34 O Amor de Deus pelo Homem Caído (John Wesley)

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'Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos'. (Romanos 5:15)


1. Quão excessivamente comum, e quão cruel é o clamor contra nosso primeiro pai pelo dano que ele não apenas trouxe sobre si mesmo, mas impôs sobre suas últimas posteridades! Foi devida sua rebelião obstinada contra Deus que 'o pecado entrou no mundo'. 


'Pela desobediência de um homem', como observa o Apóstolo, muitos 'foram feitos', ou constituídos, 'pecadores': Desprovidos, não apenas do favor de Deus, mas também de sua imagem; de toda virtude, retidão, e santidade verdadeira; e sucumbiram, parcialmente, através da imagem do diabo, -- do orgulho, malícia, e todos os outros temperamentos demoníacos; parcialmente, da imagem do bruto, estando sob o domínio das paixões brutais e apetites humilhantes. Por meio disto, também, a morte entrou no mundo, com todos os seus precursores e atendentes, -- dor, doença, e toda uma série de dificuldade, assim como paixões e temperamentos pecaminosos. 


2. Assim sendo, tem ecoado, de geração em geração, que, 'por tudo isto, nós só temos a agradecer a Adão'. A mesma responsabilidade lhe sendo imputada, em todas as épocas, e em todas as nações, onde os oráculos de Deus são conhecidos; nas quais, tão somente este grande e importante evento tem sido descoberto pelos filhos dos homens. 


Será que seu coração, e provavelmente os seus lábios, também não se juntaram na responsabilidade geral? Quão poucos existem que acreditam na relação bíblica do homem caído, e que não têm nutrido o mesmo pensamento com respeito ao nosso primeiro pai, condenando severamente aquele que, através de desobediência obstinada ao único comando de seu Criador, trouxe para o mundo a morte e toda as nossas aflições!


3. Seria bom que a responsabilidade ficasse por aqui. Mas ela certamente não fica. Não se pode negar que ela freqüentemente lança-se de Adão, para seu Criador. Por acaso milhares desses que são chamados cristãos, não tiveram a liberdade de chamar a misericórdia de Deus, se não, Sua justiça também, para o questionamento desta mesma responsabilidade? 


De fato, alguns têm feito isto um pouco mais modestamente; de uma maneira oblíqua e indireta; mas outros têm arrancado a máscara e perguntado: 'Será Deus não previu que Adão abusaria de sua liberdade? Ele não sabia das conseqüências danosas que isto deveria ter naturalmente sobre toda sua posteridade?Por que, então, Ele permitiu esta desobediência? Não seria mais fácil ao Altíssimo tê-la impedido?' – Ele certamente previu o todo. Isto não pode ser negado. 


Porque 'conhecidas são para Deus todas as suas obras, desde o começo do mundo'; antes, desde toda a eternidade, como as palavras propriamente significam. E estava indubitavelmente em seu poder impedir isto; porque Ele tem todo o poder sobre os céus e a terra. Mas, ao mesmo tempo, ele sabia que seria melhor impedir. Ele sabia que 'a transgressão não é como o dom gratuito'; que o mal resultante do primeiro, não seria como o bem resultante do segundo, -- não seria merecedor de ser comparado a ele. 


Ele sabia que permitir a queda do primeiro homem seria muito melhor para a humanidade em geral; porque o bem seria abundantemente maior do que o mal que poderia advir para a posteridade de Adão, através de sua queda; que se o pecado abundasse'; ainda assim, a graça 'abundaria muito mais'; sim, e esta a cada indivíduo da raça humana, a menos que fosse de sua própria escolha. 


4. É muito estranho que dificilmente alguma coisa tenha sido escrita, ou pelo menos, publicada sobre este assunto; mais ainda, que ele tenha sido tão pouco avaliado ou entendido pela generalidade dos cristãos, especialmente considerando que não se trata de assunto de mera curiosidade, mas de uma verdade da mais profunda importância; sendo impossível, sobre qualquer outro princípio, afirmar a Providência graciosa, e justificar os caminhos de Deus para com os seres humanos; e considerando, com isto, quão clara é esta importante verdade para todos os inquiridores conscientes e sinceros. Possa o Amante dos homens abrir os olhos de nosso entendimento, para que possamos perceber claramente que, pela queda de Adão, a humanidade em geral, adquiriu a capacidade:



I. Em Primeiro Lugar, de ser mais santa e mais feliz sobre a terra;

II. Em Segundo Lugar, de ser mais feliz no céu, do que, de outro modo, ela poderia ter sido!


I


1. Em Primeiro Lugar, através da queda de Adão, a humanidade em geral adquiriu a capacidade de obter mais santidade e felicidade na terra, do que teria sido possível para eles, se Adão não tivesse caído. Porque se Adão não tivesse caído, Cristo não teria morrido. Nada pode ser mais claro do que isto; nada mais inegável: Quanto mais completamente nós consideramos o ponto, mais profundamente nos convencemos disto. A menos que todos os participantes da natureza humana tivessem recebido aquela ofensa mortal em Adão, não teria sido necessário para o Filho de Deus tomar nossa natureza sobre Ele. Você não vê que esta foi a mesma razão de sua vinda para o mundo? 'Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens; por isso, todos pecaram'. (Romanos 5:12). Não foi para remediar esta mesma coisa que 'A Palavra se fez carne', que 'como em Adão todos morreram, então, em Cristo, todos' deverão 'viver?'. Se 'pela desobediência de um, muitos se tornaram pecadores; então, pela obediência de um, muitos foram feitos justos' (Romanos 5:19). Assim, não haveria lugar para aquela maravilhosa manifestação do amor do Filho de Deus para com a humanidade: Não haveria oportunidade para sua 'obediência à morte; até mesmo, à morte na cruz'. Não poderia, então, ter sido dito, para o espanto de todos os anfitriões do céu, 'Deus amou o mundo', sim, o mundo pecaminoso, que não tinha pensamento ou desejo de retornar a Ele, 'que deu seu Filho'; Filho do seu seio; seu Unigênito, 'para que, quem quer que nele creia, não pereça, mas tenha a vida eterna'. Nem nós poderíamos, então, ter dito: 'Deus estava em Cristo, reconciliando o mundo para Si mesmo'; ou que ele 'o fez para ser pecado', ou seja, uma oferenda do pecado, 'por nós, quem não conheceu o pecado, para que nós pudéssemos ser feitos à retidão de Deus, através Dele'. Não teria havido tal oportunidade para 'um Advogado com o Pai', como 'Jesus Cristo, o reto'; nem para Ele se apresentar 'à direita de Deus, para interceder por nós'. 


2. Qual seria a conseqüência necessária disto? Seria esta: Não haveria tal coisa como a fé em Deus, amando o mundo, dando seu único Filho por nós, seres humanos, e para nossa salvação. Não haveria tal coisa como a fé no Filho de Deus; 'amando-nos, e dando a si mesmo por nós'. Não haveria fé no Espírito Santo, renovando a imagem de Deus em nossos corações; erguendo-nos da morte do pecado para a vida de retidão. Na verdade, o privilégio total da justificação, através da fé não teria existência; não poderia haver a redenção no sangue de Cristo; nem Cristo teria sido 'feito de Deus, junto a nós; assim como 'a sabedoria, retidão, santificação' ou 'redenção'. 


3. E o mesmo grande vazio que estava em nossa fé, deveria estar igualmente em nosso amor. Nós poderíamos ter amado o Autor de nossa existência, o Pai dos anjos e homens, como nosso Criador e Preservador. Nós poderíamos ter dito, 'Ó Senhor, nosso Governador, quão excelente é Teu nome em toda a terra! – Mas nós não poderíamos tê-lo amado, debaixo de uma relação mais próxima e mais querida, -- quanto à de nos ter entregue seu Filho por nós todos. 


Nós poderíamos ter amado o Filho de Deus, como sendo 'o esplendor da glória do Pai; a imagem expressa de sua pessoa'; (embora este alicerce pareça pertencer, antes, aos habitantes do céu do que aos da terra); mas nós não poderíamos tê-lo amado quando Ele 'carregou nossos pecados sobre seu corpo no madeiro', e 'por aquela oferenda de si mesmo, fez, de uma só vez, um sacrifício completo pelos pecados de todo o mundo'. Nós não poderíamos ter sido 'confortados por sua morte', nem 'conhecido o poder de sua ressurreição'.


Nós não poderíamos ter amado o Espírito Santo, por nos ter revelado ao Pai e ao Filho; por ter aberto os olhos de nosso entendimento; nos tirando da escuridão, para sua maravilhosa luz; renovando a imagem de Deus em nossas almas; e nos selando para o dia da redenção. De maneira que, na verdade, 'a religião pura e imaculada', que está agora 'aos olhos de Deus, até mesmo do Pai', e não do homem falível, não teria, então, existido; visto que ela depende totalmente desses grandes princípios – 'Pela graça vocês são salvos, através da fé', e, 'Jesus Cristo é de Deus, feito, junto a nós, sabedoria, retidão, santificação e redenção'. 


4. Nós constamos, então, a vantagem inexplicável que nós obtivemos da queda de nosso primeiro antepassado, com respeito à fé; -- Fé em Deus, o Pai, que não poupou seu próprio Filho, seu único Filho, mas 'o feriu por nossas transgressões', e 'afligiu por nossas iniqüidades': e, em Deus, o Filho, que despejou de sua alma por nós transgressores, e nos lavou em Seu sangue. Nós vemos a vantagem que deriva disto, com respeito ao amor de Deus – de Deus, o Pai, e de Deus, o Filho. O principal fundamento deste amor, por quanto tempo ele permanecer no corpo, é declarado claramente pelo Apóstolo: 'Nós O amamos, porque Ele primeiro nos amou'. Mas o maior exemplo de seu amor nunca teria sido dado, se Adão não tivesse caído. 


5. E mesmo nossa fé, em Deus, o Pai, e no Filho, não receberia um crescimento inexplicável, se não fosse por este grande evento; assim como, nosso amor pelo Pai e Filho; também o amor ao nosso próximo; nossa benevolência para com toda humanidade, que não poderia crescer na mesma proporção que nossa fé e amor a Deus. Porque quem não apreende a força daquela inferência traçada pelo Apóstolo amoroso: 'Amados, se Deus nos amou tanto assim, nós não devemos também amar uns aos outros?'. Se Deus, ASSIM, nos amou, -- observe o estresse do argumento colocado neste mesmo ponto: ASSIM, nos amou, de maneira a entregar seu único Filho para morrer uma morte abominável pela nossa salvação. Amados, que tipo de amor é este, com o qual Deus tem nos amado; de modo a dar seu único Filho, na glória igual com o Pai, em Majestade co-eterna? Que tipo de amor é este, em que o Unigênito Filho de Deus tem nos amado, de maneira a esvaziar-se, tanto quanto possível, de sua Divindade eterna; de modo a precipitar-se daquela glória que ele tinha com o Pai, antes que o mundo fosse criado; e tomar sobre si, a forma de um servo, e se transformar em homem; e, então, humilhar-se ainda mais, 'sendo obediente à morte, até mesmo, à morte na cruz!'. Se Deus, ASSIM, nos amou, quanto mais nós devemos amar uns aos outros! Mas este motivo para amar fraternalmente não existiria, se Adão não tivesse caído. Conseqüentemente, nós não poderíamos, então, ter amado uns aos outros, em tão alto grau, como nós podemos fazê-lo agora. Nem poderia ter existido aquela altura e profundidade no mandamento de nosso amado Senhor: 'Como eu os tenho amado; Assim, amem uns aos outros'. 


6. Através da queda de Adão, nós podemos ser tais beneficiários, no que concerne ao amor de Deus e ao nosso próximo. Mas existe um outro grande ponto, o qual, embora pouco advertido a respeito, merece nossa mais profunda consideração. Por este único ato de nosso primeiro pai, não apenas 'o pecado entrou no mundo', mas a dor também, e não foi semelhante à justiça, mas a inexprimível bondade de Deus. Porque quanto mais maravilhas Ele continuamente nos trouxe deste mal! Quanto mais santidade e felicidade dessa dor!


7. Quão inumeráveis são os benefícios que Deus transmite para os filhos dos homens, através do canal de sofrimentos! – de maneira que se poderia dizer: O que são denominadas aflições, na língua dos homens, na linguagem de Deus denominam-se bênçãos'. De fato, não houvesse sofrimento no mundo, uma considerável parte da religião; sim, em alguns aspectos, a parte mais excelente, não teria lugar nele; uma vez que mesmo a existência dela depende de nosso sofrimento; de modo que não houvesse sofrimento, ela não teria existido. Partindo desta fundamentação, até mesmo nosso sofrimento, sobre o qual toda nossa graça passível está construída; sim, a mais nobre de todas as graças cristãs, -- o amor suportando todas as coisas. Aqui está o alicerce para a resignação com Deus, nos capacitando a dizer de todo nosso coração, em todas as nossas horas de provação: 'É o Senhor: Que Ele faça o que lhe parece bom': 'Devemos receber o bem das mãos do Senhor, e não devemos receber o mal!'. E que gloriosa demonstração é esta! Ela não constrange, até mesmo, o céu a clamar: 'Veja um espetáculo merecedor de Deus'; um bom homem lutando com a adversidade, e sendo superior a ela. Aqui está o alicerce para a confiança em Deus, tanto com respeito ao que nós sentimos, quanto com respeito ao que nós devemos temer, não estivesse nossa alma calmamente fixada Nele. Que espaço poderia haver para a confiança em Deus, se não houvesse tal coisa como dor ou perigo? Quem não diria, então, 'O cálice que meu Pai me deu, eu não deverei beber?'. É com os sofrimentos que nossa fé é testada, e, portanto, feita mais aceitável para Deus. É no dia da dificuldade que temos oportunidade de dizer: 'Embora Ele me mate, ainda assim, confiarei Nele'. E isto é bem agradável a Deus, que nós possamos reconhecê-lo, em face do perigo: em desafio da tristeza, doença, dor, ou morte. 


8. Novamente: Não tivesse existido o mal natural ou moral no mundo, o que teria sido feito da paciência, humildade, gentileza, longanimidade? É manifesto que não teriam existência; vendo que todas essas seriam noviças aos seus objetos. Se, portanto, o mal não tivesse entrado no mundo, nem esses caracteres do temperamento teriam lugar nele. A quem se pagaria o mal com o bem, se não houvesse quem fizesse o mal no universo? Como seria possível, supondo-se que fosse assim, 'sobrepujar o mal com o bem?'. Mas você poderá dizer: 'Mas todas essas graças não teriam sido introduzidas divinamente nos corações dos homens?'. Sem dúvida, que teriam: mas se elas tivessem, elas não teriam uso ou exercício para elas. Enquanto que, no estado presente das coisas, nós nunca necessitaremos de oportunidade para exercitá-las: E quanto mais elas são exercitadas, mais todas as nossas graças são fortalecidas e aumentadas. E, na mesma proporção que nossa resignação, nossa confiança em Deus, nossa paciência e fortaleza, nossa humildade, gentileza, e longanimidade, juntas com nossa fé, e o amor de Deus e homem, aumentam, nossa felicidade deve aumentar, mesmo no mundo presente. 


9. E ainda: Como a permissão de Deus para a queda de Adão deu, a toda sua posteridade, milhares de oportunidades de sofrimento, e, por meio disto, exercitando todas as graças passiva que aumentam tanto a sua santidade quanto felicidade; então, forneceu a eles a oportunidade de fazer o bem em inumeráveis instâncias; de exercitarem a si mesmos em várias boas obras que, de outro modo, não teriam existido. E que esforço de benevolência, de compaixão, de misericórdia divina, teria sido, então, impedida totalmente! Quem poderia, assim, ter dito ao Amante dos homens: 'todas as alegrias do mundo são menores, do que aquela de praticar a bondade'.


Certamente, 'mantendo este mandamento', se nenhum outro, 'existe grande recompensa'. 'Quando tivermos tempo, façamos o bem a todos os homens'; bem de todos os tipos, e em todos os níveis. Assim sendo, quanto mais bem fazemos (outras circunstâncias sendo iguais) mais felizes podemos ser. Quanto mais compartilhamos nosso pão com o faminto, e cobrimos o nu, com vestimentas, -- quanto mais aliviamos o estranho, e visitamos aqueles que estão doentes ou na prisão, -- quanto mais tipos de serviços nós fazemos àqueles que gemem, sob os vários males da vida humana, -- mais conforto recebemos, até mesmo, no mundo presente, maior a recompensa que temos em nosso próprio seio. 


10. Para resumir o que tem sido dito sob este assunto: Quanto mais santos, nós somos sobre a terra, mais felizes podemos ser; (vendo que existe uma ligação inseparável entre santidade e felicidade); quanto mais bem fazemos aos outros, mais recompensa presente resulta de nosso próprio âmago; até mesmo, nossos sofrimentos por causa de Deus nos conduz a nos regozijarmos Nele, 'com alegria inexplicável e cheios de glória'; assim sendo, a queda de Adão, -- Primeiro, por nos dar a oportunidade de sermos mais santo; segundo, por nos dar a oportunidade de fazermos inumeráveis boas obras, que, do contrário, não teriam sido feitas; e, em terceiro, colocando em nosso poder, sofrer por Deus, por meio do qual 'o Espírito da glória e de Deus repousa sobre nós',-- pode ser de tal vantagem para os filhos dos homens, mesmo na vida presente, que eles não irão compreender totalmente, até que atenham a vida eterna.  



II


1. Assim, nós devemos nos capacitar para compreendermos completamente, não apenas as vantagens que resultam, no presente momento, da queda do primeiro pai, mas as vantagens infinitamente maiores que os filhos dos homens podem colher dela na eternidade. Com o objetivo de formar alguma concepção disto, nós podemos lembrar da observação do Apóstolo? Assim como 'uma estrela difere de outra, na glória, também a ressurreição dos mortos'. As mais gloriosas estrelas indubitavelmente serão aquelas que são as mais santas, que testemunham mais daquela imagem de Deus, por meio da qual elas foram criadas; e, as próximas a estas na glória estarão aquelas que têm sido mais abundantes nas boas obras; e próximas a estas, aquelas que têm sofrido mais, de acordo com a vontade de Deus. No entanto, que vantagens, em qualquer um desses aspectos, os filhos de Deus receberão no céu, porque Deus permitiu a introdução da dor sobre a terra, em conseqüência do pecado! 


Através desta oportunidade, eles alcançaram muitos temperamentos santos, que, de outra forma, não teriam existência; -- resignação para com Deus; confiança Nele, em tempos de dificuldades e perigo; paciência; humildade; gentileza, longanimidade, e toda a série de virtudes passivas: E, por causa desta santidade superior, eles, então, desfrutariam de felicidade superior. Repetindo: Cada um irá, assim, 'receber sua própria recompensa, de acordo com suas próprias obras'.  Mas a queda fez surgir inumeráveis boas obras, que, de outra forma, não teriam existido; tais como contribuir para as necessidades dos santos; sim, aliviar o aflito de todas as formas: e por meio disto, inumeráveis estrelas serão acrescentadas na coroa eterna deles. Sim, novamente: Haverá uma recompensa abundante no céu para o aflito, assim como para aquele que faz a vontade de Deus: 'Essas aflições leves, que são por algum momento, perfazem para nós um mais excedente e eterno peso de glória'. Portanto, aquele evento que ocasionou a entrada do sofrimento no mundo proporcionou, por meio disto, um crescimento da glória para toda eternidade, a todos os filhos de Deus.  


2. Existe uma vantagem a mais que nós colhemos da queda de Adão, e que não desmerece nossa atenção. Embora em Adão, todos tenham morrido; por causa de nosso primeiro pai, todo descendente de Adão; cada um dos filhos do homem deverá responder por si mesmo a Deus. Parece ser uma conseqüência necessária disto, que, se ele não tivesse caído; se não tivesse violado uma vez a ordem de Deus, não haveria oportunidade de seu despertar novamente: não haveria ajuda, mas ele teria perecido sem reparação. Porque aquela aliança não sabia mostrar misericórdia: A palavra era: 'A alma que pecar, esta deverá morrer'.  Agora, quem não iria antes estar nas mesmas condições que ele está agora, -- debaixo da aliança da misericórdia? Quem desejaria arriscar toda a eternidade nesta única aposta? Não seria mais infinitamente desejável estar numa condição em que, embora cercado com enfermidade, ainda assim, não corremos tal risco desesperado, mas se nós caímos, nós podemos nos levantar novamente? – onde nós podemos dizer: 'Eu vejo minhas transgressões abundantemente perdoadas em Cristo. Eu vejo Sua misericórdia se erguer!'


3. Por Cristo! Deixe-me suplicar a cada pessoa séria, uma vez mais, para fixar sua atenção aqui. Tudo que tem sido dito; e que poderá ser dito sobre esses assuntos, centrado neste ponto: A queda de Adão produziu a morte de Cristo. Ouça, oh céus; e dê ouvidos, oh terra! Sim, que a terra e céus concordem; que os anjos se juntem para celebrarem comigo, o Salvador da humanidade; para adorarmos o Cordeiro todo conciliador; e darmos graças pelo som do nome de Jesus!


Se Deus tivesse impedido a queda do homem, 'O Verbo' nunca teria sido 'feito carne'; nem nós teríamos, alguma vez, 'visto sua glória; a glória como a do Unigênito do Pai'. Esses mistérios nunca teriam sido expostos, 'os quais', até mesmo 'os anjos desejaram conhecer'. Parece-me que esta consideração supera todo o restante, e nunca deverá estar fora de nossos pensamentos. A menos que 'o julgamento de um homem tivesse levado todos os homens à condenação', nem os anjos, nem os homens teriam, alguma vez, conhecido as riquezas insondáveis de Cristo'. 


4. Veja, então, disto tudo, quão pouca razão temos para lamentarmos a queda de nosso primeiro pai; uma vez que, disto, nós podemos obter tais vantagens inexplicáveis, ambas no tempo e na eternidade. Veja que pretexto pequeno existe para questionarmos a misericórdia de Deus, em permitir que aquele evento acontecesse; já que, neste sentido, a misericórdia, através de graus infinitos, regozija-se sobre o julgamento. Onde, então, está o homem que pretende culpar a Deus, por não impedir o pecado de Adão? Nós não deveríamos, preferivelmente, dar graças a Ele, do fundo de nosso coração, porque nisto está colocado o grande plano da redenção do homem, abrindo caminho para a gloriosa manifestação de Sua sabedoria, santidade, justiça e misericórdia? Se, de fato, Deus tivesse ordenado, antes da criação do mundo, que milhões de homens pudessem habitar no fogo eterno, porque Adão pecou, centenas ou milhares de anos, antes que eles tivessem uma existência, eu não sei quem poderia agradecer a Ele por isto, a não ser o diabo e seus anjos: vendo que, nesta suposição, todos aqueles milhões de espíritos infelizes seriam mergulhados no inferno pelo pecado de Adão, sem receber qualquer ganho possível disto. Mas, abençoado seja Deus, que este não seja o caso. Tal decreto nunca existiu. Ao contrário, todo aquele nascido da mulher pode ser um ganhador inexplicável, por meio disto: E ninguém, alguma vez, foi, ou será um perdedor, a não ser por sua própria escolha. 


5. Vemos aqui uma resposta completa para aquela plausível consideração sobre a origem do mal, proclamada ao mundo, desde então, e que se supõem ser sem explicação: Que 'necessariamente resultou da natureza da questão, que Deus não pôde alterar'. Não se trata, nas palavras doces deste orador, de desculpar a Deus! Não existe realmente qualquer chance disto, porque Deus respondeu por Si mesmo. Ele criou o homem à sua própria imagem; um espírito capacitado com entendimento e liberdade. O homem, abusando desta liberdade, produziu o mal; trouxe o pecado e a dor para o mundo. Este Deus permitiu, com o objetivo de uma manifestação completa de sua sabedoria, justiça, e misericórdia, conceder a todos os que fossem recebê-lo uma felicidade infinitamente maior do que possivelmente poderiam ter obtido, se Adão não tivesse caído. 


6. 'Ó a profundidade das riquezas, ambas da sabedoria e do conhecimento de Deus!'. Embora milhares de pormenores de 'seus julgamentos e de seus caminhos sejam insondáveis' a nós, ainda assim, podemos discernir o plano, através do tempo para a eternidade. 'De acordo com o conselho de sua própria vontade', o plano ele estabeleceu, antes da criação do mundo; Ele criou o pai de toda humanidade em sua própria imagem, e permitiu a todos os homens serem feitos pecadores, pela desobediência daquele único homem, para que, pela obediência de um homem, todos que recebem o dom livre pudessem ser infinitamente mais santos e felizes para toda a eternidade. 


[Editado por Bob Westfall, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções por George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.] 


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