Uma leva crescente de teólogos adventistas tem valorizado exacerbadamente o estudo da teologia como sendo o principal pré-requisito a unção de alguém ao ministério evangélico.
No mundo dos extremos em que vivemos, há aqueles que desconsideram totalmente a figura da autoridade da igreja na escolha dos líderes por um lado, e pelo outro lado, aqueles que consideram acima de qualquer suspeita os líderes estabelecidos, pelo simples fato de serem teólogos.
Os dois extremos estão errados.
Não desmerecendo o estudo da teologia, que é de muito proveito no preparo do obreiro para a obra missionária e administração da mesma.
Contudo existem outros fatores também muito e até mais importantes para a qualificação de um pretenso pregador da Bíblia, entre eles está:
- O chamado divino,
- O desprendimento,
- A disposição em ir para onde Deus mandar,
- A capacidade de enfrentar reveses na maioria das vezes,
- O interesse em aprender sobre Deus por si mesmo,
- O não interesse em alcançar posições e status,
- E o principal deles que é: produzir frutos de justiça (Mt 7:16).
Os perigos encontrados nessa observação giram em torno de que por um lado, um indivíduo pode achar-se justo por si mesmo e ignorar as decisões da igreja que comissiona seus líderes, e por outro, a igreja pode passar a acreditar que pelo fato de ser igreja isso é suficiente para ter o aval divino em todas as suas decisões, esse artigo trata do segundo caso.
Valorizar o estudo acadêmico acima de tudo é um erro muito comum na história do povo de Deus ao longo dos séculos, inclusive a Bíblia registra que essa era a condição prevalecente nos dias de cristo:
“E os judeus maravilhavam-se dizendo: Como sabe este letras, não as tendo aprendido?” (Jo 7.15).
Veja como os fariseus viam Jesus como um leigo iletrado. e que por isso deveria ser rejeitado.
Jesus nunca estudou teologia, nunca se formou em qualquer instituição formal de sua época, e o espírito de profecia é muito claro ao explicar o motivo, falando de João Batista veja o que Ellen White escreveu:
`Segundo a ordem natural, o filho de Zacarias teria sido educado para o sacerdócio. A educação das escolas dos rabis, no entanto, tê-lo-ia incapacitado para sua obra. Deus não o mandou aos mestres de teologia para aprender a interpretar as Escrituras. Chamou-o ao deserto, a fim de aprender acerca da Natureza, e do Deus da Natureza.`(Desejado das nações Pag. 101)
Esse foi um tempo em que a educação formal não servia para outra coisa a não ser desviar os verdadeiros escolhidos de Deus da sua vocação, e que por isso, deveriam evita-la.
Não seria isso algo real também em nossos dias, resguardadas as exceções?
A BÍBLIA ANDREWS
A Bíblia de estudo Andrews é um exemplo do que significa valorizar o estudo humano acima da revelação divina. Tendo-se como `estudo humano` o estudo da teologia e tendo os escritos de Ellen White, como `revelação divina` como exemplo.
Vem a pergunta: Teria sido por falta de comentários bíblicos no espírito de profecia que ele foi `desconsiderado` na elaboração da Bíblia Andrews?
Ou teria sido pelo fato de que Ellen White não foi autoridade em assuntos teológicos e que seus escritos não refletem o mesmo teor de estudos teológicos de nossa época?
Para se ter uma Bíblia com comentários de Ellen White eu e você precisamos recorrer a movimentos independentes, por que, ao que parece, a igreja estabelecida não vê seus comentários teológicos como sendo corretos o bastante para serem inseridos na sua Bíblia oficial, sendo preteridos pelos de teólogos renomados e respeitados em seu meio, que nem por isso deixam de ser apenas, comentários humanos.
Uma bíblia de estudos com comentários de Ellen White seria o casamento perfeito entre a revelação divina antiga e contemporânea, enquanto que uma Bíblia de estudos com comentários de teólogos procura sobrepor a iluminação de Ellen White como profetiza chamada e autorizada por Deus, pela capacidade e autoridade unicamente humana, apesar de ser um instrumento de estudo formal.
Alguns teólogos tem se incomodado até com o fato dos escritos de Ellen White terem tanto espaço na lição da escola sabatina, tendo em vista que Ellen White não seria autoridade na área, por que nunca estudou teologia.
Está ai o contra-senso prevalecente em nossos dias envolvendo mais uma vez uma questão antiga.
Vale ressaltar que Jesus formou a igreja Cristã com 12 homens incultos que não tinham qualquer autoridade teológica.
Estaria Deus passado por alto novamente as autoridades da época vigente para colocar em evidência seus servos humildes e iletrados? (Atos 4:13)