No livro de Gênesis, capítulo 22, Deus pede para Abraão sacrificar Isaque, seu filho unigênito. Deste episódio, podemos tirar muitas conclusões.
Vejamos alguns paralelos a partir do texto sagrado:
Ao mesmo tempo em que Abraão é pai de Isaque, ele também é filho de Deus. Como pai de Isaque, ele compreendeu de forma mais ampla a experiência de Deus ao entregar Seu único filho (João 3:16).
Compreendeu o significado da substituição e da prefiguração de Jesus por aquele cordeiro que foi morto no lugar de Isaque. Jesus declara: “Abraão viu o meu dia e se alegrou” (João 8:56). Ele contemplou o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo morrendo no lugar de Isaque e de todos os pecadores (João 1:29).
Portanto, ao mesmo tempo em que Abraão é descrito como pai de Isaque, ele também é uma figura, um tipo do Pai que entregaria Seu único Filho, Jesus Cristo.
Agora vamos para o segundo personagem da história. Ao mesmo tempo em que Isaque era filho de Abraão ele também era uma figura, um tipo, uma representação do Filho de Deus que foi entregue pelo pai para o sacrifício.
Tendo isso em mente, a lenha que Isaque carregou nas costas faz alusão ao madeiro que Cristo carregou sobre os ombros. É interessante que Isaque, como pecador, também representa o ser humano que necessita de um substituto, pois cada um “morrerá pelo seu pecado” (Ezequiel 18:20).
Por fim, o cordeiro significa a provisão de Deus, o Substituto, Aquele que pagaria o preço do pecado. DEle, profetizou o profeta Isaías em seu livro no capítulo 53. É inquestionável que nesse capítulo esteja revelada a morte substitutiva do Messias. Veja a palavra profética:
“Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (vs. 5).
“Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (vs. 7)
“Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido” (vs. 8).
“Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca” (vs. 9).
“Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si” (vss. 10-11). Grifos meus.
A quem se referia o profeta? Qual episódio ou evento o profeta descreve nesse capítulo? O que o profeta quis dizer com as palavras: “quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado”? Não é uma referência à morte vicária do Messias?
Embora o simbolismo não seja perfeito em toda sua esfera, nota-se claramente a alusão de tudo o que viria a acontecer na vida de Cristo. Deus revelara a Abraão o Seu maravilhoso plano. Esse episódio representa algo perfeito e completo que Deus realizou em Cristo Jesus.
O Ritual do Santuário:
O que prefigurava todas as cerimônias do Templo? Ali estava o plano da redenção, desdobrado perante o povo. Cada sacrifício apontava para o Messias imaculado, sem culpa e perfeito. Em Levítico temos a descrição do ritual do Santuário.
Profecia de Daniel 9:24 a 29:
“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos.
Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas.
Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele.”
Em profecia, 1 dia representa 1 ano literal (veja Ezequiel 4:6-7; Números 14:34). Setenta semanas representam 490 anos literais. Qual é a data que marca o início desse período profético? O verso 25 responde: Sabe e entende: “desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém”. Isso sucedeu quando Artaxerxes, rei da pérsia decretou a reconstrução de Jerusalém no ano 457 a.C. (ver Esdras 6:14 e 7).
A reconstrução do templo levaria 7 semanas, ou seja, 49 anos. O início da reconstrução aconteceu no ano 457 a.C. e terminou em 408 a.C. (total de 49 anos ou 7 semanas).
457 – 49 = 408 a.C.
A profecia nos diz então que depois das primeiras 7 semanas (ou 49 anos), mais 62 semanas (ou 434 anos) seriam necessárias para o batismo de Jesus (até ao Ungido) que aconteceu no ano 27 d. C. Faça as contas. Já estamos no ano 408 a. C., ao término da reedificação de Jerusalém. Até ao Ungido, mais 62 semanas ou 434 anos. Vejamos o cálculo:
408 – 434 = – 26
Contudo, esse cálculo não conta o primeiro ano que começa com zero. Portanto deve ser adicionado mais um ano ao cálculo, o que nos leva ao número - ano 27, data do batismo de Cristo.
De acordo com o texto, seriam necessárias 7 semanas mais 62 semanas para “ungir o Santo dos Santos”. Outra forma de fazer o cálculo é somar 62+7 que é igual a 69 semanas, ou 483 anos. Calcule então. Vamos pegar a data inicial da profecia, ano 457 a.C. e subtrair 483, levando em conta o primeiro ano que não é contado.
457 – 483 = – 26 (mais 1 referente ao primeiro ano nos leva a 27 d. C.)
Esta foi a data do batismo de Jesus. Tudo isso era necessário se cumprir, pois estava predito por Daniel 500 anos antes. A profecia ainda fala de uma semana, e que na metade da semana Ele faria “cessar o sacrifício” (Daniel 9:29).
Metade de uma semana são três dias e meio ou três anos e meio, profeticamente. Portanto a profecia faz alusão à morte de Cristo que aconteceu no ano 31 d.C., na metade da semana, fazendo cessar o sacrifício: “E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo” (Marcos 15:38).
Mas ainda faltam três anos e meio para completar a semana profética. Esses três anos e meio era um tempo para o povo judeu que acabou em 34 d. C.
E qual acontecimento marca o final do período das 70 semanas ou 490 anos? Estevão foi apedrejado em 34 d.C., e a partir dessa data a igreja de Deus, como uma continuação do judaísmo, passou a representar Cristo e a proclamar as Boas Novas de salvação em Jesus.
Salmo 22
O que dizer desse salmo messiânico? Quase mil anos antes da morte de Cristo o salmista revela como aconteceria!
Profecias Messiânicas:
Miquéias 5:2 - Ele nasceria em Belém -Lucas 2:4-7
Salmo 22:16 - Seria crucificado - Lucas 23:33
Zacarias 11:12 - Seria traído por 30 moedas de prata - Mateus 26:14-15
Salmo 34:20 - Nenhum de Seus ossos seriam quebrados - João 19:23
Isaías 7:14 - Sua mãe seria uma virgem - Mateus 1:18-23
Salmo 22:18 - Lançariam sorte para ficar com Suas vestes - Lucas 23:34
Salmo 16:10 - Ele ressuscitaria - Mateus 28:6
Todos os 330 detalhes preditos sobre Jesus se cumpriram fielmente.
Vejamos um testemunho histórico extrabíblico:
Flávio Josefo, um historiador secular que viveu no primeiro século depois de Cristo, citou Jesus em seu livro “Antiguidades Judaicas”, livro 18, capítulo 3, ítem 3. Diz o texto:
"Havia neste tempo Jesus, um homem sábio, se é lícito chamá-lo de homem, porque ele foi o autor de coisas admiráveis, um professor tal que fazia os homens receberem a verdade com prazer. Ele fez seguidores tanto entre os judeus como entre os gentios. Ele era o Cristo. E quando Pilatos, seguindo a sugestão dos principais entre nós, condenou-o à cruz, os que o amaram no princípio não o esqueceram; porque ele apareceu a eles vivo novamente no terceiro dia; como os divinos profetas tinham previsto estas e milhares de outras coisas maravilhosas a respeito dele. E a tribo dos cristãos, assim chamados por causa dele, não está extinta até hoje."
Palavras do próprio Cristo:
Jesus é Deus encarnado (João 1:1, 14). Ele não tem vida emprestada. Ele é fonte de vida!
João 5:26 – “Assim como o Pai é a fonte da vida, assim também fez o Filho ser a fonte da vida.”
João 10:18 – “Ninguém tira a minha vida de mim, mas a dou por minha própria vontade. Tenho direito de dá-la e de tornar a recebê-la, pois foi isso o que o meu Pai me mandou fazer.”
Paulo, o apóstolo dos gentios declara uma verdade bíblica:
1 Timóteo 1:17 - “Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém!”
Conclusão:
Como afirmar que o sacrifício vicário de Cristo é antibíblico, se foi prefigurado pelo episódio no monte Moriá registrado em Gênesis capítulo 22?
E quanto a Isaías 53 que retrata a morte do Messias como uma oferta pelo pecado?
Considerando todas as profecias messiânicas do Velho Testamento que se cumpriram fielmente em Cristo, chego à conclusão de que é uma heresia afirmar que o sacrifício de Cristo é antibíblico.
Há um único Deus, a divindade, um Deus triuno. Jesus Cristo é Deus encarnado, um mistério insondável. Deus se fez carne e habitou entre nós. Deus condenou o pecado na carne (Romanos 8:3).
O sacrifício expiatório de Jesus Cristo foi perfeito e completo, pois Deus pagou as exigências da lei, fez justiça. Por isso Jesus seria chamado de “Senhor justiça nossa” (Jeremias 23:6).
Contudo, para os mistérios insondáveis, silêncio é eloqüência. E sábio é aquele que segue as palavras da Lei:
“As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt. 29:29).
Forte abraço,
Pr. Frederico Branco.