"Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai; e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso". (II Cor. 6:17-18).
1. Quão excessivamente poucos, no mundo religioso, têm considerado devidamente essas palavras solenes! Nós as temos lido, várias vezes, mas nunca elas foram colocadas em nosso coração; ou o que contêm foi observado, como um claro e expresso mandamento, como qualquer outro em toda a Bíblia. E é para se temer que existam poucos que entenderam o significado genuíno dessa direção. Inúmeras pessoas na Inglaterra as têm interpretado como um mandamento que saiu da Igreja Estabelecida.
E dessa mesma maneira, elas têm sido entendidas, por milhares, nos reinos circunvizinhos. Abundância de sermões têm sido pregados, e livros, escritos, sobre essa suposição. E de fato, muitos homens devotos têm fundamentado a separação deles da Igreja, principalmente nesse texto: 'O próprio Deus', dizem eles, 'nos ordenou: Saiam do meio deles, e estejam separados'. E é somente nessa condição, que Ele irá nos receber, e nós deveremos ser 'os filhos e filhas do Todo-Poderoso'.
2. Mas esta interpretação é totalmente estranha ao objetivo do Apóstolo, que não está aqui falando dessa ou daquela igreja, mas sobre um outro assunto completamente diferente. Nem o próprio apóstolo, ou qualquer um de seus irmãos esboçou tal inferência dessas palavras. Tivessem eles feito isto, teria sido uma clara contradição, tanto do exemplo, quanto do preceito de seu Mestre. Já que, embora a igreja judaica estivesse, então, cheia de imundícia e coisas profanas, tanto interiormente quanto exteriormente, como qualquer outra igreja cristã hoje sobre a terra, ainda assim, o Senhor atendia constantemente ao serviço dela.
E ele dirigia seus seguidores nisso, como em todos os outros aspectos, para que seguissem nos seus passos. Isto está claramente implícito naquela passagem notável: 'Os escribas e fariseus sentaram-se no trono de Moisés: Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com suas obras, porque dizem e não praticam'. (Mat. 23:2-3).
Mesmo que eles próprios dissessem e não o fizessem; mesmo que suas vidas contradissessem suas doutrinas; embora eles fossem homens impuros, ainda assim, aqui, o Senhor não apenas permite, mas requer que seus discípulos os ouçam. Já que ele solicita a eles que 'observem, e façam o que eles dizem'. Mas isto não poderia ser, se eles não os escutassem. Concordantemente, os apóstolos, por quanto tempo estiveram em Jerusalém, atenderam ao serviço público. Por conseguinte, é certo que essas palavras não fazem referência à separação da Igreja Estabelecida.
3. Nem elas fazem alguma referência à direção dada pelo Apóstolo, em sua primeira Epístola aos Coríntios. Toda a passagem transcorre assim: (I Cor. 5:9-11) 'Já por carta vos tenho escrito que não vos associeis com os que se prostituem. Isto não quer dizer absolutamente, com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras, porque, então, vos seria necessário sair do mundo. Mas, agora, escrevi que não vos associeis com aqueles que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal, nem ainda comais''. Quão importante precaução é esta! Mas quão pouco, ela é observada, mesmo por aqueles que são, em outros aspectos, cristãos conscientes! De fato, algumas partes dela não são fáceis de serem observadas, por uma razão simples, — elas não são fáceis de serem entendidas. Quero dizer, não são fáceis de serem entendidas por aqueles aos quais essas características pertencem. É muito difícil, por exemplo, sabermos, exceto, em alguns casos evidentes, a quem pertence o caráter de um usurário, ou de um avarento. Nós dificilmente podemos saber um do outro, sem parecermos, ao menos, 'corpos ocupados em assuntos alheios'. E ainda assim, a proibição é tão forte, com respeito à conversa com esses, quanto com os fornicadores e adúlteros. Nós podemos apenas agir na simplicidade de nossos corações, sem nos colocarmos como Juízes infalíveis (mesmo dispostos a sermos melhores informados), de acordo com a melhor luz que temos.
4. Mas, embora essa direção refira-se apenas aos nossos irmãos cristãos (tais, pelo menos, através de profissão exterior); que no texto, é de um alcance muito maior; ela inquestionavelmente refere-se a toda a humanidade. Ela claramente requer que mantenhamos distância, até onde for praticável, de todo homem descrente. De fato, parece que a palavra a que nós atribuímos como tal coisa impura, melhor seria atribuir à pessoa impura; provavelmente aludindo à lei cerimonial que proíbe tocar alguém que seja legalmente impuro.
Mas, mesmo aqui, fôssemos entender a expressão literalmente; fôssemos tomar as palavras, em seu sentido estrito, a mesma absurdidade se segue; nós devemos, como o Apóstolo fala, 'sair do mundo': Nós não seremos capazes de permanecer, naqueles chamados, os quais a providência de Deus tem determinado para nós. Não devêssemos nós conversar, afinal, com homens dessas características, seria impossível conduzir algum trabalho secular. De maneira que todo cristão consciente não tem mais nada a fazer do que fugir na direção do deserto. Não seria suficiente tornarmo-nos reclusos; enclausurarmo-nos, em monastérios ou conventos; uma vez que, mesmo nestes lugares, nós deveremos ter alguns intercursos com homens descrentes, com o objetivo de providenciar as coisas necessárias à vida.
5. As palavras, por conseguinte, devem necessariamente ser entendidas com restrição considerável. Elas não proíbem nossa conversa com qualquer homem, bom ou mau, no que se refere ao trabalho secular. Em milhares de ocasiões, nós deveremos conversar com eles, com o objetivo de negociações que não poderão ser feitas, sem eles. E algumas dessas podem requerer que tenhamos intercurso freqüente com bêbados, ou fornicadores. Sim. Algumas vezes, pode ser requisitado a nós passarmos um tempo considerável na companhia deles. Do contrário, não seremos capazes de cumprir as obrigações de nossos diversos chamados. Tais relacionamentos, entretanto, com homens, crentes ou não, não são, em absoluto, contrários ao conselho do Apóstolo.
6. O que, então, o Apóstolo proíbe? Primeiro, a conversa com homens descrentes, quando não há necessidade; nenhum chamado providencial; nenhum trabalho que requeira isto. Segundo, conversar com eles, tão freqüentemente, quanto os negócios solicitem. Terceiro, passar ao lado deles, o tempo necessário para concluir nosso trabalho. Quarto, acima de tudo, escolher pessoas descrentes, ingenuamente ou de boa vontade, para serem nossas companhias comuns, ou serem nossos amigos familiares. Se alguma instância desse tipo admitir uma desculpa menor do que as outras, será isto o que o Apóstolo expressamente proíbe, em qualquer lugar; o estar 'desigualmente emparelhado com o descrente', no casamento; com qualquer pessoa que não tenha o amor de Deus em seu coração; nem ao menos o temor de Deus diante de seus olhos.Eu não conheço coisa alguma que justifique isto; nem o raciocínio, capacidade intelectual ou beleza da pessoa; nem vantagens temporais; nem temor da privação; não, nem mesmo a mando dos pais. Já que, se algum pai ordena o que é contrário à Palavra de Deus, o filho deverá obedecer a Deus, preferivelmente ao homem.
7. O fundamento dessa proibição está colocado nos versos precedentes: 'Que companheirismo tem o justo com o não íntegro? Que comunhão tem luz com a escuridão? E que acordo tem Cristo com Belial? Ou que parte ele tem que crê com um descrente?' (tomando a palavra em seu sentido extenso, já que ele nem ama; nem teme a Deus). 'Vocês são o templo do Deus vivo': Como Deus tem dito, 'eu habitarei neles, e caminharei neles: E eu serei seu Deus, e eles serão meu povo'. E segue-se: 'Por esta razão, saiam do meio deles'; dos ímpios; dos filhos da escuridão; dos filhos de Belial; dos descrentes; 'estejam separados, e não toquem coisas impuras', ou pessoas impuras, 'e eu receberei vocês'.
8. Aqui está a somatória dessa proibição: não ter intercurso algum mais com os homens descrentes, do que o que seja absolutamente necessário. Não pode existir companheirismo proveitoso entre o justo e o injusto; como não deve haver comunhão entre a luz e a escuridão; – quer você entenda isto como escuridão natural ou espiritual. Assim como Cristo não pode ter acordo com Belial; então, um crente nele não pode ter acordo com um descrente. É absurdo imaginar que alguma união verdadeira ou acordo possa haver entre duas pessoas, enquanto uma delas permanece na escuridão, e a outra caminha na luz. Elas não são apenas duas pessoas separadas, mas de dois reinos separados. Elas agem de acordo com princípios completamente diferentes; elas objetivam finalidades completamente diferentes. Necessariamente se seguirá que, freqüentemente, se não sempre, elas caminharão em diferentes passos. Como poderão caminhar juntas, até que estejam de acordo? — até que ambas sirvam a Cristo ou a Belial?
9. E quais serão as conseqüências de não obedecermos a essa direção? Ou de não nos apartarmos de entre os homens descrentes? De não estarmos separados deles, mas contraindo ou tendo intercurso familiar contínuo com eles? É provável que, de imediato, não existam conseqüências danosas, aparentes e visíveis. Dificilmente deve-se esperar que elas nos conduzam a algum pecado exterior. Talvez, não se apresente oportunidade de negligenciarmos alguma obrigação exterior; primeiro, irão enfraquecer as fundações de nossa religião; sufocar, aos poucos, nosso zelo por Deus; gentilmente esfriar aquela efervescência do espírito, que atendeu ao nosso primeiro amor. Se elas abertamente não se opuserem a alguma coisa que digamos ou façamos, ainda assim, sua própria natureza irá, através de graus imperceptíveis, afetar nosso espírito; e fazer penetrar nele a mesma mornidão e indiferença em direção a Deus e às coisas de Deus. Elas irão enfraquecer todas as fontes de nossa alma; destruir o vigor de nosso espírito; e irá retardar, mais e mais, nossa paz, em seguirmos o caminho que se coloca diante de nós.
10. Através desses mesmos graus, todos os intercursos desnecessários com homens descrentes irão enfraquecer nossa evidência e convicção das coisas divinas invisíveis; irão ofuscar os olhos da alma, por meio dos quais nós vemos a Ele que é invisível, e enfraquecer nossa confiança nele; gradualmente irão diminuir o nosso 'provar os poderes do mundo que há de vir'; e enfraquecer aquela esperança que se colocou diante de nós 'de nos sentarmos nos lugares celestiais com Jesus Cristo'. Imperceptivelmente irá esfriar a chama do amor que nos capacita dizer, 'A quem eu tenho nos céus, se não a ti? Não existe sobre a terra alguém que eu deseje além de ti'. Assim, eles atingem a raiz de toda religião vital; de nosso companheirismo com o Pai e com o Filho.
11. Nessas mesmas proporções, e da mesma maneira secreta e imperceptível, eles irão nos preparar para 'retornarmos nossos passos para a terra'. Eles nos conduzirão delicadamente a recairmos no amor do mundo, do qual escapamos limpos; a cair gentilmente no desejo da carne; buscando felicidade nos prazeres do sentido — o desejo dos olhos; buscando felicidade no prazer da imaginação; e o orgulho da vida; buscando-o na pompa, nas riquezas, ou na exaltação do homem. Tudo isto pode ser feito, através da assistência do espírito que 'seduziu Eva, por meio de sua sutileza', antes que estejamos sensíveis de seu ataque, ou conscientes de alguma perda.
12. E não é apenas o amor do mundo, em todas as suas ramificações que necessariamente nos rouba, enquanto conversamos com homens de espírito mundano, além do que nossas obrigações requeiram, mas toda outra paixão e temperamento diabólico que a alma humana seja capaz; em particular, o orgulho, vaidade, mania de censurar, conjecturas maldosas, propensão à vingança: Enquanto isso, por outro lado, a inconstância, o divertimento gratuito e a devassidão nos espiam e aumentam continuamente. Nós sabemos que todos esses abundam nos homens que conhecem a Deus. E não pode ser de outro modo, do que eles se insinuarem a todos que freqüentemente e livremente conversam com eles. Eles se insinuarão mais profundamente, para aqueles que não estão apreensivos com perigo algum, e mais do que tudo, se eles têm uma afeição pessoal, se eles têm mais amor do que as obrigações requeiram, para com esses que não amam a Deus, e com os quais têm relações familiares.
13. Disto, eu suponho que as pessoas com as quais vocês conversam sejam tais que nós usamos chamar pessoas de bem; tais que são estilosas, no termo jargão do dia, homens de posição meritória; -- uma das palavras mais tolas e insignificantes que sempre está em moda. Eu suponho que elas estejam livres de blasfemar, de jurar, de conspurcar; de profanarem o sábado e de se embriagarem; da lascívia, tanto de palavra ou ação; da desonestidade, mentira e calúnia: Em uma palavra, são inteiramente limpas de vício de toda espécie. Por outro lado, quem quer que tenha certamente temor a Deus deve, de qualquer maneira, manter-se distante delas. Mas eu temo que eu tenha uma suposição que dificilmente possa ser admitida. Eu temo que algumas pessoas com as quais vocês conversam, mais do que os negócios necessariamente requeiram, não merecem até mesmo o caráter de pessoas de bem, --elas não são merecedores de coisa alguma, a não ser vergonha e desprezo. Algumas delas não vivem no pecado escancarado? – praguejando e jurando; bêbados e imundos? Você não pode mais estar ignorante disto; uma vez que eles pouco cuidam de esconder isto. Agora, não é certo que todos os vícios é de uma natureza infecciosa? Quem poderá tocar o breu, e não ficar manchado? Desses, por conseguinte, vocês devem, indubitavelmente, fugirem, como da face de uma serpente. Do contrário, quão logo poderão 'essas comunicações diabólicas corromperem as boas maneiras!'.
14. Eu suponho, igualmente, que essas pessoas descrentes, com as quais vocês freqüentemente conversam, não têm desejo de comunicar o próprio espírito a vocês, ou os induzirem a seguir o exemplo deles. Mas isto também é uma suposição que dificilmente será admitida. Em muitos casos, o interesse deles é que vocês sejam seus parceiros, em seus pecados. Mas supondo que o interesse esteja fora de questão, todo homem naturalmente não deseja, mais ou menos, empenhar-se em converter seu familiar à sua própria opinião e partido? Assim como todo homem de bem deseja e esforçar-se para tornar os outros bons, como eles mesmos, de igual maneira, todo homem ímpio deseja e esforça-se para fazer seus companheiros tão maus quanto ele.
15. Mas, se eles não o fazem; se nós admitirmos esta quase impossível suposição, a de que eles não desejam ou usam de algum esforço para converter vocês ao próprio temperamento e prática deles, ainda assim, é perigoso conversar com eles. Eu falo não apenas dos homens abertamente corruptos, mas de todo aquele que não ama a Deus, ou, ao menos, o teme, e, sinceramente, 'busca o reino de Deus e sua retidão'. Admitindo-se que tais companhias não se esforcem para tornar vocês como eles; isto prova que vocês não estão em perigo? Veja aquele infeliz que está doente da peste! Ele não deseja; nem usa do menor esforço, para transmitir sua enfermidade a vocês. Ainda assim, vocês devem ter uma precaução – a de não os tocarem! A de não chegarem muito perto deles; ou vocês não poderão saber, quão logo poderão estar na mesma condição. Para traçar um paralelo: Embora possamos supor que o homem do mundo não deseje, não objetive, ou se esforce para transmitir sua enfermidade a vocês, não o toquem!. Não cheguem muito perto; uma vez que não são apenas as razões ou persuasões deles que podem afetar suas almas, mas seu próprio ar é infeccioso; particularmente para aqueles que não estão apreensivos quanto ao perigo.
16. Se conversarem livremente com homens apegados às coisas mundanas não tem qualquer outro efeito danoso sobre vocês; certamente torná-los-ão menos devotos, através de graus imperceptíveis; dando uma inclinação às suas mentes, que irá continuamente atrair suas almas para a terra; inclinando vocês, sem que estejam conscientes disso, a estarem novamente, em conformidade com esse mundo, com seu espírito, seus princípios, e suas conversas vãs, em vez de estarem totalmente transformados na renovação de suas mentes.
Vocês cairão novamente naquela leviandade e dissipação do espírito do qual vocês escaparam limpos anteriormente; naquela superfluidade de roupagem, e naquela conversa tola, fútil e improdutiva, que foi uma abominação para vocês, quando suas almas estavam vivas para Deus. E vocês diariamente declinar-se-ão daquela simplicidade, ambos do discurso e comportamento, por meio dos quais, vocês, uma vez, adornaram a doutrina de Deus nosso Salvador.
17. E se vocês estiverem de tal forma em conformidade com o mundo, dificilmente vocês irão parar por aqui. Vocês irão, para mais além, em um curto período de tempo. Tendo, uma vez mais, perdido o seu alicerce, e começado a declinarem, vocês não irão parar, até que cheguem ao fundo do poço; até que vocês mesmos caiam, em alguns desses pecados externos, que seus companheiros cometem, diante de seus olhos, ou de seus ouvidos. Por esse meio, o terror e o horror, que, no princípio, os golpearam, irão gradualmente enfraquecê-los, até que, por fim, vocês sejam persuadidos a seguirem o exemplo deles. Mas, supondo que eles não os conduzam ao pecado exterior, se eles infectarem o espírito de vocês com orgulho, ira, ou amor do mundo, já será suficiente: será suficiente, se não houver um profundo arrependimento, para conduzir suas almas para a perdição eterna; visto que (mesmo sem o pecado exterior) 'ter pensamentos mundanos já significa a morte'.
18. Mas, se é tão perigoso conversar familiarmente com homens que não conhecem a Deus, será ainda pior para esses homens conversarem com mulheres deste caráter; já que elas são mais geralmente insinuantes do que os homens, e têm maior poder de persuasão; particularmente, se são pessoas agradáveis, ou de conversas prazerosas. Vocês deverão ser mais do que homens, se puderem conversar com tais mulheres, sem sofrerem alguma perda. Se vocês não sentirem algum desejo tolo e pecaminoso (e quem poderá prometer que não o terá?); ainda assim, é muito difícil que vocês não sintam, mais ou menos, uma fraqueza imprópria, que irá torná-los menos dispostos e menos capazes de persistirem no hábito de negarem a si mesmo, e tomarem suas cruzes diariamente, naquilo que se constitui o caráter de um bom soldado de Jesus Cristo. E nós sabemos que não apenas fornicadores e adúlteros, mas até mesmo 'os delicados e efeminados'; os seguidores delicados de um Mestre abnegado, 'não terão parte no reino de Cristo e de Deus'.
19. Certamente, essas são as conseqüências que devem se seguir, embora que talvez, vagarosamente, a esta mistura dos filhos de Deus com os homens do mundo. E por esse motivo, mais do que por qualquer outro; sim, mais do que colocando todos os outros juntos, o povo chamado Metodista perdem igualmente suas forças, e se tornam semelhantes aos outros homens. É de fato, com bons propósitos, e com um real desejo de promover a glória de Deus, que muitos deles admitem conversas familiares com homens que não conhecem a Deus. Vocês têm esperança de acordá-los de seu sono, e de persuadi-los a buscarem as coisas que lhes tragam paz. Mas, se depois de um tempo adequado de tentativas, vocês não tiverem causado alguma impressão neles, será muito mais sábio entregá-los nas mãos de Deus; do contrário, vocês estarão mais sujeitos a receberem algum dano deles, do que a fazerem a eles algum bem. Porque se vocês não conseguirem erguer os olhos deles aos céus, eles certamente irão trazer os olhos de vocês de volta para a terra. Por conseguinte, recuem a tempo, 'saiam do meio deles, e estejam separados'.
20. Mas como isto poderá ser feito? Qual o método mais fácil e efetivo de nos separarmos dos homens pecaminosos? Talvez, alguns poucos conselhos possam tornar isto claro àqueles que desejam saber e fazer a vontade de Deus. Primeiro: Não convidem homens pecaminosos à casa de vocês, a menos por razões muito particulares. Vocês podem dizer, 'Mas a civilidade requer isto, e, com certeza, a religião não é inimiga da civilidade. Mais ainda, que o próprio Apóstolo nos direciona a sermos corteses, tanto quanto compadecidos'. Eu respondo que você pode ser civilizado; suficientemente civilizado, e, ainda assim, mantê-los a uma distância apropriada. Vocês podem ser corteses, em milhares de oportunidades, e mesmo assim, permanecerem afastados deles. E nunca foi desejo do Apóstolo recomendar qualquer tipo de cortesia, que necessariamente prove ser uma armadilha para a alma.
21. Segundo: Por motivo algum, vocês aceitem qualquer convite de uma pessoa pecaminosa. Nunca sejam persuadidos a pagar uma visita, a menos que vocês desejem que ela seja retribuída. Pode ser que uma pessoa desejosa da familiaridade de vocês repita a visita duas ou três vezes. Mas, se vocês refrearem firmemente o seu retorno, o visitante logo ficará cansado. Não é improvável; ele se verá desobrigado; e, talvez, logo mostre as marcas de ressentimento. Coloquem em conta, que vocês não deverão ficar surpresos, nem se sentirem desencorajados, quando alguma coisa desse tipo ocorrer. É melhor agradar a Deus, e desagradar a homens, do que agradar a homens e desagradar a Deus.
22. Terceiro: É provável que vocês estivessem familiarizados com homens do mundo, antes de vocês mesmo conhecerem a Deus. Qual a melhor coisa a ser feita com respeito a estes? Quão facilmente vocês poderão declinar da familiaridade deles? Primeiro, permitam um tempo suficiente para tentar, se vocês não podem, por algum argumento e persuasão, aplicados nos momentos em que seja mais apropriado, induzi-los a escolher a melhor parte. Não poupem dores! Externem toda sua fé e amor, e intercedam com Deus em favor deles. Se, afinal, vocês não puderem perceber que alguma impressão foi feita, vocês devem gentilmente se afastar, para que não sejam envolvidos por eles. Isto pode ser feito, em um curto período de tempo, facilmente e quietamente, não retornando suas visitas. Mas vocês devem esperar que eles os reprovem com arrogância ou indelicadeza, se na presença, ou não de vocês. E isto vocês podem sofrer, por uma boa consciência. É, propriamente, a reprovação de Cristo.
23. Quando agradou a Deus me dar uma determinação firme de ser, não um cristão trivial, mas um cristão real (estando, então, com vinte e dois anos de idade), meus conhecidos eram tão ignorantes de Deus, quanto eu mesmo. Mas havia esta diferença: eu sabia da minha própria ignorância; eles desconheciam a deles. Eu francamente me esforcei para ajudá-los, mas foi em vão. Nesse meio tempo, eu me certifiquei, através de uma experiência triste, que mesmo as suas conversas inofensivas, assim chamadas, refreavam todas as minhas boas resoluções. Mas como me libertar deles era a questão que eu decidia, em minha mente, várias vezes. Eu não via caminho algum possível; a menos que agradasse a Deus remover-me para outro Colégio. E ele assim o fez; de uma maneira completamente contrária a todas as probabilidades humanas: Eu fui eleito membro do Conselho da Universidade, onde eu não conhecia pessoa alguma. Eu pressupus que uma abundância de pessoas poderia vir me ver, tanto fora da amizade, quanto por civilidade ou curiosidade; e que eu teria ofertas de conhecidos novos e antigos: mas eu tinha fixado meu plano. Entrando agora, naquilo que era um mundo novo, eu resolvi não ter amigos, ao acaso, mas por escolha; e escolhendo apenas aqueles que eu tivesse razão para acreditar que iriam me ajudar, no meu caminho para o céu.
Em conseqüência disto, eu observei minuciosamente o temperamento e comportamento de todos que me visitavam. E não vi razão para pensar que a maior parte desses verdadeiramente amava e temia a Deus. Tais conhecidos, portanto, eu não escolhi: Eu não poderia esperar algum bem deles. Assim, quando algum deles vinha me ver, eu me comportava tão cortesmente quanto eu podia. Mas a pergunta, 'quando você virá me visitar?', retornava sem resposta. Eles até que retornaram algumas poucas vezes, mas, ao se certificarem de que eu ainda declinava de visitá-los, eu nunca mais os vi. E, graças a Deus, esta tem sido minha regra invariável, por, aproximadamente, sessenta anos. Eu sei que muitas reflexões se seguiram: Mas isto não me moveu; já que eu sei muito bem que foi meu chamado seguir 'através de bons e maus relatos'.
24. Eu sinceramente aconselho a todos vocês que resolveram ser, não quase cristãos, mas cristãos completos, a adotarem o mesmo plano, por mais contrário que ele seja à carne e ao sangue. Minuciosamente, observem quais desses que caem no caminho de vocês pensam como vocês mesmos: quem, entre eles, vocês têm razão para acreditar que teme a Deus e opera retidão. Vejam quais merecem sua familiaridade: Conversem com eles, alegremente e livremente, em todas as oportunidades. E todos aqueles que não responderem àquele caráter, gentilmente e quietamente, os afastem. Por mais afáveis e sensíveis que possam ser, eles não trarão a vocês proveito real. Mais ainda, mesmo que eles não os conduzam a algum pecado exterior, ainda assim, eles seriam uma obstrução contínua para suas almas, e impediriam vocês de correrem, com vigor e disposição, a corrida que se apresenta. E, se algum de seus amigos, que uma vez caminharam bem, 'voltar atrás, no mandamento santo confiado uma vez a ele', primeiro, usem de todo o método que a prudência sugere para trazê-lo novamente no bom caminho. Mas, se vocês não tiverem êxito, deixe-o ir, apenas, ainda, recomende-o a Deus em oração. Rompa qualquer intercurso familiar com ele, e salve as suas próprias almas.
25. Quarto lugar: Eu aconselho vocês a caminharem discretamente com respeito às suas relações. Com seus familiares, se religiosos ou não, vocês devem certamente conversar, se eles desejarem isto; e com seus irmãos e irmãs; mais especialmente, se eles querem os seus serviços. Eu desconheço que vocês estejam debaixo de tal obrigação, com relação aos parentes distantes. Cortesia, e afeição natural podem, de fato, requerer que vocês os visitem algumas vezes. E, quando vocês estiverem com eles, não fiquem mais tempo do que a decência requeira. Novamente: com quem quer que vocês estejam, em qualquer tempo, lembrem-se daquela solene precaução do Apóstolo: 'não permitam que alguma conversa corrupta saia de suas bocas, mas o que seja de bom uso para edificar, e que possa ministrar graça aos que ouvem'. Vocês não têm autoridade para mudar essa regra; do contrário, vocês 'estarão afligindo o Espírito Santo de Deus'. E, se vocês se mantiverem rigorosamente nisto, aqueles que não têm religião, logo irão dispensar a companhia de vocês.
26. É desta forma que aqueles que temem e amam a Deus devem 'se apartar' deles; de todos os intercursos desnecessários com eles. Sim. 'Não toquem', diz o Senhor, 'as coisas impuras', ou pessoas impuras, além do que a necessidade requeira; 'e eu irei receber vocês', na família e moradia de Deus. 'E eu serei, junto a vocês, um Pai'; abraçarei vocês com afeição paternal; 'e vocês serão, junto a mim, filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso'. A promessa é expressa a todos que renunciarem a companhia de homens descrentes; contanto que o espírito e conversa deles sejam, em outros aspectos, também adequados às suas obrigações. Aqui, Deus absolutamente se compromete a dar todas as bênçãos que ele tem preparado para seus filhos amados, ambos no tempo e na eternidade. Que todos esses, portanto, que têm algum cuidado, para com o favor e benção de Deus, primeiro, precavenham-se, em como contraírem alguma familiaridade, ou formarem alguma conexão, com homens descrentes, além do que os negócios necessários, ou algum outro chamado providencial requeiram: E, segundo, com toda a rapidez possível; tudo o que a natureza da coisa puder admitir, rompam com tal familiaridade já contraída, e todas as conexões já formadas. Não permitam que prazer algum resulte de tal familiaridade; nenhum ganho deverá ser encontrado ou esperado de tais conexões, sejam de qualquer consideração, quando colocado na balança contra uma ordem clara e positiva de Deus. Em tal caso 'arranquem o olho direito', -- rompam a mais prazerosa familiaridade, -- e 'afastem-na de vocês': Desistam de todo pensamento, e todo desejo de buscarem-na novamente. 'Cortem a mão direita', -- absolutamente renunciem à conexão mais proveitosa, -- 'e a afastem de vocês'. 'É melhor para vocês entrarem na vida, com um só olho', ou uma única mão, 'do que terem dois olhos, e serem lançados no fogo do inferno'.
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Editado por Tom A. Griffin, com correções de Ryan Danker e George Lyons, para a Wesley Center for Applied Theology at Northwest Nazarene University.
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