317 O Anjo com o livro aberto e os 2300 dias

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Como o capítulo 7, esta profecia é também parentética. Ela se encaixa entre a sexta e a sétima trombetas dos capítulos 8 e 9, e 11:15. Apresenta outro quadro da última mensagem de Deus ao mundo antes da segunda vinda de Crista. 


Quando o sétimo anjo faz soar a sua trombeta, “os reinos deste mundo vieram a ser de nossa Senhor”. Apoc 11:15. Mas este anjo é impedido de tocar a sua trombeta até que o selamento esteja concluído. Esta obra de selamento é descrita no cap. 7:1-3.


O Anjo Forte


Seis vezes no Apocalipse a mensagem enviada do Céu é simbolizada por um anjo. Mas a descrição deste anjo é mais gloriosa do que a dos outros: “O seu rosto era como o Sol”. Apoc. 10:1. 


A semelhança da descrição com a de Cristo no cap. 1:13-16 sem levado muitos a crer que este anjo seja Cristo. Quando transfigurado diante dos discípulos, o rosto de Cristo “brilhava como o Sol”. São Mateus 17:2. Ele é chamado “o Mensageiro do concerto” (Mal. 3:1), e “o Anjo que me redimiu” (Gen. 48:16).


O Arco Celeste e a Nuvem


Um arco celeste, ou mais acuradamente, o arco celeste (ver cap. 4:3), brilhava em torno de Sua cabeça, como um toque do Seu concerto de amor. A “nuvem” é também um sinal de divindade. Nuvens e glória cobriram-nO no Sinai. “Faz das nuvens o Seu carro”. Sal. 104:3.


O fato de ter este poderoso Anjo um pé na terra e o outro no mar indica que Sua mensagem é de âmbito mundial. Assim neste quadro profético João nos dá o início de um movimento mundial.


O Livro Aberto


A linguagem sugere que o livrinho não estivera sempre aberto. A mensagem simbolizada por este anjo abriu o livro para permitir o estudo de seu conteúdo. 


Que livro poderia ser este? Parece haver apenas uma resposta, pois quanto se saiba a única parte das Escrituras que foi fechada ou selada foi uma porção do livro de Daniel. Ao profeta foi ordenado definitivamente: “Fecha estas palavras e sela este livro até o tempo do fim.” Dan. 12:4. 


Uma vez que esta parte do livro de Daniel foi fechada somente até o tempo do fim, segue-se naturalmente que nesse tempo do fim ele seria aberto. 


“Não lhe [Daniel] fora dado compreender tudo o que Deus tinha revelado do divino propósito. ‘Fecha estas palavras e sela este livro’, foi-lhe ordenado quanto aos escritos proféticos; estes deviam ser selados ‘até o fim do tempo’. ‘Vai, Daniel’, o anjo ordenou uma vez mais ao fiel mensageiro de Jeová, ‘porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim... Tu, porém, vai até ao fim; porque repousarás, e estarás na Tua sorte, no fim  dos dias.’


“Ao nos aproximarmos do fim da história, deste mundo, as profecias registradas por Daniel demandam nossa especial atenção, visto relacionarem-se com o próprio tempo em que estamos vivendo. Com elas devem-se ligar os ensinos do último livro das Escrituras  do Novo Testamento. 


Satanás tem levado muitos a crer que as porções proféticas dos escritos de Daniel e João  o revelador não podem ser compreendidas. Mas a promessa é clara de que bênção especial acompanhará o estudo dessas profecias. ‘Os sábios não entenderão’, foi dito com respeito às visões de Daniel que deviam ser abertas nos últimos dias”.  – Profetas e Reis págs. 547-548.


Daniel ouvira que se fizera a pergunta sobre quanto tempo haveria até o fim daquelas maravilhas (Dan. 12:6). O anjo, ao dar a resposta, falou da dispensão do povo santo. Isto pareceu estranho ao profeta, e ele diz: “Eu, pois, ouvi, mas não entendi”. Versos 7, 8. 


Não era possível que Daniel entendesse quando escreveu, porque certos acontecimentos tinham e ocorrer primeiro. Mas, “no tempo do fim”, foi garantido, alguns entenderiam. Disse o anjo: “Estas palavras estão fechadas e seladas até o tempo do fim... mas os sábios entenderão.”. Versos 9 e 10. 


O “Tempo do Fim” da profecia de Daniel


A expressão profética “tempo do fim” não é a mesma coisa que fim do tempo. Ela se refere ao fim do período de 1260 anos da supremacia papal, que durou de 538 a 1798 A.D.. E, fiel à predição, quando esse período terminou, estudantes das profecias bíblicas  em muitas terras começaram simultaneamente, e sem qualquer prévio acordo, a concentrar-se no estudo da profecia dos 2300 anos de Daniel 8 e 9. Ver The Prophetic Faith of Our Fathers, de L. E. Froom, vol. 3, pp. 263-277.


A profecia desses capítulos diz respeito a dois períodos de tempo: as 70 semanas e aos 2300 anos. Os estudiosos judeus desde antes do tempo de Cristo já procuravam interpretar a profecia das 70 semanas. João Batista, o maior reformador de Israel, veio com uma definida mensagem relativa a tempo. 


Ele aplicou essas profecias messiânicas a Cristo, declarando que “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” não era outro senão Jesus. Suas incisivas interpretações da profecia fizeram-no arauto do Messias. Jesus disse que não havia nascido ninguém “maior do que João”. 


São Mateus 11:11. (Uma vez que um dia profético como já vimos em outros estudos é igual a um ano literal, segundo Num. 14:34 e Eze 4:6, 70 semanas equivalem a 490 anos. 


Calculando as Setenta Semanas de Daniel


Ao começar o Seu ministério, Jesus declarou: “O tempo está cumprido”. Marcos 1:15. O cumprimento da profecia das 70 semanas comprovava de modo cabal que Jesus era sem nenhuma dúvida o Messias. 


Ele foi “tirado” exatamente no meio da semana final profética. Ele devia confirmar “o concerto com muitos por uma semana” (7 anos), e na “metade da semana” (3 ½) faria “cessar o sacrifício e a oferta de manjares” Dan. 9:27. 


Por sua morte nosso Senhor pôs fim a todo o serviço sacrifical do Velho Testamento. A profecia das 70 semanas começou com o decreto para  a reconstrução de Jerusalém. Verso 25. Este decreto foi baixado em 457 A.C. (Esdras 7:11-26). Esta data, objetada por alguns, está confirmada por sólidas provas científicas (Ver The Cronology of Ezra 7, de S. H. Horn e L. H. Wood, professores na Andrews University)


Sessenta e nove das 70 semanas proféticas, ou 483 anos, chegariam até o Messias. Sendo que o decreto para a reconstrução de Jerusalém saiu em 457 A.C., é fácil de determinar quando terminaria o período de 69 semanas o 483 anos. 


Na contagem até o início da era cristã as datas diminuem, isto é, devem ser subtraídas. Assim subtraindo 457 de 483, chegamos precisamente ao ano 27 A.D., quando Jesus foi batizado e iniciou o Seu ministério. Sua mensagem, como a de João era: “O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus; portanto, arrependei-vos, e crede no evangelho”. Marcos 1:15. Justo três e meio anos mais tarde, isto é, metade da semana, ou 31 A.D., Jesus foi crucificado.


Restavam ainda 3 ½ anos da última semana profética. Que observamos? A igreja em Jerusalém pregou o evangelho de Cristo desembaraçadamente por 3 ½ anos desde a morte de Jesus. 


Então em 34 A.D., Estevão, o primeiro mártir cristão, encontrou a morte. Houve nesse tempo grande perseguição contra a igreja em Jerusalém, sendo os seus membros espalhados por muitos lugares. 


Os crentes começaram a pregar o evangelho com todo o fervor aos gentios. Saulo de Tarso foi convertido neste ano, isto é, 34 A.D., e tornou-se o grande missionário ao mundo gentio. Esta profecia das 70 semanas prova além de qualquer dúvida a messianidade de Jesus.


É interessante notar de passagem que os mestres judeus e os rabis durante séculos tem sido proibidos de ensinar e interpretar esta profecia. “Em 1656 ocorreu uma disputa na Polônia entre alguns distinguidos eruditos judeus e os católicos a respeito das 70 semanas. 


Os rabinos foram tão fortemente pressionados pelo argumento que provava a messianidade de Jesus, o tempo do Seu sofrimento e o fim das 70 semanas, que interromperam a discussão. 


Reuniram-se então eles sós e lançaram uma maldição sobre qualquer judeu que procurasse averiguar a cronologia do período profético. Eis o seu anátema: ‘Que os ossos e a memória do que tentar aferir as 70 semanas apodreçam’”. – The Midnight Cry, 10 de agosto de 1843.


Esses acontecimentos relativos ao sacrifício de Cristo e ao estabelecimento da igreja, entretanto, não só punham fim ao período das 70 semanas, mas também “selavam” a “visão” dos 2300 dias-anos de Daniel 8:14 e 9:24. 


O propósito desta profecia das 70 semanas ou 490 anos era estabelecer, definir, fixar e esclarecer a visão dos 2300 anos que Daniel não havia compreendido. Daniel 8:27; 9:23. A data de início para as 70 semanas e para os 2300 anos é a mesma. Ambos os períodos começaram no “sétimo ano de Artaxerxes”, ou seja, o ano 457 A.C. 


Estas 70 semanas [490 anos] eram um período determinado, seccionado, ou cortado do período maior de 2300 anos. Subtraindo 490 de 2300 temos um período restante de 1810 anos. Acrescentando-se a este período, a data de 34 A.D., que é o fim do período de 490 anos, ou 70 semanas, chegamos à data significativa de 1844. 


Que aconteceu então? Este foi o ano em que nosso grande Sumo Sacerdote Jesus Cristo, o Remidor, ou Redentor da herança perdida, assumiu a responsabilidade da remissão, abriu os livros e iniciou a fase final de Seu ministério. Os maravilhosos acontecimentos do capítulo 5 tiveram o seu cumprimento no final dos 2300 anos, ou 1844. Conquanto quase todo escritor Bíblico trate do juízo exato em que esta obra começaria. (Ver diagrama no fim da carta)


A profecia Aberta


Enquanto esta profecia esteve selada e esta parte do livro de Daniel fechada, os homens foram incapazes de compreender ou interpretar a mensagem do juízo. Mas com o fim do domínio papal em 1798, os homens começaram a estudar esta profecia dos 2300 dias ou anos, com o incontido desejo de entende-la. 


A profecia de Daniel declarava que o povo de Deus a entenderia; e assim foi. O desdobramento desta grande profecia levou muitos milhares à convicção de que a vinda do Senhor estava próxima, e milhares começaram a proclamar a mensagem da breve volta do Salvador. O grande despertamento religioso do século dezenove resultou deste intensivo estudo. Nada desde os dias dos apóstolos produziu maior interesse nas coisas espirituais salvo a reforma do século dezesseis.


“Toma-o (o Livrinho) e Come-o”. Apoc. 10:9


Baseando suas conclusões na profecia dos 2300 dias, centenas de pregadores na Europa, América e muitas outras terras pregaram a volta literal de Cristo cerca do ano de 1844. Entre esses pregadores contavam-se muitos lideres congregacionais, metodistas, batistas, presbiterianos, episcopais, etc. 


Era uma mensagem impressionante e apelava ao que havia de mais espiritual nas congregações. Avidamente eles devoravam a mensagem. Como Jeremias no passado, podiam dizer: “Achando-se as Tuas palavras, logo as comi, e a Tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração”. Jer. 15:16.


O anjo com a mão erguida em atitude de juramento era impressionante. Ele disse que “não haveria mais demora” [ou “não haverá mais tempo”, KJV]. O tempo profético havia chegado ao fim. Nenhuma outra profecia baseada em cronologia, baseada em tempo, iria além desta data. 


Na verdade, os que estavam interpretando a profecia dos 2300 anos declaravam que não haveria mais tempo. Eles esperavam firmemente que o Senhor viesse em 1844 ou nas proximidades desta data. 


O tema central de sua mensagem era a iminente volta de Cristo. O anúncio do anjo em Apoc. 10, entretanto, não se referia ao fim do tempo literal, mas ao fim de tempo profético. O ano de 1844 marca a terminação da profecia dos 2300 anos; desde essa data o mundo tem estado a viver de “tempo emprestado”. Não há na Bíblia nenhuma profecia cronológica que vá além de 1844.


“Na tua Boca Será Doce Como Mel”. Apoc. 10:9


O anúncio da breve volta do Senhor em glória foi recebido com grande entusiasmo. Multidões de cristãos, os mais devotos, especialmente na América e Europa, fremiam com a mensagem, e, como o profeta João, tomavam o livro e comiam-no. 


Como o profeta Ezequiel, eles comeram o rolo, então saíram e proclamaram a mensagem. Eze. 3:1. Isto descreve com perfeição a experiência dos fervorosos crentes desse tempo. A alegria enchia-lhes o coração. 


Mas eles estavam condenados ao desapontamento. Quando chegou o tempo e Jesus não apareceu, sua fé sofreu um golpe terrível. O que tinha sido doce como mel, agora tornara-se amargo como fel, tal como dissera o anjo. 


Os discípulos de Cristo passaram por idêntica experiência. Poderia haver coisa mais trágica do que a morte de Jesus, para homens que haviam abandonado tudo, crendo que Ele era o Cristo? 


Quando eles desceram da cruz o corpo do seu amado Senhor, e o sepultaram no sepulcro novo de José, também aí sepultaram as suas esperanças. Sua obra, porém, não estava terminada. Na verdade ela mal havia começado. Foi depois do seu grande desapontamento  que os apóstolos  realizaram sua maior obra. 


Na tarde após a ressurreição, lemos, o Senhor “abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras (Lucas 24:45). Desapontamentos são às vezes Seus apontamentos [encontro marcado], e, como os apóstolos dezoito séculos antes, este grande desapontamento de 1844 provou-se uma bênção disfarçada. 


Uma mensagem maior precisava ainda ser dada ao mundo. Alguns, é certo, renunciavam a sua fé e deixaram a Palavra de Deus, mas esse próprio desapontamento conduziu outros a mais aprofundado estudo da Bíblia. 


“Importa que Profetizes Outra vez a Muitos Povos” – Apocalipse 10:11


Emocionante como foi, a mensagem que empolgou as igrejas antes de 1844, não foi a mensagem final de Deus. Nova luz devia incidir sobre o caminho dos pesquisadores da Palavra de Deus. 


Uma maior mensagem, abarcando profecias não ainda imaginadas, devia vir à luz como resultado daquele estudo. E essa mensagem em sua plenitude devia ser dada a todo o mundo para preparar um povo a ficar firme no dia de Deus. 


A ordem de João para que profetizasse outra vez “a muitos povos, e nações, e línguas e reis”, era indicação profética da atitude da igreja que, em seguida ao grande desapontamento, devia apressar-se a ir aos confins da Terra com uma mensagem para todos, dos reis aos camponeses ao mesmo tempo.


“Levanta-te, e Mede o Templo”. Apoc. 11:1


De novo vem uma ordem a João, e esta é também uma visão profética do renovado estudo das profecias por parte dos fervorosos pesquisadores da verdade. A atitude do profeta e a resposta a essas extraordinárias revelações tem sido, e é de novo, emblemática da atitude da verdadeira igreja de Deus quando esses acontecimentos se tornassem História. 


Os descoroçoados adoradores, após passada a data de 1844, deviam levantar-se e resplandecer, pois como diz o profeta “já vem a tua luz, e a glória do Senhor irá irá nascendo sobre ti”. Nova luz havia surgido, e a glória do Senhor estava sobre eles. Isa. 60:1. E esta luz era uma mensagem mais poderosa, que iluminaria o mundo todo com a sua glória. Apoc. 18:1. Ela devia refulgir na hora mais escura da história humana. Isa 60:2 


Desde 1844, a última mensagem, maior em escopo e poder, está indo depressa aos mais distantes lugares da Terra. Este “evangelho eterno” está sendo proclamado na moldura da mensagem da hora do juízo, e é pregado em mais de 800 línguas bem como em dezenas de dialetos. 


Cumprir-se-á o Secreto de Deus


O segredo [ou mistério] de Deus é o evangelho de Jesus Cristo. Efésios 6:19. Ele está incorporando em Sua Pessoa e em Sua obra. Ele fala Paulo como “o mistério de Sua vontade”. Efésios 1:9. “Grande é o mistério da piedade” ele exclama (I Timóteo 3:16). O propósito do evangelho é “tomar um povo para o Seu nome”. Atos 15:14. E estes estão sendo rapidamente reunidos de todas as nações debaixo do céu. (Apoc. 14:6).


A última mensagem de Deus, a qual reúne o povo que permanecerá firme nos dias finais da história da Terra, é uma mensagem que inclui cada verdade de cada reforma de cada século. 


Aqui está o verdadeiro plano de Deus para a união das igrejas. Se os homens se unirem com a mente aberta para saber qual é a vontade de Deus e prontamente obedecerem a Sua palavra, então Sua mensagem de verdade nos unirá a todos, pois ela verdadeiramente se centraliza num Salvador crucificado, ressurreto, ministrador e prestes a voltar.


536 e 519 a.C. - Decreto de Ciro e Dário – Anos utilizados na construção do templo, que terminou em 515 A.C. (Esdras 6:15)

457 a.C. – Decreto de Artaxerxes ordenando a reconstrução da cidade (Esdras 7:7; Esdras 7:12 a 22). 

408 a.C. - Jerusalém reconstruída e o Estado judeu restaurado (Esdras 7:26).

27 d.C. - Batismo de Cristo (Mateus 3:13 a 17). 

31 d.C. - Na metade da última semana das setenta, o Messias seria morto. Exatamente 3 anos e meio após o Seu batismo, Jesus foi morto na cruz. A profecia foi confirmada. (Lucas 23:46; Daniel 9:27). 

34 d.C. - No fim das 70 semanas (Daniel 9:24), Estevão é apedrejado (Atos 7:54 a 60); a Igreja é perseguida (Atos 8:1 a 3). Paulo converte-se, e o Evangelho foi levado aos gentios (Atos 13:44 a 48). 

1844 - Início do Juízo Investigativo (Daniel 8:14; Apocalipse 3:7 e 8).