Para o programa “Linha Aberta” do dia 09 de Abril de 2001.
“Você acha prudente que os filhos usem jogos eletrônicos para se distrairem?”
Qual é a melhor brincadeira para os filhos? Sempre será aquela que vai produzir o maior número de benefícios possíveis, no aspecto físico, mental, e espiritual.
Falando especificamente sobre os jogos eletrônicos, ou digitais, nós podemos afirmar que alguns deles possuem elementos nocivos especialmente para a o desenvolvimento espiritual da criança.
Muitos até podem ajudar no desenvolvimento da lógica e da estratégia, do raciocínio rápido, da psicomotricidade fina, mas quase sempre servindo-se da violência, da lei do mais forte, da sensualidade ou do engano. Estas coisas estão em completa oposição ao reino de Deus, que exalta a misericórdia, a compaixão, o amor e o altruísmo com virtudes desejáveis.
A Bíblia nos fala da lei da semeadura e da colheita quando afirma que “tudo que o homem semear, isto também vai colher. Porque o que semeia para a sua própria carne [seus impulsos naturais, pecaminosos] da carne colherá corrupção”. Esta lei indica o que quase todo mundo já sabe: a mente humana tende a se amoldar a aquilo com o que entra em contato. E a gente sabe que nesta terra, não existe nada neutro. Ou vai estar contribuindo para minha salvação, ou para a perdição. Por isso nossos filhos precisam aprender a escolher por si mesmos …
Em um texto que apareceu na revista Super Interessante deste mês (março de 2001, pág. 98), o autor, um psiquiatra que por sinal defende os vídeo games, inclusive os violentos, fala de uma pesquisa que fez entre usuários deste tipo de jogo. De acordo com ele, os jogadores afirmaram que a violência dos jogos não chegou a contamina-los. Agora, você acha que um indivíduo pode avaliar de maneira isenta até que ponto foi contaminado ou não. O mesmo autor do texto afirma que quando perguntaram para os jogadores o que significava para eles cortar a cabeça ou arrancar um coração de um inimigo nos jogos, a resposta foi sempre a mesma: apenas um meio para chegar à próxima fase do seu jogo predileto.
E eu pergunto novamente: será que para estas pessoas no jogo da vida vai ser diferente? Que tipo de cidadãos estamos preparando? Não é isso que estamos vendo hoje nos noticiários? – pessoas capazes de cortar a cabeça ou arrancar o coração de alguém para chegar à próxima fase de seu emprego, ou de suas fantasias amorosas? Mas nós, os cristãos, queremos estar preparando nossos filhos para um outro tipo de vida, você não acha?
Mas existem aqueles que são educativos. Prefira estes, desde que estejam destituídos de elementos contrários aos princípios do reino de Deus. Mas mesmo os educativos, levados ao excesso, podem ser prejudiciais, porque a verdadeira educação é o desenvolvimento harmônico de todas as faculdades, incluindo as físicas e espirituais, e não apenas as mentais.
Além disso, tem a questão do tempo. Cada segundo que temos, nos é emprestado por Deus. Precisamos ensinar nossas crianças a preferirem passatempos úteis, de preferência que envolvam atividade física. Jogos eletrônicos tendem a incentivar a inatividade e por tabela, a obesidade e uma saúde pobre. Sugiro a você que em lugar de apenas proibir, converse com a criança, ensinando-a a escolher passatempos saudáveis, úteis, e inofensivos. Se você simplesmente proibir, sem ensina-la a pensar, vai estar construindo um adulto autômato, não autônomo, incapaz de pensar por si mesmo, sendo presa fácil nas mãos de Satanás. Procure envolve-lo no Reino de Deus. Se ele não estiver amando ao reino de Deus, não vai ter nem elementos nem motivação para escolher bem.
Portanto, na hora de escolher, fica valendo o conselho de Deus: tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso que ocupe o seu computador.