Deve o cristão participar de movimentos grevistas contra o governo?
Ao passo que o cristão deve posicionar-se claramente ao lado do direito e contra as injustiças, deve cultivar a virtude do contentamento. Paulo disse em Filp. 4:11 “... aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.” Mas contentamento não significa omissão, inatividade, falta de envolvimento, falta de raciocínio ou uma indisposição para melhorar as próprias condições da vida.
O apóstolo Paulo aprendeu a viver contente em toda e qualquer situação porque dizia: “O meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades.” (v. 19). O cristão sabe que o único que verdadeiramente pode suprir suas necessidades é Deus.
Enquanto estamos neste mundo, precisamos do sustento, de trabalhar por ele com as nossas mãos (I Tes. 4:10-12), mas devemos saber que nosso sustento não vem do salário, do patrão, dos clientes, e nem depende exclusivamente da situação econômica. Foi por este motivo que João Batista também aconselhou aos soldados romanos que se convertiam: “Contentai-vos com o vosso soldo” (Luc. 3:14). Se o Senhor é o meu pastor, com certeza, nada me faltará.
Tudo isto não quer dizer que não podemos lutar para melhorar a qualidade de vida da população. Aliás, é para isto mesmo que estamos no mundo. Devemos ser o sal da terra. A questão, no entanto, é saber como lutar, com quem lutar e contra quem lutar.
Primeiro: Com quem lutar? Existe uma advertência na Bíblia para que o cristão não se coloque em sociedade com os incrédulos, porque não pode haver harmonia entre a luz e as trevas, entre os que são dirigidos por Deus e os que são dirigidos por Satanás ( II Cor. 6:14-18). “Por isso”, Deus nos aconselha nos versos 17 e 18, “retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor... e eu vos receberei , serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso”.
Ao participar de greves, grande parte das pessoas ignora os verdadeiros motivos que movem aos organizadores. Outras vezes, nem mesmo os organizadores conhecem as forças que os dirigem. É por este motivo que, em lugar de participar desses movimentos de grupo, que reúnem toda espécie de gente, com o intuito de pressionar, e com ambições nem sempre honestas, o cristão vai procurar às pessoas devidas, expor os fatos de maneira correta, e orar a Deus por auxílio.
Com certeza, o verdadeiro cristão será visto como alguém que faz algo de bom para a sociedade, como alguém que é uma mão ajudadora, e não alguém que só sabe criticar e reivindicar seus direitos. Disso o mundo está cheio. Deus nos aconselha em Rom. 13, a estarmos sujeitos às autoridades, porque não há autoridade que não proceda de Deus, e todas foram por Ele instituídas.
Diz ainda que aquele que resiste à autoridade, resiste à ordenação de Deus, e trarão sobre si mesmos condenação. Falando sobre as autoridades, em Ped. 2:13-17, a Bíblia diz que é a vontade de Deus que pela prática do bem, façamos emudecer a ignorância dos insensatos, não usando nossa liberdade como pretexto da malícia, mas tratando a todos com honra, amando aos irmãos, temendo a Deus e honrando ao Rei.
Agora, Como lutar? Diz o apóstolo Tiago: “Onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de cousas ruins. A sabedoria, porém, lá do alto, é primeiramente pura; depois pacífica, indulgente, tratável, plenta de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para o que promovem a paz”. (Tiago 3:16-18). Em Efésios, Paulo diz que o cristão deve estar longe de toda a gritaria, amargura e cólera, dando sempre graças a Deus por tudo. (4:31 e 5:20)
Mas, Contra quem lutar? Já em Ef. 6:12, o apóstolo Paulo nos diz que a nossa luta não é contra pessoas de carne e sangue, e, sim, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Grande parte das greves de hoje fazem parte de um movimento contra toda e qualquer autoridade estabelecida, com o intuito de desestabilizar o governo para substituí-lo no poder. “Se hay gobierno, yo soy contra”, é a frase atribuída a Che Guevara.
O cristão deve saber que este não pode nem deve ser seu objetivo. Foi o Senhor Jesus quem disse: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim... mas agora o meu reino não é daqui.” Em Luc. 17:20, Jesus disse que o seu reino não viria com visível aparência.
Muitos cristãos hoje, estão esperando por um milênio de paz, com um reino de Deus visível sobre a Terra, mas Jesus mesmo afirmou que este reino não viria com visível aparência, mas disse: “o reino de Deus está dentro em vós”. É por isto que a oração do Senhor é ainda tão atual hoje como foi no passado. É por isto que ainda podemos orar a Deus “Venha a nós o Teu reino”, e não deste ou daquele partido. É por isto que ainda podemos pedir a Deus com fé, para nós e para os outros, “O pão nosso de cada dia nos dá hoje”.