“Os discípulos violaram o sábado e Davi também. Por que então iremos guardá-lo?”
“Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados? Mas ele lhes respondeu: Nunca lestes o que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus companheiros?
Como entrou na Casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes, e deu também aos que estavam com ele?” Marcos 2:24-26.
Os discípulos violaram o sábado “na concepção” dos judeus e não no modo de entender de Deus. Os judeus fanatizavam a guarda do sábado colocando cargas pesadíssimas sobre as pessoas; na época não se podia levar um lenço (a não ser que este fosse costurado na roupa!), cuspir no chão (era considerado pecado porque a pessoa estaria regando a terra), carregar os bens no dia de sábado para tirá-los de um incêndio... e inclusive colher uma fruta no pé.
Mas isso nunca foi orientação de Deus! Foram os fariseus quem criaram regras excessivas acerca do dia de repouso.
Jesus, na ocasião, estava ensinando-os que não há nada de errado em colher algo para comer no dia santificado; nem de perto o Senhor estava dizendo que os discípulos poderiam violar o sábado, sendo que Ele próprio tinha o costume de guardar esse dia (Lucas 4:16) e disse que “guardava os mandamentos do Pai” (João 15:10) e o sábado está entre os mandamentos. Jesus também ensinou que “se o amássemos guardaríamos os seus mandamentos”, que são os mesmos do Pai (Veja João 14:15).
Davi também não profanou o sábado; o texto diz que ele Davi comeu os “pães da proposição”, que eram permitidos somente aos sacerdotes comer; no caso de Davi, basta olharmos o acontecimento e veremos que o sábado não está envolvido.
É oportuno, para seu entendimento do assunto, que estudemos outro verso:
“Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”. João 5:18.
Este texto nos diz que Jesus ‘não guardava o sábado do modo fanático dos judeus’; não está falando que Jesus não guardava o sábado ‘como Deus ensinou’. Podemos ver isto claramente nos seguintes versos:
“Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler”. Lucas 4:16. “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço”. João 15:10. “Se me amais, guardareis os meus mandamentos”. João 14:15.
Jesus tinha por costume (Lucas 4:16) ir aos sábados adorar a Deus na igreja; Ele guardava o sábado do “modo correto”. Jesus obedecia à lei de Deus e inclusive disse-nos que “se o amássemos” iríamos guardar os seus mandamentos. (João 14:15).
Então, como entendermos o texto de João 5:18?
“Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”.
Precisamos analisar João 5:18 em seu contexto. Estudando os versos anteriores (contexto interno), vemos que a expressão “violava o sábado” não se refere a uma transgressão por parte de Jesus do 4o mandamento da lei moral de Deus (ver Lucas 4:16 e João 14:15).
A mensagem implícita é que “segundo os judeus” ele quebrantava o Sábado, pois não guardava da maneira fanática deles. “Segundo Deus”, Jesus nunca profanou porque guardava da maneira correta estabelecida pelo Criador. Afirmar que Jesus tenha “transgredido” o “sábado bíblico” seria o mesmo que dizer que Ele “pecou”. Se tivesse feito isto, não poderia ser nosso Salvador e hoje estaríamos condenados (ler Hebreus 4:15).
Jesus enquanto esteve na terra procurou de todas as maneiras ensiná-los a guardar o sábado do modo correto, para que se libertassem da pesada carga imposta pelos judeus.
O sábado, quando observando da maneira correta e com o fim para o qual Deus o designou é uma “bênção”. Nos aproxima ainda mais do Senhor Jesus Cristo, “o Senhor do sábado” (Marcos 2:28).
Leandro Soares de Quadros
Instrutor Bíblico – Conselheiro Espiritual