'Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E por que, esperando eu que desse uvas, veio a produzir uvas bravas?' (Isaías 5:4)
O vinhedo do Senhor, considerando a palavra em seu sentido mais amplo, pode incluir toda a Palavra. Todos os habitantes da terra podem, de alguma forma, serem chamados de 'vinhas do Senhor'; 'que fez todas as nações de homens, para habitar em toda a face da terra; para que eles pudessem buscar ao Senhor, se, por acaso, eles puderem sentir, segundo Ele, e encontrá-lo'.
Mas, em um sentido mais restrito, o vinhedo do Senhor pode significar o mundo cristão; ou seja, todos que usam o nome de Cristo, e professam obedecer à sua Palavra. Em um sentido ainda mais restrito, pode ser entendido como o que é denominada a parte Reformada da Igreja Cristã. Em um sentido mais restrito do que os anteriores, alguém pode, por esta frase, 'a vinha do Senhor', quer dizer, o corpo de pessoas comumente chamadas de Metodistas.
Eu entendo isto agora, significando, por meio disto, aquela sociedade apenas que começou em Oxford no ano de 1729, e permanece unida até este dia. Compreendendo a palavra neste sentido, eu repito a pergunta que Deus propôs ao profeta: 'Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E por que, esperando eu que desse uvas, veio a produzir uvas bravas?'
O que mais Deus teria feito neste vinhedo (supondo-se que Ele tenha designado estender grandes ramos dele e espalhá-lo por toda a terra) e que Ele não tenha feito,
I. Com respeito à doutrina?
II. Com respeito à ajuda spiritual?
III. Com respeito á disciplina?
IV. E com respeito à proteção exterior?
Essas coisas, consideradas, eu, então, inquiriria, brevemente: E por que, esperando eu que desse uvas, veio a produzir uvas bravas?'
I
1. Em Primeiro Lugar: O que tem sido feito neste vinhedo, que Deus não fez nele? O que mais tem sido feito, com respeito à doutrina? Desde o início; deste o tempo em que quatro homens, cada um deles era -- 'um homem de um livro'. Deus os ensinou a fazer de 'Sua Palavra uma lanterna para seus pés, e uma luz em todas as suas pegadas'. Eles tinham uma, apenas uma regra de julgamento, com respeito a todos os seus temperamentos, palavras e ações; ou seja, os oráculos de Deus. Cada um deles determinou ser "cristão-bíblico". Eles continuamente eram reprovados por isto; alguns os denominavam, em menosprezo, "idólatras-bíblicos"; outros, de "traças-bíblicas"; alimentando-se, eles diziam, da Bíblia, como as traças, das roupas. E, de fato, até este dia, é esforço contínuo deles, pensarem e falarem, como os oráculos de Deus.
2. É verdade, que um ilustre homem, Dr. Trapp, logo depois de eles se porem a caminho, fez um relato diferente deles: "Quando eu vi", disse o Doutor, "esses dois livros, 'O Tratado da Perfeição Cristã', e 'Um Chamado Sério para uma Vida Santa', eu pensei: esses livros certamente causarão dano. E assim se provou; porque presentemente, logo depois, surgiram os Metodistas. Então ele (Sr. Law) era a origem deles". Embora isto não fosse inteiramente verdade, ainda assim, existiu alguma verdade no que foi dito. Todos os Metodistas, cuidadosamente, leram esses livros, e foram grandemente beneficiados por eles. Ainda assim, eles, de modo algum, surgiram deles, mas das Escrituras Sagradas; sendo 'nascidos de novo', como Pedro fala, 'através da Palavra de Deus, que vive e habita para sempre'.
3. Um outro homem letrado, o recente Bispo Warburton, claramente afirmou que 'eles eram a prole do Sr. Law e conde Zinzendorf [líder Morávio], juntos'. Mas isto foi um erro ainda maior. Porque eles se encontraram, diversos anos antes, que tivessem a menor aceitação do conde Zinzendorf, ou mesmo soubessem que existia tal pessoa no mundo. E quando eles o conheceram, embora o estimassem muito, ainda assim, não se atreveriam a seguir um passo além do que lhes garantia as Escrituras.
4. O livro, mais próximo às Escrituras Santas, que foi de maior utilidade para eles, ao situarem seu julgamento naquele grande ponto da justificação pela fé, foi o das Homilias. Eles nunca estiveram convencidos de que nós somos justificados pela fé, somente, até que eles cuidadosamente consultaram-nas, e as compararam com os escritos sagrados, particularmente, a Epístola de Paulo aos Romanos. Nenhum Ministro da Igreja pode, com alguma decência, se opor a essas; vendo que em sua ordenação, ele as subscreve, ao subscrever o trigésimo-sexto Artigo da Igreja.
5. Tem sido freqüentemente observado que muito poucos eram claros em seus julgamentos, tanto com respeito à justificação, quanto à santificação. Muitos que falaram e escreveram, admiravelmente bem, concernente à justificação, não tiveram uma concepção clara; mais do que isto, eles eram totalmente ignorantes da doutrina da santificação. Quem escreveu mais habilmente do que Martinho Lutero, sobre a justificação pela fé, somente? E quem era mais ignorante da doutrina da santificação, ou mais confuso em suas concepções sobre ela? Estar totalmente convencido disto, de sua total ignorância, com respeito à santificação, não é necessário coisa alguma mais do que ler, sem preconceito, seu célebre comentário sobre a Epístola aos Gálatas. Por outro lado, como muitos escritores da Igreja Romana (como Francis Sales e Juan de Castaniza, em particular) escreveram fortemente e biblicamente sobre a santificação, e, não obstante, estavam inteiramente familiarizados com a natureza da santificação! Tanto, que todo o corpo de seus Clérigos no Conselho de Trent, em seu Catecismo de Paróquias (Catecismo que cada sacerdote paroquiano deve ensinar a seu povo), confundiram totalmente santificação e justificação. Mas agradou a Deus, dar aos Metodistas, um conhecimento claro e completo de cada uma delas, e uma ampla diferença entre ambas.
6. Eles sabem, de fato, que, ao mesmo tempo em que um homem é justificado, a santificação propriamente começa. Porque, quando ele é justificado, ele é 'nascido de novo'; 'nascido do alto'; 'nascido do Espírito'; que, embora (como alguns supõem) não seja todo o processo da santificação, é, sem dúvida, o portão dela. Disto, igualmente, Deus tem dado a eles um panorama completo. Eles sabem que o novo nascimento implica tanto uma grande mudança na alma daquele que é 'nascido do Espírito', quanto foi forjado em seu corpo, quando ele nascera de uma mulher: Não apenas uma mudança exterior, como da bebedeira à sobriedade; do roubo, ou furto para a honestidade (este é o conceito pobre, estéril, e miserável daqueles que nada conhecem da religião verdadeira); mas uma mudança interior, do temperamento iníquo para todo temperamento santo, -- do orgulho para a humildade; da impetuosidade para a mansidão; da impertinência e descontentamento para a paciência e resignação; em uma palavra: da mente mundana, sensual, e diabólica, para a mente que estava em Jesus Cristo.
7. É verdade, que um recente e muito eminente autor, em seu estranho, 'Tratado sobre a Regeneração', prossegue inteiramente sobre a suposição de que se trata de todo um processo gradual de santificação. Não; trata-se apenas do limiar da santificação, a primeira entrada para ela. E, como, no nascimento natural, o homem nasce imediatamente, e, então, cresce mais e mais forte, por degraus; assim, no nascimento espiritual, um homem nasce imediatamente, e, então, gradualmente cresce na estatura e força espiritual. O novo nascimento, portanto, é o primeiro ponto da santificação, que pode aumentar mais e mais até o dia perfeito.
8. Trata-se, então, de uma grande bênção, dada a este povo, que, assim como eles não podem pensar ou falar em justificação, como substituindo a santificação; também eles não podem pensar ou falar em santificação como substituindo a justificação. Eles cuidam de manter cada uma em seu devido lugar, dando igual importância a uma e a outra. Eles sabem que Deus reuniu estas, e não é para Deus colocá-las, separadas: Portanto, eles mantêm, com igual zelo e diligência, a doutrina da justificação livre, completa, presente, de um lado, e uma inteira santificação, ambos do coração e vida, de outro; sendo tão tenazes da santidade interior, como qualquer místico; e, da exterior, como qualquer fariseu.
9. Quem, então, é um cristão, de acordo com a luz que Deus tem concedido a este povo? Ele que, estando 'justificado pela fé, tem paz com Deus, através de nosso Senhor Jesus Cristo'; e, ao mesmo tempo, é 'nascido de novo'; 'nascido do alto'; 'nascido do Espírito'; interiormente mudado da imagem do diabo, para aquela 'imagem de Deus, em que ele foi criado': Ele que encontra o amor de Deus transbordando em seu coração, através do Espírito Santo que é dado a ele; e a quem este amor docemente constrange a amar seu próximo; cada homem, como a si mesmo: Ele que aprendeu de seu Senhor a ser manso e humilde de coração; e em toda circunstância estar satisfeito: Ele, em quem está toda aquela mente, todos aqueles temperamentos, que estavam também em Jesus Cristo: Ele que se abstém de todo aparência do mal, em suas ações, e que não ofende com sua língua: Ele que caminha em todos os mandamentos de Deus, e em todas as Suas ordenanças, irrepreensível: ele que, em todos os seus intercursos com homens, faz aos outros, o que gostaria que fosse feito a si mesmo; e em toda sua vida e discurso; quer ele coma ou beba; ou o que quer que faça, faz tudo para a glória de Deus.
Agora, o que Deus teria feito mais por este Seu vinhedo, que ele não fez nele, com respeito à doutrina? Nós vamos inquirir:
II
Em Segundo Lugar: O que poderia ter sido feito, que não foi feito, com respeito às ajudas espirituais?
1. Vamos considerar este assunto, desde o início. Dois jovens clérigos, de modo algum muito notáveis, de meia idade, tendo uma tolerável medida de saúde, embora preferivelmente fracos do que fortes, começaram, por volta de cinqüenta anos atrás, a chamar os pecadores ao arrependimento. Isto eles fizeram, por algum tempo, em muitas das igrejas, dentro e nos arredores de Londres. Mas duas dificuldades surgiram: Primeiro: As igrejas eram tão lotadas que muitos dos paroquianos não puderam entrar. Segundo: Eles pregaram novas doutrinas, -- a de que somos salvos pela fé, e a de que 'sem santidade, nenhum homem poderá ver o Senhor'. Devido a uma ou outra dessas razões, eles não mais foram permitidos pregar nas igrejas. Então, eles pregaram em Moorfields, Kennington-Common, e em muitos outros lugares públicos. Os frutos da pregação deles rapidamente apareceram. Muitos pecadores mudaram, tanto no coração, quanto na vida. Mas pareceu que isto não poderia continuar por mais tempo; porque cada um viu claramente que esses pregadores rapidamente se desgastavam; e nenhum clérigo se atreveu a assisti-los. Deus deu um sinal abençoado à palavra deles. Muitos pecadores foram totalmente convencidos do pecado, e muitos verdadeiramente se converteram a Deus. Seus assistentes aumentaram, em número e no sucesso de seus trabalhos. Alguns deles eram letrados; alguns, incultos. A maioria deles era jovem; poucos, de meia idade: Alguns eram fracos; alguns, ao contrário, de entendimento consideravelmente forte. Mas agradou a Deus receber a eles todos; de modo que mais e mais tições foram arrancados do fogo.
2. Pode-se observar que esses clérigos, todo este tempo, não tinham um plano, afinal. Eles apenas foram, para lá e para cá, onde tivessem uma perspectiva de salvar almas da morte. Mas, quando mais e mais perguntaram, 'O que devo fazer para ser salvo?', foi pedido que eles se reunissem. Doze pessoas vieram na primeira quinta-feira à noite; quarenta na próxima; logo depois, uma centena. E eles continuaram a crescer, até que há vinte três ou vinte quatro anos, a Sociedade de Londres somou por volta de 2.800 membros.
3. 'Mas como esta multidão poderia ser mantida junta? E como saber, se eles caminhavam merecedores de seu chamado?'. Eles foram providencialmente conduzidos, enquanto eles pensavam em outra coisa, ou seja, pagando o débito público, a dividir todas as pessoas em pequenas companhias, ou classes, de acordo com seus lugares de moradia, e apontar uma pessoa em cada classe, para supervisionar todo o restante semanalmente. Através deste recurso, rapidamente era descoberto, se algum deles vivia em algum pecado conhecido. Se eles viviam, eles eram primeiro, admoestados; e, quando julgados incorrigíveis, exclusos da sociedade.
4. Esta divisão, e exclusão, daqueles que caminhavam desordenadamente, sem qualquer consideração a pessoas, foram ajudas, que poucas outras comunidades tiveram. A estas, assim que as sociedades aumentavam, era logo acrescida uma outra. A cada quinze dias, os encarregados encontravam os pregadores, em algum lugar central, para dar um relato do estado espiritual e temporal das diversas sociedades. O uso desses encontros quinzenais logo foi considerado muito útil; por isto, foram gradualmente estendidos a todas as sociedades no reino.
5. Com o objetivo de fortalecer a união entre os pregadores, assim como aquela das pessoas, eles decidiram se encontrar todos em Londres, e, algum tempo depois, apenas um seleto número deles. Mais tarde, para maior conveniência, eles se encontraram, além de Londres, em Bristol e Leeds, alternadamente. Eles passaram alguns dias juntos nesta Conferência geral, considerando o que mais poderia conduzir ao bem comum. O resultado foi imediatamente significativo para todos os irmãos. E eles logo concluíram que poderia ser aplicado a cada parte dela, em alguma medida, o que Paulo observa para a igreja como um todo: 'O corpo todo estando adequadamente estruturado, e compactado, para que cada junta seja suprida, fortalece o corpo para a edificação de si mesmo no amor' (Efésios 4:6).
6. Para que isto fosse feito mais efetivamente, eles tiveram uma outra ajuda excelente, na constante mudança de pregadores; sendo regra deles que nenhum pregador pudesse permanecer no mesmo circuito mais do que dois anos consecutivos, e poucos deles, mais do que um ano. Alguns, de fato, imaginaram que isto seria um obstáculo para a obra de Deus: Mas a longa experiência, em todas as partes do reino, prova o contrário. Tem sido sempre mostrado que as pessoas têm menos proveito, através de uma pessoa, do que, através de uma variedade de pregadores; enquanto eles usam os dons, conferidos a cada um, e temperados pela sabedoria de Deus.
7. Junto com essas ajudas que são peculiares à própria sociedade deles, eles têm todos aquelas em comum, através de outros membros da Igreja da Inglaterra. Na verdade, eles têm sido pressionados, há muito tempo, a se separarem dela; e sofrem tentações de todos os tipos. Mas eles não podem, não se atreverão, não irão se separar, enquanto eles permanecerem nela com a consciência limpa. É verdade, que se alguns termos pecaminosos da comunhão forem impostos a eles, então, eles estariam constrangidos a se separarem; mas como este não é o caso, no momento, nós nos regozijamos de continuarmos nela.
8. O que mais, então, Deus tem feito a este seu vinhedo, que Ele não fez nele, com respeito às ajudas espirituais? Ele dificilmente tem lidado tanto, com qualquer outro povo no mundo cristão. Se for dito: 'Ele poderia ter feito deles um povo separado, como os irmãos Morávios'; eu respondo que isto teria sido uma contradição direta de todo Seu desígnio ao levantá-los; ou seja, espalhar a religião bíblica por toda a terra, entre os povos de cada denominação, deixando cada um com suas próprias opiniões, e para seguir seu modo próprio de adoração. Isto só poderia ser feito efetivamente, deixando essas coisas como elas estavam, e se esforçando para deixar a nação toda com aquela 'fé que é operada pelo amor'.
III
1. Tais são as ajudas espirituais que Deus tem conferido sobre este seu vinhedo, sem economizar a mão. Disciplina seria inserida entre esses; mas nós podemos também falar dela em um assunto separado. É certo que, neste aspecto, os Metodistas são um povo altamente favorecido. Nada pode ser mais simples; nada mais racional, do que a disciplina Metodista: Ela está inteiramente alicerçada no bom-senso, particularmente ao aplicar as regras gerais das Escrituras. Qualquer pessoa determinada a salvar sua alma pode se juntar (está é a única condição requerida) a eles. Mas este desejo deve estar evidenciado por três marcas: Evitando todo pecado conhecido; fazendo o bem, segundo seu poder; e, atendendo todas as ordenanças de Deus. Ele é, então, colocado em tal classe, conveniente para ele, onde passa por volta de uma hora na semana. E, nos próximos quinze dias, se nada for objetado nele, ele será admitido na sociedade: Nesta, ele, pode continuar por quanto tempo ele continue a encontrar seus irmãos, e caminhar de acordo com sua profissão.
2. O serviço público é às cinco horas da manhã, e seis ou sete da noite, para que o trabalho temporal não seja prejudicado. Apenas no domingo, ele começa, entre nove e dez horas, e conclui com a Ceia do Senhor. No domingo à noite, a sociedade se encontra, mas todo cuidado é tomado para terminar cedo, para que todos os chefes de família possam ter tempo para instruírem seus diversos familiares. A cada quinze dias, o pregador principal, em cada circuito, examina cada membro da sociedade. Assim, se o comportamento de alguém é condenável, o que é freqüentemente esperado em um corpo de pessoas tão numeroso, é facilmente descoberto, e tanto a ofensa, quanto o ofensor são removidos em tempo.
3. Quando quer que seja necessário excluir algum membro tumultuoso da sociedade, isto é feito da maneira mais tranqüila e inofensiva; apenas, através da não renovação de sua carteira na visita quinzenal. Mas em alguns casos, onde a ofensa é grande, e existe perigo de escândalo público, julga-se necessário declarar, quando todos os membros estiverem presentes: 'A. B. não mais pertence à nossa sociedade'. Agora, o que pode ser mais racional ou mais bíblico do que esta simples disciplina; atendida desde o início até o fim, com nenhuma perturbação, despesa, ou demora?
IV
1. Mas será que todas essas coisas podem ser feitas, sem uma inundação de oposição? O príncipe deste mundo não está morto, não está dormindo; ele não lutaria, para que este reino não fosse entregue? Se a palavra do Apóstolo for verdadeira, em todas as épocas e nações, 'Todos aqueles que viverem de maneira santa em Jesus Cristo, deverão sofrer perseguição'; se isto for verdade, com respeito a cada indivíduo cristão, quanto mais com respeito aos corpos de homens, visivelmente unidos com o objetivo declarado de destruir o reino dele! Ele falharia em se levantar contra o pobre, indefeso, sem qualquer socorro visível, sem dinheiro, sem poder, sem amigos, e o que se opusesse à perseguição?
2. Na verdade, o deus deste mundo não estava adormecido. Nem foi indolente. Ele lutou, e com todo seu poder, para que seu reino não fosse abandonado. Ele 'trouxe todas as suas hostes para a guerra'. Primeiro, ele levantou as bestas entre as pessoas. Eles rugiram como leões; eles rodearam o pequeno e o indefeso, de todos os lados. E a tempestade se ergueu mais e mais alto, até que o livramento veio de um modo que ninguém esperava. Deus levantou o coração de nosso recente e gracioso soberano para dar tais ordens aos seus magistrados que, colocadas em execução, efetivamente suprimiram a loucura das pessoas. Por volta da mesma época, um grande homem solicitou pessoalmente à Sua Majestade, pedindo que ele se agradasse de 'de adotar uma maneira de parar com esses pregadores vadios'. Sua Majestade, olhando firmemente para ele, respondeu sem cerimônia, como cabe a um rei: 'Eu lhe digo que, enquanto eu me sentar neste trono, nenhum homem será perseguido por causa da consciência'.
3. Mas, em oposição a isto, diversos, que mantiveram a autoridade de Sua Majestade, têm perseguido a eles, de tempos em tempos; e isto, sob as cores da lei; aproveitando-se do que é chamado de Ato de Conventículo [contra as chamadas reuniões secretas]: Um, em particular, em Kent, a quem, alguns anos antes, coube multar um dos pregadores e diversos de seus ouvintes. Mas eles pensaram que era o dever deles apelarem para a Corte de Reis de Sua Majestade. A causa foi dada para o queixoso; aquele a quem nunca tinha sido permitido adorar a Deus conforme sua própria consciência.
4. Eu creio que esta é uma coisa completamente sem precedente. Eu não encontro outro exemplo dela, em qualquer época da igreja, desde o dia de Pentecostes, até o momento. Cada opinião, certa e errada, tem sido tolerada, quase em todas as épocas e nações. Cada modo de adoração tem sido tolerado, por mais supersticioso ou absurdo. Mas eu não saberia dizer, se, alguma vez, aquela religião verdadeira, vital, e bíblica foi tolerada antes. Por isto, o povo chamado tem abundante razão para louvar a Deus. Em favor deles, Ele tem forjado uma nova coisa na terra: Ele tem tranqüilizado o inimigo e o vingador. Isto, então, eles devem imputar a Ele, o autor da sua paz exterior e interior.
V
1. O que mais, na verdade, Deus teria feito por este seu vinhedo, que ele não fez ainda? Isto, tendo sido largamente mostrado, nós podemos agora prosseguir para aquela forte e terna censura: 'Depois de tudo que tenho feito, eu não poderia ter encontrado uvas mais excelentes? Por que, então, as uvas bravas? Eu não poderia esperar por um crescimento geral da fé e amor, da retidão e santidade verdadeira; sim, e dos frutos do Espírito, -- amor, alegria, paz, longanimidade, humildade, mansidão, fidelidade, bondade, temperança?'. Não seria razoável esperar que esses frutos tivessem se espalhado por toda a igreja? Realmente, quando eu vi o que Deus tem feito em meio ao seu povo, nestes quarenta ou cinqüenta anos; quando eu os vi aquecidos em seu primeiro amor, magnificando ao Senhor, e regozijando-se em Deus seu Salvador; eu poderia esperar nada menos do que todos eles vivendo como anjos aqui embaixo; que eles caminhassem continuamente buscando a Ele que é invisível; tendo constante comunhão com o Pai e Filho; vivendo na eternidade, e caminhando na eternidade. Eu procurei ver uma geração mudada, um sacerdócio real, uma nação santa, um povo peculiar', em todo teor de suas conversas; 'anunciando o louvor a Ele, que os tinha chamado para Sua maravilhosa luz'.
2. Mas, em vez disto, ele produziu uvas bravas; -- fruto de uma natureza completamente diferente. O vinhedo produziu pecado, de dez mil formas, fazendo com que muitos dos simples se desviassem do caminho. Ele produziu entusiasmo, inspiração imaginária, atribuindo, ao todo sábio Deus, todos os sonhos selvagens, absurdos, inconsistentes de uma imaginação exaltada. Ele produziu orgulho, roubando do Doador, todo bom dom de honra, devida ao seu nome. Ele produziu preconceito, suspeitas diabólicas, manias de censura, julgamento, e condenação um ao outro; -- todos totalmente destruidores daquele amor fraternal que é o próprio emblema da profissão cristã; sem o qual, quem quer que viva é considerado morto, diante de Deus. Ele produziu ira, ódio, malícia, vingança, e todo trabalho e obra pecaminosa; -- todos os frutos horrendos, não do Espírito Santo, mas do abismo sem fim!
3. Ele produziu igualmente, em muitos, particularmente naqueles que aumentaram seus bens, aquele grande veneno das almas, o amor ao mundo; e isto em todas as suas ramificações: 'O desejo da carne'; ou seja, o buscar felicidade nos prazeres do sentido; -- 'o desejo dos olhos'; ou seja, buscar felicidade no vestuário, ou algum dos prazeres da imaginação; -- e, 'o prazer da vida', ou seja, buscar felicidade no reconhecimento de homens, ou naqueles que ministram todos esses, juntando tesouros na terra. Ele produziu auto-indulgência de todos os tipos, melindres, afeminação, delicadeza, mas não delicadeza do tipo certo, aquela que se derrete diante da aflição humana. Ele trouxe tais aflições abjetas e humilhantes; tal profunda disposição mundana, como aquela dos pobres ateus, que resultou na lamentação de seu próprio poeta sobre eles: 'Ó, almas arqueadas para a terra, e vazias de Deus!'.
4. Ó, vocês que são ricos em posses, uma vez mais, ouçam a palavra do Senhor! Vocês que são ricos neste mundo; que têm comida para comer, vestuário para colocar, e alguma coisa além, vocês estão conscientes da maldição sobre os amantes do mundo? Vocês estão conscientes do perigo que correm? Vocês sentem, 'quão dificilmente aqueles que têm riquezas entrarão no reino dos céus?'. Vocês continuarão imunes em meio ao fogo? Vocês estão ilesos do amor do mundo? Vocês estão limpos do desejo da carne, do desejo dos olhos, e do orgulho da vida? Vocês 'colocam uma faca em suas gargantas', quando vocês se sentam para comer, a fim de que sua mesa não seja uma armadilha para você? O seu estômago não é o seu deus? O comer e beber, ou algum outro prazer do sentido, não é o prazer maior que vocês desfrutam? Vocês não buscam felicidade no vestuário, mobília, quadros, jardins, ou alguma coisa mais do que agradar aos olhos? Vocês não se tornaram estúpidos e delicados; incapazes de suportarem o frio, calor, o vento ou a chuva, o que faziam quando eram pobres? Vocês não aumentaram seus bens, juntando tesouros na terra; em vez de retribuírem a Deus, no pobre, não muito, mas tudo que vocês puderem poupar? Certamente, 'é mais fácil a um camelo entrar no buraco de uma agulha do que o rico entrar no reino dos céus!'.
5. Mas, por que vocês irão ainda produzir uvas bravas? Que desculpa vocês poderão dar? Deus tem faltado, naquilo que cabe a Ele? Vocês não têm sido avisados, repetidas vezes? Vocês não têm se alimentado com 'o leite sincero da palavra?'. Toda a Palavra de Deus não tem sido entregue a vocês, e sem qualquer mistura de engano? As doutrinas fundamentais não foram entregues a vocês, ambas da justificação livre, completa e momentânea, assim como a da santificação, tanto gradual, quanto instantânea? Cada ramificação, tanto da santidade interior quanto exterior não foi claramente esclarecida, e honestamente aplicada; e isto pelos pregadores de todos os tipos, jovens e idosos; cultos e incultos? Não seria bom, se alguns de vocês não desprezassem as ajudas que Deus lhes preparou? Talvez, vocês possam ouvir ninguém, a não ser os clérigos; ou, pelo menos, ninguém, a não ser os homens cultos. Vocês, então, não deixarão Deus escolher os próprios mensageiros Dele? De enviar, através daqueles que Ele irá enviar? Seria bom, se esta sabedoria má não fosse a causa de vocês terem produzido uvas bravas!
6. Mas não foi uma outra causa delas, vocês desprezarem aquela excelente ajuda, a união com a sociedade cristã? Vocês não leram, 'Como alguém pode se aquecer sozinho?', e, 'A aflição está junto àquele que está sozinho, quando ele cai?'. Mas vocês têm suficientes companheiros. Talvez, mais do que suficiente; mais do que necessários para sua alma. Mas vocês têm suficiente daqueles que são sedentos de Deus, e que trabalham para fazer com que vocês também sejam? Vocês têm companheiros suficientes para vigiarem as suas almas, como aqueles que devem dar um relato; e que livremente e fielmente advertem vocês, se vocês dão um passo em falo, ou estão em perigo de assim procederem? Eu temo que vocês tenham poucos desses companheiros, ou antes, vocês teriam produzido bons frutos!
7. Se vocês são membros da sociedade, vocês fazem uso completo de seus privilégios? Vocês nunca deixaram de encontrar sua classe; e isto, não como mera formalidade, mas esperando que, quando vocês se encontrassem, em seu nome, seu Senhor estivesse no meio de vocês? Vocês estão verdadeiramente agradecidos pela maravilhosa liberdade de consciência que é conferida a vocês e seus irmãos; tal que nunca foi desfrutada antes por pessoas nas suas circunstâncias? Vocês estão agradecidos ao Doador de cada bom dom, pela expansão geral da religião verdadeira? Certamente, vocês nunca louvarão a Deus o suficiente, por todas essas bênçãos, tão plenamente derramadas sobre vocês, até que vocês O louvem com anjos e arcanjos, e todas as companhias dos céus!
[Editado por Tim Whetstone, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]
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