Como explicar Mateus 13:13-14, quando Jesus disse “para que vendo não vejam”?
Poderíamos chamar de “mini-parábola”. O propósito de Cristo não era ocultar a verdade daqueles cuja percepção espiritual fosse mais limitada.
Pelo contrário, ele intencionava penetrar na mente e no coração embotados daquelas pessoas, com a esperança de criar nelas a faculdade de receber mais verdade ainda (Lucas 8:16).
Cristo veio a este mundo para dar testemunho à verdade, e não para ocultá-la (João 18:37). A razão pela qual alguns não têm produzido frutos não se deve ao semeador, nem à semente, mas ao terreno.
Terreno infértil é assim mesmo. Ainda que pareça que tais pessoas veem, e elas pensem que veem, na realidade, não enxergam nada, porque dizem “podemos ver” e na verdade são cegas, permanecendo no pecado (João 9:41).
Isso é um tipo de cegueira voluntária (Oséias 4). A percepção dessas pessoas, dos ouvintes representados pelo terreno junto ao caminho, é superficial. E a visão natural não está acompanhada do correspondente discernimento espiritual.
Por isso elas não entendem. Os fariseus, por exemplo, conheciam o significado das parábolas de Jesus, mas fingiam não entendê-las. Eles recusavam as parábolas mais claras de Cristo porque não queriam recebê-las. Eles já tinham cegados seus próprios olhos da alma de forma deliberada, fechando-se nas trevas.
O coração, ou seja, a mente daquele povo, se tinha endurecido por decisão deles mesmos. E então eles chegaram a um estado em que pareciam estar num sono profundo (de incompreensão), impossível de serem despertados.
Quando Jesus diz: “para que vendo não vejam”, isso é simbólico, pois não era da vontade dEle, jamais, que alguma pessoa permanecesse naquela condição, ou que qualquer pessoa, deixasse de compreender ou de se converter.
Acontece que a condição dos dirigentes judeus era o resultado natural da própria conduta deles e do modo que eles levavam a vida. Além da obra de Satanás, é claro (Mateus 13:4). Na realidade final, por trás de tudo, era o Diabo quem tinha cegado o entendimento dos incrédulos (2 Cor. 4:4).
Não é a luz do céu que cega a pessoa, mas sim a escuridão (1João 2:11). É como se fosse assim: a pessoa passa tanto tempo no escuro, nas trevas, que quando é exposta à luz, não consegue enxergar.
“Olhos que estão acostumados com a escuridão, tendem a evitar a luz”.
Um abraço,
Pr. Valdeci Junior.