17 A Sabedoria dos Conselhos de Deus (John Wesley)

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'Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!' (Romanos 11:33)


1. Alguns apreendem a sabedoria e o conhecimento de Deus significando uma, e a mesma coisa. Outros acreditam que a sabedoria de Deus refere-se mais diretamente no Ele indicar as finalidades de todas as coisas; e seu conhecimento significa o que Ele tem preparado e feito, conducente a essas finalidades. O primeiro parece ser a explicação mais natural; já que a sabedoria de Deus, em seu significado mais extensivo, deve incluir um, tanto quanto o outro: os meios assim como os fins.  


2. Agora, a sabedoria - assim como o poder de Deus - é abundantemente manifestada em sua criação; na formação e organização de todas as suas obras, nos céus e na terra; e em adaptá-las todas às diversas finalidades para as quais elas foram designadas: de tal maneira que, cada uma delas, aparte das restantes, é boa; mas, juntas, são muito melhores; todas conspirando, em um sistema conectado, para a glória de Deus, na felicidade de suas criaturas inteligentes. 

 

3. Como essa sabedoria aparece até mesmo para os homens míopes (e muito mais para os espíritos de uma categoria mais alta) na criação e disposição de todo o universo, e cada parte dele; então, ela igualmente aparece na preparação deles, no seu 'suporte de todas as coisas, através da palavra de seu poder'. 


E não menos eminentemente aparece, no permanente governo de tudo que Ele criou. Quão admiravelmente sua sabedoria dirige os movimentos dos corpos celestes! Todas as estrelas do firmamento, se as que estão fixas, ou aquelas que perambulam, embora que nunca fora de suas diversas órbitas! O sol, no meio do céu! 


Os corpos maravilhosos dos cometas que disparam, em todas as direções, através dos incomensuráveis campos de éter! Como Ele superintendente todas as partes desse mundo mais baixo, essa 'partícula da criação', a terra! De maneira que todas as coisas são, ainda, como elas eram no início, 'belas em suas épocas'; e o verão e inverno; os tempos de plantio e colheita, regularmente seguem um ao outro. Sim, todas as coisas servem ao seu Criador. 'Raio e granizo; neve e vapor, vento e tempestade, estão cumprindo sua palavra'; de tal forma, que podemos bem dizer, 'Ó, Senhor, nosso Governador, quão excelente é teu nome em toda a terra!'.


4. Igualmente conspícua é a sabedoria de Deus, no governo das nações, dos estados e reinos; sim, preferivelmente, mais conspícua, se ao infinito pode ser admitido algum grau. Porque toda criação inanimada, estando totalmente passiva e inerte, não pode fazer oposição à sua vontade. Portanto, no mundo natural, todas as coisas deslizam, em um mesmo e ininterrupto curso. Mas, por outro lado, vai além no mundo moral. Aqui, os homens maus e espíritos diabólicos continuamente se opõem à vontade divina, e criam inúmeras irregularidades. Aqui, por conseguinte, está a extensão completa, para o exercício de todos os ricos, tanto de sabedoria quanto de conhecimento de Deus, para neutralizar todos os homens maus e insensatos. E todas as sutilezas de satanás, na condução de seu próprio objetivo glorioso, -- a salvação da humanidade perdida. De fato, Ele fizesse isto, através de uma vontade superior absoluta, e através de seu próprio poder irresistível, isto não implicaria em sabedoria, afinal. Mas sua sabedoria é mostrada, salvando o homem, de tal maneira, a não destruir sua natureza, a não extinguir a liberdade que Ele lhe tem dado.


5. Mas os ricos, ambos de sabedoria e conhecimento de Deus estão mais eminentemente expostos em sua igreja; em plantá-la como uma semente de grão de mostarda, a menor de todas as sementes; em preservar e continuamente melhorá-la, até que ela se transforme em uma grande árvore, não obstante a ininterrupta oposição de todos os poderes da escuridão. Isto o Apóstolo justamente denomina de sabedoria múltipla de Deus. É uma palavra notavelmente expressiva, sugerindo que essa sabedoria, na maneira de sua execução, é diversificada em milhares de caminhos, e se aplica em infinitas variedades. Essas coisas os mais sublimes 'anjos desejam examinar', mas nunca poderão entender completamente. Parece ser com respeito a esses, principalmente, que o Apóstolo afirma naquela forte exclamação, 'Quão insondáveis são seus julgamentos!'. (Romanos 11:33) 'Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!'. Seus conselhos e objetivos são impossíveis de serem penetrados; e seus caminhos', de execução deles, 'fora do alcance de serem decifrados!'. De acordo com o salmista, 'Seus caminhos são como as águas profundas, e suas pegadas não são conhecidas.   


6. Mas um pouco disto Ele tem se agradado de revelar a nós; entretanto, guardando o que Ele tem revelado, e comparando a palavra e a obra de Deus, juntas, nós podemos entender uma parte de seus caminhos. Nós podemos, em alguma medida, traçar essa sabedoria múltipla, desde o começo do mundo; desde Adão até Noé; de Noé até Moisés; e de Moisés até Cristo. Mas eu iria agora considerá-la (depois de exatamente tocar na história da igreja nos tempos passados), apenas com respeito ao que Ele tem operado na presente época, durante a última metade do século [XVIII]; sim, e nesse pequeno canto do mundo,  as ilhas britânicas, tão somente.


7. Na plenitude do tempo, exatamente quando pareceu melhor à Sua infinita sabedoria, Deus trouxe seu Primogênito ao mundo. Ele, então, estabeleceu a fundação de sua Igreja; embora dificilmente ela tenha aparecido, até o dia de Pentecostes. E ela foi, então, uma igreja gloriosa; todos os seus membros, estando 'preenchidos com o Espírito Santo'; sendo 'de um só coração, e de um só pensamento; continuamente firmes, na doutrina Apostólica, na camaradagem, no repartir o pão, e nas orações'. Na camaradagem; ou seja, tendo todas as coisas em comum; nenhum homem considerando coisa alguma como de sua posse.


8. Mas este estado feliz não continuou muito tempo. Veja Ananias e Safira, através do amor ao dinheiro ('a raiz de todo o mal'), criou a primeira brecha na comunidade dos bons! Veja a parcialidade; a consideração iníqua das pessoas de um lado, e o ressentimento e murmuração do outro; até mesmo, enquanto os próprios Apóstolos presidiram sobre a igreja de Jerusalém.


(Atos 5:1-10) 'Mas, um certo homem chamado Ananias com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade, e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e, levando uma parte, a depositou aos pés dos Apóstolos. Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade; guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram. E, levantando-se os moços, cobriram o morto e, transportando-o para fora, o sepultaram. E, passando um espaço quase de três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido. E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto aquela herdade? E ela disse: Sim, por tanto. Então Pedro lhe disse: Por que é que, entre vós, vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram teu marido, e também te levarão a ti. E logo caiu aos seus pés, e expirou. E, entrando os moços, a encontraram morta, e a sepultaram junto de seu marido'. 


Veja as manchas e vincos graves que eram encontrados em toda parte da igreja, registrados, não apenas em Atos, mas nas Epístolas de Paulo, Tiago, Pedro e João. Um relato ainda maior, nós temos em Apocalipse: E, de acordo com isto, em que condição estava a igreja cristã, mesmo no primeiro século, mesmo antes de João ser removido da terra, se nós podemos julgar (como indubitavelmente nós podemos), do estado da igreja, em geral, desde o estado das igrejas particulares (todas, a não ser a de Esmirna e Filadélfia), para a qual nosso Senhor direcionou suas Epístolas! E, deste tempo, por cento e quatorze anos, ela se corrompeu, mais e mais, como toda a História mostra, até que escassamente tanto o poder, quanto a forma da religião restaram.  


9. Não obstante, é certo que os portões do inferno nunca prevaleceram totalmente contra ela. Deus sempre preservou a semente para si mesmo; alguns poucos que o adoraram em espírito e em verdade. Eu tenho freqüentemente me perguntado, se essas não eram as mesmas pessoas a quem os ricos e honrados cristãos, que sempre tiveram número, assim como o poder do lado deles, estigmatizaram, de tempos em tempos, com o título de heréticos. Talvez, tenha sido, principalmente, por esse artifício do diabo e de seus filhos, que eles foram impedidos de serem tão extensivamente úteis, como por outro lado, eles teriam sido, não tivessem falado mal do bem que havia neles. Mais ainda, eu tenho dúvidas, se aquele herético arcaico, Montanus, não foi um dos homens mais santos, no segundo século. Sim. Eu não afirmaria que o herético arcaico do século quinto (tão plenamente quanto ele tem sido salpicado com lama, por muitas épocas) não foi um dos homens mais santos daquela época; não, com exceção do próprio santo Agostinho. (Um santo maravilhoso! Tão cheio de orgulho, paixão, amargura, mania de censurar, e tão boca solta para com todo aquele que o contradissesse, quanto o próprio George Fox!) Eu verdadeiramente acredito, que a heresia real de Pelágio [Frade Pelágio, segundo a qual não existe pecado original, nem necessidade da graça divina para a salvação] não foi nem mais, nem menos, do que esta: A certeza de que os cristãos podem, pela graça de Deus, (não sem ela; o que eu considero ser uma mera calúnia) 'alcançar a perfeição'; ou, em outras palavras, 'cumprir a lei de Cristo'. 


'Mas Agostinho diz': -- Quando as paixões de Agostinho eram exaltadas, sua palavra não valia uma ninharia. E aqui está o segredo: Agostinho estava furioso com Pelágio. Por esta razão, ele caluniava e abusava dele (como era seu método), sem temor ou vergonha. E Agostinho estava, então, no mundo cristão, o que Aristóteles era mais tarde: Não precisou de outra prova de alguma afirmativa, do que: 'Agostinho disse isto'.  

10. Mas retomando: Quando a iniqüidade tinha se espalhado na igreja como uma inundação, o Espírito do Senhor ergueu um estandarte contra ela. Ele ergueu um pobre frade, sem saúde, sem poder, e, naquele tempo, sem amigos, para declarar guerra, como foi, contra todo o mundo; contra o bispo de Roma e todos os seus seguidores. Mas esta pequena pedra, sendo escolhida de Deus, logo se tornou uma grande montanha; e aumentou mais e mais, até que ela havia coberto uma considerável parte da Europa. Ainda mesmo antes que Lutero fosse chamado para casa, o amor de muitos tinha se esfriado. Muitos, que uma vez, tinham prosseguido bem, voltaram atrás do mandamento santo entregue a eles; sim, uma grande parte desses, que uma vez experimentou o poder da fé, naufragou na fé e na boa consciência. Supõe-se ser esta a ocasião daquela enfermidade (o ataque de cálculo), do qual Lutero morreu; depois de afirmar essas palavras melancólicas: 'Eu gastei minhas forças em vão! Aqueles que foram chamados pelo meu nome, estão, na verdade, reformados nas opiniões e modos de adoração; mas em seus corações e vidas; em seus temperamentos e prática, eles não são, uma partícula, melhores do que os papistas'. 


11. Por volta da mesma época, agradou a Deus visitar a Grã Bretanha. Alguns poucos no reino do Rei Henrique VIII, e muito mais, nos três reinos seguintes, foram testemunhas reais do Cristianismo verdadeiro e bíblico. O número desses aumentou excessivamente, no começo do século seguinte. E, no ano de 1627, houve um maravilhoso despejar do Espírito, em diversas partes da Inglaterra, assim como na Escócia, e norte da Irlanda. Mas, ao mesmo tempo em que os ricos e honrados despejavam sobre aqueles que temiam e amavam a Deus, seus corações começaram a estar distantes dele, e a abrir caminho para o mundo presente. Não muito logo, a perseguição cessou, e os pobres, menosprezados e perseguidos cristãos se envolveram com poder, e estabeleceram-se na comodidade e abundância, mas uma mudança de circunstância trouxe uma mudança de espírito. Riquezas e honras logo produziram seus efeitos usuais. Tendo o mundo, eles rapidamente amaram o mundo: Eles murmuraram em busca do céu, não muito tempo além, tornando-se, mais e mais, atados às coisas da terra. De modo que, em alguns poucos anos, um que os conheceu bem e os amou, e foi um juiz irrepreensível de homens e maneiras, (Dr. Owen), lamentou profundamente sobre eles, como tendo perdido todo a vida e poder da religião, e se tornando justo do mesmo espírito que esses a quem eles menosprezaram, como a lama das ruas.


12. Que uma religião desprezível foi deixada na terra, recebendo um outro ferimento mortal, na Restauração [no reinado de Carlos II], por um dos piores príncipes que alguma vez se sentou no trono inglês, e através da mais abandonada corte na Europa. E a infidelidade agora irrompeu, com toda a velocidade e cobriu a terra como uma inundação. É evidente que todos os tipos de imoralidade veio com ela, e cresceu para o fim do século. Algumas tentativas ineficazes foram feitas para represar a torrente, durante o reinado da Rainha Anne; mas ela ainda aumentou por volta do ano de 1725, quando o Sr. Law publicou seu 'Tratado Prático sobre a Perfeição Cristã',  e, não muito tempo depois, seu 'Chamado Sério para uma Vida Santa e Devotada'. Aqui as sementes foram plantadas, e logo cresceram, e se espalharam por Oxford, Londres, Bristol, Leeds, York, e, em poucos anos, para a maior parte da Inglaterra, Escócia e Irlanda.


13. Mas quais os meios, a sabedoria de Deus fez uso, no resultado dessa grande obra? Ela estendeu tais trabalhadores dentro de suas colheitas, como a sabedoria dos homens nunca teria pensado a respeito. Ela escolheu as coisas fracas para  confundirem o forte; e as coisas tolas, para confundirem o sábio. Ela escolheu alguns poucos homens jovens, pobres e ignorantes, sem experiência de aprendizado ou arte; mas simples de coração, devotados a Deus, cheios de fé e zelo, buscando nenhuma honra, nenhum proveito, nenhum prazer, nenhuma comodidade, mas meramente salvar almas; temendo, nem a necessidade, dor, perseguição, nem o que os homens pudessem fazer junto a eles; sim, não considerando suas vidas preciosas a si mesmos, para que pudessem terminar seu curso com alegria. Do mesmo espírito, foram as pessoas a quem Deus, através da palavra deles trouxe da escuridão para a sua maravilhosa luz; muitos dos quais logo concordaram em se reunirem, com o objetivo de fortalecerem um ao outro em Deus. Esses também eram simples de coração, devotados a Deus, zelosos das boas obras; desejando nem honra, nem riqueza, nem prazer, nem comodidade, nem coisa alguma debaixo do sol; mas obter a total imagem de Deus, e habitar com Ele na glória. 


14. Mas, na mesma medida em que esses jovens pregadores cresceram nos anos, eles não cresceram todos na graça. Diversos deles, realmente, tiveram progresso em outro conhecimento, mas não proporcionalmente no conhecimento de Deus. Eles cresceram menos puros, menos vivos para Deus, e menos devotados a Ele. Eles foram menos zelosos por Deus; e, conseqüentemente, menos ativos, menos diligentes em seu serviço. Alguns deles começaram a desejar o louvor de homens, e não o louvor de Deus apenas; alguns por estarem fatigados de uma vida errante, e também, de buscarem comodidade e sossego. Alguns começaram novamente a temer as faces dos homens; começaram a estar envergonhados de seu chamado; a estar relutantes em negarem a si mesmos, a tomar a cruz diária deles, 'e suportar provação como bons soldados de Jesus Cristo'. Aonde esses pregadores trabalharam, não houve muitos frutos do trabalho. A palavra deles não estava, como antigamente, revestida com poder. Elas não carregavam consigo alguma demonstração do Espírito. A mesma fraqueza de espírito estava em sua conversa privada. Eles estavam por mais tempo 'presente na época, fora de época'; 'advertindo todo homem, e exortando todo homem', 'se por quaisquer meios eles pudessem salvar alguns'. 


15. Mas, assim como alguns pregadores, muitas pessoas declinaram de seu primeiro amor. Elas foram igualmente assaltadas por todos os lados, cercadas por múltiplas tentações: E, enquanto muitos deles triunfaram sobre todas, e foram 'mais do que vencedores, através Dele que os amou', outros deram lugar ao mundo, à carne, ou ao diabo, e, então, 'caíram em tentação'. Alguns deles 'arruinaram a sua fé', imediatamente; alguns, através de graus vagarosos e imperceptíveis. Não poucos, estando carentes das necessidades da vida, foram dominados com os cuidados do mundo; muitos recaíram nos 'desejos de outras coisas', que 'asfixiaram a boa semente, e ela se tornou infértil'. 


16. Mas de todas as tentações, nenhuma afetou tanto toda a obra de Deus, como 'a falsidade das riquezas; milhares de provas melancólicas do que eu tenho visto, nestes últimos cinqüenta anos. Elas são enganosas, de fato! Porque quem irá acreditar que elas causam a Ele o menor dano? E, ainda assim, eu não tenho conhecido sessenta pessoas ricas, talvez, nem metade do número, durante sessenta anos, as quais, até onde eu posso julgar, não eram menos santas do que elas poderiam ter sido, tivessem sido pobres. Através das riquezas, eu quero dizer, não milhares de libras, mas algo mais do que obter as conveniências da vida. Assim sendo, eu considero um homem rico, aquele que tem alimento e vestuário para si mesmo e a família, sem entrar em dívidas, e alguma coisa além. E quão poucos existem nessas circunstâncias que não estão feridos, se não, destruídos, por isto? Mesmo assim, quem toma cuidado? Quem se preocupa seriamente com aquela terrível declaração do Apóstolo: Até mesmo 'eles que desejam ser ricos caem em tentação e na armadilha, e mergulham em desejos tolos e danosos, que conduzem os homens à destruição e perdição?'. Quantos exemplos tristes nós temos visto disto, em Londres, Bristol, Newcastle; em todas as grandes cidades mercantis, através do reino, onde Deus tem recentemente tornado seu poder conhecido! Veja como muitos desses que, uma vez, foram simples de coração, desejando nada mais a não ser Deus, estão agora gratificando 'o desejo da carne'; arquitetando agradar seus sentidos, particularmente seu paladar; esforçando-se para aumentarem os prazeres deste, tanto quanto possível. 


Você não faz parte desse número? De fato, vocês não são alcoólicos, e não são glutões; mas vocês não favorecem a si mesmos, em uma espécie de sensualidade regular? Você não está comendo e bebendo os maiores prazeres da vida: A parte mais considerável de sua felicidade? Se for assim, eu temo que Paulo tivesse dado a você um lugar entre aqueles 'cujo deus é sua barriga!'. Quantos deles estão agora favorecendo novamente 'o desejo do olho!; usando de todos os meios que estão em seu poder, para aumentarem os prazeres de sua imaginação! Se não, na grandeza, do que ainda está fora do caminho deles; mesmo assim, em coisas novas e bonitas! Você não está buscando felicidade em adornos bonitos e elegantes, ou mobília? Ou em roupas novas, ou livros, ou pinturas, ou jardins? 'Por que, que dano existe nessas coisas?'. Existe este dano, o de que elas gratificam 'o desejo do olho', e, por meio disto, o fortalecem e o aumentam; tornando você, mais e mais morto para Deus, e mais e mais vivo para o mundo. Quantos estão favorecendo 'o orgulho da vida!', buscando a honra que vem de homens! Ou 'ajuntando tesouros na terra!'. Eles obtêm tudo o que podem, honesta e conscientemente. Eles poupam tudo o que podem, cortando todas as despesas desnecessárias; acrescentando moderação à diligência. E até aí, tudo está certo. Este é o dever de todo aquele que teme a Deus. Mas eles não dão tudo o que podem; sem o que, suas necessidades devem se tornar, cada vez mais, mundanas. Suas afeições aderir-se-ão, mais e mais, ao pó; e eles terão, cada vez menos, comunhão com Deus. 


Não é este o seu caso? Você não busca o louvor de homens mais do que o louvor de Deus? Você não ajunta, ou, pelo menos, não deseja e se esforça para 'ajuntar tesouros na terra?'. Você não está, então, (negociando fielmente com sua própria alma!) mais e mais vivo para o mundo, e, conseqüentemente, mais e mais morto para Deus? Não poderá ser de outra forma. Isto deve acontecer, a menos que você dê tudo o que puder, tanto quanto ganhar e poupar tudo o que puder. Não existe outro caminho, debaixo dos céus, para impedir seu dinheiro de fazer você  mergulhar, mais baixo do que a sepultura! Porque, 'se algum homem ama o mundo, o amor do Pai não está nele'. E se ele está, mesmo em tão alto grau, ainda assim, se ele desliza para o amor do mundo, através daqueles mesmos graus que isto entra nele, o amor de Deus irá embora do coração.


17. E, talvez, exista alguma coisa mais do que tudo isto contido nessas palavras: 'Não ame o mundo, nem as coisas do mundo'. Aqui, nós estamos expressamente advertindo contra amar o mundo, assim como, contra amar 'as coisas do mundo'. O mundo representa os homens que não conhecem a Deus, que nem amam, nem temem a Ele. Aqui, é absolutamente proibido amar a esses, com o amor do deleite e complacência, e fixar nossas afeições sobre eles; e, por analogia, conversar ou ter qualquer intercurso com eles, mais do que a atividade necessária requeira. Tiago não tem escrúpulos de denominar adultério, ter amizade ou intimidade com eles. (Tiago 4:4) 'Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus'. Não se esforcem para tirar ou livrar-se do significado dessas fortes palavras. Elas plenamente requerem que fiquemos distante deles, e que tenhamos nenhum comércio desnecessário com homens não santos. Por outro lado, nós certamente podemos escorregar para a conformidade com o mundo; às suas máximas, espírito e costumes. Porque não apenas as palavras deles, inofensivas como parecem, corroem, como uma úlcera, mas mesmo sua respiração é infecciosa: O espírito deles imperceptivelmente influencia nosso espírito. Ele rouba 'como a água em nossas entranhas, e como o óleo em nossos ossos'. 


18. Porém, todos os homens ricos estão debaixo de uma tentação contínua de familiaridade e intercâmbio com os homens mundanos. Eles estão igualmente debaixo da tentação do orgulho; de pensarem mais altamente em si mesmos do que deveriam. Eles são fortemente tentados a se vingarem, mesmo quando eles são, tão pouco afrontados: E, tendo os meios em suas próprias mãos, quão poucos existem que resistem à tentação! Eles são tentados continuamente à preguiça, indolência, amor à comodidade, facilidade, cortesia;  a odiarem a abnegação, e o tomarem sua cruz, até mesmo jejuar e levantar-se cedo, sem o que, é impossível crescer na graça. Se você cresceu em seus bens, você não sabe que essas coisas são assim? Você não contrai intimidade com os homens mundanos? Você não conversa com eles, mais do que a obrigação requer? Você não corre o risco do orgulho? De pensar em si mesmo, mais do que em seu próximo pobre e sujo? Você nunca se ressente; nunca se vinga de uma afronta? Você nunca paga o mal com o mal? Você não dá oportunidade para a indolência ou o amor à comodidade? Você nega a si mesmo, e toma sua cruz diariamente? Você constantemente se levanta, tão cedo quanto você fazia, outrora? Por que não? A sua alma não é tão preciosa agora, como ela era, então? Quão freqüentemente você jejua? Isto não é uma obrigação para você, tanto quanto é para um diarista? Mas, se você está em falta nisto, ou em qualquer outro respeito, quem irá dizer isto a você? Quem se atreverá a lhe dizer a verdade clara, a não ser aqueles que nem esperam, nem temem alguma coisa de você? E se alguém se aventura a tratar francamente com você, quão difícil é para você suportar isto? Você não é muito menos repreensível, muito menos oportuno, do que quando você era pobre?


Uma vez mais, portanto, eu digo: tendo ganhado e poupado tudo que pôde, você dá tudo o que pode: Do contrário, seu dinheiro irá comer sua carne como fogo, e irá mergulhar você no inferno mais baixo! Ó cuide de não 'juntar tesouros na terra!'. Isto não é ajuntar ira contra o dia da ira? Senhor, eu os tenho advertido! Mas, se eles não estiverem alertas, o que mais posso fazer? Eu posso apenas 'entregá-los às próprias luxúrias de seus corações, e permitir que eles sigam suas próprias imaginações!'. 



19. Por não aceitarem este conselho, é certo que muitos dos Metodistas já caíram; muitos estão caindo nesse mesmo momento; e existe uma grande razão para temer que muitos mais irão cair, e a maioria deles não irá se erguer mais! Mas que método pode-se esperar que o todo sábio Deus vá usar, para reparar o declínio de sua obra? Se ele não remove o castiçal dessas, e levanta outras pessoas, que serão mais fiéis à sua graça, é provável que ele irá proceder, da mesma maneira que Ele tem fez no passado. E este, até aqui, tem sido seu método: Quando alguns dos antigos pregadores deixaram seu primeiro amor; perderam sua simplicidade e zelo, e se afastaram do trabalho, Ele ergueu homens jovens que eram como eles, e os enviou para a colheita, em seus lugares. O mesmo, Ele tem feito, quando se agradou de remover algum de seus fieis colaboradores para o seio de Abraão. Assim, quando Henry Millard, Edward Dunstone, John Manners, Thomas Walsh, ou outros, descansaram de suas tarefas, levantou outros homens jovens, de tempos em tempos, dispostos e capazes de executarem o mesmo serviço. É altamente provável que Ele irá usar o mesmo método, para o tempo a vir. O lugar desses pregadores que tanto morrem no Senhor, ou perdem a vida espiritual que Deus tem dado a eles, Ele irá suprir, através de outros que estão vivos para Deus, e desejam apenas usarem e serem usados por Ele.


20. Ouçam isto, todos vocês pregadores que não têm a mesma vida, a mesma  comunhão com Deus; o mesmo zelo pela causa Dele; o mesmo amor ardente pelas almas, que vocês tiveram outrora! 'Estejam atentos para que não percam as coisas que têm forjado, mas que recebam a recompensa completa'. Cuidem, a fim de que Deus não declare em sua ira que vocês não têm mais carregado o estandarte Dele! A fim de que ele não seja provocado a tirar a palavra de sua graça, totalmente fora de suas bocas! Estejam seguros de que o Senhor não precisa de vocês; a obra Dele não depende da ajuda de vocês. Já que Ele é capaz de 'erguer os filhos de Abraão dos túmulos'; ele é capaz de levantar os pregadores em busca do próprio coração Dele! Ó, apressem-se! Lembrem-se, de onde vocês estão caídos; e arrependam-se e façam as primeiras obras!


21. O Senhor das colheitas não seria provocado a deixá-los de lado, se vocês menosprezassem os trabalhadores que Ele tem erguido, meramente porque eles são jovens? Isto comumente fora feito a nós, entre quarenta ou cinqüenta anos atrás, quando nos mandaram sair. Homens anciãos e sábios perguntaram: 'o que essas cabeças jovens poderão fazer?'. Assim, o fez, o então, Bispo de Londres, em particular. Mas nós devemos adotar a linguagem deles? Deus proíbe! Nós devemos ensinar Aquele que nos enviou; Aquele que nos emprega em sua própria obra? Somos, então, os homens; e a sabedoria morre conosco? A obra de Deus depende de nós? Ò, humilhem-se, diante de Deus, a fim de que Ele não os arrebate, e não haja alguém para livrar!


22. Vamos considerar qual método tem a sabedoria de Deus se utilizado, durante esses quarenta e cinco anos, quando milhares de pessoas que uma vez prosseguiram bem, uma após a outra, 'retiraram-se para a perdição?'. Porque, tão rápido quanto alguns dos pobres foram dominados pelos cuidados mundanos, de modo que a semente que eles receberam tornaram-se inférteis; tão rápido quanto alguns dos ricos retornaram para a perdição, dando caminho para o amor do mundo, aos desejos tolos e pecaminosos, ou a quaisquer outras dessas tentações inumeráveis que são inseparáveis das riquezas; Deus tem erguido homens, constantemente, de tempos em tempos, e os tem dotado com o espírito que eles tinham perdido: Sim, e geralmente essa mudança tem sido feita com considerável vantagem: Já que os últimos eram, não apenas (para a maioria) mais numerosos do que os primeiros, mas, mais cuidadosos, tirando proveito do exemplo deles; mais espirituais, mais devotos, mais zelosos, mais vivos para Deus, e, ainda mais mortos para as coisas aqui embaixo.


23. E, abençoado seja Deus, porque nós vemos que Ele tem feito agora a mesma coisa em várias partes do reino. Na sala daqueles que caíram de sua firmeza, ou estão caindo nesse momento, Ele está continuamente erguendo das pedras outros filhos de Abraão. Isto Ele faz imediatamente ou não, de acordo com sua própria vontade; derramando seu Espírito avivado, nesta ou naquela pessoa, justamente como agrada a Ele. Ele tem erguido estes de todas as idades e níveis; homens jovens, e donzelas; idosos e crianças, para serem 'a geração escolhida;o sacerdócio real; a nação santa; um povo peculiar; para mostrar adiante Seu louvor; aquele que os tem chamado para fora da escuridão, e para dentro da luz maravilhosa'. E nós não temos razão para duvidar, mas Ele irá continuar a assim fazer, até que a grande promessa seja cumprida; até que a 'terra seja preenchida com o conhecimento da glória do Senhor, assim como as águas cobrem o mar; até que toda Israel seja salva, e a plenitude dos gentios entre'.  


24. Mas todos os que sucumbiram às múltiplas tentações; os que assim caíram, eles não poderão mais se erguer? O Senhor os excluiu todos para sempre, e Ele não mais poderá ser solicitado? A promessa Dele chega terminantemente a um fim, para sempre? Deus proíbe que afirmemos isto! Ele é capaz de curar todas as apostasias deles: porque com Deus, palavra alguma é impossível. E Ele não está disposto também? Ele é 'Deus, e não homem; portanto, suas compaixões não falham'. Que os apóstatas não se desesperem. 'Retornem ao Senhor, e Ele terá misericórdia para com eles; junto ao nosso Deus, eles serão abundantemente redimidos'. 

Entretanto, assim diz o Senhor a vocês que agora suprem o lugar deles: 'Não sejam generosos, mas temam! Se o Senhor não poupou' seus irmãos mais antigos, 'prestem atenção, que Ele não poupa vocês!'. Temam, embora não com um medo servil e torturante, para que não caiam em nenhuma das mesmas tentações; tanto pelos cuidados do mundo, a falsidade dos ricos, quanto pelo desejo de outras coisas. Vocês serão tentados de milhares de maneiras diferentes; talvez, por quanto tempo vocês permanecerem no corpo; mas por quanto tempo vocês continuarem a vigiar e orar, vocês não 'cairão em tentações'. A graça Dele tem sido, até aqui, suficiente para vocês; de maneira que ela será assim até o fim. 


25. Irmãos, vocês vêm aqui um esboço resumido e geral da maneira como Deus opera sobre a terra, na reparação desse trabalho da graça, onde quer que ele esteja deteriorado, através da sutileza de satanás, e a infidelidade de homens, dando lugar à fraude e malícia do diabo. Assim, Ele está agora conduzindo sua própria obra; e, assim, Ele fará até o fim dos tempos. E quão maravilho, claro e simples é Seu caminho de realização, no mundo espiritual, assim como no mundo material! Ou seja, seu plano geral de trabalho, de reparar o que quer que esteja deteriorado. Mas quanto aos pormenores inumeráveis, nós devemos ainda clamar, 'Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!' (Romanos 11:33)


[Editado por Tracey Bryan, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções através de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]   


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