Jesus Cristo é o personagem central das escrituras, é o objetivo da revelação de Deus – o plano da salvação. A minha leitura bíblica tem que ser feita a partir dessa perspectiva. Conhecendo os atributos de Deus revelados nas Escrituras e Jesus como personagem central da profecia, fica mais fácil entender as histórias e as intervenções divinas.
Antes de apontar alguns exemplos, quero compartilhar um texto que sumariza o caráter de Deus:
“Ele é quem perdoa todas as tuas iniqüidades; quem sara todas as tuas enfermidades; quem da cova redime a tua vida e te coroa de graça e misericórdia; quem farta de bens a tua velhice, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia. O SENHOR faz justiça e julga a todos os oprimidos. Manifestou os seus caminhos a Moisés e os seus feitos aos filhos de Israel. O SENHOR é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno.
Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira. Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniqüidades. Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece dos que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó” (Salmo 103:3-14).
O salmista ainda diz: “irai-vos e não pequeis” (Salmo 4:4). A ira divina é uma manifestação de amor que se indigna com a falsidade, mentira, idolatria, injustiça e tantas outras perversões. Deus se ira com essas atitudes, contudo, ainda assim ele ama o pecador rebelde. Leia toda a Escritura e perceba como Deus trata Seu povo que se rebela contra Ele. Deus está sempre tentando reunir Israel debaixo de Suas asas (Êxodo 19:4; Rute 2:12; Salmos 17:8; 36:7; 57:1, etc.); Jesus diz: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir teus filhos como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das asas, e vós não o quisestes!” (Lucas 13:34).
Agora vejamos por que Deus intervém na história. Em primeiro lugar porque Ele quer cumprir Seu plano de salvação e Ele pode intervir pois é soberano (Daniel 2:21). Deus é tão amoroso que anuncia com antecedência todas as coisas que irá fazer para que estejamos cientes e preparados: “Certamente o Senhor, o Soberano, não faz coisa alguma sem revelar o Seu plano aos Seus servos, os profetas”(Amos 3:7).
Então vamos analisar alguns episódios bíblicos. (1) O Dilúvio. Quanto tempo de graça Deus concedeu aos antediluvianos? Por que não se salvaram? Lembre-se que o Senhor diz: “não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva” (Ezequiel 33:11). A maldade era tão grande que comprometeria o plano da salvação! Com muito pesar Deus destruiu o mundo antediluviano.
(2) A destruição de Sodoma e Gomorra. Abraão intercedeu pela cidade, mas entendo que não havia nenhum justo ali, pois se houvesse, Deus daria um jeito de salvá-lo assim como salvou Ló e suas filhas. Sodoma e Gomorra foram além dos limites concedidos por Deus, assim Deus interveio! Lembre-se, Deus não tem prazer na morte do ímpio, antes quer que ele se converta e viva!
(3) Vale lembrar a história de Nínive. Deus enviou o profeta Jonas para advertir aquela impiedosa nação que Deus a destruiria totalmente por suas injustiças, brutalidades e maldades. A arqueologia revela toda essa impiedade. Ainda assim, todos os habitantes se converteram a Deus e foram poupados. Que revelação maravilhosa da misericórdia e graça divinas!
(4) A história de Israel deve ser vista sob a luz da aliança de Deus com a nação. Esta está descrita no Pentateuco e suas regulamentações bem claras em Deuteronômio 28 que fala sobre as bênçãos decorrentes da obediência e as maldições decorrentes da desobediência. Israel fora escolhido para ser representante de Deus. Isso não significa que o Altíssimo rejeitara as demais nações. Pelo contrário. A teocracia tinha a finalidade de atrair todas as nações para o único e verdadeiro Deus. Contudo Israel falhou de diversas maneiras. Institui para si um rei como as demais nações, foi influenciado pelo paganismo, idolatria e cultos orgíacos, levando-o para longe do Senhor. Isso aconteceu porque os israelitas não expulsaram todas as nações pagãs de Canaã quando saíram do Egito! Essa desobediência custou muito caro.
Deus prometeu que entregaria nas mãos de Israel todas as nações e que as destruiria completamente (Deuteronômio 7:1 e 2; 9:4 e 5). Contudo, isso dependeria da lealdade de Israel para com Jeová. Eram nações que viviam em total impiedade. Assim que Israel saiu do Egito, todas as vitórias que o Senhor lhes proporcionava geravam uma reação de louvor através de cânticos que exprimiam o conceito de Jeová como “guerreiro” (Êxodo 15:3). Enquanto Israel viveu em sincero relacionamento de aliança com o Senhor, sempre que os israelitas erguiam a arca de Deus, significava que Jeová Se levantava para pelejar por Israel (Números 10:35 e 36). Jeová poderia travar uma batalha contra o Seu próprio povo por descumprimento da aliança (veja Josué 6, 7 e 8). A razão para o apoio condicional de Deus a Israel aparece no concerto mosaico. As bênçãos e maldições divinas baseavam-se na resposta de Israel às obrigações sagradas do concerto. Em Deuteronômio 32, vitória ou derrota na guerra é o resultado da decisão do tribunal divino, no qual Deus apresentava as razões para Suas ações legais: “Faço morrer e faço viver, feri e curarei” (verso 39).
Deus usou fenômenos da natureza para trazer juízo a certas nações e vitória para Israel como o escurecimento do Sol, o súbito secamento das águas e seu pronto fluir, chuva repentina e pesada, precipitação de granizo, trovões e terremotos (Êxodo 14:19-21; Josué 3:13; 4:23; 5:1; Juízes 5:20 e 21; 1 Samuel 7:10; 14:15 e 20). Esse elemento cósmico acrescentava às guerras de Israel o aspecto de uma teofania (aparecimento divino) salvadora e destruidora. Isso levava os inimigos a reconhecerem que Deus estava lutando ao lado de Israel (Êxodo 14:14; Josué 2:9-11).
Outro episódio muito importante foi a batalha de grande intensidade espiritual no Monte Carmelo, o confronto do verdadeiro e único profeta de Jeová com os muitos de Baal, a colisão entre o culto verdadeiro e o culto falso, atinge seu clímax num súbito lampejo da glória divina e na subsequente execução de todos os impenitentes e falsos profetas. O confronto no Monte Carmelo surge como um tipo do Armagedom. É a partir dessa batalha que devemos esboçar o simbolismo sobre o qual se apoia a guerra do Armagedom no Apocalipse.
Todos os principais elementos da última encontram paralelo em 1 Reis 18, de uma forma historicamente concreta. Os profetas deram a Deus o nome de Yahweh Sabaoth, “o Senhor dos Exércitos”, por 279 vezes.
Deus está conduzindo a história desse mundo para um desfecho em que se cumpra Seu plano de amor. Como Onisciente, Onipotente, Onipresente, Amoroso, Justo e Perfeito, Ele é muito sábio para errar. Deus não elimina a possibilidade da dúvida, pois sem a possibilidade de duvidar não pode existir a verdadeira fé. Chegará um dia no qual todos prestarão contas a Deus (Daniel 7:10; Eclesiastes 12:9, Hebreus 9:27). Os juízos divinos são manifestações do amor e justiça de Deus. Só podemos compreender melhor isso quando contemplamos Cristo crucificado. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)” (Gálatas 3:13). Na cruz “o Senhor fez cair sobre Ele a iniqüidade de nós todos” (Isaías 53:6). Deus eliminará todo mal, toda mancha de pecado, condenará os impenitentes e salvará aqueles que O aceitaram.
A mensagem de Elias para os nossos dias aparece em Apocalipse 14:6-20. O cenário, como predito em Malaquias 4, é o juízo. João vê uma “nuvem branca” e assentado sobre ela um “semelhante a filho de homem, com uma coroa de ouro ... na cabeça e uma foice afiada na mão”. Um anjo diz àquele que está sobre a nuvem: Toma a Sua foice e faça a colheita , pois a safra da Terra está madura, chegou a hora de colhê-la. Assim aquele que estava assentado sobre a nuvem passou Sua foice pela Terra, e a Terra foi ceifada” (versos 14-16).
Temos aqui uma descrição simbólica do segundo advento de Cristo. Ele retorna com uma coroa (como Rei dos reis) e com uma foice (como Juiz). Contudo Cristo não retornará sem antes expedir um chamado ao arrependimento, um chamado ao preparo para Sua segunda vinda. E tal convite divino aparece em Apocalipse 14, onde os três anjos fazem soar a mensagem apocalíptica de preparo.
Que Deus lhe abençoe e que você cresça na graça de Cristo e em sua experiência cristã, atendendo prontamente ao convite de Cristo que em breve voltará!
Um forte abraço,
Pr. Frederico Branco.