Existem 3 palavras que são traduzidas como inferno nas Escrituras. São elas:
1) Sheol - sempre usada no Velho Testamento e significa, basicamente, sepultura, abismo ou lugar escuro. Sua correspondente no Novo Testamento é Hades. Textos Sl 116:3, Amós 9:2; Num 16:30, 33; Mt. 11:23; Atos 2:27.
Não há, no uso delas, nada que indique tormento eterno.
2) Geena - O termo geena é nome próprio, transliteração do nome hebraico de um lugar de incineração que ficava fora de Jerusalém, usado para depósito de lixo, de cadáveres de animais.
O fogo queimava continuamente todo o lixo e os cadáveres promovendo uma cena de destruição. Temos aqui a figura literária da símile. O juízo final, ou destruição, do ímpio, é comparado aos fogos ardentes do vale de Hinnon. Os fogos de Hinnon não se apagavam; esse era o motivo da certeza de consumirem tudo quanto neles fosse lançado.
O que o fogo não destruía, vermes, bichos, que ali pululavam davam fim, numa obra de destruição. Era um fogo eterno. Mas veja, era um lugar de destruição e não de preservação. Os judeus consideravam aquela destruição como símbolo da destruição final dos ímpios (Mt. 10:28; Mt. 16:8,9).
3) Tartaros - (II Ped. 2:4) - Significa, basicamente lugar de trevas - É uma palavra grega e, para eles, era a morada dos ímpios mortos e o lugar onde recebiam o castigo. Corresponde, em certa medida, ao Geena dos judeus. Pedro a usa aqui simplesmente para referir-se ao lugar onde os anjos maus estão confinados até o dia do juízo.
A linguagem de Pedro é totalmente figurada. Se observarmos o contexto veremos que Ele está usando ilustrações para mostrar quão inevitáveis são os juízos divinos que se até os anjos do céu que viveram em sua presença foram atingidos pelo juízo e estão reservados para o juízo final desde que Deus os expulsou do céu, quanto mais aos ímpios que desviaram a outros dos caminhos de Deus.
Haverá tormento, fogo e juízo - mas quando será? O juízo final está no futuro, e, portanto, os anjos maus não estão sofrendo agora. Eles foram "reservados" para o juízo após serem expulsos do céu. O juízo final dará cabo de todos os maus, da morte e até do inferno (Hades); são lançados no lago de fogo, logo o inferno não é, ele próprio, um lago de fogo (veja-se Apoc. 20: 10 e 14).
A doutrina de um inferno em chamas eternas sobre ímpios eternamente sofrendo é antibíblica e traz as seguintes conseqüências.
1) Deus não é todo-poderoso pois não pode acabar definitivamente com o pecado.
2) Deus não é amor, pois traz um sofrimento tão poderoso que leva muitos a se voltarem para ele por medo do inferno.
3) Deus é sádico pois, pelo jeito, aparecia ver pessoas em sofrimento eterno.
4) Deus não é justo ao dar um castigo eterno para quem viveu no máximo 100 anos cometendo pecados - muito severo!
5) O próprio céu seria um inferno para os salvos que desde agora têm conhecimento da existência desse inferno. Eles estão no céu enquanto muitos parentes e amigos que não creram, estão sofrendo. Como nos sentiríamos, nesse caso?
6) O bem e o mal, finalmente, seriam eternos e Deus não possui um plano definitivo para a redenção dos seres criados.
Em conclusão apresentamos os seguintes textos:
Mal 4:1-3 - Os maus serão totalmente destruídos, sem sobrar raiz nem ramo - reduzidos às cinzas.
Sl. 37:10 - Não mais existirão, não aparecerão.
Apoc. 20:14, 15 - A segunda morte é o destino final daqueles que não creram. É a morte eterna e definitiva - nunca mais tornarão a viver nem estarão morrendo sempre - não mais existirão em parte alguma. Os ímpios não são eternos!
Is. 28:21 - A futura destruição dos ímpios é o ato estranho de Deus pois Ele não tem prazer em destruir quem quer que seja. (Ez. 33:11).