4 SERMÕES PRÓPRIOS PARA A CONQUISTA DE ALMAS PARA DEUS

Conquistador de almas


Irmãos, esta tarde lhes falarei sobre a espécie de sermões que têm mais probabilidade de levar as pessoas à conversão, a classe de discursos que devemos pronunciar se de fato queremos que os nossos ouvintes creiam no Senhor Jesus Cristo, e sejam salvos. 


Naturalmente concordamos todos muito bem em que só o Espírito Santo pode converter uma alma. Ninguém pode entrar no reino de Deus a não ser que tenha nascido do alto. O Espírito Santo faz a obra toda, e não devemos atribuir a nós nenhum mérito pelo resultado do trabalho, pois é o Espírito que cria de novo e age no homem conforme o propósito eterno de Deus.


Todavia, podemos ser instrumentos em Suas mãos, pois Ele prefere empregar instrumentos, e os escolhe por sábias razões. É preciso haver uma adaptação dos meios ao fim proposto, como aconteceu com Davi quando saiu com a funda e a pedra para abater Golias de Gate. Golias era homem de elevada estatura, mas a pedra da funda pôde atingi-lo no alto. 


Além disso, o gigante estava armado e protegido, e só era vulnerável na testa, sendo este, portanto, o lugar onde feri-lo. Davi usou a funda, não porque não dispusesse de outra arma, mas porque tinha prática no seu manejo, como sucede com a maioria dos meninos de uma forma ou de outra. 


Escolheu uma pedra fim porque sabia que era melhor para a funda. Escolheu a pedra mais apropriada para penetrar na cabeça de Golias, de modo que, quando a atirou no gigante, ela deu em sua testa, enterrou-se no seu cérebro, e ele estatelou-se no chão, 


Poderão ver que este princípio de adaptação se acha ao longo de toda a obra do Espírito Santo. Se há necessidade de um homem para ser o apóstolo dos gentios, o Espírito Santo escolhe Paulo, homem de mente larga, bem preparado e culto, pois este era mais apto para esse trabalho do que Pedro, cuja mentalidade um tanto mais estreita, embora vigorosa, oferecia melhores condições para pregar aos judeus, e que seria mais útil aos da circuncisão do que aos da incircuncisão. Paulo no seu lugar é o homem certo, e Pedro é o homem certo no seu. Vocês podem ver neste princípio uma lição que lhes serve, e podem procurar adaptar os meios de que dispõem ao fim que se propõem. Deus o Espírito Santo pode converter uma alma com um texto qualquer, dispensando a sua paráfrase, o seu comentário, a sua exposição. Mas, como sabem, há certas passagens da Escritura mais propícias para serem apresentadas à mente dos pecadores, e se isto é verdade quanto aos textos, muito mais quanto às pregações que façam aos ouvintes. Quanto aos sermões que têm mais probabilidade de serem abençoados para a conversão daqueles a quem são pregados, direi o seguinte: 

Primeiro, são os sermões definidamente destinados à conversão dos ouvintes. Há algum tempo ouvi uma oração em que um ministro pedia ao Senhor que salvasse almas por meio do sermão que ia pregar. Não hesito em afirmar que Deus não poderia abençoar o sermão para aquele fim a menos que fizesse as pessoas entenderem mal tudo o que o pregador lhes disse, porque o discurso inteiro foi planejado para endurecer o pecador em seu pecado, em vez de induzi-lo a renunciar a ele, e a procurar o Salvado. Não havia nada nele que pudesse ser abençoado para beneficio de qualquer ouvinte, a não ser que o virasse pelo avesso ou de cabeça para baixo. 

O sermão me fez bem no sentido em que foi aplicado por uma senhora idosa ao ministro que ela fora obrigada a ouvir. Quando uma amiga lhe perguntou: "Por que vai a esse lugar?", replicou: "Bem, não há outro lugar de culto aonde eu possa ir". "Mas seria muito melhor ficar em casa do que ouvir essas tolices", disse sua amiga. "Talvez", respondeu ela, "mas gosto de ir ao culto, mesmo que não lucre nada com isso. Sabe, às vezes uma galinha fica esgaravatando num monte de lixo em busca de alguns grãos de milho. Não acha nenhum, mas mostra que os está procurando, que usa os meios para consegui-los e, também, o exercício a aquece." Com isso a anciã disse que esgaravatar os sermões fracos que ouvia era uma bênção para ela, porquanto exercitava as suas faculdades espirituais e aquecia o seu espírito. Há sermões de tal natureza que, a menos que Deus use neve e gelo para fazer amadurecer o trigo, e comece a iluminar o mundo mediante nevoeiros e nuvens, não pode salvar almas com eles. Ora, está claro que nem o pregador acha que alguém se converterá por meio deles. Caso cem ou seis pessoas se convertessem, ninguém ficaria mais surpreendido que o próprio pregador. 

Na verdade, conheci um homem que se converteu, ou se convenceu, com a pregação de um ministro desse tipo. Em certa igreja, e como resultado da pregação do ministro, houve um homem que sentia profunda convicção de pecado. Foi conversar com o pregador, mas este, coitado, não sabia o que fazer com ele, e lhe disse: "Sinto muito se em meu sermão houve alguma coisa que o incomodou. Asseguro-lhe que não foi essa a minha intenção". "Mas", respondeu o homem, que não se deixava dissuadir de modo algum, "o senhor não falou assim no sermão; disse que temos de nascer de novo." "Ora", replicou o pastor, "mas isso tudo foi feito no batismo." "Mas senhor", disse o homem, insatisfeito, "não foi o que disse no sermão. O senhor falou da necessidade da regeneração," "Bem, sinto muito haver dito algo que o perturbasse tanto, pois na verdade acho que não tem com que se preocupar. É boa pessoa, nunca foi trapaceiro nem outra coisa má." "Sei disso, mas sinto o peso do meu pecado, e o senhor disse que devemos ser novas criaturas." "Bem, bem, meu caro", disse afinal o perplexo pastor", "não entendo dessas coisas; nunca nasci de novo." Mandou-o a outro ministro. Hoje aquele homem é ministro também, em parte graças ao que aprendeu do pregador que não compreendia a verdade que proclamava a outros. 

É certo que Deus pode converter uma alma por meio de tal tipo se sermão, e de um ministério como o que acabo de descrever. Mas não é provável. É mais provável que em Sua infinita soberania, Sua bondade se manifeste onde haja um ministro de coração ardente, pregando aos homens a verdade que ele mesmo recebeu, desejando o tempo todo e com todo o empenho a salvação deles; e pronto para guiá-los nos caminhos do Senhor logo que sejam salvos, Deus não costuma deixar Seus filhos recém-nascidos entre pessoas que não entendem a nova vida, nem onde venham a ser abandonados sem adequado alimento e cuidado.

Portanto, irmãos, se querem que os seus ouvintes se convertam, vejam que a sua pregação vise diretamente à conversão, e que seja de tal caráter que sirva para ser abençoada por Deus para atingir aquele objetivo. Sendo este o caso, então creiam que almas serão salvas e creiam que o serão em grande número. Não se satisfaçam com a conversão de uma alma apenas. Lembrem-se de que a regra do Reino é: "Como creste te seja feito" (ou "Segundo a tua fé te seja feito"). 

A noite passada, no sermão que preguei no Tabernáculo, eu disse que me alegro por não estar escrito : "Segundo tua incredulidade te seja feito". Se tivermos grande fé, Deus nos abençoará conforme essa nossa fé. Oxalá nos desfaçamos de toda a incredulidade, creiamos nas grandes coisas de Deus, e de alma e coração preguemos de maneira tal que levemos os homens a converter-se mediante sermões em que proclamemos verdades próprias pata induzi-los à conversão, e declarando essas verdades de tal modo que tenham grande probabilidade de ser abençoadas com vistas à conversão dos nossos ouvintes! É evidente que o tempo todo temos que confiar no Espírito Santo para que torne eficaz a obra, pois não passamos de instrumentos em Suas mãos. 

Aprofundado-nos um pouco mais no tema, se as pessoas hão de ser salvas, será por meio de sermões que lhes interessam. Primeiro é preciso conseguir que venham ouvir a voz do Evangelho pois, ao menos em Londres, é grande a aversão para com os locais de culto, e não me surpreenderia se acontecesse isto em muitos templos e casas de oração. Acredito que, em muitos casos, a gente comum não freqüenta os cultos porque não compreende o jargão teológico usado no púlpito, que soa não como o idioma pátrio, mas como "gíria" pior do que grego. Quando um operário ouve uma vez esse alto linguajar, diz à esposa: "Não volto mais lá. Não há nada para mim, nem para você. Pode ser que haja muita coisa para os que estudaram em universidade, mas para gente como nós, nada". Não, irmãos; devemos pregar no que Whitefield chamava de "linguagem do mercado", se queremos que todas as classes da sociedade ouçam a nos" mensagem.

Depois, tendo conseguido que venham ouvir-nos, devemos pregar de modo interessante. As pessoas não se converterão, se estiverem dormindo. Melhor fariam ficando em casa, na cama, onde poderiam dormir mais confortavelmente. Temos que manter despertas e ativas as mentes dos nossos ouvintes, se queremos fazer-lhes real beneficio. Não se atira nos pássaros antes de fazê-los alçar voe, É preciso fazê-los sair do capim alto onde se escondem. Prefiro usar um pouco daquilo que alguns pregadores muito bem postos consideram terrível, aquela coisa "ímpia" chamada humor – sim, prefiro manter com isso despertos os ouvintes, a fazer com que se diga que fiquei zumbindo tão monotonamente que todos pegamos no sono – pregador e ouvintes juntos. Às vezes pode estar certo dizer-se de nós o que se disse de Rowland Hill: "Que é que esse homem quer? Fez o povo rir durante a pregação". "Sim", foi a sábia resposta, "mas você não viu que logo depois o fez chorar?" Foi um trabalho, e muito bem feito. Às vezes faço cócegas na ostra até ela abrir a concha, e então introduzo a faca. Não se abrirá só com a faca, mas o faz com alguma coisa mais. Assim se deve agir com as pessoas. É preciso fazer com que abram os olhos, os ouvidos, as almas de algum modo. E quando os abrem, o pregador deve pensar: "Esta é a minha oportunidade; faca nelas!" Há um ponto vulnerável no couro desses pecadores tipo rinoceronte que vêm ouvir-nos. Cuidado, porém! Se vão disparar nesse ponto fraco, que o façam com uma verdadeira bala do Evangelho, pois nenhuma outra coisa fará a obra que tem de sei feita. 

Além disso, é preciso despertar o interesse dos ouvintes para que lembrem o que lhes foi dito. Não recordarão nada do que ouvem se o assunto não lhes interessa. Esquecem logo as nossas belas perorações, e não podem lembrar as nossas lindas quadras poéticas – que nem sei se lhes fariam algum bem se as lembrassem. É preciso dizer-lhes algo que não esqueçam com facilidade. Creio no que o clérigo Taylor denomina "o poder da Surpresa num sermão", isto é, algo que os ouvintes não esperavam. No momento exato em que esperam que vocês digam algo reto e certo, digam algo tosco e torto, e terão dado um nó evangélico onde é provável que permaneça. Isso lembrarão! 

Lembro-me de ter lido sobre um alfaiate que fez fortuna e prometeu aos colegas de oficio contar-lhes como fora. Quando estava para morrer, eles se reuniram à volta do leito e ouviram atentos o que disse. 

"Agora vou dizer-lhes como poderão fazer fortuna como alfaiates. O jeito é este; dêem sempre um nó na linha," É o conselho que lhes dou, como pregadores: dêem sempre um nó no fio. Se houver um nó no fio de linha, este não sairá do tecido. Alguns pregadores enfiam a agulha muito bem, mas não dão nó na linha. Daí esta escapa do pano e no final nada fizeram de fato. Irmãos, façam numerosos nós nos seus sermões, para terem maior probabilidade de permanecer na memória dos ouvintes. Decerto não vão querer que a sua pregação seja como a costura feita com certas máquinas, pois, rompendo-se um ponto, a costura inteira se desfaz. É preciso que haja muitos e muitos "burrs" num sermão – e aí está o Sr. Fergusson que lhes poderá explicar o que são. (São aqueles espetinhos de plantas como o picão, por exemplo.) Garanto que ele os achou muitas vezes em seu casaco em sua bela Escócia. Lancem-nos sobre os ouvintes; digam algo que os choque, algo que se finque neles por longo tempo e que possa ser uma bênção para eles. Creio que, sob a graça de Deus, se um sermão tem a particularidade de ser interessante para os ouvintes, ao mesmo tempo que seja expressamente preparado com vistas à sua salvação, é bem provável que seja usado como meio de conversão de pecadores. 

A terceira qualidade de um sermão próprio para a conquista de almas para Cristo é que deve ser instrutivo. Para que as pessoas sejam salvas por meio de uma pregação, é preciso que esta contenha certa medida de conhecimentos. É preciso haver luz, além de fogo. Alguns pregadores são de todo luz, sem nenhum fogo; outros são de todo fogo, mas não têm luz. As duas coisas são necessárias, fogo e luz. Não julgo os irmãos que são fogo e fúria, mas gostaria que eles tivessem um pouco mais de conhecimento daquilo de que falam. Acho que seria bom que não se apressassem a pregar sobre coisas que não compreendem. 

É bonito parar no meio da rua e bradar: "Creiam! Creiam! Creiam! Creiam! Creiam!" Sim, caro irmão, mas crer em quê? Em torno de que esse ruído todo? Os pregadores desse tipo são um pouco parecidos com um menino que estava chorando, e de repente aconteceu algo que o fez parar. Logo depois perguntou à sua mãe: "Mamãe, por que eu estava chorando?" Sem dúvida a emoção cabe bem no púlpito. O sentimento, as expressões patéticas, as forças comovedoras do coração têm seu lugar, mas façam também algum uso do cérebro. Digam-nos alguma coisa quando se levantam para pregar o Evangelho eterno! 

Em minha opinião, os sermões mais apropriados para levar as pessoas a converter-se são aqueles que estão impregnados da verdade. A verdade sobre a queda, sobre a lei, sobre a natureza humana e seu afastamento de Deus. A verdade sobre Jesus Custo, sobre o Espírito Santo, sobre o Pai eterno. A verdade sobre o novo nascimento, sobre a obediência a Deus e como aprendê-la. E todas as grandes verdades semelhantes a estas. Digam algo aos seus ouvintes, caros irmãos. Sempre que pregarem, digam-lhes algo, digam-lhes algo! 

É certo que as suas palavras podem produzir algo de bom, ainda quando os ouvintes não as compreendam. Suponho que sim, como se vê no caso da senhora que dirigiu a palavra aos quacres reunidos na Casa de Oração de Devonshire. A formosa dama falou-lhes em holandês, mas pediu a um dos irmãos que servisse de intérprete. Contudo, os ouvintes disseram que ela falava com tanto poder e espírito que não queriam que se fizesse a tradução, pois não poderiam receber maior bênção do que a que assim estavam recebendo. Ora, esses quacres eram de molde bem diferente do meu, porque, não importa quão excelente fosse aquela senhora holandesa, eu quereria saber de que falava, e estou certo de que não teria colhido proveito nenhum se não fosse feita a tradução. Também gosto que os ministros sempre saibam o que estão dizendo, e que estejam seguros de que as suas palavras contêm algo que vale a pena dizer. Portanto, caros irmãos, procurem dar aos ouvintes algo mais que uma fieira de historietas patéticas que os fazem chorar. Digam-lhes algo. 

É sua obrigação ensiná-los, pregar-lhes o Evangelho, fazê-los entender, quanto esteja ao alcance de vocês, coisas que promovam a paz dos seus ouvintes. Não alimentemos a esperança de que as pessoas serão salvas mediante os nosso sermões, a não ser que procuremos instruí-las com aquilo que lhes dizemos. 

Em quarto lugar. é necessário que os ouvintes fiquem impressionados com os nossos sermões, se hão de converter-se por meio deles. É preciso não só interessá-los, mas também impressioná-los. E creio, caros amigos, que há muito mais importância nos sermões que causam impressão do que alguns pensam. A fim de gravarem a Palavra naqueles a quem pregam, lembrem-se de que primeiro é preciso que ela esteja gravada em vocês. Devem senti-la, e falar como quem a sente; não como se a sentissem, mas, sim, porque a sentem. Do contrário, não levarão ninguém a senti-la. Pergunto-me que seria subir ao púlpito para ler um sermão escrito por outro à igreja reunida. Lemos na Bíblia a respeito de uma coisa emprestada, cuja cabeça caiu ao ser usada. E temo que muitas vezes aconteça a mesma coisa com sermões emprestados: tornam-se como decepados. Os que lêem sermões emprestados, positivamente nada sabem dos nossos esforços mentais ao preparar-nos para o púlpito, nem do contentamento que nos causa pregar com o auxílio de breves anotações. 

Um amigo a quem muito quero, pregador que lê sermões que ele mesmo faz, conversava comigo sobre a arte de pregar. Disse-lhe como se comove a minha alma e como o meu coração trepida enquanto medito no que vou dizer ao meu povo, e depois, enquanto lhe transmito a mensagem. Mas ele disse que nunca sentiu nada disso quando pregava. Fez-me lembrar uma garotinha que chorava de dor de dentes, e sua avó lhe disse: "Lila, não tem vergonha de chorar por tão pouca coisa?" "Ora, vovó", respondeu a menina, "é fácil para a senhora dizer isso pois, quando doem os seus dentes, pode tirá-los e pronto; mas os meus são fixos". A alguns irmãos, quando um sermão escolhido não lhes sai bem, basta ir ao arquivo e retirar outro. Mas quando tenho um sermão repleto de alegria, e eu mesmo me sinto enfadado e triste, fico em estado lastimável. Quero rogar aos homens que creiam, quero persuadi-los a crerem, mas, com o espírito lerdo e frio, sinto-me extremamente deprimido. Sinto dor de dentes, e não os posso tirar, porque não são postiços, são meus mesmo. Como os meus sermões são feitos por mim mesmo, só posso esperar ter grande dificuldade, tanto para a obtenção como para a utilização deles. 

Lembro-me da resposta que recebi uma vez, quando disse a meu venerando avô: "Sempre que prego, sinto-me terrivelmente mal, sim, com verdadeiro enjôo, como se estivesse cruzando o mar", e perguntei ao querido ancião se ele achava que eu algum dia perderia aquela sensação. Sua resposta foi: "Você terá perdido todo o poder se isso acontecer". Portanto, meus irmãos, não é tanto que dominem o seu tema, mas, sim, que este os domine, e que sintam a força com que ele os prende como uma terrível realidade em si próprios. São sermões desta classe que têm maior probabilidade de tocar a sensibilidade dos ouvintes. Se não lhes causarem impressão, não esperem que impressionem a outros. Cuidem, pois, que os seus sermões contenham sempre algo que realmente os comova e aos seus ouvintes.

Além disso, creio que é preciso comunicar os sermões de modo que impressionem, A alocução de alguns pregadores é péssima. Se a sua também o é, tratem de melhorá-la por todos os meios possíveis. Um rapaz queria estudar canto, mas o professor lhe disse: "Você só tem um tom de voz, e esse está fora da escala". Assim, a voz de alguns ministros tem somente uma tonalidade, e não há nela musicalidade alguma. Esforcem-se, na medida do possível, para falar de modo que se preste ao fim que têm em vista. Preguem, por exemplo, como pleiteariam se estivessem perante um juiz, rogando pela vida de um amigo, ou como se estivessem apelando para o trono real em favor de alguém muito caro a vocês. Ao argumentarem com os pecadores, empreguem o tom que empregariam se armassem um patíbulo nesta sala onde vocês devessem ser enforcados, a menos que conseguissem dissuadir disso a pessoa responsável com sua libertação. É dessa espécie de ardor que necessitam quando pleiteiam com os homens como embaixadores de Deus. Procurem fazer cada sermão de modo tal que os ouvintes mais levianos vejam sem dúvida nenhuma que, se para eles é diversão ouvi-los, para vocês não é nenhuma diversão falar-lhes e, sim, com sinceridade solene e categórica, insistem com eles em questões de alcance eterno.

Com freqüência é assim que me sinto quando prego. Sei o que é gastar todas as minhas munições e, então, por assim dizer, servir eu mesmo de carga para a poderosa arma do Evangelho e disparar a mim mesmo nos ouvintes. Atirar-se sobre eles com toda a minha experiência da bondade de Deus, toda a minha convicção de pecado e toda a percepção do poder do Evangelho. E há pessoas em quem esse tipo de pregação produz efeito onde tudo mais teria falhado, pois vêm que, neste caso, receberam o impacto não somente do Evangelho, mas de vocês próprios também. Os sermões que têm a probabilidade de quebrantar o coração do ouvinte são aqueles que antes quebrantaram o coração do pregador, e o sermão próprio para atingir o coração do ouvinte é o que vem diretamente do coração do pregador. Portanto, prezados irmãos, procurem pregar sempre de modo que o povo fique impressionado, bem como fique interessado e receba instrução. 

Em quinto lugar, acho que devemos tratar de tirar dos sermões tudo aquilo que tenda a desviar a atenção dos ouvintes, do objetivo que temos em vista. O melhor estilo de traje, é aquele que ninguém nota. Uma tarde um cavalheiro visitou Hannah More. Quando voltou para casa, a esposa lhe perguntou: "Como estava vestida a Srta. More? Devia estar maravilhosa!" Respondeu-lhe o marido: "De fato estava. . . Ora, como é mesmo que estava? Nem notei como se vestia. De qualquer forma, nada havia de particularmente notável em seu vestido; o que havia de interessante era a pessoa dela". Assim se veste uma verdadeira dama, de modo que reparamos nela, e não nos seus enfeites. Vestem tão bem que não sabemos como está vestida. E esse é o melhor modo de vestir um sermão. Que nunca se diga de vocês, como às vezes se diz de certos pregadores populares; "Fez o trabalho tão majestosamente, falou com linguagem tão elevada, etc... etc.". 

Nunca introduzam nada em seus discursos que possa distrair a atenção do ouvinte, afastando-o do grandioso objetivo que têm em mira. Se desviarem o pensamento do pecador para longe do assunto principal, falando à maneira dos homens, será muito menos provável que ele receba a impressão que vocês pretendem comunicar e, conseqüentemente, haverá menor probabilidade de que se converta. Recordo haver lido uma vez o que Finney diz em seu livro sobre "Avivamentos". Diz ele que havia uma pessoa a ponto de converter-se, e justamente naquele instante enviou uma senhora idosa, usando tamancos, arrastando os pés entre as fileiras de bancos, fazendo grande ruído, e aquela firma se perdem. Entendo o que o evangelista quis dizer, embora não goste da forma em que colocou a questão. O barulho leito pela anciã de tamancos provavelmente desviou a mente da pessoa daquilo em que estava pensando, e é bem possível que não conseguisse mais colocá-la de novo na mesma posição de antes, Temos que considerar todas essas pequeninas coisas como se tudo dependesse de nós, lembrando ao mesmo tempo que o Espírito Santo é o único que pode tornar eficaz a obra.

O sermão não deve distrair a atenção das pessoas por estar apenas remotamente ligado ao texto, Restam ainda muitos ouvintes que acreditam que deve existir alguma relação entre o sermão e o texto, e se eles começam a perguntar-se a si mesmos: "Como é que o pregador chegou aí? Que é que o seu discurso tem que ver com o texto?", vocês já não poderão reter a sua atenção; e esse seu costume de fazer digressões poderá ser destrutivo para eles. Portanto, apeguem-se ao texto, irmãos. Se não agirem assim, serão como o menino que foi pescar, e lhe disse o tio: "Pegou muitos peixes, Samuel?" Respondeu-lhe o menino: "Passei três horas pescando, titio, e não peguei nenhum peixe, mas perdi muitas minhocas". Espero que nunca tenham que dizer: "Não ganhei nenhuma alma para o Salvador, mas desperdicei uma porção de textos preciosos. Baralhei e confundi muitas passagens da Escritura, mas não fiz nada de bom com elas. Não tive como suprema aspiração conhecer a mente do Espírito como vem revelada no texto bíblico até infundir o seu significado em minha própria mente, embora me custou muito aperto e muitos arranjos enfiar minha mente no texto". Não é bom fazer isso. Prendam-se ao texto, irmãos, como o sapateiro à fôrma, e procurem extrair das Escrituras o que o Espírito Santo colocou nelas. Jamais ajam de modo que os seus ouvintes sejam levados a perguntar: "O que este sermão tem a ver com o texto?" Se fizerem isso, os ouvintes não terão proveito, e talvez não se salvem.

Quero dizer-lhes, irmãos, que tratem de conseguir toda a instrução que possam, absorvam tudo que os seus professores possam transmitir-lhes. Extrair todos os conhecimentos deles ocupará todo o seu tempo. Esforcem-se, porém, para aprender tudo que puderem porque, creiam-me, a falta de instrução pode ser um tropeço na obra de conquistar almas para Cristo. Aquela "horrível" troca do l pelo r, e outros erros de pronúncia e de gramática podem causar danos indescritíveis. Aquela jovem poderia converter-se porque parecia estar bem impressionada com os seus discursos. Desagradou-lhe, porém, o seu modo de pronunciar certas palavras, suas constantes omissões de letras e trocas de uma letra por outra, como fazem os indoutos. Sua atenção foi desviada da verdade para os seus erros de linguagem. Essas letras omitidas ou trocadas "matam" muitos ("a letra mata"); esses e outros erros crassos podem prejudicar mais do que vocês talvez possam imaginar. É possível que achem que estou falando de coisas triviais que merecem pouca ou nenhuma consideração. Não é assim. Essas coisas podem ocasionar os mais graves resultados. Não é tão difícil aprender a falar corretamente o nosso idioma. Procurem aprendê-lo o melhor que puderem.

Talvez alguém diga: "Bem, sei de um irmão que teve muito sucesso, e ele não tinha muita instrução". Certo. Mas observem que os tempos estão mudando. Uma jovem disse a outra: "Não vejo por que nós, garotas, temos que estudar tanto. As moças de antes do nosso tempo não sabiam muito, e entretanto arranjavam casamento". "Sim", disse a companheira, "mas naquela época na havia tantas escolas públicas. Hoje os homens se instruem, e ficará feio para nós se não nos instruirmos também." 

Um rapaz poderia dizer: "Tal ministro falava sem nenhuma gramática, e no entanto se saiu muito bem", mas o povo do seu tempo também ignorava a gramática, de modo que isso não tinha muita importância. Agora, porém, quando todos freqüentam a escola pública, se vêm ouvi-los, será uma lástima se a mente deles for desviada das verdades solenes em que vocês gostariam de fazê-los pensar, porque não podem deixar de notar as deficiências do seu preparo intelectual. Mesmo uma pessoa com pouca instrução pode receber a bênção de Deus. Mas a sabedoria nos diz que não devemos permitir que nossa falta de instrução impeça o Evangelho de abençoar os homens.

Possivelmente vocês dirão: "É ser excessivamente critico acusar esse tipo de faltas". Ora, e essa gente que critica demais não precisa da  salvação como os outros? Eu não consideraria demasiado crítica a pessoa que me dissesse com boa base que minha pregação irritara tanto o seu ouvido e perturbara tanto a sua mente, que não lhe foi possível receber a doutrina que eu tentava expor-lhe. Vocês nunca ouviram falar por que Charles Dickens jamais se tomaria espírita? Numa sessão ele pediu para ver o espírito de Lindley Murray, o famoso gramático. Compareceu o pretenso espírito de Lindley Murray, e Dickens lhe perguntou: "Você é Lindley Murray?" A resposta veio prontamente: "Sô ele memo". Não se poderia esperar a conversão de Dickens ao espiritismo depois de uma resposta que feria tanto a gramática. Podem rir, mas ao deixem de fixar a moral da história. É fácil ver que, com erros de concordância, de regência verbal, etc. poderão afastar a mente do ouvinte daquilo que tentam apresentar-lhe, impedindo, assim, que a verdade alcance o seu coração e a sua consciência. Portanto, dispam os seus sermões quanto puderem de tudo aquilo que possa afastar a mente dos seus ouvintes do fim visado. Se pretendemos pregar de modo que aqueles que vêm ouvir a nossa voz se salvem, é preciso que toda a atenção e todo o pensamento deles se concentrem na verdade que lhes expomos. 

Em sexto lugar, creio que os sermões mais propensos a serem abençoados para a conversão dos ouvintes são os que estejam mais repletos de Cristo. Vejam que os seus sermões, estejam plenos de Cristo, do começo ao fim sobejamente cobertos do evangelho. Quanto a mim, irmãos, não posso pregar outra coisa que não a Cristo e Sua cruz, pois nada sei além disso e, de há muito, como o apóstolo Paulo, decidi-me a não saber coisa alguma, exceto Jesus Cristo, e Este crucificado. Muitas vezes me perguntam: "Qual é o segredo do seu sucesso?" Sempre respondo que não tenho outro segredo senão este, que prego o evangelho – não acerca do evangelho, mas o evangelho – o evangelho integral, livre e glorioso do Cristo redivivo que é a encarnação das boas novas. 

Irmãos, preguem a Jesus Cristo, sempre e em toda parte, E toda vez que pregarem, assegurem-se de ter muito de Jesus Cristo no sermão, 

Decerto se lembram da estória do velho ministro que ouviu um sermão pregado por um jovem, e quando o pregador lhe perguntou o que tinha achado dele, demorou-se a responder, mas afinal disse: "Se devo dizer-lhe algo, não gostei nada, nada. Não havia Cristo no sermão". O jovem respondeu: "Isso é porque não havia Cristo no texto". "Ora!", disse o velho pregador, "você não sabe que de cada cidadezinha, vila e lugarejo da Inglaterra há uma estrada que leva a Londres? Sempre que tomo um texto, digo a mim mesmo: 'Há uma estrada daqui a Jesus Cristo, e hei de ficar no Seu encalço até chegar a Ele'." "Muito bem", disse o moço, "mas suponha que vá pregar baseado num texto que não fala nada de Cristo?" "Nesse caso, vou saltando barreiras e valas, mas que chego até Ele, chego." 

É isso que devemos fazer, irmãos. O que quer que haja ou não nos nossos sermões, Cristo temos que ter neles. É preciso haver em cada sermão evangelho que dê para salvar uma alma. Cuidem que seja assim, quando forem chamados para pregar diante de reis e rainhas, e quando pregarem a empregadas domésticas ou a pessoas cultas tenham sempre o cuidado devei que o verdadeiro evangelho esteja em cada sermão.

Ouvi falar de um jovem que, tendo que ir pregar em certo lugar, perguntou: "Que tipo de igreja é aquela? Em que crêem as pessoas lá? Qual a sua posição doutrinaria?" Digo-lhe como evitar a necessidade de indagações como essas: preguem Jesus Cristo a eles. Se isto não se encaixar nas opiniões doutrinárias dos ouvintes, tornem a pregar-lhes Jesus Cristo na oportunidade seguinte. E façam a mesma coisa na ocasião seguinte, e na outra, e na outra, e nunca preguem outra coisa. Os que dão gostam de Jesus Cristo terão que ouvi-lo pregado até que venham a gostar dEle. Pois essa gente é que tem maior necessidade dEle. Lembrem-se de que todos os comerciantes do mundo dizem que conseguem vender as suas mercadoria quando há procura delas, mas a nossa mercadoria produz a procura e a supre. Pregamos Jesus Cristo aos que carecem dEle, e também O pregamos aos que acham que não precisam dEle. E continuamos a pregá-Lo até fazê-los sentir que precisam dEle e não podem ficar sem Ele. 

Em sétimo lugar, tenho a firme convicção de que os sermões mais apropriados para a conversão dos pecadores são os que apelam para o coração, não os que têm como alvo a cabeça ou que visam apenas ao intelecto. Lamento dizer que conheço pregadores que jamais farão grande benefício ao mundo. São bons homens, têm muita capacidade, falam bem e são perspicazes, Entretanto, de um modo ou de outro, há uma triste lacuna em seu caráter pois, para todos que os conheçam, é mais que evidente que eles não têm coração. Conheço um ou dois que são secos como couro curtido. Se os pendurássemos numa parede para usá-los como indicadores do estado do tempo, como se faz com algas, não dariam ajuda nenhuma, pois dificilmente qualquer tipo de tempo os afetaria. 

Mas também conheço outros que são completamente o contrário daqueles, Não há esperança de que conquistem almas, pois eles próprios são muito levianos, frívolos e tolos. Não levam nada a sério, e em nada mostram senso de responsabilidade. Não vejo neles nenhum sinal de que possuem alma; são rasos demais para que possa caber alma neles. Uma alma não poderia sobreviver no pouquinho de água, que é tudo que podem reter. Parece que foram feitos sem alma, razão por que não podem prestar nenhum benefício com sua pregação do Evangelho. Irmãos, estejam certos de que precisam ter alma para poderem cuidar das almas dos outros. Como também é preciso que tenham coração para poderem alcançar o coração do próximo. 

Eis outro tipo de homem: o que não pode chorar pelos pecadores. Que valor tem ele no ministério? Nunca na vida chorou pelos homens, Nunca se angustiou diante de Deus por causa deles. Jamais disse como Jeremias: "Oxalá a minha cabeça se tornasse em águas, e os meus olhos em fonte de lágrimas! Então choraria de dia e de noite os mortos da filha do meu povo". 

Conheço um irmão desse tipo, Numa reunião de pastores, depois de termos confessado nossas faltas, disse que estava muito envergonhado de nós todos. É certo que devíamos estar mais envergonhados de nós mesmos do que estávamos. Mas ele nos disse que se era verdade tudo o que disséramos em nossas confissões a Deus, éramos uma desonra para o ministério. Talvez o fôssemos. Aquele irmão disse que ele não era assim. Disse que, até onde podia saber, nunca pregara um sermão sem ter a certeza de que era o melhor que podia pregar, e que nunca pôde descobrir que haveria jeito de melhorar o que fizera. Era homem que sempre estudava o mesmo número de horas por dia, sempre orava durante os mesmos minutos, pregava sempre durante o mesmo espaço de tempo. Era de fato o homem mais metódico que conheci. Quando o ouvi falar-nos como o fez, perguntei-me: "Qual o resultado no seu ministério por causa desta maneira perfeita de fazer as coisas?" Pois bem, ele nada mostra de satisfatório. Tem o grande dom da dispersão, pois, se vai a um templo repleto, logo o esvazia. Contudo, acho que é um bom homem, a seu modo. Gostaria que o seu relógio parasse às vezes, ou que batesse antes da hora, ou que lhe acontecesse alguma coisa extraordinária, pois daí poderia sair algo de bom, Mas ele é tão sistemático e metódico que não há esperança de que aconteça nada disso. Seu defeito consiste em não ter nenhum defeito. Vocês hão de notar, irmãos, que os pregadores que não têm defeitos, também não possuem altas qualidades. Evitem, pois, esse nível raso e morto, e tudo mais que prejudique a conversão das pessoas.

Voltando ao tema relacionado com a necessidade de se ter coração, de que vimos falando, perguntei a certa mocinha que havia pouco se unira à igreja: "Você tem bom coração?" Ela respondeu que sim. Disse-lhe então: "Pensou bem nesta questão? Você não tem mau coração?" "Oh, sim", respondeu ela. "Mas como podem harmonizar-se as duas respostas?", disse eu. "Ora", replicou a jovem, "sei que tenho bom coração porque Deus me deu novo coração e espírito reto; e sei também que tenho mau coração porque muitas vezes o encontro lutando contra o meu novo coração." Estava certa. E eu preferira que o ministro tivesse dois corações a que não tivesse nenhum. 

O seu trabalho, irmãos, deve ser mais do coração que da cabeça, se pretendem ganhar muitas almas. Em meio a todos os seus estudos, vejam que jamais sua vida espiritual se resseque. Não há necessidade de que suceda isso, embora em muitos casos o estudo tenha produzido esse efeito. Diletos irmãos, os professores concordarão comigo em que há ressecante influência no estudo de latim, grego e hebraico. É verdadeira este refrão: 

"Raízes hebraicas do sabichão 

florescem melhor em árido chão." 

Nos clássicos e nas matemáticas há influência ressecante. É possível que se absorvam tanto em alguma ciência que o seu coração acabe desaparecendo. Não permitam que lhes suceda isso. Caso aconteça com algum de vocês, o povo dirá: "Ele sabe muito mais agora do que quando esteve entre nós pela primeira vez, mas já não tem a espiritualidade que tinha então". Tomem cuidado para que jamais seja assim. Não se contentem com o polimento da grelha apenas; avivem o fogo em seus corações e mantenham sua alma inflamada de amor a Cristo, ou não será provável que sejam ricamente utilizados na conquista de almas para Deus.

Finalmente, irmãos, creio que os sermões mais próprios para levar os pecadores a converter-se são os sermões pelos quais se orou. Refiro-me aos discursos pelos quais se orou de verdade tanto em seu preparo como em sua transmissão – porque há muita pretensa oração que não passa de brincar de orar. 

Viajei há algum tempo com um homem que se apresenta como tendo capacidade para realizar curas prodigiosas por meio dos ácidos de certa madeira. Depois de me haver falado do seu remédio maravilhoso, perguntei-lhe: "Que é que há nele que produz as curas que você diz ter conseguido?" "Oh", disse ele, "é o modo pelo qual o preparo, muito mais do que o seu conteúdo em si; esse é o segredo das suas propriedades curativas. Esfrego-o com toda a força por um bom tempo, e tenho em mim tanta eletricidade vital, que ponho a minha própria vida no remédio." 

Muito bem, esse homem não passa de um curandeiro, mas podemos aprender dele uma lição, pois o modo de fazer sermões é acionar a eletricidade vital neles, pondo a sua própria vida e a vida de Deus neles, mediante fervorosa oração. A diferença entre um sermão pelo qual se orou e outro que foi preparado e pregado sem oração é como a diferença sugerida pelo Sr. Fergusson em sua oração, quando se referiu ao sumo sacerdote antes e depois de sua unção. Irmãos, é preciso ungir os seus sermões, e não poderão fazê-lo a não ser que mantenham comunhão pessoal com Deus. 

Que o Espírito Santo venha a ungi-los, a todos e a cada um de vocês, e os abençoe ricamente na tarefa de conquistar almas, por amor de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.