Em Mateus 19:17 Jesus cita 6 mandamentos e não fala do sábado, isso indica que tal mandamento foi anulado?
Você se lembra de que em Marcos 12:30-31, Jesus ensinou também que a Lei se resume em dois grandes mandamentos? “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Não há outro mandamento maior do que estes.”. Vale notar que estes dois grandes mandamentos são o “resumo”, e não a “substituição” dos dez mandamentos. Ou seja, “amar a Deus acima de todas as coisas” é obedecer aos quatro primeiros mandamentos do Decálogo, e “amar ao próximo como a si mesmo” é cumprir os seis últimos mandamentos do Decálogo.
Verifique quais foram os mandamentos que Jesus citou para o Jovem rico. Se você observar, vai ver que Jesus citou apenas os mandamentos da segunda parte da Lei. Por quê? Foi porque a necessidade do Jovem Rico era: deixar de ser um egoísta e um religioso de fachada.
Tanto é que, o melhor remédio para ele, seria vender tudo e dar os bens aos pobres. Deus não pediu isto para outros ricos, mas esta era uma necessidade daquele jovem - aprender a amar o próximo - expressa nos seis mandamentos da segunda tábua do Decálogo.
Quanto à necessidade de observar o que pede a primeira parte dos dez mandamentos, Jesus fez a proposta ao jovem logo em seguida, dizendo a ele que deixasse tudo e o seguisse. Se o jovem deixasse tudo e seguisse a Jesus, estaria amando a própria segunda pessoa da Trindade, acima de todas as coisas.
Mas há um outro lado. Se o argumento – “se Jesus não citou determinado mandamento para o Jovem Rico, então este está anulado” - for o parâmetro correto para determinar que mandamentos devam ou não ser guardados, então estou liberado para adorar outros deuses, fazer imagens de escultura, tomar o nome de Deus em vão, não observar o sábado e cobiçar, certo?
A linha de raciocínio da respostas à pergunta em questão começa por aí. Porque, na realidade, o argumento em questão está: colocando na boca de Jesus o que Ele não disse, indo além do texto e fazendo suas próprias interpretações.
Ora, só porque eu não menciono a existência de “algo”, este “algo” não existe? Jesus não disse: “guarde SÓ estes mandamentos”. Ele citou alguns mandamentos só para esclarecimento.
Estava dando apenas alguns exemplos, para que o Jovem Rico soubesse que os mandamentos dos quis Ele estava falando não eram quaisquer mandamentos, dos muitos que existem no Universo, mas sim, os mandamentos do Decálogo que havia sido entregue para Moisés.
Eu sei que uma a réplica a esta resposta pode ser um pensamento mais ou menos assim: “Ah, mas os outros mandamentos, que Jesus não citou aqui, diferentemente do sábado, estão citados em outros lugares do Novo Testamento”. Mas aí, é preciso verificar que o sábado também está citado no Novo Testamento, em vários lugares, como por exemplo:
“Orai para que a vossa fuga não se dê no inverso, nem no sábado”. “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte que o Filho do homem é senhor também do sábado”. “Porque, em certo lugar, assim disse, no tocante ao sétimo dia: E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera”. “Portanto, resta um repouso para o povo de Deus.
Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das Suas”. “Pois nEle, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra”. - Mateus 24:20; Marcos 2:27-28; Hebreus 4:4, 9-10; Colossenses 1:16.
Mas é bom que lembremos do velho conselho de Phillip Yancey: “O Velho Testamento era a Bíblia que Jesus lia”, “pois tudo quanto, outrora [antes de Cristo], foi escrito para o nosso ensino foi escrito (Romanos 15:4)”.
Porque “toda a Escritura [Antigo Testamento] é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Timóteo 3:16-17).
Logo, se nós estivermos lendo somente uma parte da Bíblia, devemos levar em consideração que, o “não citar” não é igual a uma declaração do tipo: “não faça, está anulado, não precisa mais, etc.”. Portanto, mesmo que o sábado, simplesmente, não estivesse citado em nenhum lugar do Novo Testamento, isso não seria argumento para não observar o sétimo dia.
Um abraço,
Pr. Valdeci Júnior