“E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal, pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre.
Amém! Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”. Mateus 6:12-15.
Uma das coisas mais importantes para a vida de uma pessoa que quer ser feliz é o perdão, pois proporciona paz ao coração e dá um real sentido à existência. Muitos sofrem de depressão e de outros problemas emocionais por não perdoarem ou por não se sentirem perdoados.
Um dos motivos que devem nos levar a perdoar de acordo com Mateus 6:12-15 é o fato de que “esperar de outros o que eu mesmo não estou disposto a fazer é a essência do egoísmo e do pecado”.
Assim como Deus nos perdoa de todos os pecados (ler 1 João 1:7-9; Miquéias 7:19), devemos perdoar o nosso próximo. Precisamos nos reconciliar com o ofensor mesmo que não tenhamos vontade de fazê-lo, pois na Bíblia perdoar não é uma questão de “querer ou não” (escolha), mas sim de obedecer a um mandamento divino (veja a ordem de Jesus em Mateus 18:21, 22!) que, se deixado de ser cumprido, trará sérias consequências, inclusive à nossa saúde.
Perdoar é esquecer?
O psicólogo e conselheiro cristão Jay A. Adams disse acertadamente no livro O Manual do Conselheiro Cristão, pág. 70: “O perdão não é nenhum tratamento de choque que instantaneamente apagua da memória o passado recente”.
Isso significa que perdoar não é sinônimo de esquecer instantaneamente. O exemplo a seguir apresentado pelo meu amigo Élcio Firmiano, funcionário da rede Novo Tempo, ilustra muito bem este ponto:
“Comparo o perdão a uma cicatriz. Quando nos machucamos, como resultado do machucado nos resta uma cicatriz. Sempre que olhamos para a mesma, nos lembramos de quando, onde e como aconteceu o fato. Isso não quer dizer que ainda nos cause dor ou desconforto, muito pelo contrário, é indiferente, não causa dor, não causa nada, apenas a lembrança”.
O perdão, portanto, não indica necessariamente o esquecimento imediato da ofensa, mas o não sentir dor ao lembrar do ocorrido.
Como perdoar do íntimo
Perdoar envolve o compromisso de não levantar novamente a questão. O perdão bíblico envolve igualmente a promessa de:
Evitar colocar ofensa em cima da cabeça do ofensor;
A promessa de não falar a respeito do ocorrido;
E a promessa de não ocupar a mente com a questão. Isso significa adotar atitudes e práticas que levem ao esquecimento.
Se Deus esquece de tudo quando nos perdoa, como é possível afirmar que não devemos esquecer também?
Precisamos harmonizar os textos bíblicos de Jeremias 31:34 e Isaías 43:25 que afirmam que Deus esquece de nossos pecados.
Deus é Onisciente e “... não pode esquecer. O esquecimento, nesse trecho, na realidade é uma maneira hebraica de se referir ao ato de perdoar...”.
“Perdoar é ‘esquecer’, no sentido de que alguém sepultou o problema. Perdoar equivale a prometer nunca mais se lembrar de uma ofensa, contra outra pessoa. ‘Lembrar-se’ é empregado no sentido de ‘ventilar novamente’ (ver 3 João 1:10)... É como se Deus dissesse: ‘as coisas que você fez contrariamente à minha lei, não as trarei à memória.
“O verdadeiro perdão humano leva ao esquecimento. Quando alguém se recusa a ventilar novamente uma questão, (mesmo para si), prontamente se esquece. Quando não podemos esquecer, é porque nos lembramos ativamente.”.
“O esquecimento, no tocante a Deus não pode significar mais do que a disposição dEle de “enterrar” a questão, para nunca mais levantá-la... É isso que se requer no perdão humano. Perdoar é “esquecer”, no sentido de sepultar o problema e não passar por uma “lavagem cerebral”. Perdoar equivale a prometer nunca mais se lembrar de uma ofensa, contra a pessoa”.
Benefícios do Perdão
Ao perdoar, somos beneficiados:
Espiritualmente – nosso relacionamento com Deus será bem melhor;
Mentalmente – evitaremos sofrer uma depressão ou infarto com o tempo; teremos paz mental;
Fisicamente – A paz mental nos proporciona saúde, vigor e ânimo;
Socialmente – nos relacionaremos melhor com os outros.
Não perca a oportunidade de desfrutar de todos esses benefícios!
Deus quer que perdoemos. Se Ele nos ordena a perdoar é porque nos provê poder para isso (Filipenses 2:13) e sabe que tal atitude será o melhor para nossa felicidade. O Criador jamais exige de nós mais do que poderemos dar.
Lembre-se de quão maravilhosa é a sensação de ser perdoado por Deus. Não esqueça que a mesma sensação seu ofensor pode sentir caso o perdoe. Siga o conselho de Jesus em Mateus 18:22 de perdoar “até setenta vezes sete”. Mesmo sem vontade, dê esse passo de obediência e Deus fará o resto, o milagre!
Na cruz do calvário Jesus proporcionou a possibilidade de desfrutarmos da paz mental ao recebermos perdão. Não privemos os outros disso.
Um abraço,
Leandro Soares de Quadros
Consultor e conselheiro
Jornalista
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 5.
Jay A. Adams, O Manual do Conselheiro Cristão, pág 72. Editora Fiel. (Adaptado).
Ibidem. Grifo meu (Adaptado).
Ibidem.