma: Ela toma meus artigos que são publicados nos periódicos, e os cola em livros em branco. Ela possui também uma cópia de todas as cartas que escrevo. Ao preparar um capítulo para um livro, Marian se lembra de que eu escrevi algo sobre aquele típico que pode tornar o assunto mais convincente. Ela começa a procurar isto, e se quando ela o encontra percebe que tornará o capítulo mais claro, ela o acrescenta. 


"Os livros não são produção de Marian, mas minha, coletados de todos os meus escritos. Marian tem um vasto campo de onde extrair o material, e sua habilidade em arranjar a matéria me é de grande valia. Poupa-me o trabalho de reler uma massa de material, o que não tempo de fazer". (Carta 61a, 1900; Ver Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 91). 


Em caráter similar, informou Ellen White ao Dr. Kellogg: 


"Marian avidamente pega cada carta que escrevo a outros a fim de encontrar sentenças que possa usar na vida de Cristo. Ela tem reunido tudo o que tem relação com as lições de Cristo a Seus discípulos, de todas as fontes possíveis (de E. G. White)". (Carta 41, 1895; Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 117) 


Marian menciona certas cartas que ela achou serem especialmente úteis no fornecimento de material para o livro sobre a vida de Cristo. Escreveu ela a Ellen White: 


"Tenho usado material reunido aos poucos das últimas cartas, testemunhos, etc. Achei algumas dos coisas mais preciosas, algumas daquelas cartas ao irmão Corliss. Elas têm sido para mim como um depósito de tesouros. Há algo nesses testemunhos pessoais, escritos com profundo sentimento, que atinge o coração. Parece-me que coisas coletadas desta forma dão um poder e significado ao livro que nada mais pode dor". (Arquivo dos cartas recebidas pelo Patrimônio White, 25 de novembro de 1895). 


Marian estava profundamente envolvida no plano geral do livro, no arranjo do material em cada capítulo, na seqüência cronológica dos capítulos, na escolha dos títulos para os capítulos, e na correspondência com a Pacific Press em Oakland quando os tipos estavam sendo compostos. 


Em 1897, quando o livro estava quase completo, Marian o colocou de lado por um instante, e então fez nele uma revisão nova e crítica. Ela e Ellen White concordaram que muitos ajustes de natureza editorial ainda precisavam ser feitos. Ao descrever esses melhoramentos, ela explicou a W. C. White: 


"Vejo que nem na carta do irmão Jones nem na do senhor declarei de maneira definida o que eu estou precisamente fazendo no manuscrito e por quê. Em primeiro lugar, estou procurando dar um início melhor aos capítulos. Quanto ao sucesso deste esforço, qualquer revisor que examine as páginas que enviei ao irmão Jones pode testificar. 


"Os capítulos do antigo manuscrito começavam muito freqüentemente com alguma informação de Jesus indo aqui e ali, até que o livro parecesse mais um diário. Isso foi corrigido. Então tentei iniciar tanto os capítulos quanto os parágrafos com sentenças curtas, e fazer simplificações onde fosse possível, eliminar toda palavra desnecessária, e tornar a obra, como disse, mais compacta e vigorosa. 


"Para alguns capítulos eu tinha material novo, vivo, que aumentará grandemente o interesse do livro. Se me oferecessem pessoalmente mil dólares pelo trabalho que foi feito no livro durante os poucos anos passados, eu não daria atenção a isso. Nunca percebi o poder da simplicidade e concisão como desde que iniciei esta obra". (A cursiva é dela.) (Arquivo de Correspondências recebidas pelo Patrimônio White, 11 de abril de 1897) 


Mesmo após o manuscrito ter sido enviado a Oakland e ter-se iniciado a composição dos tipos, Marian ainda estava acrescentando novo material. Ela escreveu à Sra. White: 


"Tenho extraído coisas preciosos destes novos manuscritos sobre a infância de Jesus. Enviei um número de novas páginas para a Califórnio pelo correio de Vancouver, e enviarei mais para os capítulos posteriores pelo próxima remesso do correio. Dei dois destes novos artigos sobre a obra missionária de Cristo ao irmão James paro que lesse na igreja. 


No último sábado ele leu um que fala do Salvador privando-se de comida para dá-lo aos nobres. Estas coisas são indizivelmente preciosas. Espero que não seja tarde demais para incluí-las no livro. Tem sido um deleite trabalhar sobre este assunto". (Arquivo de Correspondências recebidas pelo Patrimônio White, 10 de março de 1898.) 


Que Marian gozava da completa confiança de Ellen White torna-se evidente de uma corto escrita pela Sra. White à sua nora alguns anos antes. Declara ela: 

"Mary, o Willie fica em reuniões o tempo todo, arquitetando, planejando para fazer o melhor e mais eficiente trabalho na causa de Deus. Apenas o vemos à hora das refeições. 


"Marian tem levado a ele alguns assuntos de pouca importância que parece que ela pode resolver sozinha. Ela está nervosa e apressada e ele tão cansado que só pode cerrar os dentes e controlar os nervos o melhor que pode. Tive uma conversa com ela e lhe disse que ela deve resolver por si mesma muitas das coisas que tem trazido a Willie. 


"Ela tem a mente em cada ponto e nas conexões, e a mente dele tem labutado numa grande variedade de assuntos difíceis até que seu cérebro vacila e então sua mente não está de forma alguma preparada para absorver estas pequenas minúcias. O que ela precisa fazer é levar algumas desses coisas que pertencem à parte dela no trabalho, e não trazê-los a ele, nem preocupar a mente dele com elas. 


Às vezes eu penso que ela vai nos matar a ambos, e tudo desnecessariamente, com suas pequenas coisas, que ela pode muito bem resolver por si mesma em vez de trazê-las ó nós. Cada pequenina mudança de uma palavra ela quer que vejamos. Jó estou cansada disso". (Carta 64a. 1889; veja Mensagens Escolhidas, vol. 3, pp. 92, 93). 


Quaisquer mudanças que Marian fazia nas palavras recebia eventualmente a aprovação de Ellen White (veja pergunta 94), Marian considerava sua contribuição a O Desejado de Todas as Nações como sendo estritamente a de um editor. Quando C. H. Jones solicitou com insistência que o manuscrito fosse completado imediatamente, Marian escreveu a W. C. White: 


"A irmã White está constantemente incomodada pelo pensamento de que o manuscrito deve ser mandado imediatamente para o prelo. Gostaria que fosse possível aliviar a mente dela, pois a ansiedade torno-lhe difícil escrever e, a mim, trabalhar. ... A irmã White parece propensa a escrever, e não tenho dúvidas de que ela produzirá muitos coisas preciosas. Espero que seja possível incluí-las no livro. Há uma coisa, contudo, que nem mesmo o mais competente editor poderio fazer – e isto é preparar o manuscrito antes de ele ser escrito". (Arquivo de Correspondências Recebidas pelo Patrimônio White, 9 de agosto de 1897. 


Em 1904, quatro semanas antes da morte de Marian, Ellen recordava o belo relacionamento de trabalho que elo e Marian haviam gozado por tantos anos. Em seu manuscrito: "Um Tributo a Marian Davis", ela escreveu: 


"Marian, minha assistente, fiel e verdadeira em seu trabalho como uma bússola ao pólo, está morrendo. ... Minha alma está ligada à menina agonizante que me serviu pelos últimos vinte e cindo anos. Estivemos lado a lado no trabalho, e em perfeita harmonia nesta obra. E quando elo estava coletando os preciosos jotas e tis que haviam saído em periódicos e livros e os apresentava a mim: 'Agora', ela dizia, 'há alguma coisa faltando. Eu não posso preenchê-la'. Eu a examinava, e em um momento podia traçar a linha que faltava imediatamente. 


"Trabalhávamos juntas, e trabalhávamos juntos em perfeita harmonia o tempo todo. Ela está morrendo. E é devoção ao trabalho. Ela sente a intensidade disto como se fosse realidade, e nós ambas entramos nisto com intensidade, para que cada parágrafo esteja no lugar certo e cumpra corretamente sua obra". (Manuscrito 95,1904). (Veja ainda Mensagens Escolhidas, vol. 3, pp. 115-120). 


93. A  BELEZA  LITERÁRIA  DE  O  DESEJADO  DE  TODAS  AS  NAÇÕES 


Muitas pessoas consideram O Desejado de Todas as Nações seu livro favorito, depois da Bíblia. Como se explico a excepcional beleza da linguagem deste livro? 


Há uma resposta quíntupla a esta pergunta. 


Primeiro, era o assunto favorito de Ellen White. Declarou ela: "Sabeis que todo o meu tema, tanto no púlpito como em particular, pela voz e pela pena, é a vida de Cristo." (Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 118). Ela escreveu abundantemente sobre vários aspectos da vida de Cristo, o que dava a Marian um grande reservatório de onde extrair material. Marian usou apenas o melhor. 


Segundo, Ellen White ficava profundamente comovido ao meditar na vida de Cristo, e transmitiu este profundidade de sentimento a seus escritos. Declarou ela: 


"Ao escrever sobre a vida de Cristo fico profundamente agitada. Esqueço-me de respirar como devia. Não posso suportar a intensidade de sentimentos que me sobrevém quando penso no que Cristo sofreu em nosso mundo" – Idem, pp. 118, 119. 


Terceiro, algumas escolhidas jóias de pensamento que Ellen White colheu das obras de outros foram inseridas no livro. Por exemplo, o seguinte parágrafo excepcional de Life of Christ de Hanna, p. 754, ela parafraseou no Desejado de Todas as Nações, pp. 739-740. 


(Citando São Gregário) "Os céus o conheceram, e sem demora enviaram uma estrela e uma comitiva de anjos para contar seu nascimento. O mar o conheceu, e se fez de caminho para ser pisado pelos seus pés; a terra o conheceu, e tremeu por ocasião de sua morte; o sol o conheceu, e escondeu os raios de sua luz; as rochas o conheceram, pois se partiram em dois; o Hades o conheceu, e devolveu os mortos que havia recebido. Mas muito embora os elementos irracionais perceberam que ele era seu Senhor, os corações dos incrédulos judeus não o conheceram como Deus, e, mais duros que as rochas, não foram partidos pelo arrependimento". 


Quarto, as singulares qualidades de Marian Davis a qualificaram a ser a "compiladora" para O Desejado de Todas as Nações. Ela era uma mulher com a mente verdadeiramente voltada para coisas espirituais, com uma apreciação natural por coisas belas. Concernente a Marian, escreve D. E. Robinson: 


"Era ela uma mulher versada, constante estudante da Bíblia, uma mulher de profunda devoção e espiritualidade, e conscienciosa até o último grau. Fisicamente frágil, não obstante possuidora de notável valor mental. Caracterizavam-na raro amor e apreciação pelo belo, quer na natureza, arte ou literatura". (How the Books of Mrs. E. G. White Were Prepared, p. 4, Arquivo dos Documentos do Patrimônio White # 107g) 


Quinto, Marian colocou todo seu coração e sua alma na preparação deste livro. Elo viveu com esta tarefa seis anos, de 1892 a 1898. Sua correspondência revela que isto era a paixão que consumia sua vida. Escreveu ela certa vez a W. C. White: "Quando penso nos muitos milhares que lerão este livro, desejo o mínimo possível de imperfeições humanas que maculem sua divina beleza." (Marian Davis a W. C. White 11 de abril de1897). 


Mesmo após todo o manuscrito ter recebido o que parece ter sido o final arranjo dos tipos, Ellen White estava adicionando material e Marian estava ainda fazendo aperfeiçoamentos. Ela mudou "indicar" para "mostrar" e "as cortes do alto" para "as cortes celestiais" (O Desejado de Todas as Nações, p. 99, linha 6). 


A sentença: "É de Gabriel que o Salvador fala quando diz no Apocalipse que pelo Seu anjo as enviou e as noticiou a João Seu servo" foi alterada para: "De Gabriel, diz o Salvador em Apocalipse: 'Pelo Seu anjo as enviou, e as noticiou a João Seu servo'." É claro que estás e muitas outras mudanças editoriais foram feitas tendo em mente apenas um objetivo, e este foi o de elevar a qualidade literária da livro. (Veja também How the Desire of Ages Was Written, de Olson e Graybill, pp. 35-37). 


94. ELLEN WHITE DÁ A APROVAÇÃO FINAL 


Como se pode ter certeza de que o trabalho de Marian Davis e de outros assistentes literários de Ellen White representavam verdadeiramente os desejos dela? 


Enquanto estavam sendo preparados os capítulos para cada livro Ellen White era constantemente consultada, e quando a obra estava completa, ela dava à mesma sua aprovação final. 


Com a idade de 75 anos, ela explicou sua obra à sua irmã não adventista, Mary: 


"Agora, minha irmã, não pense que eu a esqueci; pois não o fiz. Você sabe que eu tenho livros para compor. Meu último esforço é um livro sobre a verdadeira educação. A obra de escrever este livro me foi muito probante, mas está quase terminado. Estou agora completando o último capítulo. Não haverá neste livro tanta matéria como em alguns de meus livros maiores, mas as instruções que ele contém são importantes. Sinto a necessidade da ajuda de Deus continuamente. 


"Ainda estou tão ativa como sempre estive. Não estou num mínimo decrépita. Sou capaz de fazer muito trabalho, escrever e falar como fazia anos atrás. 


"Releio tudo o que é copiado, para verificar se tudo está como deveria. Leio todo o manuscrito do livro antes de ser mandado para o impressor. Assim você pode ver que meu tempo é inteiramente ocupado". (Carta 133, 1902). 


95. REQUER-SE MAIS INFORMAÇÕES? 


Dever-se-ia dar aos leitores dos livros de Ellen White mais informações concernentes à preparação desses livros? 


Alguns têm sugerido que a introdução à cada um dos livros de Ellen White deveria apresentar certos agradecimentos, reconhecendo o auxílio dos assistentes literários. Mas os assistentes literários não fornecem qualquer porção do texto. De forma alguma foram eles co-autores. Seu trabalho foi mecânico e de revisão, como foi explicado na pergunto 92. 


Há os que consideram que deveriam ser introduzidas aspas no Desejado de Todas as Nações nos lugares onde Ellen White extraiu das obras de outros. Isto, contudo, parece não ser uma possibilidade prática, uma vez que é difícil que qualquer coisa tenha sido citada diretamente. 


Um capítulo de amostra, "Lázaro, Sai Para Fora" (capítulo 58) foi cuidadosamente comparado com as obras de nove autores do século dezenove que escreveram sobre a vida de Cristo. A semelhança mais próxima no palavreado foi a frase: "o maior dos milagres de Cristo" (O Desejado de Todas as Nações, p. 524), que tem três palavras sucessivas idênticas às usadas na frase de Hanna: "o maior dos Seus milagres" (Christian Life, p. 452). 


Dificilmente seria necessário usar aspas nestas três palavras. Ellen White escreveu: "Jesus lhe animou a fé" (p. 530), enquanto John Fleetwood disse: "Jesus, que estava disposto a encorajar esta fé imperfeita" (The Life of Our Lord and Saviour Jesus Christ, p. 281). 


Ellen White escreveu: "Lázaro foi acometido de repentina moléstia" (p. 525), enquanto Hugh MacMillan disse: "Lázaro foi atingido por uma daquelas febres malignas agudas" (Our Lord's Three Raisings from the Dead, p. 146). Pode-se ver que aspas teriam pouco objetivo e realmente seriam inadequadas aqui. 


Enquanto Ellen White pode ter lido vários dos nove autores examinados, não há muita evidência de que elo tenha dependido deles para suas idéias. De vinte e quatro pontos extra-bíblicos discutidos pelos vários autores, Ellen White menciona quinze. Em oito casos ela concordou com todos os outros que discutiram os mesmos incidentes ou idéias, em dois pontos ela concordou com alguns e discordou de outros, enquanto em cinco pontos ela manteve uma posição única. 


Assim, enquanto a sugestão de que se faça a devida menção aos vários autores pode parecer simples e prática, a execução seria complexa e talvez impraticável. 


96. SUAS IDÉIAS PROVINHAM DE DEUS 


Tanto Walter Specht quanto Raymond Cottrell declaram que Ellen White obteve algumas "idéias" de Hanna. Não afirmou ela consistentemente que Deus era a fonte direta de todas as suas "idéias"? 


Ellen White declarou: 


"Nestas cartas que escrevo, nos testemunhos que dou, estou vos apresentando aquilo que o Senhor me tem apresentado. Não escrevo nenhum artigo, expressando meramente minhas próprias idéias. Eles são o que Deus me tem exposto em visão - os preciosos raios de luz brilhando do trono. Isto é verdade quanto aos artigos de nossas revistas e aos muitos volumes de meus livros." – Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 29. 


Ellen White usou a palavra "idéia" para significar conceitos básicos espirituais ou teológicos. Specht e Cottrell usaram a palavra com um sentido menos específico em mente. Em seu estudo "Ellen White's Alleged Literary and Theological Indebtedness to Calvin Stowe", David Neff dá exemplos de como Ellen White dependeu de Stowe quanto à linguagem, mas não quanto às idéias. Note as similaridades e diferenças entre Stowe e Ellen White: 


C. E. Stowe, Origin and History       Mensagens Escolhidas, vol.1, p. 21

of the Books of the Bible, p. 20           

  "Não são as palavras da Bíblia          "Não são as palavras da Bíblia que

que foram inspiradas, não são os        são inspiradas, mas os homens é

pensamentos da Bíblia que foram       que o foram. A inspiração não atua

inspirados; os homens que escreveram    nas palavras do homem ou em suas

a Bíblia é que o foram. A inspiração   expressões, mas no próprio homem

não atua nas palavras do homem, não      que, sob a influência do Espírito

nos pensamentos do homem, mas no       Santo, é possuído de pensamentos".

próprio homem; de forma que ele, por 

sua própria espontaneidade, sob o 

impulso  do Espírito Santo, concebe 

certos  pensamentos" 


97. ESCRITOS, INSPIRADOS QUE NÃO PROVIERAM DE VISÕES 


Há precedentes bíblicos para se incluir num livro inspirado informações não provenientes de revelação divina em visão? 


Sim. Paulo escreveu aos Coríntios: "Havendo entre vós ciúmes e contendas" (I Cor. 3:3). Mas isto não lhe foi mostrado em visão. Ele foi informado deste problema pelos membros da casa de Cloé. Veja I Coríntios 1:11. Não obstante ele afirma que I Coríntios 3:3 foi escrito sob inspiração. 


Outras passagens, tais como II Tim. 4:9-14, 19-21, não foram reveladas a Paulo em visão, mas eles formam tão seguramente parte do relato sagrado como qualquer outra coisa que ele escreveu. 


Semelhantemente, no caso de O Desejado de Todas as Nações não é necessário crer que cada fato mencionado no livro foi primeiro visto por Ellen White em visão, a fim de crer que o livro todo proveio de uma pena verdadeiramente inspirada. (Veja também pergunta 98). 


98. OS ESCRITORES BÍBLICOS FIZERAM EMPRÉSTIMOS LITERÁRIOS 


Há qualquer precedente bíblico poro um autor extrair de outro sem fazer-lhe menção? 


Sim. Miquéias (4:1-3) extraiu de Isaías (2:2-4). O escriba que compilou II Reis (18-20) também extraiu de Isaías (36-39). Mateus e Lucas extraíram extensivamente de Marcos bem como de outra fonte comum. Nenhum deles fez referência ao autor de quem se utilizaram. (Veja o Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, pp. 178, 179). 

Paulo citou os poetas gregos Aratus (Atos 17:28), Epimênides (Tito1:12), e Menander (I Coríntios 15:33). Judas citou o assim chamado "livro de Enoque" (Judas 14, 15). João, o Revelador, aparentemente extraiu muitas linhas do livro de Enoque.* Note as seguintes citações: 

"Depois disso vi..., uma multidão que ninguém podia contar ou enumerar, que estava em pé diante do Senhor dos Espíritos". – Enoque 40:1 (cf. Apoc. 7: 9). 

"E vi... e eis uma estrela caída do céu" – Enoque 86:1 (cf. Apoc. 9:11). 

"Todos eles foram julgados e considerados culpados e lançados dentro deste inferno de fogo". – Enoque 90:26 (cf. Apoc. 20:15). 

"E o primeiro céu partirá e passará, e aparecerá um novo céu". – Enoque 19:16 (cf. Apoc. 21:1). 

"O cavalo correrá até a altura do peito no sangue dos pecadores". – Enoque 100:3 (cf. Apoc. 14:20). 

"Seus nomes serão apagados do livro da vida". Enoque 108:3 (cf. Apoc. 3:5). 

Sabe-se que o livro de Enoque estava em circulação já na metade do primeiro século AC, uns 150 anos antes de João escrever o livro do Apocalipse. A evidente escolha, por porte de Joio, da linguagem de um autor anterior desconhecido, não é razão para questionar a inspiração de seu próprio livro. Estas frases, previamente escritas por outro, ajudaram- no a dizer o que ele queria, e ele portanto sentiu-se em liberdade para usá-las. 

Lucas fez considerável investigação em fontes disponíveis antes de escrever seu evangelho. Diz ele: 

"Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram... igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído." Atos 1:1, 3, 4. 

Lucas não adquiriu suas informações através de sonhos ou visões, mas através de sua própria pesquisa. E contudo, conquanto o material no evangelho de Lucas não tenha sido dado por revelação direta, foi não obstante escrito sob a inspiração divina. Ele não escreveu para contar algo de novo a seus leitores, mas paro assegurá-los do que era verdadeiro: "para que tenhas plena certezas das verdades em que foste instruído". O que Lucas escreveu não era original, mas baseado em outros. Deus guiou a Lucas no uso das fontes certas. (Veja o Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, p. 669). 

Uma dos fontes de Lucas foi um registro genealógico dos ancestrais de Cristo. Em Lucas 3:23-27 há uma série de nomes que não são encontrados em nenhuma outra parte da Bíblia. Não há dúvida de que Lucas encontrou esses nomes fielmente preservados nos arquivos do templo. Depreendemos de I Crôn. 9:1 que os judeus tinham por costume preservar este tipo de registros. 

Alguns dos paralelos entre os livros apócrifos e o Novo Testamento são dados abaixo. A maioria das citações são da Revised Standard Version of the Apocrypha. Para exemplos adicionais, veja An Introduction to the Apocrypha de Bruce Metzger, pp. 151-173. 

"Acautela-te, não faças nunca a outro o que não quererias que outro te fizesse". - Tobias 4: 16 (cf. Mat. 7:12). 

"Jerusalém será construída com safiras e esmeraldas, seus muros com pedras preciosos, e suas torres e muralhas com puro ouro. As ruas de Jerusalém serão pavimentados com berilo e rubi e pedras de Ofir". –Tobias 13:21, 22 (cf. Apoc. 21:18-21). 

"O Senhor tomará seu zelo como armadura, e armará sua criação para repelir os inimigos; ele vestirá a justiça como uma couraça, e usará o juízo imparcial como capacete; tomará ele a santidade como invencível escudo e afiará sua ira inflexível como uma espada". – Sabedoria 5:18-21 (cf. Efe. 6: 13-17). 

"Pois eles se desviaram muito nos caminhos do erro, aceitando como deuses aqueles animais que mesmo seus inimigos desprezaram; foram enganados como crianças tolas". – Sabedoria 12:24 (cf. Rom. 1:22, 23). 

"Pela grandeza e formosura das coisas criadas se pode chegar a um conhecimento correspondente do seu Criador. ... Ainda outra vez, nem mesmo eles devem ser escusados; pois se possuíam o poder de saber tanto que puderam investigar o mundo, como deixaram de encontrar antes o Senhor destas coisas?" – Sabedoria 13:5, 8, 9 (cf. Rom. 1:20). 

"Sede prontos para ouvir, e tardios em responder". – Eclesiástico 5:11 (cf. Tiago 1:19). 

"Não tagareleis na assembléia dos anciãos, nem useis de repetições em vossas orações". – Eclesiástico 7:14 (cf. Mat. 6:1). 

"Há um homem que fica rico através de sua diligência e abnegação. E esta é a recompenso que lhe toca: Quando ele diz: 'Encontrei descanso, e agora desfrutarei dos meus bens!' Não sabe ele quanto tempo se passará até que ele os deixe para outros e morra". – Eclesiástico 11:18,19 (cf. Luc. 12:16-21). 

"Aqueles que me comem (sabedoria) estarão famintos por mais, e aqueles que me bebem estarão sedentos por mais". – Eclesiástico 24:21 (cf. João 6:35). 

"Perdoa ao teu vizinho o mal que ele cometeu, e entre teus pecados te serão perdoados quando orares". – Eclesiástico 28:2 (cf. Mat. 6:14,15; Mar. 11: 25). 


99. O ASSISTENTE LITERÁRIO DE PEDRO 


Teriam qualquer dos profetas bíblicos possuído secretários ou assistentes literários que os ajudaram a produzir seus livros? 

Sim. De fato, Pedro aparentemente dava muito mais liberdade a seu secretário do que Ellen White alguma vez deu a Marian Davis. A qualidade do grego em Primeiro Pedro é tão diferente do de Segundo Pedro que alguns eruditos crêem que eles não poderiam ter sido escritos pelo mesmo autor. Declara Michael Green: 

"A linguagem é diferente (e de forma surpreendente no original), e o pensamento também é bem diferente. ... Há uma diferença de estilo muito grande entre essas duas cartas. O grego de I Pedro é polido, refinado, nobre; está entre os melhores do Novo Testamento. O grego de II Pedro é pomposo; é muito parecido com arte barroca" (The Second Epistle General of Peter and the General Epistle of Jude, p. 16).  


Ao referir-se à questão de autores bíblicos e seus assistentes, Allen A. MacRae, um dos mais capazes expositores do Antigo Testamento na América, declara: 


"Aproximando-se do fim da epístola aos Gálatas, Paulo indica que estava escrevendo de próprio punho, implicando talvez que isso não fosse geralmente seu costume. Pode ser que ele estivera seguindo um procedimento também utilizado em partes do Velho Testamento onde o material foi ditado a um escriba. 


Jeremias, por exemplo, ditou suas profecias a Baruque. Também não podemos excluir a idéia de que por vezes um escritor pode ter dado a um assistente uma idéia geral do que queria, dizendo-lhe para colocar isso em forma escrita. Neste caso, ele teria posteriormente revisado este material para certificar-se de que representava o que ele queria dizer, e portanto ele poderia verdadeiramente ser chamado seu autor. O Espírito Santo teria guiado todo o processo, de forma que o que estava finalmente escrito expressava as idéias que Deus desejava transmitir a Seu povo. 


"Provavelmente Paulo raras vezes seguiu este último procedimento, uma vez que era altamente educado e provavelmente tinha confiança em sua habilidade de se expressar em grego. 


Mas a situação pode ter sido diferente no caso de Pedro e João, os estilos de Primeiro e Segundo Pedro diferem tanto que alguns críticos têm sugerido que uma delas constitui uma fraude. Contudo Pedro bem poderia ter ele próprio escrito um livro em grego (II Pedro?) e, quanto ao outro, expressou seu pensamento em aramaico para um companheiro que fosse mais experiente em escrever em grego (I Pedro). 


Este companheiro poderia então ter escrito as idéias de Pedro em seu próprio estilo, fazendo posteriormente as alterações que Pedro pode ter sugerido. Assim, as duas cartas difeririam em estilo; contudo, sob a direção do Espírito Santo, ambas expressariam o pensamento de Pedro tão verdadeiramente como se ele houvesse ditado cada palavra. João Calvino sustentava este ponto de vista, mas não tinha dúvida alguma de que ambas apresentavam precisamente os pensamentos de Pedro" (Christianity Today, 10 de outubro de 1980, p. 34). 


100. POR  QUE  O  PATRIMÔNIO  DAS  PUBLICAÇÕES  WHITE  NÃO  NOS  CONTA? 


Por que o Patrimônio das Publicações White não nos conta sobre estas situações e fatos problemáticos antes de outros os tirarem da toca? 


Através dos anos o quadro de funcionários do Patrimônio White tem sido pequeno e tem estado muito ocupado para se dedicar puramente à pesquisa. No entanto, ele tem feito esforços para compartilhar com outros seu crescente corpo de informações. 


Em 1933 W. C. White e D. E. Robinson publicaram um documento, Brief Statements, citado anteriormente, onde se expressa reconhecimento específico de que Ellen White, sob a direção do Espírito Santo, apropriou-se de jóias de pensamentos dos escritos de outros. 


Este documento foi posto à venda, a 25 "cents" por 27 páginas. Aparentemente não eram muitos os que estavam preocupados com o assunto, uma vez que a existência do documento foi logo esquecida. Não foi ressuscitada, senão até que discussões atuais suscitaram o interesse nas atividades literárias de Ellen White. 


Em 1935 W. C. White dirigiu o debate na Escola Avançada de Bíblia em Angwin, na Califórnia. Perguntou ele: "Podem as descrições de eventos e cenas copiados de outros autores encontrar lugar adequado entre os escritos inspirados de um mensageiro de Deus?" Ele então respondeu à pergunta. (Veja "Address to Faculty and Students at the Advanced Bible School", 18 de junho de 1935, p. 11). 


Em 1951, F. D. Nichol publicou sua obra Ellen G. White and Her Critics, que incluía sessenta e cinco páginas (pp. 4D3-467) sobre assuntos relacionados com plágio. Durante os vinte e cinco anos seguintes parece ter havido pouca ou nenhuma preocupação entre os adventistas quanto à legitimidade do uso de obras de outros autores por Ellen White. Até mesmo Walter Rea pôde escrever em1965: 


"De tempos em tempos têm surgido debates concernentes a notáveis semelhanças ou francas adaptações extraídas de outras fontes contemporâneas nos escritos de Ellen White. ... Se Deus em Sua infinita sabedoria escolhe santificar as idéias de Conybeare e Howson, Wiley, ou Edersheim e trazê-las à nossa atenção pela pena de Ellen White ou qualquer outra pessoa, que assim seja. ... Firmei-me sobre os escritos da Sra. Ellen G. White a despeito dos problemas humanos envolvidos". (Claremont Dialogue, vol. II, nº 2, 1965, pp. 31, 34, 36). 


Em 1969 Artur L. White tratou da questão do uso de fontes históricas por Ellen White (veja seu suplemento, Spirit of Prophecy, vol, lV, pp. 507-549); em 1973 (veja The Ellen G. White Writings, pp. 107-136); em 1974 em uma série de palestras na Suíça; em 1978 quando os discursos pronunciados na Suíça foram publicados na Review and Herald (edições de 12 de janeiro a 2 de fevereiro); e em 1979 em uma série de sete artigos na Review (12 de julho a 23 de agosto). As duas últimas séries, agora disponíveis em uma reedição, incluem três artigos sobre a composição de O Desejado de Todas as Nações. 


Também em 1979 o Patrimônio White publicou panfletos sobre "Ellen White's Use of Uninspired Sources" (O Uso de Fontes não Inspiradas por Ellen G. White) e "How The Desire of Ages Was Written" (Como Foi Escrito O Desejado de Todas as Nações). 


Da mesma forma, o fato de uma conferência de professores de Bíblia e história ter sido realizada em 1919 foi completamente olvidado até que um membro do quadro de funcionários do Patrimônio White notou uma referência acidental à conferência numa antiga Review. Isto levou a uma procura das atas, que foram eventualmente localizadas nos Arquivos da Associação Geral. 


As "atas" realmente não eram atas propriamente ditas, mas um relatório taquigráfico de 1250 páginas das discussões diárias da conferência. Os cinqüenta delegados não puderam decidir o que fazer com este relatório, por isso A. G. Daniells simplesmente o arquivou entre as lembranças desorganizadas da Conferência Geral. O estabelecimentos dos arquivos da Associação Geral em 1973 tornou este e outros materiais accessíveis aos interessados na história da Igreja Adventista do Sétimo Dia. 

Parecer-nos-ia que é injustificada a crítica de que o Patrimônio White e os líderes da igreja "escondem informações". 


101. OS ASSUNTOS FINANCEIROS DOS WHITE 


O artigo do Los Angeles Times de 23 de outubro de 1980 insinua que Tiago e Ellen White possuíam motivações egoístas para escrever. O que queria dizer Tiago White quando disse que ainda havia "riqueza" na pena deles? 


Aproximadamente seis meses antes de sua morte, Tiago White escreveu à sua esposa: 


"Temos de produzir certos livros. Não os completaremos na Califórnia, ou em Battle Creek, a menos que nos afastemos do escritório e seus negócios. Nossos assuntos financeiros estão bem, e ainda há riqueza em nossa pena, se nos mantivermos afastados do alvoroço, dos cuidados e do trabalho, e usarmos a pena. Desta forma podemos deixar algo que continuará falando após termos partido deste mundo" (Tiago White a Ellen G. White, 7 de fevereiro de 1881). 


A última sentença, que não foi citada no artigo do Times fornece a chave do pensamento de Tiago White. A outra carta citada no Times também omite as passagens que mostravam que os White não estavam pensando egoisticamente. Sob a data de 18 de abril de 1880, escreveu Tiago à sua esposa: 


"Prefiro não receber nada de volta do Sanatório e do Colégio, e para ter meios, para fazer nossa parte no tocante a dar para outros empreendimentos, devemos receber liberalmente por nossos livros. Com a crescente demanda de nossos escritos, e o novo quadro intitulado "O Caminho da Vida", haverá uma renda de vários milhares de dólares anualmente, além da imensa quantidade de bem que farão nossos escritos. 


... Não encontrarei dificuldades para levantar os 20.000 dólares necessários para colocar nossos livros em vapores e navios, em bibliotecas e em companhias recém abertas". (Tiago White a E. G. White, 18 de abril de 1880). 


Tiago White não era apenas um editor, pregador, e administrador; era também um ótimo negociante. Vendia Bíblias, concordâncias e artigos de papelaria em suas viagens entre as igrejas e em reuniões campais. 


A renda provinda dessas vendas fornecia meios que ele e sua esposa podiam usar para promover os interesses gerais da causa. Eles consistentemente faziam generosas contribuições para o estabelecimento de igrejas, hospitais, escolas, e outros empreendimentos da igreja. 


Ellen White escreveu em 1888: 

"Não regateio um centavo do que coloquei na causa, e tenho continuado a fazer isto até que meu marido e eu temos mais de 30.000 dólares investidos na causa de Deus. Fizemos isso um pouco de cada vez e o Senhor viu que podia nos confiar Seus meios, e que não os utilizaríamos para proveito próprio. Ele continuou a concedê-lo a nós liberalmente, e nós liberalmente continuamos a doá-lo" (Manuscrito 3, 1888). 


Através de toda a sua vida, Ellen White constantemente compartilhou seu lar e sua carteira com outros. São típicas as seguintes linhas de uma carta escrita na Austrália: 


"Vejo muitas coisas que devem ser feitas para construir mesmo um início, para levantar a bandeira nestes novos campos. De todas as direções ouço o clamor dos Macedônios por ajuda. 'Passa daqui e ajuda-nos'. Também tenho chamados para ajudar os jovens a freqüentar a escola, e também para abrir escolas primárias em diferentes localidades, onde as crianças possam ser educadas. Esta é uma obra que precisa ser feita. 


"Desejo fazer alguns acréscimos a Christian Education, e então, se a Review and Herald desejar publicá-lo, poderá fazê-lo se me pagarem uma pequena quantia como porcentagem de direitos autorais, para ser investida na educação de muitos que não podem freqüentar a escola e pagar seus estipêndios. Em Melbourne eu arcava com os estipêndios de nada menos que quatorze estudantes. Durante o primeiro semestre da escola em Cooranbong, mantive vários na escola, pagando seu internato e estipêndio escolar" (Carta 7a, 1897). 


Quando Ellen White faleceu em 1915 seus livros demonstraram um equilíbrio de crédito. Segundo a estimativa da corte, contudo, seus haveres não davam para saldar as dívidas. Nem ela nem seu esposo acumularam qualquer riqueza na terra; seu tesouro estava acumulado no céu. Para uma discussão detalhada dos assuntos financeiros de Ellen White veja Ellen G. White and Her Critics, pp. 516-530. 


* Referido nas páginas seguintes como Brief Statements.

* Um apelo do réu em um caso criminal declarando que ele não fará uma defesa, mas não admitindo a culpa. – Nota do tradutor. 

* Prescott não mencionou os livros que tinha em mente. Um dos principais alvos era Thoughts on Daniel and the Revelation, de Urias Smith e outro era O Grande Conflito.

* W. C. White trabalhou praticamente sozinho no Patrimônio White por muitos anos após o morte de sua mãe. É provável que ele não pudesse atender às reivindicações de Prescott mesmo que quisesse. Pode ser que ele não encarava estas coisas do mesmo modo que Prescott.

* Veja R. H. Charles, The Apocrypha and Pseudoepigrapha  of the Old Testament.


VEJA AQUI O 👉 Índice Completo Sobre o Santuário e Ellen White