25 Colocando os Alicerces de New Chapel (John Wesley)

SERMOES DE WESLEY PDF



Próxima à City-Road, Londres - Pregado no Domingo, 21 de Abril de 1777


'Em conformidade com este tempo, pode-se dizer, -- Que coisas Deus tem feito!'.  (Números 23:23)


1. Nós não precisamos agora inquirir em que sentido isto foi aplicado aos filhos de Israel. Pode ser de maior utilidade considerar em que sentido as palavras são aplicáveis a nós mesmos; -- até onde as pessoas da Inglaterra têm motivo para dizer: 'De acordo com este tempo, o que Deus tem feito!'.

 

2. Um grande homem, de fato, quem, eu confio, está em um mundo melhor, Dr. Gibson, o último Bispo de Londres, em uma das suas Exortações ao seu clero, claramente nega que Deus tem feito alguma 'obra extraordinária', em nossa nação; -- mais do que isto, afirma que, imaginar alguma coisa assim, não passa de um inequívoco entusiasmo. Seria assim, se a suposição do senhor Lorde fosse verdadeira, -- se Deus não tem operado alguma obra extraordinária; mas, se ele realmente tem, então, nós podemos crer e afirmar isto, sem incorrer a alguma tal imputação. 


3. Um homem ainda mais brilhante de uma nação vizinha, uma luz incandescente e brilhante, igualmente eminente na devoção e cultura, confirmou parcialmente a suposição do Bispo; uma vez que, Bengelius, sendo questionado, porque ele situou o grande avivamento da religião, tão tarde, como no ano de 1836, respondeu: 'Eu reconheço todas as profecias que me inclinariam a situá-lo um século mais cedo; mas uma dificuldade intransponível se coloca no caminho: eu com posso reconciliar isto com os fatos; já que eu não conheço qualquer obra notável de Deus, que tivesse sido forjada sobre a terra, desde os anos de 1730 e 1740'. Isto é verdadeiramente surpreendente. 


É estranho que um homem consciente pudesse conhecer tão pouco do que é feito, a uma distância tão pequena. Como um grande homem pode estar ignorante do que foi realizado não muito além da Inglaterra? – especialmente, considerando os relatos, então, publicados na Alemanha, alguns dos quais eram toleravelmente imparciais; mais do que isto, considerando o relato particular que eu tenho enviado, bem antes do ano de 1742, a alguém bem conhecido, em todo o império, Pastor (mais tarde Superintendente) Steinmetz.


4. Mas existe, de fato, alguma obra extraordinária de Deus, forjada na Inglaterra, durante este século? Esta é uma questão importante. E é, certamente, merecedora de sérias considerações; e capaz de ser respondida, para a satisfação completa de todo inquiridor justo. Ele pode facilmente ficar informado de que obra se trata, e de que maneira ela tem sido feita. 


É verdade que eu sou, em alguns aspectos, a pessoa imprópria para dar esta informação; já que ela irá me obrigar a falar freqüentemente de mim mesmo, o que pode ter uma aparência de ostentação: Mas, com respeito a isto, eu apenas posso me colocar sob a imparcialidade de meus ouvintes, estando persuadido de que eles irão colocar a mais favorável construção, sobre o que não é assunto de escolha, mas de necessidade. Porque não existe outra pessoa, se eu me declinar da tarefa, que possa suprir meu lugar, -- alguém que tenha um conhecimento perfeito da obra em questão, desde o começo dela, até este dia. Nós podemos considerar:


I. O surgimento e o progresso desta obra;

II. A natureza dela. 


I


1. Quanto ao surgimento dela. No ano de 1725, um jovem estudante de Oxford, ficou muito sensibilizado pela leitura de 'Padrão Cristão', de Kempis, e 'Regras de Um Viver e Morrer Santo', do Bispo Taylor. Ele sentiu um forte desejo de viver de acordo com essas regras, e fugir da ira vindoura. Ele buscou por alguns que pudessem ser seus companheiros no caminho, mas encontrou ninguém; de maneira que, durante alguns anos, ele foi constrangido a viajar sozinho, tendo nenhum homem, quer para guiá-lo ou ajudá-lo. Mas, no ano de 1729, ele encontrou alguém que tinha o mesmo desejo. Eles, então, se esforçaram para ajudar um ao outro; e, no final do ano, dois outros se juntaram a eles. Logo, concordaram em passar duas ou três horas juntos, e, dentro de um tempo, seis tardes, na semana; passando aquele tempo, lendo as Escrituras, e exortando um ao outro no amor e boas obras. 


2. A regularidade do comportamento deles fez com que um jovem cavalheiro da Universidade comentasse: 'Eu penso que temos conseguido um novo grupo de Metodistas' – aludindo ao grupo de Médicos, que começaram a florescer em Roma, por volta do tempo de Nero, e continuou por diversos anos. O nome era novo e estranho; e aderiu-se a eles, imediatamente; e desde aquele momento, ambos esses quatro cavalheiros, e todos que tinham algum contato religioso com eles, eram distinguidos pelo nome de Metodistas.


3. Nos quatro ou cinco anos seguintes, um e outro se somaram ao número, até que no ano de 1735, havia quatorze deles, constantemente se reunindo; Três desses eram Tutores em seus diversos Colégios; o restante, Bacharéis de Artes e Estudantes universitários. Eles todos eram, precisamente, de um só julgamento, assim como de uma só alma; todos tenazes da ordem, até o último grau, e obedientes, por causa da consciência, de toda regra da Igreja, e todo estatuto, tanto da Universidade, quanto de seus respectivos Colégios. Todos eram ortodoxos, em todos os pontos; acreditando firmemente, não apenas nos Três Credos, mas no que julgassem ser a doutrina da Igreja da Inglaterra, como inserido nos seus Artigos e Homilias. Quanto àquela prática da Igreja Apostólica (o que continuou até o tempo de Tertuliano, pelo menos, em muitas igrejas), de terem todas as coisas em comum; eles não tinham regra alguma, nem qualquer objetivo concernente a ela; e assim era, em efeito. E não poderia ser ao contrário; já que ninguém poderia querer alguma coisa que outro pudesse dispensar. Esta foi a infância da obra. Eles não tinham concepção de qualquer coisa que pudesse acontecer depois. Na verdade, eles 'não tinham preocupação com o amanhã', desejando apenas viver o hoje. 


4. Muitos imaginaram que aquela pequena sociedade fosse ser dispersa, e o Metodismo (assim chamado) chegaria ao fim, quando em Outubro de 1735, meu irmão, Sr. Ingham, e eu, fomos induzidos por uma estranha série de providências a irmos para a nova colônia na Geórgia. Nosso desejo era pregar para as nações indígenas daquela província; mas ficamos detidos, em Savannah e Frederica, pela insistência das pessoas que, não tendo Ministros, sinceramente requereram que não os deixássemos. Depois de um certo tempo, eu solicitei que o mais sério deles me encontrasse uma ou duas vezes na semana em minha casa. Aqui estavam as primeiras noções de uma sociedade Metodista; mas, não obstante isto, tanto meu irmão quanto eu estávamos, tão veementemente atados à Igreja como sempre, e à todo impedimento dela; de tal maneira que eu nunca admitiria um Dissidente na Ceia do Senhor, a menos que ele fosse re-batizado. Mais do que isto, quando o Ministro Luterano, de Saltzburgers, em Ebenezer, esteve em Savannah, desejei recebê-lo, e disse a ele, que eu não me atreveria a administrar-lhe a Ceia, porque eu o via como um não batizado; de maneira que eu julgava o batismo de um homem leigo, como válido: E tal eu considerei todos que não eram ordenados pela Igreja Anglicana.


5. Cheio desses sentimentos, deste zelo pela Igreja (do qual, eu dou glória a Deus, ele agora me livrou), eu retornei à Inglaterra, no início de Fevereiro de 1738. Eu estava agora apressado em me afastar de Oxford, e a sepultar a mim mesmo na minha amada obscuridade; mas eu fiquei detido em Londres, semana, após semana, pelos Fiduciários da colônia da Geórgia. Neste meio tempo, eu fui continuamente importunado a pregar, em uma ou outra igreja; e isto não apenas de manhã, tarde e noite, do domingo, mas durante a semana também. Como eu tinha vindo recentemente de uma região distante, multidões se aglomeravam; mas, por pouco tempo, em parte devido a essas multidões de difícil manejo, em parte por causa da doutrina antiquada, eu fui excluído de uma ou outra igreja, e, por fim expulso de todas!  Não me atrevi a ficar em silêncio, depois de um curto debate entre honra e consciência, eu não levei em consideração, e preguei em Moorfields. Aqui tinha milhares e mais milhares, abundantemente mais do que qualquer igreja pudesse conter, e inúmeros entre eles, que nunca foram a alguma igreja ou lugar de adoração pública, afinal. Mais e mais deles tiveram seus corações penetrados, e vieram até mim, em prantos, inquirindo com a extrema avidez, que eles pudessem ser salvos. Eu disse: 'Se todos vocês se encontrarem na quinta-feira à tarde, eu irei aconselhá-los, tanto quanto eu puder'.  Na primeira tarde, por volta de doze pessoas vieram; na próxima, trinta ou quarenta. Quando eles foram acrescendo, para por volta de cem, eu anotei seus nomes e lugar de moradia, pretendendo, tão freqüentemente quanto fosse conveniente, visitá-los em suas próprias casas. Assim, sem qualquer plano ou objetivo prévio, começou a sociedade Metodista na Inglaterra, -- um grupo de pessoas associadas para ajudarem umas às outras a operarem a sua própria salvação. 


6. Na primavera seguinte, fomos convidados para irmos a Bristol e Kingswood; onde, igualmente, as Sociedades rapidamente se formaram. No ano seguinte, fomos para Newcastle-upon-Tyne, e pregamos a todos os mineiros de carvão e barqueiros da redondeza. Em 1744, através de Cornwall, tão longe quanto Sennen, perto de Land's End; e, no compasso de dois ou três anos mais, para quase todas as partes da Inglaterra. Algum tempo depois, fomos solicitados a ir para a Irlanda; e, no processo do tempo, para todos os condados existentes nela. Por fim, fomos convidados a irmos para Musselburgh, Glasgow, e diversas outras partes da Escócia. Mas foi em Edinburgh, Glasgow, Dundee, Arbroath, e Aberdeen, que vimos os maiores frutos de nosso trabalho.


II


1. Tal foi o surgimento, e tal tem sido o progresso do Metodismo, desde o início, até o presente momento. Mas você irá naturalmente perguntar: 'O que é o Metodismo? O que esta nova palavra significa? Trata-se de uma nova religião?'. Está é uma suposição muito comum; mais do que isto, quase uma suposição universal; mas nada pode estar mais longe da verdade. É um equívoco, completamente. O Metodismo, assim chamado, é a religião antiga; a religião da Bíblia; a religião da Igreja primitiva; a religião da Igreja da Inglaterra. Esta religião antiga (como eu observei no 'Apelo Sincero a Todos os Homens de Razão e Religião'), é "nenhuma outra, do que o amar a Deus e a toda a humanidade; o amar a Deus, com todo seu coração, e alma, e força, já que Ele primeiro nos amou, -- como a fonte de todo o bem que temos recebido, e de tudo que esperamos desfrutar; é o amar cada alma que Deus criou, cada homem na terra, como a sua própria alma. Este amor é o grande remédio da vida; o remédio infalível para todos os males de um mundo enfermo; para todas as misérias e vícios dos homens. Onde quer que esteja, existe virtude e felicidade, indo de mão em mão; existe humildade de mente, gentileza, longanimidade, toda a imagem de Deus; e, ao mesmo tempo, uma 'paz que ultrapassa todo o entendimento', com 'alegria inexplicável e cheia de glória'. Esta religião do amor, da alegria, e da paz, tem sua lugar, no mais íntimo da alma; mas é manifestada por seus frutos, continuamente brotando, não apenas, em toda a inocência (uma vez que o amor não causa mal ao seu próximo), mas, igualmente, em toda espécie de beneficência, -- espalhando virtude e felicidade ao redor dela".


2. Esta é a religião da Bíblia, e ninguém que a lê pode negá-la com alguma atenção. É a religião que está continuamente inculcada nela, da qual se fala, através do Velho e Novo Testamento. Moisés e os Profetas, nosso abençoado Senhor e seus Apóstolos proclamam com uma só voz, 'Tu deves amar o Senhor teu Deus, com toda tua alma, e teu próximo, como a ti mesmo'.  A Bíblia declara: 'O amor é o cumprimento da lei'; 'a finalidade do mandamento', -- de todos os mandamentos que estão contidos nos oráculos de Deus. Os frutos interiores e exteriores deste amor são também largamente descritos pelos escritores inspirados; de modo que quem quer que admita que as Escrituras são a Palavra de Deus, deve admitir que esta seja a religião verdadeira. 


3. Esta é a religião da Igreja primitiva, de toda a Igreja em suas épocas mais puras. Isto é claramente expresso, mesmo nos poucos remanescentes de Clemens Romanus; Inácio e Policárpio; ela é mais vista nos escritos de Tertuliano, Origen, Clemens Alexandrinus, e Cipriano; e, até mesmo no quarto século, foram encontradas as obras de Chrysostom [Doutor da Igreja, nascido na Antioquia], Basil [o Grande, Bispo de Casarea, um dos mais distintos doutores da Igreja], Ephrem Syrus, e Macarius. Seria fácil produzir 'uma nuvem de testemunhos', testificando a mesma coisa; não fosse esse um ponto onde ninguém que tenha a menor familiaridade com a Antiguidade Cristã irá contestar. 


4. E esta é a religião da Igreja da Inglaterra; como aparece em todos os seus registros autênticos; do teor uniforme de sua Liturgia, e de inúmeras passagens em suas Homilias. A bíblica, primitiva religião do amor, e que está agora sendo reavivada, através dos três reinos, é encontrada em seu Serviço Matutino e Vespertino; e em suas Orações diárias, assim como ocasionais; e todo o seu teor é belamente resumido naquela petição compreensível: 'Limpa os pensamentos de nossos corações, através do Espírito Santo, para que possamos amar a Ti perfeitamente, e sermos merecedores de glorificarmos o Teu santo nome'. 


5. Permita-me dar um relato um pouco mais completo, do progresso e natureza desta religião, através de um excerto do tratado que foi publicado muitos anos atrás: -- [Apelo ao Pai, Parte III].


    "Justamente no momento em que faltava pouco, para preenchermos a medida de nossas iniqüidades, dois ou três clérigos da Igreja da Inglaterra começaram a chamar os pecadores ao arrependimento. Muitos milhares se aglomeraram para ouvi-los; e em todo canto que eles iam, muitos mostravam tal preocupação pela religião, como nunca tinham feito antes. Muitos, em pouco tempo, estavam profundamente convencidos de um número de atrocidades dos seus pecados; de seus temperamentos pecaminosos; de sua inabilidade em ajudar a si mesmos, e da insignificância de sua religião exterior. E deste arrependimento, brotou frutos resultantes do arrependimento; a forma total de suas vidas foi mudada". 


"Eles pararam de fazer o mal, e aprenderam a fazer o bem! Nem isto foi tudo; mas, além desta religião interior; o amor de Deus espalhou-se por todo os seus corações, o que eles desfrutam até hoje. Eles 'amam a Ele, porque Ele primeiro os amou'; e este amor os constringe a amar toda a humanidade, e os inspira com todo temperamento santo e divino; com a mente que estava em Cristo. Do que se conclui que eles são agora uniformes, em seu comportamento; impecáveis, em toda sua maneira de conversação; e qualquer que seja a condição em que eles se encontrem, estão satisfeitos. Assim, eles calmamente viajam, através da vida, nunca lamentando, ou murmurando, ou estado insatisfeitos, até a que a hora chegue, e eles deixem sua cobertura de barro, e retornem para o Pai dos espíritos".

 

6. Este avivamento da religião tem se espalhado de tal maneira, que nem nós, ou nossos antepassados poderíamos supor. Quão amplamente ela tem se estendido! Dificilmente existe uma cidade considerável no reino, onde alguns não têm sido testemunhas dela. Ela tem se espalhado para todas as idades e sexo; para os mais velhos e graus de homens; e mesmo para abundância de pessoas que, no passado, eram consideradas monstros da iniqüidade. 


Considere a velocidade, assim como a extensão dela. Em que época houve tal número de pecadores sendo recuperados do erro de seus caminhos, em tão curto espaço de tempo? Quando a religião verdadeira, eu não direi desde a Reforma, mas desde o tempo de Constantino, o Grande, fez tão largo progresso, em alguma nação, em tão pequeno espaço de tempo? Eu acredito que dificilmente a história moderna ou antiga pode fornecer um exemplo paralelo.    


7. "Nós podemos igualmente observar a profundidade da obra, tão extensamente e rapidamente realizada. Multidões são totalmente convencidas do pecado; e, em pouco tempo, tão preenchidas com a alegria e o amor; e isto, quer estejam conscientes ou não; e no poder de seu amor, elas têm pisoteado o que quer que o mundo considere terrível ou desejável, tendo evidenciado nos experimentos mais severos, uma invariável e terna boa-vontade para com toda a humanidade, e todos os frutos da santidade. Agora, tão profundo arrependimento, tão forte fé, tão fervente amor, e tão imaculada santidade, forjada em tantas pessoas, em tão curto espaço de tempo, o mundo nunca viu, durante muitos anos". 


8. "Não menos notável é a pureza da religião que tem se estendido tão profunda e rapidamente: eu falo, especificamente, para as doutrinas mantidas por aqueles que são objetos dela. Aqueles da Igreja da Inglaterra, ao menos, devem reconhecer isto; porque onde existe um grupo de pessoas, um por um, tão intimamente devoto às doutrinas da Igreja?".

   

"Nem a religião deles está mais pura da heresia do que da superstição. Nos tempos antigos, onde quer que alguma preocupação religiosa incomum apareça, surgia com ela um zelo por coisas que não faziam parte da religião. Mas não tem sido assim, no caso presente; nenhum estresse tem sido colocado sobre coisa alguma; como se fosse necessário para a salvação, mas o que está plenamente contido na Palavra de Deus. E das coisas contidas nela, o estresse se coloca no que tem estado em proporção à proximidade com sua relação ao que está colocado abaixo, como a somatória de tudo. -- o amor a Deus e a nosso próximo. De modo que pura, da superstição e do erro, é a religião que tem se espalhado ultimamente nesta nação".

 

9. "É igualmente racional. Ela está tão pura do entusiasmo quanto da superstição. É verdade que o contrário tem sido afirmado continuamente; mas afirmar é uma coisa, provar é outra. Quem irá provar que é entusiasmo amar a Deus; sim, amar a Deus com todo nosso coração? Quem é capaz de executar bem esta responsabilidade, contra o amor de toda a humanidade? (eu não deixo de tocar exatamente nos pontos principais). Mas, se você não pode fazer o bem, reconheça que esta religião é sensata, valorosa, racional, divina".


10. "Ela é também pura da idolatria. Esses que a abraçam não são idólatras nas opiniões. Eles defenderiam as opiniões corretas; mas são peculiarmente cuidadosos de não colocar o peso do Cristianismo lá. Eles não têm tal afeto excessivo por quaisquer opiniões, como pensarem que essas apenas os tornarão cristãos; ou confinarem suas afeições, ou estimas, a esses que concordam com eles nisto. Nem são idólatras a qualquer ramo específico, mesmo da religião prática; eles não estão presos a um ponto mais do que ao outro; eles almejam a obediência uniforme e universal. Eles não contendem com coisa alguma, como se ela fosse essencial para a religião; mas por todas as coisas em sua própria ordem".


11. "Eles temem aquele zelo amargo; aquele espírito de perseguição, que tem tão freqüentemente acompanhado o espírito da reforma. Eles não aprovam o uso de qualquer tipo de violência, sobre qualquer pretexto, em assuntos religiosos. Eles não admitem método de persuadir alguém ao conhecimento da verdade, exceto os métodos da razão e persuasão; e a prática deles é consistente com sua profissão. Eles, de fato, não impedem seus dependentes de adorarem a Deus, em todo aspecto, de acordo com a própria consciência".


Mas, se essas coisas são assim, nós podemos bem declarar, 'O que Deus tem feito!'. Porque tal obra, se nós formos considerar sua extensão, a velocidade com que ela se espalha, a profundidade da religião, tão prontamente difundida, e sua pureza de todas as misturas corruptas, devemos reconhecer que não podemos facilmente fazer um paralelo, com todas as circunstâncias correntes, através de alguma coisa encontrada nos anais ingleses, desde que o Cristianismo foi, pela primeira vez, plantado nesta ilha. 


12. Pode ser de um esclarecimento considerável mencionar uma circunstância mais, aplicável ao atual avivamento da religião, que, eu compreendo, é completamente peculiar a ela. Eu não me lembro de, alguma vez, ter visto, ouvido ou lido alguma coisa similar. Eu não posso negar que tem existido considerável reflorescimento religioso na Inglaterra, desde a Reforma. Mas a generalidade da nação inglesa teve pequeno proveito por meio disto; porque eles que eram os objetos desses avivamentos, pregadores, assim como as pessoas, logo se separaram da Igreja Anglicana, e constituíram uma seita distinta. Assim fizeram os Presbiterianos, primeiro; mais tarde, os Independentes, os Anabatistas [Seita protestante dissidente que, na época da Reforma (séc. XVI), impunha a repetição do batismo a quem o recebera antes do uso da razão. Sustentava que a Igreja era composta só dos santos (realmente convertidos) e insistia na completa separação entre a Igreja e o Estado] os Quacres [Seita protestante, fundada no século XVII por Jorge Fox (1624-1691). Professada, sobretudo, nos Estados Unidos e na Inglaterra. Os quacres crêem na direção do Espírito Santo, não admitem sacramentos, não prestam juramentos, nem mesmo perante a Justiça, não pegam em armas, nem admitem hierarquia eclesiástica]: E, depois de fazer isto, eles raramente fizeram algum bem, exceto ao seu pequeno grupo. Já que eles escolheram separarem-se da Igreja, então, as pessoas permaneceram nela, separadas deles, e geralmente desenvolveram preconceito contra eles. Mas esses foram em um número imensamente maior; de modo que, devida a essa separação infeliz, a esperança de uma reforma nacional geral foi totalmente descartada.


13. Mas não é assim, no presente avivamento da religião. Os Metodistas (assim chamados) conhecem seu chamado. Eles avaliaram o assunto, primeiro, e de uma deliberação madura, determinaram continuar na Igreja. Desde este tempo, eles não necessitaram de tentações de todos os tipos, para alterarem a resolução que tomaram. Eles ouviram fartamente sobre o assunto, talvez, tudo que pudesse ser dito: Eles leram os escritos dos mais eminentes defensores da separação, ambos do recente e do presente século: Eles passaram diversos dias na Conferência Geral sobre essa mesma questão: 'É expediente (supondo, não outorgado, o que é terrível) separarem-se da Igreja Estabelecida?'.  Mas, ainda assim, eles não viram suficiente razão para se separarem de sua primeira resolução. De modo que o propósito fixo deles é, que o clero ou leigos usem bem ou mal, pela graça de Deus, suportar todas as coisas, manter o mesmo curso, e continuar na Igreja, desagrade a homens ou demônios, a menos que Deus permita que eles sejam colocados para fora.


14. Aproximadamente vinte anos atrás, imediatamente depois da consulta solene deles sobre o assunto, um clérigo que tinha ouvido toda a Conferência, disse, com grande sinceridade, 'Em nome de Deus, não permitam que coisa alguma os faça desistirem desta resolução. Deus está com vocês, de uma só verdade; e assim, Ele estará, enquanto vocês continuarem na Igreja: Mas, quando quer que os Metodistas deixem a Igreja, Deus irá deixá-los'. Senhor, que homem! Poucos meses depois, o próprio Sr. Ingham deixou a Igreja, e colocou todas as sociedades, sob seus cuidados, dentro das congregações Independentes. E qual foi a conseqüência? A mesma que ele tinha previsto! – Eles rapidamente esvaziaram-se dentro do nada!


Alguns anos depois, uma pessoa de honra me disse: 'Esta é uma glória peculiar dos Metodistas: Seja qual for a conveniência, sob qualquer circunstância ou pretensão que seja, eles não irão formar uma seita ou facção distinta. Que ninguém os roube desta glória'. Eu confio que ninguém irá, por quanto tempo eu viver. Mas quem deu este conselho, esqueceu-se inteiramente dele, muito pouco tempo depois, e, desde então, tem se esforçado para formar congregações independentes. 


15.  Isto tem feito com que muitos perguntem: 'Por que você diz que os Metodistas formam nenhuma facção distinta; -- que eles não deixam a Igreja [Anglicana]?Não existem milhares de Metodistas que têm, de fato, deixado a Igreja; que nunca atenderam ao Serviço dela; nem recebem a Ceia do Senhor lá; mais do que isto, que falam contra a Igreja, até mesmo, com amargura, quer em público ou privado; sim, que apontam e freqüentam encontros para o serviço divino na mesma hora?Como, então, você pode afirmar que os Metodistas não deixam a Igreja?'. 


Eu fico feliz com tão pública oportunidade de explicar isto; o que se fará necessário voltar alguns anos atrás. Os Metodistas de Oxford formavam um só corpo, e, por assim dizer, uma só alma; zelosos pela religião da Bíblia, pela igreja primitiva, e, em conseqüência, pela Igreja da Inglaterra; uma vez que acreditavam que ela chegava bem perto do plano primitivo e bíblico do que qualquer outra Igreja nacional sobre a terra. 


Quando meu irmão e eu retornamos da Geórgia, nós tínhamos esse mesmo sentimento. E, naquela época, nós e nossos amigos éramos as únicas pessoas aos quais aquele nome inocente era atribuído. Assim tão longe, portanto, todos os Metodistas, foram firmes para com a Igreja da Inglaterra. 


16. Mas um bom homem que se reunia conosco, quando estávamos em Oxford, enquanto esteve longe de nós, conversou com Dissidentes, e contraiu fortes preconceitos contra a Igreja: Eu falo do Sr. Whitefield [George Whitefield]: E não muito tempo depois, ele se separou totalmente de nós. Em alguns anos, William Cudworth e diversos outros se separaram dele, e se tornaram Independentes; como o Sr. Maxfield e poucos mais, depois de se separarem de nós. Mais recentemente, uma escola foi estabelecida perto de Trevecka, em Gales; e quase todos que foram educados lá (exceto aqueles que foram ordenados, e alguns deles também), já que repudiavam toda a conexão com os Metodistas, então repudiaram a Igreja também: Mais do que isto, eles falavam dela, em todas as ocasiões, referindo-se com admirável amargura e desprezo.


Agora, que toda pessoa imparcial julgue se nós somos responsáveis por qualquer um desses. Nenhum desses têm qualquer forma de conexão com os Metodistas originais. Eles são ramos quebrados da árvore: Se eles romperam com a Igreja também, nós não somos responsáveis por isto. Esses, portanto, não podem tornar nossa glória vazia, já que nós não formamos, e nem formaremos uma seita separada, mas, por princípio, permaneceremos, o que temos feito sempre, como verdadeiros membros da Igreja da Inglaterra.


17. Irmãos, eu presumo que a maior parte de vocês também seja membro da Igreja da Inglaterra. Assim, pelo menos, são chamados; mas vocês não serão, de fato, a menos que vocês sejam testemunhas da religião acima descrita. E não é verdadeiramente assim? Não julguem uns aos outros; mas que cada homem olhe dentro do seu próprio peito. Como se situa este assunto em seu próprio coração? Examine suas consciências diante de Deus. Vocês são parceiros felizes desta religião verdadeiramente bíblica, e primitiva? Vocês são testemunhas da religião do amor? Vocês amam a Deus e a toda humanidade? O coração de vocês brilha em gratidão ao Doador de todo dom perfeito e bom; o Pai do espírito de toda carne, que deu a vocês, vida, e fôlego, e todas as coisas; que deu a vocês seu Filho; seu único Filho, para que vocês 'não pereçam, mas tenham a vida eterna?'. A alma de cada um de vocês está aquecida com a benevolência, para com toda humanidade? Vocês almejam que todos os homens sejam virtuosos e felizes? Todo o teor de suas vidas e conversas testemunham isto? Vocês 'não amam, não na palavra' apenas, 'mas na ação e verdade?'. Vocês perseveram na 'obra da fé e na obra do Amor?'. Vocês 'caminham no amor, assim como Cristo também os amou, e deu a Si mesmo por vocês?'. Quando vocês têm oportunidade, vocês 'fazem o bem a todos os homens'; e em um grau tão alto quanto sejam capazes? Quem quer que assim 'faça a vontade de meu Pai que está nos céus, o mesmo é meu irmão, e irmã, e mãe'. Quem quer que vocês sejam, cujos corações está nisto, como meu coração, dêem-me sua mão! Venham, e vamos glorificar o Senhor, juntos; e trabalhar para promover reino Dele sobre a terra! Vamos reunir corações e mentes nesta obra abençoada, esforçando-nos para trazer a glória para Deus nas alturas, estabelecendo a paz e boa-vontade entre os homens, com todo o nosso poder! Primeiro, que nossos corações estejam juntos nisto; que nós unamos nossos desejos e orações; que toda nossa alma almeje um avivamento geral da religião pura e imaculada, a restauração da imagem de Deus, amor puro, em cada filho do homem! Então, vamos nos esforçar para promover, em nossas diversas situações, esta religião bíblica, primitiva; vamos, com toda diligência, difundir a religião do amor, em meio a todos com os quais tivermos intercurso; vamos incentivar todos os homens, não para criarem inimizade, ou contenda, mas para o amor e as boas obras; sempre lembrando dessas profundas palavras (Que Deus as grave em nossos corações!) 'Deus é amor; e aquele que habita no amor habita em Deus, e Deus nele!'. 


[Editado por Jay Tegethoff, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções por George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]


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