10 Pq na igreja Adventista não se fala em Curas e Milagres?

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Jesus se manifestou para “desfazer as obras do diabo” (1 João 3:8) e implantar o Reino de Deus no coração do ser humano (Lucas 17:21). Para isto, ele se despojou de tudo (Filipenses 2:5-8), assumiu a natureza humana sem pecado, mas sob as condições do pecado, e se tornou autor de nossa salvação (Hebreus 2:9; 4:15; 5:9; Romanos 8:3). Seu objetivo era a Glória de Deus. 


Esta glória está relacionada ao caráter e à missão de Cristo. Quando Jesus esteve neste mundo, o diabo reclamava para si o poderio de toda a terra, pois Adão, devido ao pecado, perdera sua posição de domínio (Gênesis 1:20; Lucas 4:6, 7). Assim, Cristo veio à Terra para travar uma batalha espiritual que começou no Céu (Apocalipse 12:7-9). 


Cada cura, cada milagre realizado era uma demonstração do estabelecimento do reino de Deus e de Seu domínio. Este conflito entre Cristo e Satanás culmina com a derrota do maligno e a vitória de Cristo que com Seu próprio sangue comprou “para Deus gente de toda tribo, língua, povo e nação” (João 12:31, 16:11; Mateus 25:41; Apocalipse 12:12; Romanos 8:37; João 16:33; Apocalipse 5:9). 


Jesus descreve a glória como a manifestação da divindade em resgatar o homem do pecado à perfeita harmonia que Cristo possuía com o Pai, antes que o mundo existisse (João 17:5). 


Pouco antes de sua prisão, julgamento e morte, Jesus afirmou: “Agora o Filho do homem é glorificado, e Deus é glorificado nele” (João 13:31). Mais adiante Ele diz que “neles (naqueles que creem) sou glorificado” (João 17:10). Dessa maneira constata-se que Deus é glorificado quando um pecador aceita o preço pago por Cristo na cruz, um pecador regenerado, salvo da perdição, comprado pelo sangue de Cristo. 


Nessa luta espiritual o inimigo exerce todo seu poder para frustrar o plano de Deus, por isso criou uma série de contrafações. Deus disse que o homem morreria se comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. O diabo disse que não morreria (Gênesis 2:16, 17; 3:4). 


Deus disse que o verdadeiro dia de guarda é o sábado do sétimo dia  e o inimigo levanta uma falsa verdade dizendo que é o domingo (Gênesis 2:2, 3; Êxodo 20:8; Hebreus 4:4, 9). Quando Moisés esteve perante faraó, as forças demoníacas estiveram presentes para contrafazer as obras de Deus (Êxodo 7:9-12). 


Mesmo durante o ministério de Jesus, os demônios se manifestaram, mas tremeram diante do Divino Salvador (Mateus 8:28, 29). Quando Paulo anunciava o evangelho em Filipos, o inimigo tentou impedir o avanço da obra de Deus através de uma mulher com um espírito de adivinhação. Depois de vários dias, Paulo indignado, se dirigiu a ela e, pelo poder de Deus, repreendeu o espírito maligno (Atos16:16). 

A Bíblia afirma que “muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. [...] A multidão dos que criam no Senhor [...] crescia cada vez mais” (Atos 5:12 e 14). Os sinais e milagres eram realizados para conquistar o maior número de pessoas para o Reino de Deus. Houve até mesmo um caso de ressurreição, quando Êutico caiu da janela do terceiro andar e morreu. Paulo, acalmando as pessoas disse: “Não fiquem alarmados, ele está vivo!” (Atos 20:10). Esse não é o único caso, basta relembrarmos o da Sunamita que perdeu seu único filho, ressuscitado por Elizeu através do poder divino, da mesma maneira que seu antecessor Elias, quando ressuscitou o filho da viúva de Sarepta (2 Reis 4:32-35; 1 Reis 17:21-23). 

Tudo isso era um preanuncio do Reino de Deus, de uma era vindoura quando o Messias realizaria todos esses sinais e milagres, conquistando de volta Seu senhorio sobre este mundo rebelde. 

Deus utilizou esse método de sinais, curas e milagres para confirmar a fé de seus seguidores e conquistar pessoas para Seu reino (João 4:48). No caso de Lázaro, Jesus disse: “Lázaro morreu, e para o bem de vocês estou contente por não ter estado lá para que vocês CREIAM” (Joao 11:14). 


PORÉM


Contudo, o arqui-inimigo de Cristo, Satanás, também age propugnando a obra do engano com “falsos cristos e falsos profetas” que realizam “grandes sinais e maravilhas para, se possível, enganar até os eleitos” (Mateus 24:24). Costumo perguntar se o inimigo pode fazer o bem. 


Aparentemente sim, mas para seduzir e enganar, visando um mal muito maior! Referindo-se justamente ao engano, Paulo disse: “E isso não é de admirar, pois até Satanás pode se disfarçar e ficar parecendo um anjo de luz. Portanto, não é nada demais que os servidores dele se disfarcem, apresentando-se como pessoas que fazem o bem” (2 Coríntios 11:14-15). 


Pessoas que fazem o bem? Sim, mas para enganar. Os instrumentos do enganador realizam sinais e prodígios, mas não transformam vidas. Quando Jesus realizava curas, primeiramente ele curava a alma, transformava o caráter para que a pessoa não continuasse num estilo de vida pecaminoso (João 5:14). 


Quantos buscam a cura para o câncer, mas não estão dispostos, pelo poder de Deus, a abandonar o cigarro ou a bebida? Quantos buscam milagres para seus relacionamentos familiares destruídos, mas não buscam conhecer a vontade de Deus em Sua Palavra que proporciona informações vitais para a reconciliação, perdão, e instruções para uma família feliz? As pessoas querem milagres, coisas fáceis, mas não querem um comprometimento com o verdadeiro Cristo, pois isso implica abrir mão de seus vícios e prazeres pecaminosos! 


Jesus deixou muito claro sobre a obra do engano e por isso disse: “Não é toda pessoa que me chama de ‘Senhor, Senhor’ que entrará no Reino do Céu, mas somente quem faz a vontade do meu Pai, que está no céu. 


Quando aquele dia chegar, muitas pessoas vão me dizer: ‘Senhor, Senhor, pelo poder do seu nome anunciamos a mensagem de Deus e pelo seu nome expulsamos demônios e fizemos muitos milagres!’ Então eu direi claramente a essas pessoas: ‘Eu nunca conheci vocês! Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal!’” (Mateus 7:21-23). 

“A Palavra de Deus declara que Satanás operará milagres. Fará com que as pessoas fiquem doentes, e depois, de repente removerá delas seu poder satânico. Serão consideradas então como curadas” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 53). 


Creio nos dons espirituais, entre os quais está o dom da cura (1 Coríntios 12:9, 28), creio na oração da fé que “curará o doente” (Tiago 5:15), mas não posso negar o princípio bíblico de que a cura tem um propósito, que há consequências naturais para a violação das leis da natureza, que deve haver mudança no estilo de vida, e que Deus opera milagres constantemente. 


Mas tenho o dever de advertir que o diabo tem poder para fazer descer fogo do céu (Apocalipse 13:13) e que esse espírito de engano opera com todo o vigor.


Falando do Dia do Senhor, uma alusão aos eventos que antecederão a volta de Jesus, o profeta Joel declara que o Santo Espírito será derramado sobre o povo de Deus com grande poder e haverá sinais e maravilhas, mas o cristão humilde e atento estará em estado de alerta, apegado a Deus, pronto para provar os espíritos para ver se procedem de Deus pelo conhecimento da Palavra, e desta maneira não sucumbirá (Joel 2:28-32; 1 João 4:1). 


Contudo, o crente relapso, sem comprometimento, que não tem uma comunhão com Cristo e não conhece Sua Palavra, dificilmente discernirá entre o verdadeiro e o falso.  


Estamos esperando o derramamento do Espírito e, enquanto esperamos, sofremos o drama da espera. Durante este tempo de franqueza e da ignomínia da indolência, usamos desculpas inesperadas: "A maneira em que Cristo operava era pregar a Palavra e aliviar o sofrimento por meio de operações miraculosas de cura. 


Foi-me dito, entretanto, que não podemos agora trabalhar dessa maneira; pois Satanás exercerá o seu poder de operar milagres. Os servos de Deus não podem hoje trabalhar por meio de milagres, pois operações espúrias de cura, dizendo-se divinas serão realizadas" (Ellen G. White, Medicina e Salvação, p. 14).


Temos, então, abundante revelação de como estabelecer instituições de saúde para a obra Médica-Missionária, revelações instrutivas de regime alimentar para o nosso tempo e os remédios naturais. Em certos lugares, usa-se esse texto para desculpar um ministério fraco e inoperante - um ministério sem milagres! "Os servos de Deus não podem hoje trabalhar por meio de milagres..." 


Mesmo a textos enfáticos e claros como este, é necessário juntar outros para que eles se autointerpretem. Contudo, vale salientar que "não são necessários milagres para credenciar a verdade em nosso tempo." Não estou afirmando que não pode haver milagres, mas que estes não credenciam a nossa verdade. Veja outros textos: "Cristo está disposto a curar o enfermo hoje, como quando se achava em pessoa na Terra. 


Os servos de Cristo são Seus representantes, instrumentos pelos quais opera. Ele deseja, por intermédio dos mesmos, exercer Seu poder de curar... A própria essência do Evangelho é restauração, e o Salvador quer que induzamos os enfermos, os desamparados e os aflitos a se apoderarem de Sua força. O poder do amor estava em todas as curas de Cristo, e unicamente participando desse amor, pela fé, podemos ser instrumentos para Sua obra. Se negligenciarmos pôr-nos em divina ligação com Cristo, a corrente de energia vitalizante não pode fluir em abundantes torrentes de nós para o povo" (Ellen G. White, Conselhos Sobre Saúde, p. 30 e 31).


Quanta maravilha revelada! A mesma pena verteu mais:


“O poder do amor possui força maravilhosa, porquanto é divino. A resposta branda 'desvia o furor', o amor 'é sofredor é benigno', o amor 'cobre uma multidão de pecados' - sim se aprendêssemos estas lições, quão grande seria o poder para curar de que seríamos dotados!" (Ellen G. White, O Lar Adventista, p. 195). 


Ela destaca mais: "Há decidida falta de amor, compaixão, e compassiva ternura entre os irmãos. Os ministros de Cristo são demasiados frios e sem coração. O coração deles não se acha inflamado de terna compaixão e fervoroso amor. A mais pura e elevada devoção se manifesta nos mais fervorosos desejos e esforços para ganhar almas para Cristo. A razão por que os ministros que pregam a verdade presente não são mais bem sucedidos é que eles são deficientes, grandemente deficientes em Fé, Esperança e Amor" (Ellen G. White, Tetemunhos Seletos, Vol. 1, p. 322 e 323).


Note alguns de nossos problemas atuais. Não vou generalizar a aplicação desse último texto porque conheço pastores muito consagrados, por outro lado, existem Pastores, Obreiros e Irmãos deficientes em Fé, Esperança e Amor! Contudo, creio que possuímos uma mensagem única! Seria uma tragédia muito grande permanecermos nessa letargia espiritual. 


Lembre-se que você, redimido pelo sangue de Jesus, é a glória de Deus (João 17:10) e não permita que a glória divina seja dissipada pelos encantos sedutores do diabo que anda ao derredor como um leão procurando tragar a sua presa (1 Pedro 5:8).


Ore para que Cristo seja refletido em Sua igreja para que esta seja vibrante e poderosa no cumprimento da comissão evangélica.


Um Abraço,



Pr. Frederico Branco