9 O MAOMETANISMO NA PROFECIA (Araceli)

Profecias do apocalipse Araceli Melo


No capítulo anterior apreciamos a queda de Roma- Ocidental pelos acontecimentos ligados às quatro primeiras trombetas. Agora, no nono capítulo, apreciaremos a queda de Roma-Oriental ou do que restava ainda daquela dominação que foi um gravíssimo pesadelo para o mundo por muitos séculos.


Árabes e turcos são os açoites dos dois primeiros “ais” ou das quinta e sexta trombetas, numa guerra chamada “santa” de estrangulamento do poder bizantino opressor. Três principais fatos asseveram, sem contestação, representarem estas duas trombetas os árabes e os turcos: 1) Os símbolos nelas contidos que somente a estes povos podem ser aplicados; 2) o testemunho histórico que não deixa quaisquer dúvidas de que o islamismo, através destas duas nações, cumpriu precisamente a profecia; 3) a apresentação profético-matemática referente ao tempo de supremacia destes dois poderes maometanos.


Os árabes enfraqueceriam o império, causando dano a todos quantos recusassem reconhecer o profeta da Arábia e seus ensinos; os turcos, porém, atormentariam e matariam “a terça parte dos homens” numa investida de conquista do poder dos bizantinos infiéis ao Islã. Mas, a parte mais gloriosa desta profecia, reside no fato de que, ao tempo dos terríveis sucessos destas duas trombetas, haveria um povo com o “sinal de Deus” “nas suas testas”, pelo que, reza a revelação, seria protegido pela providência.


A QUINTA TROMBETA


VERSO 1 — “E o quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo”.


UMA ESTRÊLA CAI SÔBRE A TERRA


Na sequência das sete trombetas encontramos duas estrelas que caem. A primeira, Átila, como vimos no toque da terceira  trombeta, caiu sobre a região dos rios e fontes do império do Ocidente, sendo assim prevista a limitação das consequências de sua queda.

 

Mas, esta outra estrela que nos é apresentada na quinta trombeta, caiu na “terra”, o que indica que as consequências de sua queda seriam de caráter ilimitado, isto é, mundial.


Mas, quem representa esta nova estrela da profecia? Ora, como no caso de Átila, ela deve aludir indubitavelmente a um personagem que procuraria impor-se ao mundo pretendendo ser alguma coisa. 


Já salientamos que a quinta e a sexta trombetas apontam ao poder maometano e, segundo a sequência da revelação concernente a estas trombetas, a estrela é a primeira coisa que aparece em relação a este poder, o que inquestionavelmente designa o fundador do maometanismo. E em realidade o nome de dito poder indica por si só o seu fundador — Maomet. Toda a descrição que seguirá desde este primeiro texto até ao final, é evidente comprovação de que Maomet é a estrela salientada nesta profecia.


MAOMET ANTES DAS PRETENSÕES DE PROFETA


Maomet nasceu no ano 570 e seu nome significa “exalçado”. Filho de Abdallah e de Amina, pertencentes à tribo dos Coraichitas que tinha a seu cargo a custódia do templo de Kaaba, ficou órfão de pai aos dois meses de idade e de mãe aos seis anos. A meninice e juventude de Maomet são descritas permeadas de lendas muçulmanas que, embora inverosímeis, é claro, inspiraram um fanatismo cego a seus seguidores, a ponto de estarem sempre prontos a matar e a morrer em defesa do profeta e de seus ensinos.


Entretanto, à mercê dos cuidados dos parentes Maomet fez-se homem, afinal, casando-se aos 25 anos com uma viúva rica, Cadicha, já quarentona, a serviço de quem estivera por algum tempo. Porém, não se contentou Maomet somente com Cadicha. No decorrer de sua vida realizou “ainda quatorze uniões conjugais”. Entre as suas espôsas e concubinas figuravam uma cristã (copta do Egito), uma judia e uma criança de sete anos, Aixa (mais tarde favorita e que era filha de Abu Becre — o sucessor do profeta”.1) “Teve também onze concubinas”.2)


MAOMET PRETENDE RECEBER VISÕES


O matrimônio contraído com Cadicha fez de Maomet um dos mais ricos habitantes de Meca. Renunciando, porém, algum tempo depois suas operações comerciais, fixou toda a sua atenção no espetáculo moral que ofereciam seus compatriotas e no remédio que ele cria mais eficaz para erguê-lo a um plano mais elevado.


Este remédio era o plano de uma nova religião, que consumiu quinze anos até que amadurecesse a seu contento. Mas, para cimentar o novo credo que pretendia fosse aceito por  seus compatriotas e pelo mundo todo, procurou dar cunho de revelação aos dogmas da nova seita de sua invenção. Aos 40 anos, depois de já ter meditado 15 em seu projeto, aliás em 610, pretendeu ter chegado o momento de pôr em prática o que pretendia. 


Começou por participar o aparecimento do anjo Gabriel a ele, na solidão do monte Hira, o qual viera comunicar-lhe a elevada missão para a qual fora escolhido como profeta. Verdadeiras lendas absurdas envolvem a pretensão de Maomet como profeta escolhido e inspirado de Deus, que são demasiado ridículas para serem inseridas nesta obra.


Depois de participar a nova a Cadicha, poucas pessoas, inclusive Abu-Becre, ficaram a par da sua pretensa investidura. Durante três anos comunicou-a secretamente; afinal declarou que Deus lhe ordenara que a proclamasse ao gênero humano. Todavia as lendas maometanas que cercam Maomet dão uma ideia do triste fundamento do maometanismo. Em todas as suas fantásticas visões lendárias, creem orgulhosamente os fanáticos muçulmanos.


MAOMET É REPELIDO DE MECA


As classes de Meca não receberam com bom grado, a princípio, as doutrinas de Maomet. Quando em 622 se encontravam em Meca muitos peregrinos fiéis ao profeta, desencadeou-se então a perseguição.  Por ordem de Maomet e em segredo, seus seguidores abandonaram a cidade com destino a Medina e outras partes. Maomet ficou em Meca até que todos os seus partidários dela se retirassem. Uma assembleia, entretanto, resolveu dar cabo dele antes que também deixasse a cidade. Mas ele, acompanhado de Abu-Becre, fugiu para Medina, onde foi recebido de braços abertos, e cuja cidade foi chamada “cidade do profeta”.


A fuga de Maomet, de Meca, em 16 de julho do ano 622, a Hegira, determina o início da era maometana, observada por todos os seguidores do profeta. Esta fuga, porém, a contra gosto do fugitivo, despertou-lhe ódio de vingança contra Meca e seus perseguidores.


MAOMET VITORIOSO NA ARÁBIA


Estabelecido e apoiado firmemente em Medina, começou Maomet a sua guerra contra Meca, a cidade sagrada do país. Disse que “a chave do paraíso é a espada, que uma gota de sangue derramada pela causa de Deus, uma noite passada sob as armas a céu aberto, têm mais merecimento do que dois meses de jejum e de oração. Os pecados do que morre em combate são-lhe perdoados, e as suas feridas exalam um perfume de âmbar, etc.”.1) Quando avançou sobre Meca para tomar vingança, esta capitulou, moralmente, aceitando uma paz humilhante imposta pelo profeta.


Maomet aproveitou-se do tratado com os coraishitas para  visitar Meca como peregrino. Muitos dos seus adversários creram nele.

 

Afinal tomou Meca de verdade; e Maomet ali permaneceu 15 dias estabelecendo sobre base firme a religião e o governo; recebeu a submissão de algumas tribos sujeitando outras pela força. Maomet tornou-se então chefe político e espiritual da Arábia.


"E FOI-LHE DADA A CHAVE DO POÇO DO ABISMO"


O Termo “chave”, deste texto, referente à chave dada a Maomet, vem do grego “kleis”. Este mesmo vocábulo aparece em cinco outros textos do Novo Testamento, e todas as vezes é usado para exprimir — autoridade conferida.1) Portanto, a chave entregue a Maomet, foi o poder e a autoridade supremas que seus compatriotas lhe conferiram. 


O Termo “abismo” vem também do grego “abussos”. E’ usado em mais seis outros textos do Novo Testamento e em cada caso determina um estado caótico ou circunstâncias caóticas.2) Assim recebera Maomet, de seus concidadãos, a “chave” da autoridade para exercer o seu poder num caos, ou num ambiente caótico que era a Arábia dos seus dias. O estado em que se encontrava o seu país ao impor-se como profeta, era realmente lamentável. Não havia governo central. Numerosas tribos com governo próprio, independente, formavam a nação.


Cosroe, rei da Pérsia, depois de comparar a condição política e civil dos árabes com as dos outros povos, disse: “Mas entre os árabes não encontro, na ordem moral nem na ordem material, nenhuma destas coisas excelentes; não têm força, nem estabilidade, e o que mostra quanto são inferiores às outras nações é o seu gênero de vida, pouco diferente do das feras e das aves de rapina com que fazem sociedade. 


Acrescenta que matam os filhos no berço para os não verem sofrer fome; que as tribos andam perpetuamente em guerra umas com as outras, matando e roubando para terem de comer; que lhes falecem todos os gozos de vida, pois não sabem o que são ricos vestuários, nem cozinha delicada, nem bons vizinhos, nem divertimentos”.3)


Deste modo, a Arábia com a sua política de rivalidades internas, intermináveis, sua moral e mais a corrupção religiosa oriunda de vários cultos, principalmente a idolatria, era, sem dúvida alguma, o “abismo”, o caos, ou, no teor da profecia, “o poço do abismo”, cuja “chave” autoritária foi entregue a Maomet nos dias em que ele se ergueu ali como pretenso profeta de Allah.


MAOMET ABRE O POÇO DO ABISMO


VERSO 2 — “E abriu o poço do abismo, e subiu fumo do poço, como o fumo de uma grande fornalha, e com o fumo do poço escureceu-se o sol e o ar”.

 

O FUMO QUE SAIU DO POÇO


Já apreciamos como a Arábia, em sua condição moral, política e religiosa, ao levantar-se Maomet, era o “abismo”, o caos representado na profecia. Senhor da Arábia, Maomet não modificou as condições reinantes para melhor, senão que, embora abolindo aquele estado de coisas reinantes, como vimos, deixou o “abismo” caótico pior, no país inteiro, pelo fato de criar uma política religiosa aberrante e falsa, pela qual se tornou ditador político e religioso, seguido e adorado por um país inteiro cujos súditos transformara em fanáticos, prontos a matar e morrer por seus erros encobertos em pretensas revelações. Com a chave da autoridade que lhe conferiram os seus, abriu o “poço” da Arábia ao mundo; e, com que intensão o abriu às nações? Que pretendia tirar dele para elas daquele “poço” arábico?


Maomet tinha “fumo” reservado para o mundo naquele “poço do abismo”. “Fumo”, diz a revelação, “como o fumo duma grande fornalha”. Que fumo era esse? Era um “fumo” que escureceu o “sol e o ar”. Mas, “o sol e o ar”, aqui, são simbólicos. Como o sol natural faz incidir seus raios sobre a terra para iluminá-la e trazer-lhe benefícios, assim os raios do sol da justiça de Cristo são refletidos do alto através do verdadeiro cristianismo, para benefício do mundo. 


O ar, que está impregnado de elementos vitais para a manutenção, purificação e fertilização da vida física, é emblema da divina graça como manifestada através do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, que é um lenitivo, um bálsamo purificador da vida espiritual diária dos seguidores do Salvador.


Mas Maomet escureceu este “sol” e este “ar” sublimes, com o “‘fumo” que fez emanar do “poço do abismo” ou da Arábia. E’ claro que o “fumo” referido não é natural, mas simbólico como “o sol e o ar”. Todavia, de influência asfixiante, pestilenta e mortífera como o fumo; e, em tão grande proporção, pois diz que emanava como se saísse “de uma grande fornalha”, que se espalhou aos quatro ventos, escurecendo “o sol e o ar”.


Este “fumo” mortífero é a religião maometana fundada por Maomet que emanou da Arábia. Um “fumo” que escureceu o “sol” da justiça de Cristo e o “ar” do evangelho da Sua graça, para milhões de habitantes do mundo em dilatadas extensões. Há plausível diferença  entre o cristianismo e o maometanismo, já no fato de que o primeiro é representado nas profecias como uma luz que desceu do céu, enquanto o segundo como um “fumo” pestilento e sufocante que emanou — do poço do abismo. Também, nesta própria profecia o evangelho da graça divina é apresentado como “o sol e o ar”, cheios de vida e de luz, enquanto o maometanismo, como vimos, como um fumo asfixiante que mata a alma e a vida espiritual.

 

O "KORÃO" E SUAS DOUTRINAS


O “Corão”, livro sagrado do maometanismo é um sistema de erros de falsa inspiração atribuído a Maomet. Os adeptos do embusteiro profeta, no entanto, acreditam cegamente que o livro não é obra pessoal dele, mas que reproduz fielmente as palavras divinas transmitidas pelo anjo Gabriel, durante mais de vinte anos, ora em Meca, ora em Medina. Mas a própria tradição não se harmoniza com esta crença.


Os ensinos do “Corão” negam a divindade do Filho de Deus e colocam Maomet acima dele; negam a morte expiatória de Cristo e a obra regeneradora do Espírito Santo; não encaram o pecado como tal e a necessidade de perdão como indispensável. Negam, enfim, todo o plano da salvação como revelado no Evangelho de Cristo. 


Além de ser constituído de preceitos religiosos que contrariam as Sagradas Escrituras, é um livro imoral, pois contém “evocações e promessas do mais requintado sensualismo”, “e da poligamia”. O próprio profeta árabe era imoral e polígamo. Na verdade a Arábia foi o “poço” que Maomet abriu e donde emanou sobre o mundo cristão o “fumo” duma religião imoral inventada, como se fora uma revelação destinada a substituir todos os credos incluso o cristianismo.


A MORTE DE MAOMET E SEU TÚMULO


Sua morte ocorreu a 8 de junho de 632, aos 63 anos de idade. “Mas quando se tratou de escolher o lugar para a sua sepultura houve desinteligências. Os Moadjerianos queriam levá-lo para Meca, sua pátria; os ansarianos desejavam conservá-lo em Medina, que lhe fora asilo; outros entendiam que devia ser depositado em Jerusalém, no meio dos profetas. Abu Becre resolveu a questão declarando que ele manifestara o desejo de ser inumado no lugar onde morresse.


“Cavou-se-lhe, pois, a sepultura mesmo debaixo do leito onde falecera; em volta do túmulo ergueu-se depois uma suntuosa mesquita, modelada pela de Meca, em forma de torre, cercada de galerias cobertas, com um pequeno edifício no centro. Sustentam-na 296 colunas todas diferentes, que se levantam do pavimento e são ornadas de arabescos, de pedras preciosas e de incrustações de ouro. 


No ângulo sudeste da mesquita está o túmulo, num quadrado de pedras negras que sustentam duas colunas; ao lado dele repousam os seus dois primeiros sucessores, e as sepulturas estão sempre cobertas com tapetes preciosos”. “Visitar-lhe o sepulcro é um dos deveres capitais do islamismo. O crente que se põe a caminho para essa visita deve repetir assiduamente certas fórmulas, sobretudo quando avista as árvores do território de Medina. 


Antes de entrar na cidade purifica-se com abluções, veste o seu melhor fato, perfuma-se com os mais preciosos aromas e dá esmolas. Ao aproximar-se da mesquita diz: “O’ Senhor, sede propício a Maomet e à família de Maomet. Senhor, perdoai os meus pecados e abri-me as portas da vossa misericórdia”. Dirige-se depois ao canteiro glorioso das flores, isto é, ao túmulo, e vai  orar nos diferentes lugares consagrados pelas recordações, observando as cerimônias que praticaram os primeiros apóstolos”.1)


Tudo quanto foi dito até aqui de Maomet, foi para mostrar, como reza a profecia, que o consideravam como uma grande “estrela” e ainda o consideram. Através dos séculos, seus seguidores o reverenciam e o adoram no seu túmulo como se fora em realidade profeta de Allah.


HORDAS MAOMETANAS COBREM A TERRA


VERSO 3 — “E do fumo deram gafanhotos sobre a terra; e foi-lhes dado poder, como o poder que têm os escorpiões da terra”.


GAFANHOTOS SAEM DO FUMO


Do “fumo” emanante do “poço do abismo”, saíram gafanhotos, diz o texto sagrado. Daí a conclusão inequívoca, de que estes gafanhotos são simbólicos, e que saíram da Arábia conjuntamente com as ideias de Maomet, espalhando-se sobre a terra. Portanto, não são gafanhotos naturais, mas emblemas dos fanáticos maometanos a infestarem os países cristãos do Oriente e do Ocidente na propagação das pestilentas doutrinas do falso profeta da Arábia. O gafanhoto, a base do símbolo, é particularmente árabe. 


A Arábia é considerada o país dos gafanhotos. “O nome Arabah é aparentado com o de Arbeh que significa multidão de gafanhotos”. Já em tempos bíblicos remotos, fora o gafanhoto usado como símbolo para designar o número e o caráter de uma horda invasora de árabes sobre a Palestina.2) E é notável como um vento oriental, dos lados da Arábia portanto, levou ao Egito os gafanhotos daquela terrível praga.3)


Está assim o símbolo de gafanhoto plenamente em harmonia com os miríades de árabes sarracenos que transpuseram inúmeras fronteiras em propagação da nova fé. Foi de fato a religião de Maomet que fez dos árabes o que eles se tornaram. Foi ela que pela primeira vez os uniu em um, em número incontável como gafanhotos; foi ela que lhes deu o  impulso do gafanhoto para se apressarem a sair como seus propagadores pelo mundo. A forma de gafanhotos com seu progresso migratório rápido e grande capacidade de marcha, indica exatamente a enxameante quantidade de propagadores do islamismo a precipitarem-se irresistíveis para Leste e Oeste contra a cristandade.

 

MAOMET INICIA A MARCHA DO ISLAMISMO


“Decidido então a propagar a sua fé além das fronteiras da península, o profeta escreveu aos príncipes limítrofes, selando as cartas com um selo de prata com a legenda Maomet, apóstolo de Deus”. “O profeta dirigiu terríveis ameaças a quem recusava acreditar nele”. “Em Medina, para onde foi (anos das embaixadas, 630-631), recebeu Maomet embaixadores de muitos povos; a todos acolheu, impondo como primeira condição dos tratados de aliança a abolição da idolatria”.1)


“Maomet organizou em 10 anos umas quarenta expedições. Este homem, que uns apresentam como um hábil impostor e outros como um iluminado epilético, tomou pessoalmente parte em cerca de trinta campanhas e comandou uma dezena de batalhas, sem falar nas difíceis negociações que teve de orientar”.2)


À morte de Maomet o califado ampliou as conquistas impondo a fé do profeta. “A conquista árabe alastrou-se como corrente tempestuosa sobre o Oriente e o Ocidente, em duas vagas imponentes. A primeira, desencadeada então precisamente por ordem do Kalifa (Ornar), inundou a Pérsia até ao Oxo, a Síria, a Mesopotâmia, a Armênia e parte da Ásia Menor, até perto de Constantinopla, o Egito e o litoral norte da África até para além de Cartago e só foi detida pelos distúrbios internos, que estalaram nos últimos anos do reinado de Othmann (24-35;644-655)”. 


“Mas logo que Abdelmelik (65-86;685-705) assegurou o domínio da dinastia Omaiada, a nacionalidade árabe no poderoso reinado de El-Walid (86-96; 705-715) inunda, numa segunda onda, países e povos no Oriente ainda para além das fronteiras da Índia e do Turkestão, no Norte até ao Caucaso, e às muralhas de Constantinopla, e no Ocidente até ao Atlântico e ao interior da França, onde só Carlos Martel a detém nas batalhas de Tours e Poitiers (114;732). Com isto tinha o grande movimento chegado já ao ponto culminante”.3) Quatrocentos mil sarracenos sob o comando de Abdarama foram esmagados por Carlos Martel, recuando para a Espanha os sobreviventes árabes.


Jamais o mundo vira um império e uma religião alcançar em tão pouco tempo um tão dilatado território. Kandemir, o historiador persa, resume assim as campanhas de Ornar: “Tomou aos infiéis 36.000 cidades e castelos, destruiu 4.000 templos ou igrejas, e fundou ou aumentou 1.400 mesquitas”.4)


Assim, pela imprevisão brusca de suas invasões, pela prodigiosa rapidez de suas conquistas e pela grande destruição e saque que faziam, assemelhavam deveras os árabes-sarracenos a espessas nuvens de gafanhotos caindo sobre o Oriente e o Ocidente, na tentativa de fazer muçulmano o mundo inteiro.

 

FOI-LHE DADO O PODER DOS ESCORPIÕES


O escorpião é um inseto preto grandemente venenoso. Tem em geral duas a três polegadas de comprimento, alcançando até seis nos climas tropicais. Só na Palestina existem oito ou mais espécies. São carnívoros em seus hábitos e movem-se em atitudes de ameaça, com a cauda levantada. O ferrão situado no fim da cauda, tem em sua base uma glândula que secreta um fluido venenoso, que é descarregado na vítima por dois orifícios na extremidade. Além disso tem um par de tenazes com as quais se firmam nas suas vítimas para aplicar-lhes o inexorável ferrão. Nos climas quentes a ferroada do escorpião ocasiona muitas vezes graves sofrimentos e em alguns casos alarmantes sintomas.


Pelas razões apresentadas o escorpião é nesta profecia emblema de flagelo. E é notável que os desertos por onde peregrinaram os israelitas saídos do Egito, desertos da Arábia, abundavam escorpiões como ainda hoje são comuns ali.1).


A aplicação profético-simbólica é verdadeiramente extraordinária. Enquanto as hordas arábico-serracenas caíam sobre as nações repentinamente e numerosas como gafanhotos, para saquear e destruir segundo a ordem do profeta, por outro lado, como que possuindo caudas de escorpiões, injetavam pela força o veneno do embuste duma política civil- religiosa que causava mal-estar aos vencidos. 


Enfim, eis o trato desprezível e opressor com que na realidade se distinguiram em suas conquistas os aderentes de Maomet. Reduzidos economicamente à condição de miséria e política e espiritualmente abatidos e vexados por aqueles gafanhotos-escorpiões, era desastrosa e miseranda a condição dos povos submetidos, despojados de seus bens e picados pelo aguilhão duma política e duma religião venenosas. Todavia o símbolo encontrou a sua realidade nas hordas maometanas numa grandiosa exaltação e confirmação da profecia.


UMA SOLENE ORDEM AOS SOLDADOS DO ISLÃ


VERSO 4 — “E foi-lhes dito que não fizessem dano à herva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm nas suas testas o sinal de Deus”.


NÃO DEVIAM FAZER DANO À VEGETAÇÃO


Aqui temos a evidência de que a profecia não trata de gafanhotos literais mas simbólicos. Se se referisse a gafanhotos no sentido literal, não rezava que não deviam fazer “dano à  herva  da terra, nem a verdura alguma, nem  a  árvore alguma”. Estas palavras  da profecia foram rigorosamente observadas nas recomendações de Abu-Becre, o primeiro califa e sucessor de Maomet. Ao assumir o poder e reunir as tribos árabes para lançá-las na guerra santa, recomendou aos chefes do exército, o seguinte:


“Quando combaterdes os combates do Senhor, portai-vos como homens, sem voltar as costas; mas que vossas vitórias não sejam manchadas com o sangue de mulheres ou crianças. Não destruais as palmeiras, nem queimeis nenhuns campos de cereais — Não derribeis nenhuma árvore frutífera, nem causeis dano algum ao gado; a não ser o que matardes para comer. Quando fizerdes qualquer pacto ou estipulação, mantei-a, e cumpri vossa promessa”.1) Vemos que as palavras da profecia concernente à vegetação foram evidentemente cumpridas nas recomendações de Abu-Becre.


O SINAL DE DEUS NO IMPÉRIO MAOMETANO


Consideremos a maravilha da profecia em salientar que as hordas maometanas não se dirigiriam contra os que tinham “nas suas testas o sinal de Deus”, “mas somente” contra os “homens que não têm nas suas testas o sinal de Deus”.


As conquistas maometanas duraram, podemos dizer, até dois séculos depois da queda de Constantinopla em 1453. Portanto, desde o sétimo até ao décimo sétimo século, havia religiosos que, segundo a revelação, tinham “nas suas testas o sinal de Deus”, ou o “selo de Deus”, como diz outra versão. Na explanação do capítulo sete temos demonstrado claramente que o “selo de Deus” é o santo Sábado do quarto mandamento da lei de Deus. 


A profecia destaca a proteção de Deus em favor dos que tinham o Seu sinal “nas suas testas”, isto é, os que observavam inteligentemente o santo repouso do sétimo dia da semana — o Sábado. Na verdade, não só nos séculos das conquistas do islamismo haviam os fiéis que tinham o “selo de Deus nas suas testas”, mas também em toda a era cristã, haviam não poucos cristãos que observavam com fiel reverência o verdadeiro dia de repouso semanal.


A ênfase da profecia em favor da vigência do Sábado como “selo de Deus” na era cristã, jaz ainda no fato de que os conquistadores islamíticos dirigir-se-iam a uma classe de pessoas que não tinham “nas suas testas o selo de Deus”. Enquanto esses sofreriam com as investidas dos exércitos sarracenos do Islã, aqueles seriam salvaguardados miraculosamente.


Gibbons, o grande historiador, preservou-nos as palavras da ordem do dia transmitidas por Abu-Brece a seus soldados, e nas quais, com toda a probabilidade, encontramos o cumprimento da profecia quanto aos que tinham o “selo de Deus nas suas testas”. Vejamos parte daquelas instruções: “Ao avançardes, haveis de encontrar algumas pessoas religiosas que vivem retiradas em mosteiros, e se propõem a servir a Deus dessa maneira: deixai- as em paz, e  nem  as mateis, nem destruais seus mosteiros. E encontrareis outra espécie de gente, que pertence à sinagoga de Satanás, que têm coroas raspadas; estais certos de que lhes rachareis o crânio, e não lhes deis quartel até que eles, ou se tornem maometanos ou paguem tributo”.1)


Agora, enquanto o falso cristão se recusa a observar o santo repouso de Deus, alegando sem base, que não devemos observá-lo mais, mas sim o domingo em seu lugar, a própria revelação, o Novo Testamento, desmascara essa impostura e assegura a imutabilidade do repouso do Sábado do sétimo dia na era cristã para o verdadeiro cristão. Não só nesta profecia o Sábado é apresentado como “sinal de Deus”, mas também em todo o Novo Testamento ele é o repouso de Deus na era cristã.


DANO E TORMENTO DE ESCORPIÃO


VERSOS 5-6 — “E foi-lhes permitido, não que os matassem, mas que por cinco meses os atormentassem; e o seu tormento era semelhante ao tormento do escorpião, quando fere o homem. E naqueles dias os homens buscarão a morte, e não a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá deles”.


No versículo quatro é dito que os gafanhotos ou os soldados maometanos iriam fazer dano aos homens. Agora, aqui é dito que iriam atormentá-los. A palavra grega — dano — é “adikeo”, que significa “fazer mal”, fazer injustiça”. Mas, “atormentassem” que vem de “basanismos”, significa “provar”, “experimentar”. 


Em outras palavras, os maometanos fariam “dano” ou causariam mal, injustiça, prejuízos materiais, e iriam também atormentar ou provar, experimentar, por em xeque o domínio político-religioso dos danificados por eles. Primeiramente os fanáticos islamitas iriam saquear e impor a religião, de preferência. Depois iriam sondar a força político-religiosa dos vencidos, o que indica que aspiravam ao poder do Império do Oriente, que era o objetivo principal de seus ataques.


Posto que por constantes ataques chegassem os árabes muçulmanos a assaltar Constantinopla, contudo não puderam fazer capitular a metrópole e bem assim o império. Inutilmente os árabes assaltaram a capital bizantina por terra e mar durante cinco anos inteiros (673-678): eles não conseguiram tomá-la”.2) Foi-lhes dada permissão para “danificar” e não para matar o império e apoderar-se do seu poder. E é assombroso que se portaram em conformidade com os detalhes da profecia.


Ainda que as investidas dos chefes e soldados maometanos causassem “dano” a princípio e por fim “tormento”,  a  morte  fugia dos que a preferiam antes do que as desgraças que lhes causava o tacão das hordas dos sucessores do profeta árabe. E o escorpião é sempre o mesmo símbolo dos danos e dos tormentos causados aos povos submetidos, seja no que aludia à propriedade e riqueza saqueadas, seja no que dizia respeito aos domínios político-religiosos-imperial-cristão- ambicionados. Sobre os cinco meses de tormento veja-se o versículo dez.


UM EXÉRCITO DE CAVALARIA


VERSO 7 — “E o parecer dos gafanhotos era semelhante ao de cavalos aparelhados para a guerra; e sobre as suas cabeças, havia umas como coroas semelhante ao ouro; e os seus rostos eram como rostos de homens”.


Cada vez convence-nos mais e mais a profecia não tratar ela de gafanhotos naturais. No símbolo de gafanhotos semelhantes a “cavalos aparelhados para a guerra”, deparamos a numerosa cavalaria árabe a avançar, tribo após tribo, em sucessivas vagas, para o Oriente e para o Ocidente. A Arábia não só era terra de gafanhotos como de cavalos. O cavalo árabe tomou a dianteira em todo o mundo, e desde a infância ambientam-se seus ginetes com cavalos velozes e fogosos, estando sempre prontos para a batalha.


Sobre suas cabeças tinham os guerreiros do profeta “umas como coroas semelhantes ao ouro”. O texto não diz que eram “coroas”, mas “umas como coroas” ou alguma coisa na cabeça parecida com coroa. Era o “turbante amarelo” usado por eles, como coroas, “eram seu adorno e motivo de jatância. A rica preza mantinha-os abundantemente providos deles e os renovavam com frequência. Tomar o turbante significa proverbialmente fazer-se muçulmano. Além disso, os árabes distinguiam- se antigamente pelas mitras que usavam”.1)


Os rostos de homem designam os árabes. Posto que naqueles antigos dias bárbaros, suscetíveis de cultura, a grande firmeza de propósito fez deles um povo civilizado e culto e lhes deu um lugar preeminente entre as nações, dos quais elas muito aprenderam.


CABELOS DE MULHERES E DENTES DE LEÕES


VERSO 8 — “E tinham cabelos como cabelos de mulheres, os seus dentes eram como de leões”.


Semelhantes às mulheres, não cortavam os  cabelos  os antigos árabes. O cabelo comprido era para eles um  especial adorno  e entre eles era costume não cortá-los. “Assim  Plínio,  contemporâneo de S. João ao fim do primeiro século, fala dos árabes como usando turbante, tendo cabelos longos e não  cortados, bigode  no lábio superior, ou barba; esse venerável sinal de varonilidade”, segundo chama Gibbon, em linguagem árabe. Assim os descreve Solino no terceiro século; assim Amiano Marcelino no quarto; assim o fazem Claúdio, Teodoro de Mops Suesta e Jerônimo, no quinto”.1) Era sobre a vasta e longa cabeleira que usavam o turbante que os orgulhava.


Seus dentes semelhantes aos de leões, denotam o valor, a ferocidade e a força irresistível do fanatismo com que se lançavam sobre suas prezas e as dominavam, devorando-as quanto de seus bens podiam fazer, por todas as terras quer do Oriente quer do Ocidente.


AS COURAÇAS SARRACENAS


VERSO 9 — “E tinham couraças como couraças de ferro; e o ruído das suas asas era como o ruído de carros, quando muitos cavalos correm ao combate”.


“Famosas são suas couraças de ferro e aço que revestiram depois de haver adotado a nova religião que se propuseram difundir por todo o mundo. Destas couraças diz o Corão: “Um dos dons divinos aos árabes são as couraças”.1) “A couraça era usada entre os árabes nos dias de Maomet. Na batalha de Ohud (a segunda que pelejou Maomet) contra os coraichitas de Meca (624), “700 deles estavam armados de couraças”.2)


Ao contrário dos exércitos grego e romano e doutros povos, as cargas árabes não eram produzidas por infantaria mas por cavalaria, que era a arma que maiormente compunha seu exército. E ao avançarem compactos semelhantes às ondas de gafanhotos, imitavam estes, com suas couraças especialmente, o ruído de suas asas, como se estivessem conduzindo ao combate carros de guerra tirados por muitos cavalos.


Tão completo foi o cumprimento deste pormenor da revelação que parece que Maomet e seus guerreiros tinham conhecimento da profecia.


O TEMPO DO TORMENTO MUÇULMANO


VERSO 10 — “E tinham caudas semelhantes às dos escorpiões, e aguilhões nas suas caudas; e o seu poder era para danificar os homens por cinco meses”.


CAUDAS SEMELHANTES ÀS DOS ESCORPIÕES


Temos aqui a terceira referência ao escorpião. O versículo três alude que os conquistadores árabes tinham o poder que têm os escorpiões da terra; no versículo cinco é dito que o “tormento” que infligiam “era semelhante ao tormento do escorpião, quando fere o homem; e, neste versículo dez, é mencionado que tinham caudas semelhantes às dos escorpiões, e aguilhões nas suas caudas”. “Poder”, “tormento” e “aguilhão” dos escorpiões, tal fora o martírio da conquista e dominação maometana sobre os povos submetidos. 


O poder dum implacável domínio causado pela miséria resultante do arrebatamento de tudo, e o “tormento” e o “aguilhão” venenoso duma político-religiosa detestável — eis o quinhão das nações submetidas pelos fanáticos do arrogante profeta.


A DATA INICIAL DOS 150 ANOS DE TORMENTO


De acordo com o método das Escrituras Sagradas de medir o tempo profético, cada dia equivalente a um ano, temos nestes 150 dias 150 anos reais.1)


O tormento maometano é equivalente ao desejo manifesto que tiveram os súditos do profeta de se apoderarem do domínio político e religioso do império do Oriente e instaurar-lhe uma política e uma religião diferentes. Este tormento e este desejo não podiam ser manifestos sem que o primeiro ataque, com este objetivo, tomasse lugar. Os maometanos tinham primeiramente em vista apenas causar dano e impor a religião; por fim veio o desejo da conquista real do poder político bizantino, para a fácil imposição da político-religiosa do profeta árabe.


Como encontrar a data inicial e final deste período de tormento político-religioso? Encontrá-la-emos na história dos turcos seljúcidas que abraçaram a religião maometana ao aportarem na Ásia Ocidental vindos da Ásia Oriental. A revelação não menciona que a quinta trombeta aponta unicamente aos árabes como seus protagonistas. Tanto árabes como  turcos estavam apontados na revelação para darem fim à suserania bizantina no Oriente, ou ao que restava do império romano no mundo. 


Já algumas dinastias que dividiram entre si o Kalifado haviam sido fundadas por turcos, sem o concurso de sua nação. “Agora, para submeter todas essas dinastias chegava em massa a nação destinada a substituir por toda a parte a dos árabes”.2) Abraçando o maometanismo os turcos adaptaram- se “facilmente a uma religião que considerava meritórios o saque e a devastação”.3)


As hordas turcas, chegadas da Ásia Oriental, seguiram os árabes em causar “dano” ao império do Oriente em bandos indisciplinados e sem muito controle de seus chefes. “Assim como ao ocuparem Bagdad as hordas turcas se tinham espalhado sobre a  Pérsia e a Mesopotâmia, estenderam-se então pela Síria, Armênia e Ásia Menor, já em nome de sultões, já por conta própria. 


Com estas tropas irregulares, difíceis de disciplinar mas utilíssimas em país inimigo, não podiam os sultões seljúcidas proceder melhor do que lançando-as sobre o território bizantino e sobre os países maometanos fronteiriços, como a Mesopotâmia e a Síria, onde podiam deixá-las quase abandonadas a si mesmas e aos seus chefes, sem deixar,  até onde fosse possível, de intervir quando estes travassem luta  entre si”.


4) E na verdade muito lutaram entre si os comandantes turcos indisciplinados. Porém, até antes do começo do período de tormento ao poder civil bizantino, eram com valor derrotados pelo exército do império que ainda se mantinha forte. Até ao ano 1296, as tropas imperiais conseguiram deter as investidas dos turcos seljúcidas. Dai em diante tomava-se cada vez mais difícil para os generais bizantinos enfrentar com sucessos os ataques dos turcos.


“Desde a morte de Maomet até quase aos fins do século XIII, estiveram os maometanos divididos em varias facções sob caudilhos diversos, sem um governo civil central que abarcasse a todos. Foi então que, pelos fins do século XIII, Otman fundou um governo ou império que se incrementou até abarcar todas as principais tribos maometanas, consolidando-as numa grande monarquia”.


1) “Otman desenvolveu tanta atividade e energia que constituiu um perigo gravíssimo para o império. Este chefe eminente dum novo ramo turco destinado a um grande futuro unia a simplicidade dum sheik de tribo nómade a qualidades de grande capitão e de governante, e o entusiasmo religioso e o afã juvenil de propagar o islamismo e o domínio de sua raça”.2) E é na história de Otman que encontramos precisamente a data inicial do período de tormento de 150 anos ao governo civil do Império do Oriente. O parágrafo seguinte, de Gibbon, dá-nos o ponto de partida deste tormento com uma admirável exatidão.


“Otman possuía, e talvez sobrepujasse, as ordinárias virtudes de um soldado; e as circunstâncias de tempo e lugar eram propícias para sua independência e êxito. A dinastia Seljúcida não mais existia; e a distância dos Khans mongóis logo o libertaram do controle de um superior. Ele estava situado na fronteira do império grego; o Corão santificou seu olhar ou guerra santa, contra os infiéis; e seus erros políticos abriram os desfiladeiros do Monte Olímpio, e convidaram-no a descer às planícies da Bitínia. 


Até ao reinado de Paleólogos, estes desfiladeiros tinham sido vigilantemente guarnecidos pela milícia da região, que era recompensada por sua própria segurança e uma isenção de impostos. O imperador aboliu o seu privilégio e assumiu o seu encargo; mas o tributo era rigorosamente coletado, a vigilância dos desfiladeiros negligenciada, e os intrépidos montanheses degeneraram em uma multidão temerosa de campônios sem energia ou disciplina. 


Foi a 27 de julho, do ano 1299 da era cristã, que Otman invadiu pela primeira vez o território de Nicomedia; e a singular exatidão da data parece revelar certa previsão do crescimento rápido e destruidor do monstro. Os anais dos vinte e sete anos de seu reinado exibem uma repetição das mesmas incursões; e suas tropas hereditárias eram multiplicadas em cada campanha pelo acréscimo de prisioneiros e voluntários. Em vez de retirar-se para as montanhas, manteve os mais vantajosos e defensivos postos; fortificou as cidades e castelos que ele tinha assaltado”.3)


O TORMENTO DE 150 ANOS


O poder turco, que com Otman iniciou sua marcha contra o Império do Oriente desde “27 de julho do ano 1299”, e durante 150 anos, atormentaria por constantes depredações o poder político-religioso bizantino. 


Até esta data supra, lutaram os turcos muito entre si mesmos, e, toda vez que procuravam penetrar as fronteiras do império, eram vigorosamente rechaçados pelo exército imperial que era ainda forte; mas, durante todo este lapso de tempo de 150 anos, empenharam-se na verdade os turcos otomanos numa guerra quase sem tréguas contra o Império do Oriente, apoderando-se duma após outra de suas províncias na Ásia e na Europa. E a longa descrição deste tormento por 150 anos, dada a seguir, é indispensável para apreciarmos devidamente o cumprimento da profecia.


Desde 27 de julho de 1299 foram notáveis os progressos que Otman “fez do outro lado do Tumarich, e terríveis os efeitos do sistema bárbaro que os turcos empregaram depois também na península balcânica”, que era território do Império do Oriente, “de destruir a civilização e arruinar a população antiga, para restabelecer sobre as ruínas o domínio turco. Os otomanos, assim como os seus irmãos, os seljúcidas, assolaram barbaramente os territórios onde pensavam estabelecer-se”. “Com espantosa regularidade assolou cada ano as terras limítrofes, evitando as praças fortes; os infortunados habitantes refugiaram-se como puderam na direção da costa; muitos passaram à Europa, e alguns até se estabeleceram no território sérvio”.1)


Urchan, filho e sucessor de Otman I, infligiu, como seu pai, duros reveses aos bizantinos. Sob ele, os emires seljúcidas Caraú, Saracum e Aidin causaram grandíssimos prejuízos, desde 1329 a 1334, às povoações marítimas, desde Salónica a Rodosto.


Em 1342, comandados por Omarbeg, penetraram os turcos na Europa, destroçando numeroso exército neste e nos anos imediatos. Com a tomada de Galípoli, em 1353, que foi imediata e fortemente guarnecida, tiveram os turcos assegurada a toda a hora a sua passagem para a Europa. O sagaz sultão não se deixou mover já nem pelas súplicas, nem pelas amabilidades diplomáticas, nem pelo ouro do imperador, a restituir esta aquisição incomparável de seu filho Suleiman. Toda a península de Galípoli cai por fim às mãos dos turcos, que ficaram, com isso, definitivamente estabelecidos na Europa.


À morte de Urchan em 1359, seu filho Amurate I tomou a liderança do governo. Adrianópolis, depois da consolidação da conquista da península de Galípoli, caiu às mãos de Amurat após sangrenta batalha de longas horas.


Vãs foram as coligações balcânicas empreendidas  contra  o poder de Amurat, que alcançava sempre novas vitórias à custa  de muito sangue de seus adversários. Cada vez tornava-se mais precária a situação do que restava do império bizantino, irremediavelmente condenado a perecer.


Em 1383, o próprio João V celebrou com o sultão um convênio declarando-se vassalo do império turco e obrigando-se a pagar o correspondente tributo por sua fictícia independência. Amurat vence nova coligação balcânica contra os turcos em 1388, assenhoreando-se sucessivamente de todas as praças fortes das margens do Danúbio.


Bajazete, filho de Amurat sucedeu-o no trono. Com este novo sultão tiveram os bizantinos de se convencerem que o poder turco  era mais perigoso que dantes. Apenas Bajazete tomou as rédeas do governo em Adrianópolis, apressou-se a tirar todas as vantagens da vitória referida e da derrota dos eslavos. Durante o inverno imediato, de 1389 a 1390, percorreram os turcos o território sérvio em todas as direções, humilhando-o duramente. Semelhantemente dilataram os turcos as suas fronteiras de Oeste, Noroeste e Norte. 


Antes de rebentar a guerra com a Hungria, Bajazete fez sentir a sua preponderância sobre o Império bizantino com toda a rudeza brutal do conquistador invencível, e incorporou definitivamente a Bulgária a seu Império, transformando-a em província turca. A caducidade e fraqueza crescente do Império, que se ia decompondo e afundando com persistência aterradora, unidos à altivez e vaidade pretensiosa dos imperadores, davam abundantes ocasiões a Bajazete, afeiçoado a mortificar, tiranizar, escarnecer e fazer sentir o seu desprezo às pessoas que não podiam prejudicá-lo, para satisfazer seu instinto malévolo à custa do imperador, já fazendo dele sangrenta zombaria, já reptando-o, com atos brutais, inspirados pela cobiça insaciável. 


Desde logo renovou, não obstante, ao subir ao trono, o convênio que seu pai fizera em seu tempo com João V; não tardou, porém, em manifestar a sua índole perversa. Propôs-se, no ano de 1390, a anexação de Filadélfia, cidade opulenta, próspera, grande praça de armas e única possessão que tinha ficado ao minguado Império da Ásia”. Tão triste espetáculo moveu os habitantes a capitular e submeter-se, como o fizeram, sob condições relativamente vantajosas. 


Os turcos ocuparam a cidade, mudaram o nome dela em Alacher, e o sultão fê-la capital duma nova província que formou com os emiratos de Sarucan. Menteche e a praça e território de Éfeso, que arrebatara ao emir de Aidin, confiando o governo deste a seu filho”. "Bajazete, para humilhar ainda mais o imperador, exigiu que mandasse derribar as novas obras de fortificação que, à última hora tinha feito construir, desde a Porta de Ouro até ao mar, com blocos de mármore procedentes de várias igrejas derruídas da capital. O imperador não teve outro remédio senão cumprir a vontade do sultão; mas a dor o matou em 16 de fevereiro de 1391.


“Seu filho Manoel, jovem valente, capaz, simpático e digno de melhores tempos, tinha voltado à corte de Brussa depois  da  restauração do pai; e, quando teve notícia de seu falecimento, marchou de novo para Constantinopla para assumir o governo. A fim de não dar tempo ao sultão de amadurecer algum projeto dos seus, partiu sem despedir-se dele, o que serviu logo a Bajazete de pretexto para desafogar a sua raiva, assolando todo o território desde Panion, nas margens do Mar de Mármara, até à campina de Constantinopla, e ocupar, em 25 de maio de 1391, Salônica, ainda que transitoriamente”.1)


“Em 1393 Bajazete ajuntou aos seus Estados uma grande parte da Tessália, anexação que piorou ainda a situação dos potentados da Grécia”.2) “A política brutal do sultão paralisava todos os movimentos dos bizantinos, e em especial do imperador, porque Bajazete, para ter a capital continuamente ameaçada, angustiada e receiosa de ver-se a cada instante atacada pelo inimigo, tinha bloqueado Constantinopla e os seus territórios até onde lhe era possível, com o seu costumado desprezo de  todo o direito internacional; sistema que os grandes chefes turcos tinham empregado desde o primeiro dia com completo êxito contra as grandes praças bizantinas na Ásia”.3)


Em 1396, uma grande coligação, sob a direção superior de Sigismundo, pôs-se em marcha contra Bajazete. Em duas batalhas que se feriram saíram vitoriosos os turcos com grande mortandade infligida à coligação, a despeito do valor de Sigismundo. Depois de várias outras matanças do sultão, “a sorte mais dura foi a que preparou a fatal jornada de Nicópolis ao pobre imperador de Constantinopla. Apenas Bajazete regressou do campo de batalha, intimou ao angustiado Manoel Paleólogo a ordem de entregar-lhe a sua capital e, ao receber a sua resposta negativa, restabeleceu o bloqueio e aumentou o seu rigor, ocupando ainda todas as terras e praças que restavam ao Império e que pôde submeter”.


“O advento de Gengiskhan, todavia, livrou os bizantinos dos tormentos de Bajazete, que foi derrotado pelos mongóis, aprisionado e obrigado a segui-los numa liteira à maneira de jaula, morrendo a 8 de março de 1403. O exército turco foi aniquilado e o Império Otomano feito em pedaços aos pés do Khan mongólico. Os remanescentes do exército do sultão refugiaram-se nos montes e fugiram para a Europa.


“O estado em que ficaram as coisas deu a entender que estava afastado para sempre o perigo turco. E a depredação dos mongóis aliada à dos turcos antecedentemente, deixaram o poder  bizantino  em mais grave situação. Por último, o governo de Constantinopla, ainda que se viu subitamente salvo da ruína e da morte política, carecia de recursos materiais e morais para completar a  destruição do poder turco que Timur tinha precipitado. 


O Império bizantino estava reduzido à capital, a alguns fragmentos de territórios e a  várias ilhas. A população estava cansada; a miséria prolongada, sem um intervalo de prosperidade, durante tão longo período, tinha-a rendido; o Império, algum dia o mais opulento do mundo, estava pobre; da sua importante força militar só havia ficado a lembrança”.1)


Mas os turcos refizeram-se da refrega mongólica. Depois de Bajazete, surge Maomet I no poder Otomano. As relações amigáveis que Maomet procurou manter a princípio com seus vizinhos foram um grato alívio ao governo bizantino. A situação, porém, mudou repentinamente ao ver-se Maomet único senhor do Império turco. O mandato de Maomet I foi ocupado mais em submeter alguns emires rebeldes do que empreender novas conquistas. 


Em 1421, por sua morte, ocupou o trono seu filho Amurat II com menos de 20 anos de idade. “A corte de Constantinopla pôs em movimento todas as suas artes diplomáticas para desviar o golpe tremendo que a ameaçava dum momento para outro, e que já não podia ser senão o golpe de misericórdia. Efetivamente, Amurat estava resolvido a concluir a obra de seu avô Bajazete e a acabar com os restos do Império. Começou, pois, sem demora a bloquear a capital por terra e a devastar todo o território até às portas da cidade”. Em vão tentou Amurat tomar a capital bizantina. Foi repelido pelo povo da capital que pelejou com o valor do desespero.


Amurat não tornou mais a pôr cerco a Constantinopla. Seu exército assolou então, durante quatro semanas, os territórios bizantinos e venezianos da península grega. Inúteis coligações foram formadas contra ele nos Balcãs, tendo a todas aniquilado com grandes perdas para seus inimigos.


O TÉRMINO DO PERÍODO DE 150 ANOS


A situação do Império do Oriente tornou-se tão precária que sua vida já dependia da vontade do sultão. A sucessão de João VIII Paleólogo revelou que o Império bizantino, que agora compreendia pouco mais que a capital, não podia dar nem mais um passo sem o consentimento de Amurat. E é de suma importância lembrarmos que a esta altura expiravam os 150 anos preditos de tormento político sobre o Império Oriental. Os parágrafos seguintes são de inestimável valor no que diz respeito ao término deste período, iniciado a 27 de julho de 1299 com o assalto de Otman ao território bizantino de Nicomedia.


“Constantino Dragoscés, último imperador de Constantinopla, era filho de Manoel Paleólogo. Ele sucedeu a João Paleólogo, seu  irmão, em 1449, e foi o décimo terceiro do nome de Constantino ou o décimo quinto segundo outros autores, que compreendem nesse nome dois príncipes que outros historiadores não os reconhecem como Césares. 


Então com a exaltação de Constantino a um trono  que nenhum poder humano podia mais suster, o império estava reduzido  ao território de Constantinopla e algumas cidades da Grécia e da Moréa. Constantino se achava nesta última província; Demétrio, seu irmão, mais próximo da capital, mantinha algumas pretensões à coroa. A imperatriz mãe, o Senado, o clero, o povo e o exército declararam-se por Constantino, e a sorte pareceu designá-lo para venerar a queda do Império do Oriente como uma nobre vítima imolada sobre um túmulo ilustre. Ele necessitou solicitar em Adrianópolis, junto do sultão, Amurat, a ratificação dessa escolha; exemplo vergonhoso de aviltamento e da fraqueza dos últimos romanos.


Constantinopla, em aflição sobre o trono, procurou apoiar-se numa potência inimiga dos turcos”.1)


“Constantino XI Dragatzes, último imperador de Bizâncio, filho do imperador Manuel Paleólogo, nascido em 1403 e falecido em 29 de maio de 1453, seguiu a seu irmão João VIII Paleólogo em 1449 com o apoio do sultão Amurat II”.2)


“Um embaixador, o historiador Phranza, foi imediatamente enviado à corte de Adrianópolis. Amurat recebeu-o com honras e despediu- o com regalos; porém a graciosa aprovação do sultão turco anunciou sua supremacia e a queda iminente do império do Oriente. Pelas mãos de dois ilustres legados, a coroa imperial foi colocada em Esparta na cabeça de Constantino”.3)


Estes três parágrafos anteriores demonstram a grandiosa evidência com que os fatos históricos cumpriram a profecia. Como apreciamos, o período de tormento iniciado aos 27 de julho de 1299, devia findar aos 27 de julho de 1449. E o que nos diz a história? Ela responde- nos que, nesta última data, o tormento alcançou seu clímax, tendo Constantino XII, suplicado do sultão turco a ratificação de sua escolha para a dignidade do trono. Ao procurar de Amurat a aprovação de sua eleição, quis dizer-lhe Constantino, que o império agonizante não poderia prosseguir sem o seu consentimento, significando isto colocar-se como irrecusável vassalo do sultão vencedor e dos turcos vitoriosos.


Esta manifesta fraqueza de Constantino deu aos turcos segura evidência das precárias condições do poder bizantino e levou-os a reconhecerem não mais a necessidade de atormentarem o agonizante cadáver do Império, mas estar maduro para receber o golpe de misericórdia. A profecia da sexta trombeta descreve simbolicamente este golpe fulminante e arrasador, que tão somente aguardava o momento próprio para abater o que ainda subsistia da arrogância impiedosa daquela Roma dos altivos Césares. O tormento havia já passado, e a morte devia encenar a parte final do drama.


O ANJO DO MAOMETANISMO


VERSO 11 — “E tinham sobre si rei, o anjo do abismo; em hebreu era o seu nome Abaddon, e em grego Apollyon”.

 

Embora admitamos que Satanás fosse o inspirador da religião do Islã nos seus começos e ainda o seja, o anjo referido como rei dos maometanos não é propriamente ele. Seu rei é claramente definido no versículo como “anjo do poço do abismo”, como reza outra versão. 


Quem é este anjo? Nos primeiros dois versículos temos esclarecido com precisão inquestionável, que a Maomet foi dada a “chave do poço do abismo” para abri-lo, e que, ao abrir o poço, saíram gafanhotos destruidores, isto é, os soldados islamitas que, sob sua inspiração pessoal, deixaram a Arábia e atiraram-se sobre as nações cristãs para as conquistarem para a nova fé. O termo “anjo”, do grego “aggelos”, é a aplicação não só para designar um anjo real, como também a pessoa com missão religiosa especial. 


Deste modo, o “anjo do poço do abismo”, chamado também “rei”, do maometanismo, é, sem nenhuma dúvida, o próprio Maomet, o fundador e guia vivo e morto da política e religião islamítica; pois, a profecia refere-se a todos os súditos do Islã e não a uma ou mais facções em separado. Maomet dizia que o “anjo Gabriel” era o inspirador da doutrina que pregava; porém a revelação enfatiza que ele mesmo era o anjo que forjou o amontoado de erros civis e religiosos contidos no Corão.


“Abaddon” e “Apollyon”, do hebraico e grego, cujo significado é “destruidor”, é aplicado aqui a Maomet. Ele não somente destruiu, pessoalmente, em campanhas que tomou parte dirigindo-as, como inspirou a guerra santa. Mas, o maior poder destrutivo deste anjo dos maometanos, são os seus ensinos contidos no Corão, que encobrem a justiça de Cristo e a gloriosa graça do evangelho aos próprios árabes e os demais povos que aceitaram o maometanismo.


É PASSADO O PRIMEIRO "AI"


VERSO 12 — “Passado é já um ai; eis que depois disso vem ainda dois ais”.


O primeiro “ai”, a quinta trombeta, foi tremendo em seus danos e tormentos que causou tanto à política como à religião cristã ou seja ao Império do Oriente, que deixou arruinado, reduzido e cambaleante. Nas sexta e sétima trombetas apreciaremos o que estava reservado nos dois últimos “ais”.


A SEXTA TROMBETA


TRIUNFO E DECLÍNIO DO MAOMETANISMO


A voz do altar de ouro


VERSO 13 — “E tocou o sexto anjo a sua trombeta, e ouvi uma voz que vinha das quatro pontas do altar de ouro, que estava diante de Deus”. 


A VOZ DAS QUATRO PONTAS DO ALTAR


O altar aqui referido é o mesmo altar do incenso já considerado no capítulo oito versículo três. Segundo o versículo dez, os 150 anos alcançaram até 27 de julho de 1449. A este dia e data liga-se a voz ouvida vinda do altar no instante inicial do sonido da sexta trombeta. E esta voz só pode ser de quem oficiava junto ao altar de ouro ou do incenso, que é Cristo. 


Antes do toque da primeira trombeta, Ele aparece junto do altar do incenso; e, antes do toque da sexta trombeta, Ele ali ainda está oficiando em favor das orações dos santos. Durante todos os tempestuosos séculos resultantes dos toques das trombetas, Jesus está no posto do seu ofício em favor do Seu povo em perigo. E, ao soar o sexto anjo a sua trombeta, ordena Jesus ao anjo dar início aos sucessos que a ela dizem respeito, porque Ele estava a postos junto do altar em prol de Seus escolhidos.


OS QUATRO ANJOS DO RIO EUFRATES


VERSO 14 — “A qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta: Solta os quatro anjos, que estão presos junto ao grande rio Eufrates".


Os referidos quatro anjos estavam presos junto ao rio Eufrates ou na sua região. Na explanação do versículo dez verificamos que os turcos, arrebataram a supremacia árabe ao aportarem na Ásia Ocidental. A história dos turcos é, em ligeiros traços, a seguinte: "Eram originários do Altai, donde em tempo remoto, se estenderam pelo interior da China e do Turquestão. 


Impelidos para diferentes lados nas suas longas lutas com os chineses e mongóis, e por fim empurrados para o lado do Oeste, espalharam-se em duas grandes massas por toda a Ásia Ocidental e pelo sul da Europa, uma vez por seu próprio impulso, no começo da época de que tratamos agora, e a segunda vez, dois séculos depois, arrastados e dirigidos pelos mongóis capitaneados por Gengiskhan”.1)


Outro passo histórico reza sobre os turcos o seguinte: “No século XI hordas selvagens e guerreiras de turcomanos, depois de haverem abraçado o islamismo, abandonaram sua antiga residência nas margens do Mar Cáspio e do Arai e fizeram irrupção no território do califado de Bagdad. 


Seu primeiro caudilho chamava-se Selgiuk ou Seljuk e deste nome procede o que se deu posteriormente a seus sucessores como ao povo inteiro, isto é, o de Sedyucidas ou Selgiucidas. Pouco a pouco conseguiram sujeitar a seu domínio aos príncipes do Irã e da Mesopotâmia que estavam sempre em guerra uns com os outros e a quase toda a Ásia Menor maometana”.2)


Esta invasão turca da Ásia Ocidental deu lugar a que os invasores fundassem quatro sultanados nas imediações do rio Eufrates. O primeiro foi fundado em Bagdad, por Tognelbeg, em 1055; o segundo em Icônio, por Solimão I, em 1064; o terceiro em Damasco, por Tutusch, em 1079; o quarto em Alepo, por Muslin, em 1079. São estes os quatro sultanados, localizados na região do rio Eufrates, os anjos que deviam ser soltos no momento inicial no toque da sexta trombeta, como alude a profecia apocalíptica.


O verbo grego “LUÕ”, soltar, é usado várias vezes no Novo Testamento, indicando no conjunto das frases dos textos, que aquilo que ia ser solto não mais tornaria ao lugar donde seria solto.1) Assim os quatro anjos ou os quatro sultanados, seriam soltos de suas sedes junto ao Eufrates para não mais tornarem a elas. 


E é importante que a profecia não lhes designa outras quatro sedes regionais, mas diz que “estavam preparados” para, conjuntamente e num espaço de tempo igual, “matarem a terça parte dos homens”. Indiscutivelmente, os quatro sultanados unir- se-iam sob uma só bandeira para dar cabo totalmente do Império Bizantino. Mas, quem os soltaria ou soltou e uniu os quatros sultanados Seljúcidas do Eufrates? 


A história no-lo atesta que foram os otomanos, também turcos, cuja dinastia Constantino XII reconhecera suprema no seu próprio Império. Os quatro sultanados Seljúcidas foram absorvidos pelos otomanos vitoriosos sobre os bizantinos. Todo o povo turco estava agora unido numa só dinastia, a otomana, e posteriormente num só sultanado, o de Constantinopla. Nómades que antes eram, estavam afinal os Seljúcidas politicamente “preparados” para, sob a dinastia otomana, empreenderem a marcha dum governo cujo tempo de supremacia a própria profecia prefixara.


A SUPREMACIA PROFÉTICA DA TURQUIA


VERSO 15 — “E foram soltos os quatro anjos, que estavam preparados para a hora, e dia, e mês, e ano, a fim de matarem a terça parte dos homens”.


O DOMÍNIO INDEPENDENTE DA TURQUIA NA PROFECIA


Os quatro anjos foram soltos depois de concluído o período de tormento iniciado por Otman I e concluído por Amurat II. À vitória sobre Constantino XII, toda a nação turca estava então unida sob uma só bandeira e um só sultanado, para levar a cabo a sua aspiração que não era mais que o cumprimento da profecia.


De conformidade com o versículo quinze, o poder da Turquia, como nação real, iniciou sua marcha a “27 de julho de 1449”, com o reconhecimento de Constantino XII da supremacia otomana ao submeter sua eleição ao consentimento do sultão. Este sucesso atesta que desta data em diante os turcos eram senhores do Império do Oriente, embora faltasse derribar o pouco que dele ainda restava. E, a voz da divina profecia declara solenemente que o povo turco estava preparado então “para a hora, e dia, e mês, e ano”, a fim de exercer o seu domínio político e profético como nação constituída.


“Hora, e dia, e mês, e ano”, é a maneira bíblica de medir o tempo em matéria de profecia. O ano profético equivale a 360 dias literais e o mês a 30 dias, sendo que cada dia é igual a um ano como já o temos demonstrado. Analisando de trás para diante, temos os resultados seguintes: Um ano, 360 dias ou 360 anos; um mês, trinta dias ou 30 anos; um dia, um dia ou um ano; uma hora, a vigésima quarta parte do ano ou 15 dias. Somando tudo temos 391 anos e 15 dias, que é o tempo apontado na profecia do Apocalipse, segundo a qual a Turquia exerceria, como potência política, o seu poder independente numa das mais estratégicas regiões do mundo civilizado.


Este período de 391 anos e 15 dias, acrescentado a 27 de julho de 1449, alcança até 11 de agosto de 1840, data em que algo surpreendente devia infalivelmente ocorrer com a Turquia, já que, a revelação serviu-se anunciar que sua suserania política compreenderia, como vimos, um período profético bem assentado. Veremos a seguir como exerceu a Turquia o seu poder, no tempo limitado pela profecia, e como perdeu o seu poder político no cenário internacional.


PARA "MATAREM A TÊRÇA PARTE DOS HOMENS"


O sucessor de Amurat II, Maomet II, estava determinado a fazer capitular, a todo o custo, a metrópole do império do Oriente que ainda se mantinha. Desta capitulação estavam convencidos os bizantinos que o sultão acabaria para sempre com o seu Império já moribundo.


Maomet II preparava-se febrilmente para capturar Constantinopla. Perguntou ao fundidor de canhões que desertou e passou para o seu lado: “Podes fundir-me um canhão de tamanho suficiente para derribar a muralha de Constantinopla”? Então estabeleceu-se a fundição em Adrianópolis, fundiu-se o canhão, preparou-se a artilharia, e começou o assédio”.1)


Em fevereiro de 1453, os turcos arrastaram lentamente para   a campina de Constantinopla um canhão gigantesco, fundido por Orlan, que pesava 150 quintais e disparava balas de ardósia escura  de seis quintais. A 5 de abril estava Maomet II diante de Constantinopla, frente a suas forças num total de 250.000 homens. Sua artilharia compunha-se, além do colossal canhão, doutros dois  um tanto menores, e de 14  baterias de peças comuns. 


O bombardeio  de toda esta artilharia maometana sobre a capital  bizantina demonstrou um quadro verdadeiramente dantesco. Uma só das 14 baterias, segundo um escritor árabe, constava de 130 canhões. “O fumo que se espalhou no ar, ascendendo para o céu, tornou a claridade do dia sombria como a noite; e a face do mundo tornou-se em breve tão escura como a negra sorte dos desgraçados infiéis”.


1) E Gibbons acrescenta que “tanto o acampamento como a cidade, os gregos como os turcos, achavam-se envoltos numa nuvem de fumo, a qual só podia ser dissipada pela libertação final ou a destruição do império Romano”.2) A esquadra maometana compunha-se de 145 barcos, 12 galeras grandes, 80 barcos de duas pontes, pouco mais ou menos 25 barcos menores, e um número regular de bergantins.


O grande ataque começou. A artilharia otomana ia causando grandes danos na cidade principalmente às suas muralhas. Tendo Maomet recebido do imperador Constantino a negativa para render-se, fixou o dia 29 de maio para o grande assalto conjunto a Constantinopla. E sem aviso prévio especial ou sinal extraordinário, às duas da manhã de terça-feira, 29  de maio de 1453, começou a última agonia do império e do povo bizantino.


Após terem os defensores da cidade se defendido com grandes  perdas para o inimigo, a balança oscilou duma maneira funesta repetidas vezes, porque sucessivamente foram tomando parte na luta até 70.000 turcos, preenchendo sempre novas massas as terríveis lacunas que os bizantinos e italianos abriam nas suas fileiras. 


Saganos-Pacha arremessou sucessivamente uma secção dos seus janízaros, que conseguiram ocupar um pano de muralha; e enquanto os sitiados lutavam furiosamente com eles para expulsá-los dali, outra secção penetrou pela pequena porta chamada Cercoporta ou Silocerco, à esquerda e perto do Hebdomon do lado sul, que fora aberta em 27 de maio para efetuar uma sortida, e por negligência não se tinha tornado a fechar. Por ali subiram os turcos às muralhas e avançaram na direção da porta de Adrianópolis, facilitando ao mesmo tempo o assalto  de outros turcos que encostaram escadas; e, reforçados já por um número suficiente, atacaram o imperador e os seus pela retaguarda.


Então ficou tudo perdido. Enquanto a artilharia turca situada em frente das frotas Romanas e Cársias, abria uma grande brecha pela qual se precipitavam os vencedores e penetravam na cidade  em  grandes massas, o imperador Constantino, pelejando como  um  qualquer de tantos guerreiros sem distintivo algum, buscou  e encontrou a morte. 


Os turcos ainda empregaram muito tempo para passar à espada a guarnição, até que, conhecendo o seu  escasso número, preferiram o saque a uma mortandade inútil. Mais de 60.000 pessoas caíram prisioneiras; mas a pior sorte coube a muitos milhares de infelizes de todas as idades, sexos e classes que às seis e às sete da manhã, quando se espalharam pela cidade as primeiras notícias da desgraça definitiva, se tinham refugiado na catedral de Santa Sofia, onde estavam à espera, em oração, confiando em antigas profecias do milagre duma vitória no último instante. 


Mas o milagre não se deu; os vencedores abriram as portas a machadadas, tiraram os cristãos que quiseram para vendê-los como escravos, desonraram os jovens de ambos os sexos, destruíram e profanaram os objetos sagrados, celebraram orgias, alojaram os seus cavalos no próprio interior do templo e por último começaram a destruí-los até que o sultão em pessoa chegou à cidade, os expulsou dali e pôs fim àquela obra selvagem.


Ao entrar Maomet II com seus ministros na cidade, dirigiu-se imediatamente à igreja de Santa Sofia. Ali um dos seus Mollahs subiu ao púlpito donde proclamou solenemente a lei de Mafoma: depois o sultão subiu ao altar, e dali fez a sua oração de costume; e desta forma a famosa catedral bizantina, obra de Justiniano, ficou convertida em mesquita e dedicada ao culto maometano. Maomet fez cortar a cabeça de Constantino II e a expôs à vista de todos, para que todo o mundo se convencesse de que o Império e o seu último soberano tinham deixado de existir.1)


A queda de Constantinopla livrou o Ocidente e o Oriente para sempre do cetro martirizante dos orgulhosos Césares. Visigodos, vândalos, hunos, hérulos, árabes e turcos fizeram ruir em escombros inrreconstruíveis a cruel tirania duma raça que arruinou o mundo por mais de dezesseis séculos.


A queda de Constantinopla deu à Turquia um poderoso ímpeto de conquista. Toda a Ásia Menor, Síria, Mesopotâmia, Pérsia, Iraque Arábia, Palestina, Trácia, Rumânia, Bulgária, Hungria, Besarábia, Grécia, Albânia, Bósnia, Sérvia, ilhas do mar Egeu, Creta; enfim, todos os territórios do Império do Oriente caíram em suas mãos. Assim a Turquia matou politicamente a terça parte dos homens ou conquistou todos os seus domínios. Mais tarde incorporou também a seu império o Egito, a Etiópia e a Líbia.


Mas as conquistas turcas tiveram fim. Extinta a sua antiga força de expansão, fora-se desmantelando a partir da paz de Carlowitz (1690) e, mais rapidamente ainda, a seguir à de Kutschuk-Kainardsche, de 1774. O outrora invicto poder chegou afinal ao ponto de desmoronar-se frente às influências das nações européias. Primeiramente devia matar todo o poder político do antigo Império do Oriente, e, depois, para não ser morta, devia ser sustentada, como veremos adiante, pelos balões de exigênio-político dos aliados que buscou.


O DEBACLE DA TURQUIA EM 11 DE AGÔSTO DE 1840


As condições internas da Turquia, desde o fim do século dezessete, “em vez de se revigorarem, pioraram sempre sob a  influência moderna. A antiga sobriedade e simplicidade turcas não tiveram inimigo mais terrível do que a invasão irresistível da cultura europeia, que lhes transmitia todos os vícios e nenhuma das suas vantagens. O mal atingiu primeiro os círculos governamentais e do funcionalismo. As reformas intentadas por Maomet II, que deviam transformar o império num estado de tipo europeu, introduziram nas suas artérias um veneno mortal, pondo a nu os contrastes entre os princípios da cultura da Europa ocidental e os conceitos fundamentais de religião e nacionalidade dos Osmans, mostrando aos maometanos ortodoxos o sucessor do profeta como um herético incrédulo.


“Maomet Ali, do Egito, contemplava com dor e indignação a decadência turca, cuja culpa ele atribuía à incapacidade e desonestidade dos mais altos funcionários da Porta, e sobretudo ao seu mortal inimigo, Chosrew Pachá, que após a guerra russo-turca ganhara novamente toda a confiança do sultão. Maomet Ali sentia-se o homem que poderia levar a cabo a regeneração do império; as suas relações com as potências européias, a partir da insurreição grega, assemelhavam-se mais às de um soberano independente do que às de um vassalo da Turquia; o seu tesouro repleto, o seu exército bem disciplinado, davam-lhe já uma posição muito superior à do sultão. 


A sua ira aumentou ainda quando viu que não eram mantidas as promessas que lhe tinham sido feitas em troca do auxílio que prestara na luta contra os gregos, e não bastou a acalmá-lo a cedência da ilha de Creta por 25 milhões de piastras, visto que as forças da Porta não conseguiram já pacificar a ilha, que teve de ser submetida pelas tropas egípcias. 


Como a recompensa prometida, isto é, a Síria Meridional, de que o Egito tinha necessidade para desenvolver as forças do seu território, tal como diante dum porto se tem necessidade do mar, e entre duas casas, de um caminho, parecia fugir-lhe, o Pachá resolveu tomá-la por suas mãos. O pretexto foi-lhe fornecido por uma velha questão com o Pachá Abdalah de Akka, favorito especial de Chosrew, que punha obstáculo à importação e exportação do Egito e dava asilo a grande número de fellahs fugitivos. Seguido de 30.000 homens, Ibraim, o carrasco da Moréia, invadiu a Síria e apoderou-se, sem encontrar resistência, das cidades de Gaza, Jafa e Jerusalém, e cercou, por terra e por mar, a fortaleza de Akka.


“Foi quando o desânimo da Porta, e incapaz de opor imediatamente a violência à força, procurou ganhar tempo, convidando, a 1 de dezembro de 1831, ambas as partes a apresentarem as suas queixas ao Sultão. 


Quando Maomet Ali, em vez de obedecer à ordem de evacuar a Síria, solicitou, embora com simulada humildade, os governos de Akka e Damasco, um firman do sultão pronunciou a sua destituição e a de seu filho; e como ainda por este processo nada se conseguiu, foi lançado o anátema contra ambos, sendo encarregado de executar a sentença o exterminador dos janízaros, Hussein-Pachá, com um exército de 60.000 homens. 


Mas ainda este tinha chegado ao Tauro quando, a 25 de maio, Akka foi tomada de assalto por Ibraim, e logo a seguir também Damasco abriu as suas portas ao guerreiro egípcio. Ibraim continuou a sua marcha sobre a Antioquia e, a 6 de julho, desbaratou a vanguarda exausta dos turcos; desmoralizado com esta derrota, o Sirdar bateu em retirada com o exército principal e, a 30 de julho, Ibraim, com uma segunda vitória, apoderou-se do porto de Alexandria, assenhoreando-se de todas as provisões aí acumuladas.


"Maomet Ali reiterou então as suas propostas, mas como a Porta lhe respondesse exigindo a sua plena submissão, autorizou o filho a passar o Tauro e declarou ao mesmo tempo aos cônsules europeus que exigiria a cedência da Síria contra o pagamento dum tributo conveniente. A 21 de dezembro o último exército de que o sultão dispunha foi destroçado, após uma luta encarniçada, junto de Korich, e o próprio grão-vizir foi feito prisioneiro. Abria-se já ao vencedor o caminho de Constantinopla, quando se lhe interpôs um novo adversário”.1)


Nesta perigosa guerra entre o sultão Mahmud e Maomet Ali, intervieram a Rússia, França, Áustria, Prússia e Inglaterra, já para salvar seus interesses nos Dardanelos e no próprio Egito e demais pontos estratégicos, já para conservar o comércio livre com o Oriente. Enfadonha política discutem estas potências quanto ao modo de intervir na refrega entre a Porta e o Egito.


Entretanto a guerra recomeçou novamente. “Em lugar de dar ouvidos às advertências dos diplomatas e dos oficiais prussianos, Mahmud deu ordem às tropas para avançarem”. “A 9 de junho, Maomet Ali e seu filho foram, com grande solenidade, declarados rebeldes e colocados fora da lei. Foi este o último ato oficial de Mahmud, que morreu a 30 de junho, cedendo o trono otomano a seu filho Abdul-Medjid, de 17 anos de idade”.2) A situação agravou-se mais e mais e o exército turco estava vencido, impotente. Chegara então o momento de as grandes potências tomarem posição para salvar a Turquia de sua ruína inevitável.


“Em convênio de Londres, cujas bases haviam sido preparadas por Palmerston desde janeiro findo, e do qual não notificou ao embaixador francês até a entrevista de 17 de julho, firmou-se a 15 do mesmo mês. 


Em virtude deste documento, estipulou-se que, havendo chegado o sultão a pôr-se inteiramente de acordo com as potências signatárias sobre as condições que haviam de oferecer-se a Maomet Ali, as altas potências contratantes haviam de unir suas forças em caso necessário a fim de obrigar ao Pachá do Egito a aceitar o acordo, estariam dispostas a defender a capital de Constantinopla e os estreitos, no caso de que Maomet prosseguisse sua marcha contra a residência do sultão, e continuariam ocupando a mesma todas juntas, em tanto que o soberano o cresse necessário. 


Teve-se cuidado de fazer constar que esta cooperação destinada a proteger Constantinopla e os estreitos se havia estipulado por expresso convite do sultão, e só seria aplicável ao caso especial definido no tratado. Quanto aos termos do arreglo, dispôs-se em artigos especiais que se Maomet Ali se submetesse no prazo de dez dias, receberia o pachalato hereditário do Egito junto com a administração vitalícia da Síria meridional, com o titulo de Pachá do Acre e o mandato da fortaleza de São João. 


Se ao cabo dos dez dias continuasse em sua obstinação, retirar-se-ia o oferecimento da Síria e Acre feito pelo sultão; e se ao fim de outros dez dias persistisse em sua atitude rebelde, o sultão ficaria em liberdade plena para revogar todos os seus oferecimentos e tomar as determinações que pudessem sugerir-lhe seus próprios interesses e os conselhos de seus aliados. Em um protocolo reservado da mesma data concordou-se pôr em vigor o convênio sem aguardar a alteração de ratificações. Finalmente, em virtude de outro protocolo firmado em Londres em 5 de setembro e comunicado a Guizot no dia 17, as potências aliadas protestariam formalmente de não ter intenção de obter vantagens em separado de sua intervenção.


“Entretanto havia dado princípio a ação dos aliados conforme ao convênio. Em 11 de agosto (*), Sir Carlos Napier havia-se apresentado defronte a Beirut e intimado a Solimão Pachá que evacuasse a cidade e a Síria. Até então, entretanto, não se havia disparado um só tiro, e o govemo francês influiu junto de Maomet Ali instando a moderar suas condições. 


A 17 de setembro Thiers escreveu a Guizot comunicando-lhe que o Pachá aceitaria o governo hereditário do Egito e o da Síria para Ibraim, enquanto vivesse este; porém Palmerston não quis dar ouvidos a modificação alguma das condições estipuladas no convênio de 15 de julho. De qualquer modo que fosse, havia sido demasiado tarde para evitar as hostilidades. Em 11 de setembro, Napier bombardeou Beirut e desembarcou uma divisão otomana para operar contra Ibraim na Síria. 


Quatro dias depois, o sultão, que havia rompido todas as negociações com o enviado de Maomet Ali, ao ter as primeiras notícias da rebelião da Síria, ocorrida em agosto, declarou deposto a Maomet Ali e lhe nomeou sucessor, fundando-se em que havia expirado o prazo que assinalavam os artigos adicionais do convênio. Em Alexandria, a 23 de setembro os cônsules das quatro potências notificaram ao Pachá sua própria destituição, e ao mesmo tempo a próxima chegada da sentença do sultão”.1)


Este notável documento histórico assinala, com quase incrível evidência, a data de 11 de agosto de 1840 em que a profecia encontrou o seu pleno cumprimento. Os acontecimentos encaminharam-se de  tal modo, que, nesta data precisa, os aliados intervieram pela força em favor da Turquia e contra Maomet Ali, Pachá revoltado do Egito.


*) A data de 1840 encontra-se no alto da página da história universal, citada. 


“Dois anos antes, Josias Litch, um dos principais ministros que pregavam o segundo advento, publicou uma explicação de Apocalipse 9, predizendo a queda do Império Otomano. Segundo seus cálculos esta potência deveria ser subvertida “no ano 1840, no mês de agosto”; e poucos dias apenas antes de seu cumprimento escreveu: “Admitindo que o período, 150 anos, se cumpriu exatamente antes que Deacozes subisse ao trono com permissão dos turcos, e que os 391 anos, quinze dias, começaram no final do primeiro período, terminará no dia 11 de agosto de 1840, quando se pode esperar seja abatido o poderio otomano em Constantinopla. E isto, creio que verificar-se-á ser o caso”.1)


Este grandioso sucesso que enaltece a voz da divina profecia e assinala o debacle político da Turquia, atesta plenamente que o período de 150 anos, exarado no versículo dez, iniciou-se realmente em 27 de julho de 1299 e findou em 27 de julho de 1449, quando começou o outro período de 391 anos e 15 dias, findo em 11 de agosto de 1840, quando Sir Carlos Napier se apresentou diante de Beirut, intimando às forças de Maomet Ali a abandonarem a Síria. Desde esta data até o presente, a Turquia é considerada “o homem doente”, amparada pelas potências cristãs que a livraram do colapso certo se não houvessem intervido em seu favor.


A NUMEROSA HOSTE TURCA


VERSO 16 — “O número das tropas de cavalaria era de duas miríades de miríades; eu ouvi o número deles”.2)


“Duas miríades de miríades”, segundo o texto original, é uma frase numeral indefinida que só existe esta única vez no Novo Testamento. Outras frases há em que “miríades” é empregado uma só vez, para referir um número sem precisá-lo exatamente, mas para designar não pequena quantidade.3) Quando se trata, como no nosso texto, que é uma exceção, em que “miríades” aparece duas vezes, uma seguida da outra, deve-se entender um número enormíssimo embora impreciso. Tais eram, segundo esta profecia, as multidões de guerreiros que compunham as “tropas de cavalaria” turca que se jogaram sobre a Ásia Ocidental.


A pena do grande historiador Gibons, sem precisar o número de ginetes da cavalaria dos turcos, corroborando todavia com a profecia, diz- nos: “As miríades dos turcos cobriam uma fronteira de mil quilômetros, desde o Tauro até Erzerum, e o sangue de 130.000 cristãos foi o sacrifício grato ao profeta árabe”.4) Outro historiador expressa-se assim sobre os turcos: “O número dos turcos aumentava anualmente por hordas tais que os escritores gregos empregavam continuamente metáforas derivadas de torrentes, enchentes e inundações para pintar sua força esmagadora”.5)

 

O PODER DA CAVALARIA DOS TURCOS


VERSOS 17-19 — “E assim vi os cavalos nesta visão; e os que sobre eles cavalgavam tinham couraças de fogo, e de jacinto, e de enxofre; e as cabeças dos cavalos eram como cabeças de leões; e de suas bocas saía fogo e fumo e enxofre. Por estas três pragas, foi morta a terça parte dos homens, isto é pelo fogo, pelo fumo, e pelo enxofre, que saía das suas bocas. Porque o poder dos cavalos está na sua boca e nas suas caudas. Porquanto as suas caudas são semelhantes a serpentes, e têm cabeças, e com elas danificam”.


AS COURAÇAS DOS GINETES DA CAVALARIA TURCA


No versículo nove vimos como a história comprova terem os árabes maometanos usado couraças reais em suas campanhas pró difusão do islamismo. Porém, no versículo dezessete, que é o que consideramos, as couraças dos turcos eram de “fogo, e de jacinto, e de enxofre”. Evidentemente não se poderá conseguir uma mescla sólida de fogo, jacinto e enxofre para coinfecção de couraças. 


O Termo grego, tanto do versículo nove como do dezessete, é “thõrax”, usado no Novo Testamento também no que respeita a couraças simbólicas. S. Paulo fala na “couraça da justiça”1) e na “couraça da fé”.2) Compreendemos assim que o Termo “thõrax” é empregado tanto no sentido de couraças reais como simbólicas. No caso dos turcos, a referência a “couraças” só pode ser simbólica visto, como salientamos, a impossibilidade de fazer-se couraças com mescla de fogo, jacinto e enxofre.


Segundo esta profecia, três eram as cores que compunham as “couraças” dos guerreiros turcos: 1) Fogo, ou cor vermelha; 2) jacinto, ou cor azul; 3) enxofre, ou cor amarela. “Tais eram as cores que predominavam na indumentária” do exército turco cuja descrição profética corresponde ao uniforme daqueles soldados do maometanismo turco. Daubuz, um antigo estudante inglês, escreveu das cores descritas pela profecia, o seguinte:


“Desde seu primeiro aparecimento os otomanos têm-se interessado usar vestimenta belicosa de escarlate, azul, e amarela: um traço descritivo o mais evidente em seu contraste com a aparência militar dos gregos, francos, ou sarracenos contemporâneos”.3) O cumprimento deste interessante detalhe da profecia não deve causar-nos surpresa; pois a inspiração jamais poderá equivocar-se ou falhar.


CAVALOS COM CABEÇAS DE LEÕES VOMITANDO FOGO


“As cabeças dos cavalos eram como cabeças de leões”. Aqui temos o emblema do poder, do valor e da ferocidade da  cavalaria turca invasora, espalhando, com o arrojo do leão, a morte e a destruição. Ferozes e astutos como leões, demonstraram-se os turcos mais desumanos que os árabes que na profecia da quinta trombeta são apresentados com dentes simbólicos de leão.


Os cavalos da cavalaria vomitavam “fogo, e fumo, e enxofre”. Inquestionavelmente deparamos neste pormenor o emprego da arma de fogo pelos ginetes do exército turco. Precisamente iniciara-se por aquela época o uso da pólvora e das armas de fogo para fins bélicos. O resultado da detonação duma arma de fogo é realmente uma chama de fogo, uma nuvem de fumo e um cheiro acre de enxofre. 


Mas como poderia sair isto das bocas dos cavalos? E’ que os ginetes turcos descarregavam suas armas, em suas cargas de cavalaria, estendendo-as para a frente, dando a parecer, a quem os via pelejar, que o “fogo, fumo e enxofre” da detonação, saíam das bocas dos seus cavalos. Gibbons diz que “as incessantes cargas de lanças e setas iam acompanhadas de fumo, e o ruído e o fogo de seus mosquetes e canhões”.1)


AS TRÊS PRAGAS QUE MATARAM O IMPÉRIO DO ORIENTE


Fogo, fumo e enxofre, as três pragas em que a terça parte dos homens seria morta pelos turcos. Como vimos, trata-se das armas de fogo como resultado do uso da pólvora para fins bélicos naqueles dias do século


XV. Os turcos as empregaram como meio eficaz para a destruição  de Roma Oriental, ou, como refere a revelação, “matarem”, aliás, politicamente, a terça parte dos homens que a lideravam pondo fim ao Império. No entanto, embora fosse nesta guerra de extermínio usado vasto número de canhões pelos turcos, a profecia insiste em salientar que, as três pragas que matariam a política e o domínio Oriental romano- bizantino, “fogo, fumo e enxofre”, “saiam das bocas dos cavalos”, dando isto a entender que, à cavalaria turca, provida de mortíferos mosquetes, caberia decidir a derrota do velho império.


A CONCENTRAÇÃO DO PODER DA CAVALARIA OTOMANA


Não só o poder simbólico da cavalaria turca se concentrava na boca dos cavalos como também nas suas caudas. No versículo dez lemos que os gafanhotos, simbólicos dos árabes tinham caudas “semelhantes às dos escorpiões, e aguilhões nas suas caudas”, “para danificar os homens”. Agora, os cavalos, simbólicos da cavalaria otomana, tinham caudas “semelhantes a serpentes” com cabeças que danificavam. Ambos — os gafanhotos árabes e os cavalos turcos — tinham caudas venenosas — veneno de escorpião e veneno de serpente. Árabes e turcos injetariam veneno nas suas vítimas. E que veneno daninho poderia ser senão o da falsa política civil-religiosa que imporiam pela força aos povos que haveriam de subjugar pelas armas? 


UMA ADVERTÊNCIA REJEITADA


VERSOS 20-21 — “E os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das obras de suas mãos, para não adorarem os demônios, e os ídolos de ouro, e de prata, e de bronze, e de pedra, e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar. E não se arrependeram dos seus homicídios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem das suas ladroíces”.


“Os outros homens, que não foram mortos por estas pragas”, isto é, pelas armas de fogo da cavalaria turca, são os demais governantes cristãos europeus e seus súditos aos quais não chegou a desolação turca. Eles não encararam o terrível ataque turco como um flagelo merecido pelo Império do Oriente, como prêmio de seus pecados e de sua aborrecível idolatria que era odiada com ódio mortal pelos maometanos. “Não se arrependeram” do culto dos “demônios”, como é considerada a idolatria pelas Sagradas Escrituras. 


Nem tão pouco “se arrependeram” dos seus “homicídios”, de suas “feitiçarias”, de suas “prostituições” e “das suas ladroíces”. Eis o quadro do cristianismo apresentado na profecia! Um cristianismo sem Cristo e apóstata, odiado de morte pelos conquistadores muçulmanos.


Deus não se agrada daqueles que não aprendem as lições que seus juízos lhes ensinam. Antes da visão das trombetas sobre os árabes e os turcos, a advertência clara foi — “ai! ai dos que habitam sobre a terra”. Mas o cristianismo nominal daqueles dias do avanço maometano, nem um caso fez, como hoje também não o faz, das advertências do céu. 


Nem antes nem depois dos açoites dos árabes e turcos se arrependeu de sua vã idolatria e de seus homicídios e maldades. O castigo, as “pragas” maometanas, não o induziu a melhorar a conduta e a moralidade. A lição foi desprezada com grave perda para a vida moral e espiritual. E assim caíram os dois Impérios, as duas Romas cristãs — Ocidental e Oriental — aquela sob as hordas visigoda, vândala, huna e hérula, e esta sob as hordas árabe e turca do Islã.


Esse é o conteúdo do livro A Verdade Sobre as Profecias do Apocalipse, de Araceli Melo - Confira aqui o índice Completo.