Não é possível compreender como se iniciou o pecado no Universo. É difícil explicar a queda de Adão, e ainda mais difícil é explicar a queda de Lúcifer, pois não houve ninguém para tentá-lo. Esse fenômeno a Bíblia chama de “mistério da iniquidade” (2 Tessalonicenses 2:7).
Dizer que o pecado se originou com o poder de “livre escolha” ajuda na compreensão do tema, mas não explica a questão da escolha errada. É impossível explicar a origem do pecado de maneira a dar a razão de sua existência.
O pecado é um intruso, por cuja presença nenhuma razão se pode dar. É misterioso, inexplicável; desculpá-lo corresponde a defendê-lo. Se para ele se pudesse encontrar desculpa, ou mostrar-se causa para a sua existência, deixaria de ser pecado.
Satanás atribui a Deus a origem do pecado. Também a queda de nossos primeiros pais, com toda a miséria resultante, ele [Satanás] atribui ao Criador, levando os homens a olharem a Deus como autor do pecado, do sofrimento e da morte.
Deus não é responsável pelo pecado. Nada é mais claramente ensinado nas Escrituras do que o fato de não haver sido Deus, de maneira alguma, responsável pela manifestação do mal; e de não ter havido qualquer retirada arbitrária da graça divina, nem deficiência no governo divino para que dessem motivo ao irrompimento da rebelião.
Deus não criou o Diabo, mas Lúcifer. Esse nome quer dizer “uma luz flamejante”. Ele foi o portador da luz em torno do trono de Deus. Mas, devido à sua livre escolha, se tornou o Diabo. Esse termo vem de diábolos (significa “enganador”, “lançar”). Ele começou a “lançar” na mente de outros anjos, dúvidas sobre o caráter de Deus.
A definição de pecado e a condição da humanidade
Pecado é uma condição da mente e do coração. É falta de conformidade com a santidade de Deus. Pecado é mais uma condição do que um ato; pecado é a condição básica ou estado de nossa personalidade.
O ato mau simplesmente é fruto do pecado que já está no coração. “Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias” (Mateus 15:19).
É comum citarmos, como sendo uma definição, 1 João 3:4 (“pecado é transgressão da lei”). Mas tal definição não deve ser a única, porque implica que pecado é simplesmente um ato. Porém, repito: pecado é um estado ou condição. O ser humano pode ser pecador sem fazer nada.
1 João 3:4 é assim traduzido em outras versões da Bíblia: “pecado é iniqüidade”. “Iniquidade” ou “transgressão da lei” vem da palavra grega anomia, que significa “estar sem lei, em condição de ilegalidade”.
Paulo Roberto Pinheiro
Editor